2 Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 4, Número 2, 2015
VENTILAÇÃO MECÂNICA APÓS IMPLANTAÇÃO DE PROTOCOLOS DE FISIOTERAPIA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
RESUMO
O objetivo de analisar os dados sobre a de protocolos de fisioterapia respiratória na prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica. Pesquisa quantitativa, retrospectiva, em 43 prontuários de pacientes atendidos nos meses de janeiro a dezembro de 2012 na Unidade de Terapia Intensiva. Dentre os pacientes 13 apresentaram pneumonia associada à ventilação mecânica e 22 não desenvolveram. Os agentes etiológicos mais frequentes nos pacientes foram: Enterobacter Aerogenes 6(46%), Staphylococcus Aureus e Pseudonomas Aeruginosa 3(23%) cada e a Serratia Liquefanciens em 1(8%). Observou-se que 8(19%) pacientes, que foram admitidos no setor, ingressaram com pneumonia. Não houve diminuição no tempo de ventilação, nem diminuição no tempo de internação dos pacientes, porém os que não desenvolveram pneumonia associada à ventilação mecânica obtiveram diminuição no tempo de permanência no ambiente.
Descritores: Respiração artificial; Serviço de fisioterapia hospitalar; Unidades de Terapia Intensiva.
VENTILATOR AFTER THE USE OF PHISIOTHERAPY PROTOCOLS IN THE INTENSIVE CARE UNITS
Aim of analyzing the data on the respiratory therapy protocols in preventing pneumonia associated with mechanical ventilation. Quantitative research, retrospective in 43 medical records of patients seen in the months from january to december 2012 in the Intensive Care Unit. Among the 13 patients had ventilator-associated pneumonia and 22 did not develop. The most common etiological agents in the patients were: Enterobacter aerogenes 6(46%), Staphylococcus aureus and Pseudonomas Aeruginosa 3(23%) and Serratia each Liquefanciens in 1(8%). It was observed that 8(19%) patients, who were admitted in the industry, joined with pneumonia. There was no decrease in ventilation time, or decrease in length of stay of patients, but those who did not develop pneumonia associated with mechanical ventilation were decreased length of stay in the environment.
Descriptors: Respiration, artificial; Phisycal therapy department, hospital; Intensive care units.
VENTILACION MECÂNICA DESPUÉS DE PROTOCOLOS IMPLANTAÇÃO DE FISIOTERAPIA NA UNIDADES DE CUIDADOS INTENSIVOS
RESUMEM
El propósito del análisis de los datos sobre los protocolos de terapia respiratoria en la prevención de la neumonía asociada a la ventilación mecánica. La investigación cuantitativa, retrospectivo en 43 historias clínicas de los pacientes atendidos en los meses de enero a diciembre de 2012 en la Unidad de Cuidados Intensivos. Entre los 13 pacientes habían neumonía asociada al ventilador y 22 no desarrollaron. Los agentes etiológicos más frecuentes en los pacientes eran: Enterobacter aerogenes 6(46%), Staphylococcus aureus y Pseudomonas Aeruginosa 3(23%) y Serratia cada Liquefanciens en 1(8%). Se observó que 8(19%) pacientes, que fueron admitidos en la industria, se unieron a la neumonía. No hubo disminución en el tiempo de ventilación, o disminución de la duración de la estancia de los pacientes, pero los que no desarrollaron neumonía asociada a la ventilación mecánica se redujeron duración de la estancia en el medio ambiente.
Descriptores: Respiración artificial; Servicio de fisioterapia em hospital; Unidades de cuidados
intensivos.
Barbara Moraes Silva1, Bianca Furtado Rodrigues2, Caroline Moreno Azevedo3,
Frederico Pecorone4, Flavio Boechat Oliveira5
1 Acadêmica do Curso de Fisioterapia Universidade Estácio de Sá. Cabo Frio/RJ/Brasil.
2 Acadêmica do Curso de Fisioterapia Universidade Estácio de Sá. Cabo Frio/RJ/Brasil. 3
Professora do Curso de Fisioterapia Universidade Estácio de Sá. Cabo Frio/RJ/Brasil..
4
Coordenador e professor do Curso de Fisioterapia Universidade Estácio de Sá. Cabo Frio/RJ/Brasil.
