Mercados Energéticos: Los Desafíos
del Nuevo Milenio.
INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA
NA AMÉRICA LATINA
Norberto Medeiros
dxCB-CME,Brasil
Para discutir os recursos energéticos e a
integração da América Latina é necessário
considerar alguns pontos:
• 1. É impossível entender os novos condicionantes do setor energético latinoamericano sem considerar os esforços feitos pela região para adaptar-se à economia globalizada;
• 2. Perceber que as modificações realizadas em cada país foram feitas, de acordo com as características políticas, econômicas e sócio-culturais de cada um;
• 3. E que as mudanças realizadas no setor energético de cada país, principalmente as do processo de integração regional, tem-se intensificado nos últimos 10 anos.
As reformas das economias dos países em questão foram suplementadas por medidas na área energética.
Tradicionalmente, na região, a infra-estrutura energética era de responsabilidade governamental com supridores monopolistas. iniciou-se, então, um processo liberalizante com forte participação da iniciativa privada.
Reformas não foram implementadas de forma homogênea. os países do sul do continente, Argentina e Chile foram pioneiros, enquanto países ricos em recursos energéticos, como México e Venezuela, andaram mais devagar. um bom exemplo está nos setores de gás e eletricidade, nos quais existe uma forte correlação por causa das unidades geradoras de ciclo combinado, que não tem avançado na mesma velocidade, nem da mesma forma nos diferentes países.
No segmento elétrico, Argentina, Bolívia, Chile,
Colômbia, El Salvador, Guatemela, Panamá e Peru
criaram mercados abertos com algumas empresas
totalmente privadas e outras parcialmente. Alguns
países da América Central tem aberto seus
mercados à participação privada e tem criado entes
regulatórios.
Brasil, Costa Rica, Equador e Venezuela tem permitido
uma participação limitada para as empresas privadas
e de capital mixto nos seus sistemas elétricos
mantendo, entretanto, a maioria de suas grandes
empresas estatais, principalmente na área de
geração.
Com respeito ao gás natural, Argentina, México e Bolívia desenvolveram mercados abertos com a Argentina tendo privatizado o setor. Brasil, Colômbia, Chile, Trinidad Tobago e Venezuela têm companhias privadas, mixtas e estatais reguladas por jurisdição do estado. Em outros países o mercado de gás natural começa a desenvolver-se.
Estes dois setores permitiram, aos países envolvidos, um fluxo de investimento privado que liberou recursos governamentais permitindo maiores investimentos na área social.
Por outro lado, estes investimentos privados, resultado das reformas, tiveram uma forte participação nos projetos de integração regional. os projetos mais conhecidos estão na área do Mercosul, mas existem outros exemplos na América Latina e Caribe.
A região é conhecida por ter todos os tipos de recursos energéticos em quantidades que garantam o suprimento, a longo prazo, não somente da região, como também de outras partes do mundo.
A região é exportadora líquida de recursos energéticos, principalmente óleo e carvão e poderá, mantidos os níveis atuais de utilização, ser exportadora nos próximos 25 anos.
Em 1999, a região produziu 8,8 % do total da energia do mundo e consumiu 6,7%. detém 13,5% das reservas provadas de óleo e produz 5,8% do óleo consumido ainda que detenha 8,4% da capacidade de refino. México e Venezuela são os países que têm as maiores reservas provadas.
Quanto ao gás natural, a região tem 5,6% das reservas mundiais provadas, sendo também do México e da Venezuela as maiores reservas. No que se refere as reservas de carvão, o Brasil e a Colômbia detêm as maiores reservas. Considerando-se os esquemas correntes de exploração, as reservas regionais provadas de óleo e gás natural darão por mais quarenta anos e as de carvão por mais 300 anos.
A região é rica em potencial hidroelétrico tendo 18,8
% do potencial mundial. o brasil tem o maior
potencial seguido pela Colômbia. A energia
hidréletrica ainda tem grande possibilidade de
aproveitamento na região tendo a vantagem de
ser uma energia limpa e, portanto,
enquadrando-se no estabelecido pelo protocolo de Quioto.
O Brasil tem grandes reservas de urânio e tem a maior capacidade instalada em usina nucleares, 1966 MW. A Argentina e o México também têm centrais nucleares em operação. Quanto as denominadas novas fontes renováveis como biomassa, vento, geotérmica e solar, a região tem um potencial de 18.ooo milhões de barris de óleo equivalente. Entretanto, a produção destas fontes não excede 500 milhões de barris de óleo equivalente .
