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Candidaturas Independentes no Processo Eleitoral Brasileiro

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA FÁBIO ROBERTO GARCIA NUNES

CANDIDATURASINDEPENDENTES NO PROCESSO ELEITORAL BRASILEIRO

Palhoça 2018

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FÁBIO ROBERTO GARCIA NUNES

CANDIDATURAS INDEPENDENTES NO PROCESSO ELEITORAL BRASILEIRO

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Mauro Antonio Prezotto, Esp.

Palhoça 2018

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FÁBIO ROBERTO GARCIA NUNES

CANDIDATURAS INDEPENDENTES NO PROCESSO ELEITORAL BRASILEIRO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de bacharel em Direito e aprovado em sua forma final pelo Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 09 de julho de 2018.

_________________________________________ Prof. e orientador Mauro Antonio Prezotto, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_________________________________________ Prof. Joel Irineu Lohn, Me.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_________________________________________ Prof. Nelio Herzmann, Me.

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

CANDIDATURAS INDEPENDENTES NO PROCESSO ELEITORAL BRASILEIRO

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca desta monografia.

Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Palhoça, 09 de julho de 2018.

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Dedico este trabalho a minha esposa, Fabiana Cristina da Silva, por todo o apoio emocional prestado durante a realização do mesmo.

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RESUMO

A presente monografia tem por escopo verificar se existe possibilidade jurídica para a implementação de candidaturas independentes no processo eleitoral brasileiro. Deste modo, por intermédio de pesquisa bibliográfica, e partindo da premissa que em nosso ordenamento jurídico existe uma conflito aparente entre o Pacto de São José da Costa Rica e Constituição da República Federativa do Brasil, bem como que o princípio do monopólio de candidaturas está intimamente ligado com a filiação partidária como condição de elegibilidade, é que se analisa: a legislação nacional; os julgados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE e o Supremo Tribunal Federal – STF; a legislação de alguns países da América Latina; as disposições referentes aos direitos políticos no Pacto de São José da Costa Rica; os modelos para o solução do conflito entre o referido pacto e a Constituição da República Federativa do Brasil, demonstrando-se que atualmente o STF, por maioria, adota a corrente da supralegalidade; a posição da Corte Interamericana quanto aos direitos políticos prescritos no Pacto de São José da Costa Rica e apresentam-se as possíveis vantagens e desvantagens de implementação de candidaturas independes ao processo eleitoral. Por fim, conclui-se que existe fundamentação jurídica sólida para que o Pacto de São José da Costa Rica seja alçado a hierarquia constitucional, de modo que reste mitigada a condição de elegibilidade prescrita no art. 14, § 3º, V da CRFB/88, dando, de tal maneira, abertura para que as candidaturas independentes sejam implementadas. Entretanto, em que pese as críticas levantadas à corrente adotada pelo STF, prevalecendo a tese de supralegalidade dos tratados internacionais que versam sobre direitos humanos subsistiria a restrição que impõe a filiação partidária como condição de elegibilidade impossibilitando a implementação de candidaturas independentes no processo eleitoral brasileiro.

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LISTA DE SIGLAS

CRFB/88 – Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 STF – Supremo Tribunal Federal

TSE – Tribunal Superior Eleitoral

LPP – Lei Ordinária nº 9.096/95 – Lei dos Partidos Políticos

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 08

2 PARTIDOS POLÍTICOS ... 10

2.1 BREVE HISTÓRICO ... 10

2.2 FUNÇÃO DOS PARTIDOS NA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA ... 14

3 FILIAÇÃO PARTIDÁRIA COMO CONDIÇÃO DE ELEGIBILIDADE. ... 16

3.1 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA... 16

3.2 A POSIÇÃO DO TSE E DO STF... 23

3.3 A POSIÇÃO DOS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA SOBRE O TEMA... 27

3.4 PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA... 35

3.4.1 Disposições Referentes aos Direitos Políticos... 42

3.4.2 Critérios de Solução do Conflito entre a Legislação Brasileira e o Pacto de São José da Costa Rica... 45

3.5 JURISPRUDÊNCIA DA CORTE INTERAMERICANA... 58

3.5.1 Yatama Vs. Nicaragua... 58

3.5.2 Castañeda Gutman Vs. México... 64

4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS CANDIDATURAS AVULSAS PARA A DEMOCRACIA REPRESENTATIVA... 73

5 CONCLUSÕES... 81

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil, os recentes casos de corrupção na política, em especial os casos de propina para o financiamento de campanhas eleitorais, fizeram com que fosse aventada e ganhasse força a possibilidade de candidaturas independentes.