5
3 Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 4, Número 2, 2015 INTRODUÇÃO
A Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV) é uma patologia que surge entre 48-72h logo após a intubação tanto por via tubo orotraqueal (TOT) como por
traqueostomia. A intubação
traqueal, por desencadear perda da condição de defesa do sistema respiratório, interfere na migração
de microrganismos para o
parênquima pulmonar, colonizando-o assim, pcolonizando-ois colonizando-o accolonizando-ometimentcolonizando-o ocorre principalmente nas vias
aéreas superiores e inferiores(1).
Na ocorrência dessas
infecções, a pneumonia associada à
ventilação mecânica (PAV) é
considerada um problema de saúde pública no Brasil e no Mundo, na qual sua incidência chega a 60%
dos casos de infecções
hospitalares, com taxa de
mortalidade significativa.
Dependendo do tipo de doença de base ou do agente causador, a PAV pode atingir cerca de 25 a 50% dos pacientes que poderão necessitar
de ventilação mecânica(2). Com o
aumento dessas infecções
associadas aos pacientes em
ventilação mecânica, as taxas de
mortalidade podem sofrer variações de 24% a 76%, aumentando assim os riscos de morte desses pacientes
entre duas a dez vezes(3).
A PAV pode ser considerada iatrogênica, que é qualquer situação gerada pela ação errônea de um indivíduo, de forma negligente, havendo incompetência ou falta de cuidado. Desta forma, a causa não seria de apenas um indivíduo, porém, o resultado de um sistema social de omissão. Outra questão é a “falta de qualidade” ou “qualidade distinta” e é em si uma iatrogênica, que deverá ser combatida em todas as frentes, não só pelos médicos de forma mais amplo, mas também
pela equipe multidisciplinar e
multissocial(4).
Em 1990 o Ministério da Saúde, começou a incentivar a utilização da "Busca Ativa", visando
controlar as infecções
hospitalares(5), assim os
profissionais de saúde têm criado protocolos dentro das UTIs, a fim de
controlar e ter sucesso na
prevenção da mesma, que são
auditados pela Comissão de
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).
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A CCIH tem o objetivo não somente de prevenir e combater à infecção hospitalar, e sim beneficiar de maneira que, toda a população seja assistida, e também proteger o hospital e o corpo clínico. Deve manter arquivados documentos que comprovem a legalidade de sua
existência, rotinas de sua
funcionalidade, protocolos que
orientem os tratamentos mais
adequados efetivado ao paciente e, sobretudo dados que demonstrem os índices de infecção do hospital, para que, solicitados judicialmente,
possam ser comprovados,
mantendo estes índices de infecção
dentro dos limites aceitáveis,
comparativamente(6). Na atualidade
esses protocolos são utilizados com frequência, pois são implementados
em um pequeno grupo de
intervenções, que aplicados em um
conjunto multidisciplinar os
resultados são significativos, porém
somente serão efetivos os
resultados, se todos os cuidados
forem realizados a todo o
momento(7).
A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) criou
um grupo de trabalho
multiprofissional, formado por
diversos especialistas que têm
atuação direta nas áreas de
Controle de Infecção e na de
Assistência aos pacientes em
Infecções no trato Respiratório, para elaborar Critérios Nacionais de Infecção do Trato Respiratório. A ANVISA buscou padronizar os conceitos epidemiológicos dos tipos de infecção, com a intenção de instrumentalizar os profissionais que atuam na área de controle de infecção relacionada à assistência de saúde no desenvolvimento de um trabalho de qualidade, além de possibilitar o acompanhamento do perfil epidemiológico das infecções, tanto no nível local como a nível nacional(8).
A implementação de tais
medidas, está relacionada à
diminuição da incidência de PAV, sendo de grande relevância a implementação do Bundle (que é uma palavra de origem inglesa que pode significar pacote) de ventilação em um ambiente hospitalar. Essas ações têm como objetivo prevenir o impacto, buscando assim medidas de prevenção a esta implicação,
sabendo que a PAV traz
consequências inesperadas para o
5 Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 4, Número 2, 2015
Os Bundles de prevenção
são medidas fortemente
recomendas para a prevenção da PAV, com objetivo de reduzir a incidência de infecções, pois são protocolos de fácil implementação, baixo custo e que aderem as
intervenções com facilidade.
Estudos mostram que as aplicações devem ser dinâmicas e implementa em conjunto, pois resultam em
melhora do paciente, devendo
assim ser seguido de forma
individual e a todo momento(7).
