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REVISTA ELETRÔNICA ESTÁCIO SAÚDE - ISSN (on line)

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110 Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 6, Número 1, 2017

PERCEPÇÕES DE UM ACADÊMICO DE ENFERMAGEM NO EXAME CITOPATÓLOGICO DO COLO DO ÚTERO

RESUMO

Este estudo teve como objetivo descrever as percepções de um Acadêmico de Enfermagem, do sexo masculino, durante o exame e coleta do citopatólogico do colo de útero. Trata-se de um relato de experiência, realizado em Unidade Básica de Saúde na zona rural da grande Natal, no Estado do Rio Grande do Norte. Este relato é para evidenciar as dificuldades encontradas por um Acadêmico de Enfermagem, para o atendimento das clientes no exame citopatólogico do colo de útero. Chamou bastante atenção do Acadêmico de Enfermagem o exame e coleta do citopatólogico, o preconceito de muitas mulheres que iriam ser atendidas na presença de um acadêmico de enfermagem do sexo masculino. É necessário um trabalho sociocultural, voltado para as atividades educativas com enfoque individual e coletivo, a fim de minimizar estas barreiras na comunidade, além, é claro, do trabalho multidisciplinar entre a equipe de saúde, para favorecer a mudança deste conceito.

Descritores: Enfermeiras e enfermeiros; Relações enfermeiro-paciente; Colo do útero; Teste de Papanicolaou.

PERCEPTIONS OF A MALE NURSING ACADEMIC IN THE CERTERIC CERVICAL EXAMINATION

SUMMARY

This study aimed to describe the perceptions of a Male Nursing Student during the examination and collection of cervical cytopathologists. This is an experience report, carried out in a Basic Health Unit in rural Natal, in the state of Rio Grande do Norte. This report is to evidence the difficulties encountered by a Nursing Academician, in order to assist the clients in the cytopathological exam of the uterine cervix. It called the attention of the Nursing Academician the examination and collection of cytopathology, the prejudice of many women who would be attended in the presence of a male nursing student. A sociocultural work is required, focused on educational activities with individual and collective focus, in order to minimize these barriers in the community, in addition, of course, the multidisciplinary work among the health team, to favor the change of this concept.

Descriptors: Nurses; Nurse-patient relations; Cervix uteri; Papanicolaou test.

PERCEPCIONES DE UN ACADÉMICO DE ENFERMERÍA MASCULINA EN EL EXAMEN CITOPATÓLOGICO DEL COLO DEL ÚTERO

RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivo describir las percepciones de un Académico de Enfermería del sexo masculino, durante el examen y recolección del citopatólogico del cuello del útero. Se trata de un relato de experiencia, realizado en Unidad Básica de Salud en la zona rural de la gran Navidad, en el Estado de Rio Grande do Norte. Este relato es para evidenciar las dificultades encontradas por un Académico de Enfermería, para la atención de los clientes en el examen citopatólogico del cuello del útero. Llamó bastante atención del Académico de Enfermería el examen y recolección del citopatólogico, el prejuicio de muchas mujeres que iban a ser atendidas en presencia de un académico de enfermería del sexo masculino. Es necesario un trabajo sociocultural, orientado hacia las actividades educativas con enfoque individual y colectivo, a fin de minimizar estas barreras en la comunidad, además, por supuesto, del trabajo multidisciplinario entre el equipo de salud, para favorecer el cambio de este concepto.

Descriptores: Enfermeros; Relaciones enfermero-paciente; Cuello del útero; Prueba de

Papanicolaou.

Hallyson Leno Lucas da Silva1

1

Enfermeiro. Especialista em Enfermagem do Trabalho e Urgência, Emergência e Unidade de Terapia Intensiva. Natal/RN. Brasil.

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111 Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 6, Número 1, 2017 INTRODUÇÃO

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) em 2011, o câncer de colo de útero era a terceira neoplasia maligna mais frequente entre as mulheres no

Brasil e em países em

desenvolvimento, apresentando

menor prevalência apenas quando comparado ao câncer de pele e ao câncer de mama. Em todo o mundo, a cada ano, aproximadamente 520 mil casos novos e 270 mil óbitos devem-se à neoplasia cérvico-uterina. No Brasil, são cerca de 18 mil novos casos por ano(1).