As candidaturas independentes ou avulsas são candidaturas onde não há intervenção partidária, ou seja, não há necessidade de que o partido político requeira ou apresente a candidatura. O próprio postulante ao cargo provido por meio de sufrágio pode apresentar sua candidatura, ou ainda a mesma pode ser apresentada por outras associações que não sejam partidos políticos.

Entretanto, na República Federativa do Brasil vige o princípio do monopólio das candidaturas que reza que os candidatos a cargos eletivos devem ser indicados por partido político. Ademais, por força de dispositivo positivado na Constituição Federal de 88, é obrigatória a filiação partidária, i. e., afiliação a algum partido político, para que o cidadão possa concorrer a cargos eletivos

Assim, por uma visão superficial, não há, atualmente, possibilidade de implementação de candidaturas independentes no processo eleitoral brasileiro, razão pela qual se faz necessário uma investigação mais aprofundada sobre o tema. Nesse contexto, é importante analisarmos a filiação partidária como restrição ao exercício do ius honorum, uma vez que tal restrição é um dos pilares que sustentam o princípio do monopólio de candidaturas em nosso ordenamento jurídico.

Desta feita, a presente monografia objetiva investigar se existe possibilidade jurídica para a implementação de candidaturas avulsas no processo eleitoral pátrio, preocupando-se ainda com a apresentação de uma visão sociológica sobre o tema, em especial quanto à existência de vantagens para o regime democrático.

Para tanto, realizou-se pesquisa bibliográfica em livros, periódicos e na rede mundial de computadores (Internet), fundando a monografia nos artigos de Frederico Franco Alvim quanto aos partidos políticos, na obra de Marco Antônio Correa Monteiro no que concerne ao conflito entre tratados internacionais de direitos humanos e o direito interno, nos julgados do Supremo Tribunal Federal – STF, do Tribunal Superior Eleitoral – TSE e da Corte Interamericana, entre outros.

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Assim, inicialmente, no Capítulo 2, apresentamos um breve histórico dos partidos políticos, com a intenção precípua de verificar suas origens, bem como sua importância para a democracia representativa. Na sequência, no Capítulo 3, analisaremos a filiação partidária como condição de elegibilidade, em especial pela análise da legislação nacional, da legislação de alguns países da América Latina, da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal – STF e do Tribunal Superior Eleitoral – TSE e da Convenção Interamericana de Direitos Humanos. Ainda no Capítulo 3 são analisados julgados da Corte Interamericana que guardam relação com a temática da filiação partidária.

Por fim, no Capítulo 4, sob a ótica sociológica, busca-se, por intermédio de dados estatísticos, verificar se a sociedade realmente não se sente representada pelas agremiações partidárias, para então, partindo da análise da situação onde as candidaturas independentes já são realidade, expor as vantagens e desvantagens da incorporação deste tipo de candidatura ao processo eleitoral brasileiro.

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2 PARTIDOS POLÍTICOS

Neste Capítulo trataremos dos partidos políticos, iniciando por um breve histórico, passando pela legislação aplicável aos partidos políticos, em especial quanto ao princípio do monopólio das candidaturas, finalizando com a função dos partidos políticos na democracia representativa.

2.1 BREVE HISTÓRICO

É impossível dissertar sobre a história dos partidos políticos sem adentrar ao tema da história da democracia em si. Isso não significa que os partidos políticos nasceram com a democracia, mas é inegável que nasceram em função desta.

O nascimento do regime político conhecido como democracia ocorreu na Grécia Antiga, especificamente na cidade de Atenas. A ideia por traz do regime político democrático é a participação popular na tomada de decisões políticas.

Em Atenas, por exemplo, foram implementados regramentos que concediam a cada cidadão apenas um voto, demarcando assim uma das principais caraterísticas da democracia, qual seja: igualdade entre os cidadãos.

No nascimento da democracia não existiam partidos políticos, o povo se reunia nas praças e ali, por votação, tomava as decisões políticas, o que posteriormente veio ser conhecido como democracia direita.

Por um simples exercício mental, é fácil perceber que com a evolução das sociedades e o crescimento populacional torna-se impraticável a adoção do modelo delineado pela democracia direta. Assim, com o fito de garantir a participação popular inerente ao regime democrático, adotou-se o modelo conhecido como democracia representativa.

Modernamente a democracia representativa é o principal tipo de democracia política, diferentemente da democracia direta ela caracteriza-se por um mandato de representação, isto é, a população outorga a um representante o poder para tomar as decisões políticas. Evidente que as decisões tomadas pelo representante devem refletir os desejos e anseios dos representados.