Tendo em vista que a (PAV) é de grande impacto para os pacientes e para os hospitais, assim a prevenção é a melhor estratégia a ser tomada. Há uma efetiva série de
intervenções que poderá ser
utilizada, afim de "evitar o
inevitável"10. Como exemplo
podemos citar a colonização de
bactérias na cavidade oral
juntamente com a falta de higiene é
um dos agravantes na
disseminação da PAV, por este motivo diversos estudos mostram que a utilização da Clorexidina Veículo oral com formulação de 0,12%, tem mostrado de forma significativa à redução da incidência
de PAV(11).
Outra medida que por ser
utilizado(12), como forma de vedar a
via aérea, a insuflação do balonete,
o TOT, deverá ser de forma que
seja gerada uma "pressão de selo", evitando assim, o refluxo tanto de
conteúdo gástrico como de
secreções encontradas na cavidade oral. A pressão deste cuff deve ser mantida e insuflada entre 20 a 30 cmH²O através do Cuffômetro.
Estudos demonstram que a
aspiração das secreções
subglóticas (ASS), com dispositivos contendo lúmen acima do cuff do TOT, retarda e reduz a incidência
de PAV(13).
Outra importante forma de
prevenção é a elevação da
cabeceira do paciente entre 30 a 45º, porém somente quando não
houver contra indicação, esta
medida auxilia na melhora do parâmetro ventilatório e também será de grande valia para evitar a aspiração do conteúdo gástrico proveniente da cavidade oral para o pulmão, uma vez que é comum em pacientes entubados fazer o uso de
sonda nasoenteral(14).
O objetivo deste trabalho foi analisar os resultados coletados de
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protocolos de fisioterapia
respiratória na prevenção de PAV,
utilizando dados vinculados à
ventilação mecânica para análise de incidências, controle e prevenção do
desenvolvimento da pneumonia
associada à ventilação.
METODOLOGIA
Este estudo foi classificado como analítico retrospectivo com abordagem quantitativa e de análise documental. Foi incluídos neste estudo a análise de prontuários de pacientes atendidos nos meses de janeiro a dezembro de 2012 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital no interior do estado do Rio de Janeiro. Houve dispensa do termo de consentimento livre e esclarecido por ser um trabalho de análise de dados de prontuários. A instituição autorizou a realização do estudo através da assinatura do
termo de informe dos
procedimentos de pesquisa.
Para a inclusão da análise do Bundle de suspeita de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica,
os critérios foram: tempo de
internação maior de 48hs,
realização do Bundle de PAV,
pacientes submetidos à ventilação mecânica por mais de 48-72h e análise de cultura de secreção traqueal.
Para a coleta de informações
foram analisados sexo, idade,
motivo de internação e um
instrumento em forma de Check-list,
contendo 13 aspectos de
relevância, divididos em duas
categorias: Cabeçalho de
informações como nome completo, registro, leito e data devidamente
preenchidos e o conteúdo
(informações sobre o
procedimento), considerando-se
dados como: Cabeceira elevada 30º a 45º; Medição da pressão do cuff
até 25mmHg, através do
Cuffômetro; Filtro Bacteriológico conforme protocolo de troca de 5 a 7 dias; Posicionamento adequado do TOT no centro da boca; Posicionamento adequado do TOT
quanto ao posicionamento no
canino ou na mordedura (21 cm); Se há existência de secreção em
Cavidade Oral; Higiene oral
Adequada; troca do fixador de TOT ou TQT; Posição da Traqueia do filtro bacteriológico na posição de "U"; Técnica de aspiração adequada (utilizar primariamente uma sonda
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para aspiração de secreção oral e
utilizar outra sonda, em
procedimento estéril, para aspiração
de secreção endotraqueal) e
realização do despertar diário e se realizou o Check-list corretamente.
Os dados foram analisados através da estatística descritiva com determinação da média, desvio padrão e percentual de ocorrência de pneumonia em relação aos pacientes internados neste período.
RESULTADOS
Foram realizadas avaliações e observações quanto ao Bundle de
prevenção de controle da
Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV), desde a admissão do paciente até o desenvolvimento de PAV, alta, óbito ou transferência para o setor da enfermaria do mesmo hospital ou o deslocamento do paciente para outra unidade hospitalar. No período deste estudo, foram analisados 43 pacientes,
havendo predomínio do sexo
masculino com 56%, e do sexo feminino com 44% (Gráfico 1).