O Brasil tem passado por

mudanças, caracterizadas pelo

processo de urbanização e de industrialização e pelo aumento da expectativa de vida, o que vem refletindo no aumento da frequência de doenças crônico-degenerativas na população, dentre elas o câncer, este que é considerado uma questão de saúde pública por sua alta incidência e morte. De acordo com estatísticas recentes, o câncer de colo de útero, também chamado de cervical, é o terceiro tipo mais frequente entre as mulheres(2-3).

Em algumas regiões

brasileiras, o câncer de colo de

útero foi o segundo tipo de neoplasia maligna mais frequente na população feminina. Na região Norte, por exemplo, a incidência atingiu 22,8 casos por 100 mil mulheres em 2011, enquanto o mesmo indicador para câncer de mama foi de 16,6 casos por 100 mil

mulheres, no mesmo ano(4).

Diversos são os fatores

associados ao desenvolvimento da doença, como precocidade do início

da atividade sexual, múltiplos

parceiros sexuais, tabagismo, baixa

condição socioeconômica,

multiparidade, entre outros.

Um importante fator de risco para o desenvolvimento dessa

patologia é a infecção pelo

papilomavírus humano (HPV),

microrganismo associado à maior parte dos casos de lesão precursora do câncer de colo de útero. Essa

lesão pode ser identificada

precocemente, a partir da realização do exame Papanicolau.

Dentre todos os tipos de câncer, o de colo uterino tem um dos mais altos potenciais de prevenção e cura, chegando perto de 100% quando diagnosticado precocemente (5-6).

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Com isso, tem-se que a implantação do Programa de Saúde da Família em 1994, renomeado Estratégia Saúde da Família (ESF)

desde 1996, foi o principal

mecanismo para a ampliação da oferta do Papanicolau em todo o território nacional (5).

Diante das considerações, este estudo teve como objetivo descrever as percepções de um Acadêmico de Enfermagem do sexo masculino, durante o exame e coleta do exame citopatólogico do colo de útero, em seu estágio

curricular obrigatório em uma

Unidade de Saúde da Família da

grande Natal, no Estado do Rio Grande do Norte.

DESCRIÇÃO DO CASO

Trata-se de um relato de experiência vivenciado por um Acadêmico de Enfermagem do sexo masculino.

O estágio curricular

obrigatório do 9° período ocorreu em uma unidade da Estratégia de Saúde da Família (ESF), localizada na zona rural de um munícipio localizado na grande Natal, no Estado do Rio Grande do Norte.

O período do estágio foi de março a julho do ano de 2015.

Durante o estágio utilizou-se um bloco de notas onde foi anotado as atividades realizadas, pontos

positivos e dificuldades

encontradas, assim como possíveis

estratégias para solução dos

entraves encontrados.

Na ocasião, o aluno realizou as atividades cotidianas, entre elas, a realização do exame Papanicolau, mediante a presença, autorização e

participação da Enfermeira

responsável do serviço na unidade de Saúde da Família e diante do consentimento das usuárias.

Com isso, no decorrer e andamento do estágio observou-se

uma grande recusa, em sua

maioria, quando questionadas sobre a participação de um profissional masculino na realização da coleta do exame.

RESULTADOS

Composição da equipe

A Equipe de Saúde da Família, atuante na unidade de saúde localizada na área rural do Estado do Rio Grande do Norte é

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generalista; uma Enfermeira, uma

Dentista; uma Técnica de

Enfermagem; uma Técnica de

Higiene Bucal e conta com o apoio de duas Auxiliares de Serviços Gerais.