Na história recente da democracia existem três sistemas de representação, ou seja, sistemas que regem a relação dos representantes com os representados. A representação por delegação, onde o representante seria como

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um delegado escolhido para autuar por outro nos estritos limites orientativos e instrucionais, i. e., não é autorizado a atuar por suas próprias convicções. A representação por relação de confiança, encampando a ideia de que o representante age como fiduciário, possuindo autonomia na tomada das decisões políticas, sempre, evidentemente, no interesse do representado. Por último temos a representação sociológica onde a organização representativa constitui um microcosmos da sociedade, abarcando membros provenientes de todos os estratos da mesma. (GONÇALVES, 2005, p. 03)

Nesse contexto, devido ao aumento da participação popular na política é que surgem as primeiras organizações partidárias. (PINTO, 2014)

Em que pese haver certa divergência doutrinaria sobre o marco inicial do surgimento dos partidos políticos modernos adotaremos a cronologia descrita por Gonçalves (2005, p. 03)

Os primeiros partidos políticos modernos organizam-se nos Estados Unidos, a partir de 1828, sob o impulso do Presidente Jackson (47). Os partidos britânicos nascem das reformas eleitorais de 1832 (Reform Act) e 1867 que conduzem ao alargamento do sufrágio e à criação das registration societies donde saem as organizações locais dos partidos que se criam após a lei eleitoral de 1832. Em França, os partidos políticos surgem depois de 1848. (GONÇALVES, 2005, P. 03)

No Brasil, a existência dos partidos políticos, reconhecida desde a primeira metade do século XIX, em maior ou menor monta, espelhou o momento político da época. Com efeito, os partidos políticos foram totalmente proibidos no período de 1937 a 1945 (Estado Novo) e durante o período da ditadura militar vigorou o bipartidarismo, existindo apenas dois partidos políticos no país.

Somente em 1980 o Brasil voltou a ser pluripartidarista. Atualmente existem 35 (trinta e cinco) partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral –TSE.

Os partidos políticos, na atualidade, são pessoas jurídicas de direito privado, que buscam o poder como forma de estabelecer sua ideologia, via de regra, para a consecução do bem público (avanço da sociedade).

Pode-se, portanto, enxergar os partidos políticos como uma ponte entre os representantes e os representados. Em tese, a ideologia do partido, suas ideias de governo e de avanços para a sociedade, seriam a principal razão para a

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população escolher aquele representante ou representantes indicados pelo partido para a tomada das decisões políticas.

Sob esse prisma, os partidos políticos desenvolveriam função essencial na democracia representativa, realizando um trabalho de convencimento da população por meio da educação política, visando arregimentar simpatizantes.

Doutra banda, ao menos em tese, o representante indicado pelo partido deve tomar as decisões políticas nos termos da ideologia partidária, garantindo desta forma que os interesses da população representada sejam respeitados.

Entretanto, aparentemente, não é isso que ocorre, os partidos políticos, não raras vezes, perseguem, quando chegam ao poder, a satisfação de interesses privados, muitas vezes, em detrimento de sua própria ideologia.

Ademais, em que pese parcela da sociedade encontrar representatividade nas diferentes ideologias partidárias, pesquisa realizada pela sociedade civil, em especial pelo instituto Datafolha, disponível no sitio “O Globo”, vêm demonstrando que cada vez menos brasileiros se identificam com a ideologia de algum partido político (VACONCELOS, [2016?]).

É certo que as instituições partidárias estão passando por um momento de crise, desacreditadas pela população. Com efeito, houve uma inversão de papeis, o carisma da pessoa indicada pelo partido está sendo utilizado para a angariar o apoio da população relegando-se a segundo plano a ideologia partidária.

É nesse contexto, em que o carisma e ideia pessoal suplantam a ideologia partidária que devemos nos perguntar se somente aqueles indicados pelos partidos políticos devem ter a pretensão de ser escolhidos pela população para a tomada decisões políticas.

Na seara jurídica, o direito relacionado aos partidos políticos sempre foi tratado conjuntamente com o direito eleitoral. Entretanto é crescente na doutrina aqueles que defendem o direito partidário como ramo autônomo do direito. (ALVIM, 2013a)

Segundo Flavio Galván Rivera, citado por Alvim (2013b, p.01) um ramo autônomo do direito deve ser reconhecido mediante critérios objetivos e racionais, são eles; a) possuir legislação especifica – critério legislativo; b) possuir tribunais especializadas para tratamento da matéria - critério jurisdicional; c) possuir literatura especializada na doutrina - critério científico; d) possuir cátedras voltadas a seu ensino – critério acadêmico e e) possuir vocábulo específico – critério terminológico.