Gráfico1 - Quantidade de pacientes
na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital no interior do
estado do Rio de Janeiro. Janeiro a dezembro de 2012.
Fonte: Dados da pesquisa.
A figura apresenta a
porcentagem entre os sexos nos quais foram realizadas as amostras. O cilindro azul claro representa o grupo feminino e o cilindro azul
escuro representa o grupo
masculino, evidenciando a maioria masculina.
Ao descrever a faixa etária observou-se que, a idade média dos pacientes apresentou-se em cerca de 63,55 anos e o desvio padrão com variação de 20,25. (Gráfico 2)
Gráfico 2- População estudada de
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internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital no interior do estado do Rio de Janeiro. Janeiro a dezembro de 2012.
Fonte: Dados da pesquisa.
Os pacientes maiores de 90 anos tiveram uma participação de 9%, porem os pacientes entre 60 a 69 anos (18%) tiveram maior relevância na amostragem.
Na tabela 1 pode-se observar que os diagnósticos de admissão mais frequentem na UTI, foram às
doenças pneumológicas (IRpA,
DPOC, Pneumonia, Empiema
Pleural, Bronco aspiração, Sepse
Pulmonar, EAP) seguindo das
Cardíacas, Neurológicas,
Oncológicas e Outras (TCE,
Politraumatismo, Cirrose hepática
Os pacientes que
desenvolveram a PAV e os que não desenvolveram essa infecção, os diagnósticos predominantes foram às doenças pneumológicas.
O tempo de permanência em prótese ventilatória foi de 19 dias em média, entretanto o tempo de permanência no ambiente da UTI foi de 22,11 dias.
Tabela 1- Patologias de Base mais
frequente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Hospital no interior do estado do Rio de Janeiro. Janeiro a dezembro de 2012. Doenças de Base N % Pneumológicas 21 49 Cardíacas 8 18 Neurológicas 5 12 Oncológicas 2 5 Outras 7 16 Total 43 100
Fonte: Dados da pesquisa.
Dos 43 pacientes que foram estudados, 13 pacientes (30%) desenvolveram PAV, uma vez que foi realizado o exame de cultura para a identificação do agente
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etiológico. O material coletado foi secreção coletada da aspiração
traqueal (13 amostras). A coleta de
secreção é feita com uma seringa de 1 ml conectado à mangueira do aspirador. Com medida estéril, colhe-se uma parte da secreção até a seringa, coloca-se o conteúdo no vidro estéril de EAS, é feita a identificação e manda para o
laboratório em até 1h. Constatando
assim, que os agentes etiológicos mais frequentes foram: Enterobacter
Aerogenes 6(46%), Staphylococcus Aureus e Pseudonomas Aeruginosa
ficaram com cerca de 3(23%) cada e a Serratia Liquefanciens em (8%). Observou-se também que, em 8(19%) pacientes foram admitidos no setor da UTI, já ingressaram com pneumonia, e os principais agentes etiológicos foram: Pseudonomas
Aeruginosa 3(37%), Enterobacter Aerogenes 4(50%) e Bacterioscopia
Gram-Negativo 1(13%). Após
análise verificou-se que em 22
pacientes (51%) não houve
crescimento de nenhum
microrganismo (Gráfico 3).
Gráfico 3 - Analise de Incidência
dos Agentes Etiológicos
encontrados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Hospital no interior
do estado do Rio de Janeiro. Janeiro a dezembro de 2012.
Fonte: Dados da pesquisa.
Quanto à evolução dos
pacientes que desenvolveram ou não pneumonia durante o período do estudo, a figura 5 demonstra que: 27(63%) pacientes evoluíram para óbito, sendo que 15(56%) pertenciam ao sexo feminino e 12(44%) do sexo masculino. Dos 43
pacientes estudados, 16(37%)
obtiveram alta da UTI, sendo 5(31%) do sexo feminino e 11(69%) era do sexo masculino (Gráfico 4).
Gráfico 4 - Distribuição dos
Pacientes de acordo com a Taxa de Mortalidade na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital no interior do estado do Rio de Janeiro. Janeiro a dezembro de 2012.
10 Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 4, Número 2, 2015 Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 2 - Análise do Bundle na
prevenção de Pneumonia
Associada à Ventilação Mecânica, mostrando erros na realização dos itens do Bundle de PAV.
Fonte: Dados da pesquisa.