No período do estágio

curricular, puderam-se observar as funções de cada membro da ESF, a saber:

A Enfermeira tem atividades,

cumpridas através de um

cronograma diário de atendimentos de rotina da ESF, como executar

procedimentos de vigilância

sanitária e epidemiológica; estar em

contato permanente com a

comunidade; realizar ações de saúde em diferentes ambientes tais,

como: dentro da ESF, nos

domicílios dos usuários da unidade

de saúde, nas escolas, na

comunidade e em empresas;

participar e planejar das ações de

capacitação com Agentes

Comunitários de Saúde e com a Técnica de Enfermagem da ESF; articular e proceder de forma multiprofissional com os outros membros da ESF.

A Médica Generalista cumpre

o cronograma diário dos

atendimentos de rotina da ESF;

presta assistência integral aos

indivíduos do território adscrito da unidade de saúde; participa da programação e ações do processo de trabalho.

A Dentista e uma Técnica em Saúde Bucal, que realizam os procedimentos clínicos da Atenção Básica em Saúde Bucal (extrações,

obturações, limpeza bucal);

promoção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico e tratamento e encaminham os usuários a outros

níveis da assistência, quando

necessário.

A Técnica de Enfermagem cumpre o cronograma diário dos atendimentos de rotina da ESF; realiza curativos; realiza o preparo dos pacientes com verificação dos

sinais vitais e dados

antropométricos; presta

atendimento na Sala de Imunização; coleta materiais dos pacientes para

exames; realiza entrega dos

medicamentos prescritos e

armazenados na farmácia da

unidade; entre outras atividades. Seis Agentes Comunitários de Saúde (ACS) compõem a equipe e realizam mapeamento de sua área de atuação; cadastram e atualizam as famílias de sua área;

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preenchem fichas de

acompanhamento; realizam visitas domiciliares; identificam indivíduos e famílias expostas a situações de risco; auxiliam nas atividades diárias da ESF; entre outras atividades.

Por fim, a unidade conta com duas auxiliares de serviços gerais que realizam atividades de limpeza e higienização de toda a estrutura.

Chegada à unidade de saúde e seus desafios

O estágio foi marcado de muitos desafios e oportunidades de

aprendizado, sendo possível

perceber qual é o verdadeiro papel do enfermeiro dentro de uma ESF.

Ao chegar à ESF, o

estudante deparou-se com um grande desafio, pois a unidade estava com muitas falhas na

organização, tanto estrutural,

quanto operacional, uma vez que a mesma não contava com um enfermeiro há alguns meses.

Antes de iniciar qualquer procedimento ou atendimento, o Acadêmico de Enfermagem e a

Enfermeira reorganizaram o

fluxograma de funcionamento;

agendas de atendimento; normas de atendimento; organização das salas de atendimento; entre outras

atividades básicas para que a

unidade de saúde atenda a

comunidade.

Um exemplo é a troca da Sala de Preparo do Paciente para ficar mais próxima da Recepção da unidade de saúde, permitindo a oferta de um melhor acolhimento aos usuários e funcionalidade para o deslocamento dos funcionários.

A Sala de Atendimentos da Enfermagem foi trocada para uma sala com maior espaço, o que

proporciona melhora do

atendimento e proporciona aos funcionários um espaço de guarda dos materiais que são utilizados

durante os atendimentos aos

usuários.

Além destas modificações, realizou-se a elaboração de novas agendas para a Médica e para a Enfermeira, com a abertura de seus respectivos livros na recepção.

A partir de toda essa tarefa, pôde-se dar início aos atendimentos de rotina e de assistência aos usuários. Com o passar do tempo, os atendimentos seguiram-se de acordo com agenda semanal/diária e os de demanda espontânea.

Diante do rol de atividades da Enfermeira, uma chamou bastante

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atenção do Acadêmico de

Enfermagem o exame e coleta do

citopatólogico, não pela

complexidade técnica e teórica exigida para sua realização, mas preconceito exposto por muitas mulheres que iriam ser atendidas na presença de um acadêmico de enfermagem do sexo masculino.

As manifestações femininas, diante da presença de um homem, já se iniciavam nas marcações das Consultas de Enfermagem e antes da realização das coletas dos exames, solicitando o atendimento apenas pela Enfermeira.