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O direito posto no tocante aos partidos políticos possui principiologia própria e legislação especifica. Em verdade, dos critérios acima relacionados o único que não se encontra devidamente implementado é o critério jurisdicional. (ALVIM, 2013b)

Em nosso ordenamento jurídico, segundo Alvim (2013a), servem de fontes formais do direito partidário:

a) Constituição Federal (arts. 1º; 17; 53, §3º; 55, §2º e §3º; 62, §1º, “a”, 74, §2º; 77, §2º; 103, VIII; e 153, VI, “c”);

b) Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65);

c) Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95); d) Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97);

e) Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral, em especial a de número TSE 21.841/04, que regulamenta a prestação anual de contas dos Partidos Políticos;

f) as consultas efetivamente respondidas pelos tribunais eleitorais, no exercício de competências previstas nos arts. 23, XII, e 30, VIII, do Código Eleitoral;

g) as decisões judiciais proferidas pelos órgãos que integram a Justiça Eleitoral, que, no particular, via de regra restringem-se a questões relativas a atuação das siglas no contexto dos processos eleitorais e daquelas referentes a fidelidade partidária; e

h) decisões proferidas pelos órgãos da Justiça Comum, competente para o processo e julgamento de questões partidárias em matérias interna corporis.

Exsurge de toda a legislação aplicável aos partidos políticos a principiologia do direito partidário. Segundo Alvim (2013a) o direito partidário é estruturado pelos seguintes princípios: princípio da liberdade de criação partidária; princípio do caráter nacional; princípio do fomento da atividade partidária; princípio da obrigatoriedade de prestação de contas; princípio do partidarismo plural; princípio do monopólio das candidaturas; princípio da autonomia partidária; princípio da democracia interna; princípio da fidelidade partidária; princípio da vedação de utilização de organização paramilitar; princípio da publicidade ou da transparência dos fins almejados; princípio da participação eleitoral facultativa; princípio da coligabilidade ou da permissão para associação temporária; e princípio da igualdade de oportunidade entre os partidos.

Limitando-se ao foco do presente estudo, cabe maiores comentários sobre o princípio do monopólio das candidaturas, uma vez que o presente estudo busca investigar os pressupostos teóricos e legais para a mitigação do referido princípio.

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Em nosso ordenamento jurídico os partidos políticos têm o monopólio para indicar os candidatos que irão concorrer aos cargos políticos, ou seja, só podem concorrer aos cargos políticos aqueles indicados pelo partido dentre o seu quadro de filiados.

É evidente que tal indicação deve obedecer ao princípio da democracia interna, ou seja, todos os filiados têm igual direito de serem indicados e os mesmos devem ser escolhidos em convenção partidária para este fim, nos termos do art. 15, VI da Lei nº 9.096/95 c/c o art. 8 da Lei nº 9.504/97.

O princípio do monopólio das candidaturas pode ser inferido do art. 14, § 3º, V da Constituição Federal de 1988 – CF/88, vejamos:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

[...]

§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: [...]

V - a filiação partidária; [...]

Observa-se, portanto, que o constituinte originário elegeu a filiação partidária como condição de elegibilidade. Importante ressaltar ainda que o princípio do monopólio das candidaturas irradia para a legislação infraconstitucional partidária e eleitoral. Há prescrições dando efetividade ao referido princípio na Lei nº 4.737/65 – Código Eleitoral, na Lei nº 9.096/95 – Lei dos Partidos Políticos, na Lei nº 9.504/97 – Lei das Eleições e nas resoluções do Tribunal Superior Eleitoral – TSE.

2.2 FUNÇÃO DOS PARTIDOS NA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA

A finalidade dos partidos políticos pode ser extraída do art. 1 º da Lei nº 9.096/95, vejamos:

Art. 1º O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal.

Destarte, os partidos políticos agem no interesse do regime democrático, servindo como ponte entre a sociedade e o Estado, além de possuir atribuição de defender os direitos fundamentais elencados pela Constituição Federal.

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Os partidos políticos, no constitucionalismo contemporâneo, devem ser vistos como instrumentos de concretização dos direitos fundamentais, em especial do direito de participação política. Segundo Ávalo, et. al. (2014, p. 131):

[...]. A sua função de impulsionar a formação da vontade popular, mediando politicamente a organização e a expressão da vontade dos cidadãos, participando nos órgãos representativos e influenciando na formação dos governos deu aos partidos políticos um status diferenciado em relação às outras associações de caráter privado, despidas deste múnus público, reconhecendo nos mesmos uma qualidade, ao tipificá-los como elementos funcionais da ordem constitucional. [...]