A utilização correta e coordenada de todos os recursos existentes poderia, a longo prazo, como foi dito, garantir o suprimento da região. No entanto, embora não existam barreiras físicas ou tecnológicas para tal, ainda existem restrições políticas, legais, institucionais e financeiras.
Sabemos que o aumento dos investimentos nos projetos de integração depende diretamente dos riscos envolvidos.
A integração regional é um processo gradual que será facilitado pela eliminação das barreiras e pela harmonização das regras regulatórias. é necessário ter-se normas firmes e transparentes para atrair os possíveis investidores.
No Mercosul começamos a visualizar os primeiros passos nesta direção, enquanto na América Central ainda se debatem as regras para integração e operação dos sistemas envolvidos.
Outra parte importante é que a região, através da utilização de seus recursos naturais, principalmente o gás natural e a hidroeletricidade, poderá cumprir o estabelecido nos acordos sobre o clima juntando esforços para mitigar o efeito estufa com menores emissões de CO2 nos novos projetos de integração.
As novas energias renováveis e o uso de novas tecnologias para o uso limpo do carvão mineral também são aplicáveis e favorecerão este objetivo.
Pode-se resumir dizendo que os recursos energéticos regionais existem e que os projetos de integração dependerão, na nova economia globalizada, de vontade política, da existência de regras regulatórias comuns, firmes e transparentes de forma a atrair investidores diminuindo os riscos existentes.
No entanto, a experiência mundial recente nos mostra que a evolução da infra-estrutura energética da maioria dos países em desenvolvimento era da responsabilidade de entes governamentais agindo estes de forma monopolística. com a liberalização dos mercados, a comunidade oficial de desenvolvimento passou a entender que a expansão da infra-estrutura energética desses países deveria depender primordialmente da iniciativa privada, em particular dos investimentos externos diretos.
Como exemplo, o investimento em eletricidade
subiu de US$ 2 bilhões em 1990 para US$ 46
INVESTIMENTOS EM ELETRICIDADE
US$ Bilhões
Fonte: Produtores Independentes Database
Investimentos em Eletricidade US$ Bilhões 0 10 20 30 40 50 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
As boas novas tiveram vida curta. De 1997 para
1999 o investimento em infra-estrutura elétrica
dos países em desenvolvimento passou de US$
46 bilhões para cerca de US$ 13 bilhões,
crescendo modestamente até 2000, mas em 2001
o investimento externo direto nos países em
desenvolvimento caiu em 6%. Como um
executivo do Banco Mundial falou recentemente
“nós olhamos para o setor privado para cobrir as
necessidades de investimento do setor elétrico
dos países em desenvolvimento e continuamos
Não existe evidência que o clima para investimentos externos privados seja otimista. Enquanto o colapso da Enron foi causado primariamente por “má engenharia financeira” e não por investimentos externos, um complicado projeto externo como Dabhol, na Índia, não agradou a seus investidores institucionais. Quando alguns meses atrás, a empresa americana, AES, teve o preço de suas ações dividido pela metade, ela só conseguiu acalmar seus investidores institucionais quando afirmou que sairia de países de risco como India, Paquistão, Nigéria e Kazaquistão. Similarmente, a CMS, uma das empresas americanas pioneira em investimentos externos no início dos anos 90, anunciou em outubro de 2001 que se retiraria dos mercados internacionais colocando à venda ativos no montante de US$ 2,4 bilhões. AES e CMS são respectivamente a primeira e a sexta empresa privada investidora em países em desenvolvimento entre 1990 e 1999. a Enron, agora falida, era a segunda investidora.
OS DEZ MAIORES INVESTIDORES PRIVADOS EM PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO EM PROJETOS ELÉTRICOS
(1990-1999) 1. AES 2. ENRON 3. EDF 4. ENDESA (ESPANHA) 5. SOUTHERN ENERGY 6. CMS
7. CIA. NAVIERA PEREZ 8. ENDESA (CHILE)
9. TRACTEBEL 10. ENERSIS
Os investimentos privados realizados alcançaram 42% na América Latina, 33% na Ásia do leste, menos de 10% na Ásia do sul e aproximadamente 3% na África.
Os grandes investimentos na Ásia foram afetados pela crise financeira daquela região, enquanto a atual crise argentina diminuiu o entusiasmo pelos investimentos na América Latina. Particularmente na Ásia, outros problemas contribuíram para a
queda dos investimentos. muitos dos investimentos diretos externos na Ásia em eletricidade foram realizados por
produtores independentes nos quais o país anfitrião arca com os maiores riscos. Soma-se a isso problemas de
estrangulamento nos sistemas de transmissão existentes prejudicando o correto escoamento da energia.