DISCUSSÃO

O acolhimento à mulher, antes de atendê-la na Consulta de Enfermagem para a realização do exame e coleta do citopatólogico, é uma das etapas mais importantes de todo o processo de atendimento, pois é neste momento que o enfermeiro do sexo masculino tem a oportunidade de dialogar e ouvir as possíveis dúvidas, além de informar sobre a importância da realização do atendimento para a prevenção de patologias ginecológicas (7).

Portanto, para que fosse

viável a realização dos

atendimentos na área da Saúde da Mulher, fez-se necessário realizar um diálogo entre as clientes e o

Acadêmico de Enfermagem

masculino, na presença da

Enfermeira do PSF, com o objetivo de explicar sobre o profissionalismo e o sigilo exigido para realização

dos procedimentos e que a

realização das atividades é

pré-requisito de avaliação do

acadêmico.

As usuárias que consentiram a realização do atendimento pelo

Acadêmico de Enfermagem

masculino, no momento da

realização da consulta,

expressaram compreender a

importância da contribuição daquele momento na formação acadêmica. Entretanto, a presença masculina durante a realização da coleta do exame, ainda é percebida com vergonha e tida como incômoda pelas usuárias.

Visto as barreiras ainda

impostas pelo preconceito diante da figura masculina, houve algumas poucas oportunidades na realização

deste procedimento. Podendo

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vivência de maneira satisfatória e questiono-me sobre as experiências

de outros acadêmicos de

enfermagem do sexo masculino,

frente à coleta do exame

citopatólogico.

CONCLUSÃO

Evidenciar as dificuldades encontradas por um Acadêmico de Enfermagem do sexo masculino em

meio às coletas de exames

citopatólogico, diante das

percepções e pluralidades

femininas, mostra o tabu no

atendimento entre pessoas de

sexos diferentes na área da saúde. Talvez por medo da dor,

ocorrência de sangramento,

constrangimento e vergonha, muitas mulheres ainda se neguem à realização e coleta deste exame tão importante no Programa Saúde da Mulher.

É válido abordar a questão do preconceito que envolve as

questões de gênero, este

preconceito estabelecido nos

paradigmas sócio-culturais. Requer investimento permanente e ampla divulgação dos profissionais de saúde na comunidade, fomentando

a discussão da importância da

presença do profissional

Enfermeiro, independente de seu sexo, no processo da promoção da saúde e prevenção de doenças.

Portanto, vale salientar que se faz necessário um trabalho

sociocultural, voltado para as

atividades educativas com enfoque individual e coletivo, a fim de

minimizar estas barreiras na

comunidade, além, é claro, do trabalho multidisciplinar entre a equipe de saúde, para favorecer a mudança deste conceito.

REFERÊNCIAS

1- Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2012: Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro (RJ): Instituto Nacional de Câncer; 2011.

2- Instituto Nacional do Câncer. Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro (RJ): INCA; 2013.

3- Ferreira V, Silveira I, Gomes N, Ruiz M, Silva S. Inglês. Rev Rene. 2015;16(2):266-244.

4- Ministério da Saúde (BR). Departamento de Informática do SUS. Brasil [Internet]. 2013[citado 2013 jun 24]. Disponível em: http://tabnet.datasus.

gov.br/cgi/idb2011/d05_10uff.htm

5- Andrade MS, Almeida MMG, Araújo TM, Santos KOB. Fatores associados a não adesão ao Papanicolau entre mulheres atendidas pela Estratégia Saúde da Família em Feira de Santana, Bahia, 2010. Epidemiol. Serv. Saúde. 2014;23(1):111-20.

6- Casarin MR, Piccoli JCE. Educação em Saúde para Prevenção do Câncer de Colo do Útero em Mulheres do Município de Santo Ângelo/RS. Ciência & Saúde Coletiva. 2011;16(9):3925-32.

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117 Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 6, Número 1, 2017 7- Silva PLAM, Alencar JS, Alencar LS,

Saraiva JM. Papanicolau: o Enfermeiro em dificuldade na realização deste exame. Revista de Psicologia. 2012;1(18):73-8.

Referências

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