Em verdade, as agremiações partidárias representam a vontade da sociedade no regime democrático, e segundo Cruz (2016, p. 3):

Um dos canais de participação dos cidadãos na democracia representativa é o partido político, que se organiza para possibilitar o contato entre o povo o e Estado, através da vinculação ideológica e da realização dos programas de governo, quando assume o poder.

O partido político deve agir como fomentador de uma determinada corrente ideológica, concentrando todos os cidadãos adeptos da referida corrente, indicando os filiados para concorrer aos cargos eletivos, a fim de alcançar o poder para a implantação de seus princípios ideológicos-governamentais.

Como liame entre a sociedade e o governo, possui a função de fomentar a educação e informar politicamente o eleitor, sendo esta sua função primordial. (AIETA, 2006)

Justo López, citado por Alvim (2013a, p. 4), assim enumera, de forma sintética, as funções dos partidos políticos:

a) dar coerência à caótica vontade popular; b) realizar a educação cívica dos cidadãos;

c) servir de elo entre o governo e a opinião pública;

d) selecionar aqueles que devem dirigir os destinos do Estado; e e) projetar a política de governo e controlar a sua execução.

Dessarte, os partidos políticos possuem função primordial na democracia representativa, servindo, atualmente, como verdadeiro arrimo para este regime político. Desta ótica decorre, em vistas de sua essencialidade, a necessidade de dar suporte e incentivo, inclusive com recursos financeiros públicos, às ações partidárias, efetivando, desde modo, o princípio do fomento de suas atividades.

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3 FILIAÇÃO PARTIDÁRIA COMO CONDIÇÃO DE ELEGIBILIDADE

Em nosso ordenamento jurídico a filiação partidária foi erigida à condição de elegibilidade buscando dar efetividade ao princípio do monopólio das candidaturas. Sob esse prisma, neste Capítulo trataremos da filiação partidária como restrição ao direito de ser eleito, analisando o direito positivo nacional, a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral – TSE e do Supremo Tribunal Federal - STF sobre o tema, a posição de alguns países da américa latina quanto à possibilidade de candidaturas independentes e os direitos políticos prescritos no Pacto de São José da Costa Rica.

3.1 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

É comezinho que o ordenamento jurídico nacional é hierarquizado, isso significa que existem normas superiores e inferiores, estas, por conseguinte, devem extrair sua validade daquelas. Novelino (2014, p. 217), citando KELSEN, sobre a hierarquização do ordenamento jurídico aduz que:

No sistema de “supra-infra-ordenação” proposto por KELSEN, a norma

superior regula a forma de produção da norma inferior, sendo que está só

será válida quando elaborada da maneira determinada por aquela, que é seu fundamento imediato de validade.

A análise da hierarquização do sistema jurídica é de suma importância para o escopo do presente estudo, uma vez que a hierarquia é um dos principais critérios utilizados para a solução das antinomias aparentes entre normas.

Resta claro que a norma inferior não pode conter prescrições em aparente conflito com norma superior, uma vez que, conforme acima mencionado, desta extraí sua validade. Dessa interdependência exsurge o critério hierárquico de solução de conflitos, Segundo Varella (2012, p. 1):

O primeiro e mais relevante critério solucionador de antinomias é o hierárquico, pois não há o que se falar em norma jurídica inferior contrária à superior. Isto ocorre porque “a norma que representa o fundamento de validade de uma outra norma é, em face desta, uma norma superior”

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Sob esta ótica, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – CRFB/88 ocupa o ápice do ordenamento jurídico nacional, servindo como verdadeira viga mestra de toda a legislação de nível hierárquico inferior.

Nesse sentido, Ferrari (2016, p. 40) assevera que:

A Constituição, como lei fundamental de um ordenamento jurídico, é representada por um conjunto de normas que organizam o Estado, determinam as funções e competências dos órgãos que exercem o Poder Público, as formas e os limites desse exercício, bem como os direitos e garantias fundamentais de seu cidadão, e, assim entendida, é o documento normativo supremo do Estado e da sociedade, proporcionando uma interação necessária.

Logo abaixo da CFRB/88 temos os atos normativos primários, englobando nesta classe as leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Por fim, abaixo dos atos normativos primários temos os atos normativos secundários compostos pelos decretos e regulamentos (NOVELINO, 2014).