A tabela 2 demonstra o número de pacientes que obtiveram
erros na realização do Bundle PAV além de mostrar que o "N" total do grupo não realizou medição do Cuff. No período deste estudo verificou-se que a média de dias de observação em que os itens do Bundle de prevenção à PAV não foram realizados adequadamente, se manteve em torno de 5,10 dias.
Com isto, as medidas de prevenção se mantiveram acima de
80% de adesão, conforme
demonstrado no gráfico 5.
Gráfico 5 - Média de dias de
Observação Inadequada.
Fonte: Dados da pesquisa.
O gráfico evidencia um
11 Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 4, Número 2, 2015
despertar diário em comparação aos outros itens do Bundle de PAV.
DISCUSSÃO
Ao analisarmos o Bundle de prevenção à PAV verificamos que
ocorreram erros em seu
preenchimento, contudo isso
apresentou uma baixa média
(12,9%) em relação aos pacientes nos quais esses erros foram cometidos.
A manutenção da cabeceira elevada de 30° a 45° não foi realizada em 10(6%) pacientes. O não posicionamento do braço do ventilador e da traqueia não ocorreu em 13(8%) pacientes. A pressão do cuff não foi realizada em nenhum dos pacientes, pois no ano de avaliação do trabalho, a UTI não possuía o aparelho de medição, o Cuffômetro.
O posicionamento do TOT no centro da boca estava inadequado em 18(12%) pacientes. Não foi realizado em 6(4%) pacientes a
troca do filtro bacteriológico
conforme o protocolo de troca da UTI. O posicionamento do TOT no canino não apresentava adequado posicionado em 10(6%) pacientes.
Nenhum paciente apresentou
secreção em cavidade oral, porém 17(11%) pacientes não obtiveram higiene oral adequada. A troca do fixador do TOT ou TQT não foi realizada em 6(4%) pacientes.
Comumente pacientes que fazem a utilização de respirador
artificial necessitam de
administração de sedativos que são infundidos de forma contínua. Desta forma, é identificada como um dos responsáveis pela maior duração de utilização do ventilador mecânico,
consequentemente haverá um
aumento no risco de
desenvolvimento da PAV. A
interrupção diária de infusões
sedativas permite que os pacientes ao acordar possam melhorar a situação, permitindo que os médicos ao racionalizar a administração de sedativos, garante maior conforto
para os pacientes(15). Assim com a
diminuição da sedação, também diminuirá os custos e o tempo de
ventilação em dois dias. A
descontinuação na sedação
também requer critérios a serem seguidos, pois dependerá da forma de como o paciente deverá atender. No entanto se o mesmo apresentar condições de ter sua sedação
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pausada diariamente deverá ser feita observações e evoluções sem sedação, para que sejam também utilizados critérios para executar a
extubação(16).
Observou-se ainda que a traqueia em forma de “U” não estava posicionada corretamente em 9(6%) pacientes. A aspiração foi inadequada somente em 1(1%) paciente e o Despertar diário não foi realizado em 22(14%) pacientes.
A Fisioterapia Respiratória é uma prática que contribui para a diminuição da incidência de PAV, integrando assim o atendimento multidisciplinar que é oferecido aos pacientes internados em unidades de terapia intensiva.
A atuação do Fisioterapeuta é constante em cada área do tratamento intensivo, relacionado com o atendimento a pacientes críticos no qual necessitam de suporte ventilatório; na assistência pós-cirúrgica com o propósito de
impedir complicações tanto
respiratórias quanto motora,
auxiliando aos pacientes graves que requerem suporte ventilatório. Nesta
fase o fisioterapeuta tem
importância crucial, auxiliando na condução da ventilação mecânica, a
partir do preparo e ajuste do ventilador artificial a intubação, durante a evolução do paciente em ventilação mecânica e interrupção e desmame do suporte ventilatório e
extubação(17).
Após a implantação do
protocolo de PAV houve redução de dias de ventilação mecânica de 4,9/1.000 dias para 3,8/1.000 dias com 100% de adesão da equipe ao
procedimento do protocolo,
diferentemente do nosso estudo, onde não constatamos diminuição
do tempo de internação no
ambiente da UTI, no entanto um fator importante e de grande relevância foi analisado sobre o tempo de internação.