Verificada a hierarquização do ordenamento jurídico, cabe ainda tecer alguns comentários sobre a eficácia das normas prescritas na CRFB/88. Nesse ponto, é importante registrar que a eficácia da norma constitucional diz respeito a sua aptidão para produzir efeitos ou ser efetivamente aplicada.

Em que pese existirem na doutrina diferentes classificações quanto à eficácia das normas constitucionais, adotaremos aqui a classificação proposta por José Afonso da Silva. O autor distingue a eficácia das normas constitucionais, de acordo com o grau de aptidão para produção de efeitos, em normas de eficácia plena, normas de eficácia contida e normas de eficácia limitada. (SILVA, 2004, p. 82) As normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade imediata, segundo Silva (2004, p. 82):

[...] produzem todos os seus efeitos essenciais (ou têm a possibilidade de produzi-los), todos os objetivos visados pelo legislador constituinte, porque este criou, desde logo, uma normatividade para isso suficiente, incidindo, direita e imediatamente, sobre a matéria que lhes constitui objeto. [...]

Quanto às normas de eficácia contida e aplicabilidade imediata, mas passíveis de restrição, Silva (2004, p. 82) pontua que:

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[...] também se constitui de normas que incidem imediatamente e produzem (ou podem produzir) todos os efeitos queridos, mas preveem meios ou conceitos que permitem manter sua eficácia contida em certos limites, dadas certas circunstancias. [...]

Já as normas constitucionais de eficácia limitada ou reduzida de aplicabilidade indireta, são aquelas que dependem da atuação do legislador para a produção dos seus efeitos e segundo Silva, citado por Ferrari (2016, p. 120) tais normas somente:

[...] incidem totalmente sobre esses interesses após uma normatividade ulterior que lhes desenvolva a eficácia, conquanto tenham uma incidência reduzida e surtam outros efeitos não essenciais, ou melhor, não dirigidos aos valores-fins da norma, mas apenas a certos valores-meios e condicionantes.

Em síntese, as normas de eficácia plena são completas e possuem aplicabilidade imediata, as normas de eficácia contida também são completas e possuem aplicabilidade imediata, entretanto são passiveis de restrição pela legislação infraconstitucional, i. e., o legislador poderá restringir a aplicabilidade da norma constitucional. Doutra banda, as normas de eficácia limitada dependem de atuação legislativa para a produção integral de efeitos.

Feitas essas singelas considerações sobre a hierarquização das normas no ordenamento jurídico nacional e a eficácia das normas constitucionais, passemos então à análise, propriamente dita, das prescrições referentes à filiação partidária como condição de elegibilidade.

A filiação partidária pode ser vista como um elo entre os cidadãos e os partidos políticos, um encontro de ideologias. A filiação partidária faz nascer um verdadeiro laço ideológico de compromisso político entre filiado e parido político. (ÁVALO, 2014)

No sítio institucional Tribunal Superior Eleitoral – TSE podemos encontrar a definição de filiação partidária:

A filiação partidária é o ato pelo qual um eleitor aceita, adota o programa e passa a integrar um partido político. Esse vínculo que se estabelece entre o cidadão e o partido é condição de elegibilidade, conforme disposto no art. 14, § 3º, V, da Constituição Federal.

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Observa-se, desta forma, que o Tribunal Superior Eleitoral – TSE, na definição de filiação partidária que consta em seu sítio institucional, já deixa assente que a mesma é uma condição de elegibilidade.

Nesse ponto, convém, novamente, transcrever o disposto § 3º do art. 14 da Constituição da República Federativa do Brasil, vejamos:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

[...]

§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação partidária; Regulamento VI - a idade mínima de:

[...]

As condições estabelecidas pelo § 3º do art. 14 da nossa Carta Magna traduzem-se em verdadeiras circunstancias que os cidadãos devem atender para se candidatarem a determinados cargos na Administração Pública. (AGRA, 2016)

Sobre as condições de elegibilidade Agra, (2016, p. 48) pontua que:

As condições de elegibilidade dizem respeito à possibilidade de o cidadão concorrer a mandato eletivo, desde que atenda a determinados pressupostos. Elegível é o cidadão que preenche esses requisitos. Essa possibilidade de pleitear determinados cargos políticos é denominada capacidade passiva (ius honorum), ou seja, a capacidade de ser candidato e, consequentemente, receber votos.

Vale ressaltar que o constituinte ao estabelecer as condições de elegibilidade positivadas no § 3º do art. 14 da Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB/88 relegou algumas delas a regulamentação infraconstitucional. Isso significa que as condições de elegibilidade prescritas no dispositivo mencionado necessitam de complementação para a produção integral de efeitos. Nesta senda Costa (2015, p. 63) assevera que:

O § 3º do art. 14 da CF/88, ao elencar as condições de elegibilidade, deixou para a lei ordinária o enchimento do seu conteúdo, quando não o fez ela mesma em determinadas hipóteses. Assim, os seus incisos I, II e VI exauriram a regulação da matéria, haja vista que a própria Carta definiu os meios de obtenção e perda da nacionalidade (art. 12), os meios de aquisição e perda dos direitos políticos (art. 14, §1º, e art. 15) e as idades

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necessárias para se concorrer a determinados cargos eletivos (art. 14, §3º, inc. VI). Nada obstante, as outras condições de elegibilidade reclamam complemento legislativo ordinário, como ocorre com a filiação partidária, o alistamento, o domicílio eleitoral e as incompatibilidades. Indaga-se, apenas com olhos fixos na Carta: o que é domicílio eleitoral? Sem uma norma infraconstitucional que nutra o conceito, é uma flatus vocis.

Especificamente quanto à filiação partidária observa-se que a Lei Ordinária nº 9.096/95 – Lei dos Partidos Políticos – LPP regulamentou a matéria em seu Capítulo IV do Título II.

O referido normativo traz disposições importantes sobre o deferimento do pedido de filiação partidária, procedimento de desligamento do filiado, as causas de cancelamento da filiação partidária, entre outras.

Evidente, portanto, que a LPP tem função integrativa em relação ao disposto no inciso V, do § 3º do art. 14 da CFRB/88. Sem o referido normativo ordinário a prescrição constitucional restaria esvaziada, uma vez que é a legislação infraconstitucional que regula todo o procedimento de filiação desde seu deferimento, com a condições necessárias que o postulante à filiação deve preencher, até seu desligamento do partido.

Costa (2015, p. 69) pontua que:

O ser filiado é exigência da Constituição; o como e o quando ser é definição da lei ordinária. Sem essas normas inferiores, a CF/88 ficaria vazia, sem conteúdo. Logo, tais normas integram, enchem os preceitos constitucionais: são leis ordinárias portadoras de matéria constitucional, ao menos para a correta interpretação das normas sobre preclusão em matéria eleitoral.

É importante registrar ainda que o momento de aferição da filiação partidária, como condição de elegibilidade, também é definido por legislação infraconstitucional, especificamente pela Lei nº 9.504/97 – Lei das Eleições – LE. Vejamos o inciso III do art. 11 do referido normativo:

Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até as dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015) § 1º O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos: [...]

III - prova de filiação partidária; [...]

Ocorre que, conforme dito alhures, as condições e elegibilidade são circunstancias que o cidadão deve possuir para pleitear certos cargos na

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Administração Pública. Entretanto devemos ter em mente que o fato jurídico que faz nascer o direito de ser eleito (ius honorum) é o registro de candidatura perante a Justiça Eleitoral.

Destarte, via de regra, é no registro de candidatura que serão aferidas as condições de elegibilidade, é no registro que, nos termos do art. 11, § 1º, III da Lei das Eleições, o postulante ao cargo eletivo deverá fazer prova de sua filiação partidária.

É importante frisar que recentemente a Lei nº 9.504/97 – Lei das Eleições – LE foi alterada pela Lei nº 13.488/17, havendo a inclusão do § 14 ao art. 11 da LE, vejamos:

Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até as dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015) [...]

§ 14. É vedado o registro de candidatura avulsa, ainda que o requerente tenha filiação partidária. (Incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)

Deste modo, especialmente como forma de fortalecer as agremiações partidárias, o legislador vedou expressamente o registro de candidaturas avulsas, ainda que o requerente tenha filiação partidária. Isso quer dizer que por mais que o cidadão possua filiação partidária não pode requerer por si seu registro de candidatura, devendo o pedido de registro, obrigatoriamente, ser apresentado por partido político ou coligação.

Dessarte, de uma análise superficial da legislação nacional poderíamos afirmar a total impossibilidade de candidaturas independentes, sendo que somente os partidos políticos e coligações teriam legitimidade ativa para apresentação dos pedidos de registro de candidatura.

Entretanto, por uma análise mais aprofundada, em que pese toda a efetividade dada ao princípio do monopólio das candidaturas pela legislação interna, aparentemente já existe possibilidade de registro de candidatos sem filiação partidária. Com efeito, o militar da ativa pode requerer o seu registro de candidatura sem fazer prova de sua filiação partidária.