Estudos realizados
demonstram que a Fisioterapia
Respiratória contribui para a
prevenção da PAV. O sucesso se dá com a associação de outras intervenções e com a equipe multidisciplinar, que poderá formar um pacote de procedimentos, na
qual cada intervenção será
avaliada, executada e padronizada por cada instituição de saúde. Com
isso, estudos realizados
demonstram que a inclusão da
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prevenção da PAV, indica uma diminuição considerável de 20,60 casos por 1000 dias de ventilação para 15,97 casos por 1000 de
ventilação(18).
Os pacientes que
desenvolveram PAV (n=13) tiveram tempo de internação em média 24,61 dias enquanto que, os pacientes que não desenvolveram PAV (n=22) tiveram tempo de internação média de 15,45 dias, mostrando uma redução de 9 dias
de internação(18).
Com relação à diminuição de
mortalidade, pode-se observar
aumento de morbidade quando associado à infecção bacteriana multirresistente na PAV. Ou seja, ao diminuírem a incidência de PAV diminui-se a mortalidade, porém,
encontramos estudo que não
afirmou que o desenvolvimento de PAV esteja correlacionado ao uso inadequado dos cuidados com o
paciente em ventilação
mecânica(19).
Contudo, no presente estudo verificamos que, as taxas de mortalidade se apresentaram de forma igualmente entre alta e óbito
hospitalar, no entanto, o
desenvolvimento de PAV está
correlacionado ao uso inadequado dos cuidados com o paciente em ventilação mecânica, contradizendo o estudo que não afirma que o
desenvolvimento de PAV está
associado os cuidados efetivos para
com o paciente(19).
Existem sugestões que
indicam que as intervenções
realizadas podem ter alterações em seus resultados se não forem
amplamente e corretamente
aplicados, porém não há como negar que a intervenção diminuía resultados diretamente numa alta economia para a gestão hospitalar, confirmando assim o estudo que verificamos uma redução de nove dias de tempo de internação, aduzindo a economia para a gestão do hospital (20).
A PAV foi correlacionada com o maior tempo de ventilação mecânica, de internação hospitalar e de permanência na UTI, sendo
independente com relação à
mortalidade hospitalar(1). Existe
aumento de fatores de risco e aumento da taxa de permanência de letalidade hospitalar para os pacientes com desenvolvimento de PAV(2).
14 Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 4, Número 2, 2015
Diante das informações
houve divergência dos resultados encontrados no presente estudo
quando comparado com a
literatura(1,18,20), que evidenciaram a
correta aplicação do protocolo o que pode ter tido influência em nosso estudo, o que se comprova no Gráfico 3 e Tabela 2, demonstrando possível alteração dos resultados obtidos.
Em todos os estudos,
entretanto, demonstraram
diminuição do tempo de internação, confirmando dados obtidos na UTI do hospital do interior do Estado do Rio de Janeiro.
CONCLUSÃO
Constatamos que não houve diminuição de tempo de ventilação e também não houve diminuição no tempo de internação com relação nos pacientes, porém os pacientes que não desenvolveram a PAV obtiveram diminuição significativa no tempo de permanência no ambiente da UTI. Com relação à mortalidade verificamos que não houve redução, o que indica que a
PAV não seja um causador
especifico para a letalidade dentro das UTI onde o estudo foi realizado.
A falta de 100% de adesão dos profissionais do hospital do interior do Rio de Janeiro e as falhas decorrentes nos itens do protocolo pode ter uma relação direta com o resultado obtido no presente estudo.
Muitos estudos evidenciam com maior ênfase as orientações para a prevenção de PAV e a realização dos itens descritos no
Bundle, porem uma grande
discrepância ocorre na evidencia entre a teoria e a prática, uma vez que faltam diretrizes publicadas com
relação aos resultados de
implantação desses protocolos.
Podendo assim ser explicado pela falta de motivação para os hospitais em investimentos de recursos numa implementação bem sucedida das orientações.
Outra interpretação seria a qualificação dos profissionais ou da
inteira conscientização da
importância da aderência aos
protocolos de prevenção, o que ocorre com a educação continuada.
Concluindo, que
independentemente da categoria profissional, o conhecimento sobre a PAV e os fatores de risco que poderão ser associados a ela será
15 Revista Eletrônica Estácio Saúde - Volume 4, Número 2, 2015
apenas habitual. Desta forma, a elaboração de propostas educativas que norteiam a atuação desses profissionais de saúde dentro das
UTI são necessárias para a
prevenção do desenvolvimento de PAV.
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