Vejamos o disposto no art. 142, § 3º, V da CFRB/88:

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares,

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organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

[...]

§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

[...]

V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

[...]

De clareza solar que o militar, enquanto no serviço ativo, não pode filiar-se a partido político. Entretanto, em que pefiliar-se a filiação partidária filiar-ser condição de elegibilidade, o § 8º do art. 14 da CFRB/88 garante a elegibilidade do militar alistável, ou seja, o militar que não está em serviço obrigatório (conscrito), vejamos:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

[...]

§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

[...]

Compatibilizando os dispositivos supramencionados o Tribunal Superior Eleitoral – TSE, respondendo a consulta formulada pelo Partido Progressista - PP, firmou entendimento de que do militar da ativa não é exigível filiação partidária para concorrer a cargos eletivos, bastando o pedido de registro de candidatura após prévia escolha em convenção partidária, vejamos:

CONSULTA. MILITAR DA ATIVA. CONCORRÊNCIA. CARGO ELETIVO. FILIAÇÃO PARTIDÁRIA. INEXIGIBILIDADE. RESOLUÇÃO-TSE Nº 21.608/2004, ART. 14, § 1º.

1. A filiação partidária contida no art. 14, § 3º, V, Constituição Federal não é exigível ao militar da ativa que pretenda concorrer a cargo eletivo, bastando o pedido de registro de candidatura após prévia escolha em convenção partidária (Res.-TSE nº 21.608/2004, art. 14, § 1º).

Para o militar da ativa ainda é necessária a escolha em convenção partidária (indicação partidária), razão pela qual, pelo menos materialmente, não há que se falar em candidatura avulsa. Não obstante, devemos reconhecer que não há filiação partidária formal, i. e., o militar da ativa não passa pelo processo de filiação

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prescrito pela LPP, concorrendo aos cargos eletivos verdadeiramente sem filiação partidária.

Resta, portanto, assente que a filiação partidária é condição de elegibilidade constitucional que necessita ser integrada pela legislação infraconstitucional, sob pena de quedar-se esvaziada sua aplicação. Verificou-se ainda que, pelo menos quanto à forma, existem candidaturas sem filiação partidária ainda que tais candidaturas sejam vinculadas a um partido político, não podendo ser consideradas avulsas.

3.2 A POSIÇÃO DO TSE E DO STF

O Tribunal Superior Eleitoral – TSE tem entendimento firmado sobre a impossibilidade de candidaturas avulsas, ou seja, candidaturas desvinculadas de partidos políticos, em nosso ordenamento jurídico. São inúmeros os julgados que asseveram a necessidade de filiação partidária para concorrer a cargos eletivos.

O julgamento mais recente do TSE sobre o tema ocorreu no Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral N° 1655-68.2016.6.19.0176 - Classe 32 - Rio de Janeiro - Rio de Janeiro.

No referido agravo as partes insurgiam-se contra a decisão monocrática da Ministra Luciana Lóssio que negou seguimento ao Recurso Especial Eleitoral N° 1655-68.2016.6.19.0176. O pano de fundo da litigância cingia-se à possibilidade do registro de candidatura das partes sem que as mesmas fossem vinculadas a partidos políticos.

A decisão monocrática que negou seguimento ao recurso especial eleitoral exarada pela Ministra Luciana Lóssio assentou que:

Todo ordenamento jurídico está assentado na existência e mediação dos partidos políticos, ou seja, no seu papel primordial e fundamental para a democracia. Nessa senda, entender pela prescindibilidade ou reduzir o papel dos partidos políticos implica em subversão da ordem constitucional estabelecida, motivo pelo qual a mutação constitucional defendida pelos ora recorrentes revela-se, data maxima venia, inconstitucional. Observância do princípio da justeza ou da conformidade constitucional.

A implementação ou não de candidaturas avulsas no atual ordenamento jurídico vigente passa necessariamente por um debate político que foge a competência do Poder Judiciário, principalmente, no que tange a sua dificuldade contramajoritária.

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Inconformadas com a decisão, as partes apresentaram Agravo Regimental visando que a matéria fosse discutida pelo plenário do Tribunal Superior Eleitoral, a relatoria do referido agravo ficou a cargo da Ministra Luciana Lóssio.

A eminente ministra em seu voto reafirmou os fundamentos expostos na decisão monocrática. As partes aduziam, em síntese, violação aos arts. 1º e 5º, XX, da Constituição Federal; 16-A da Lei n° 9.504/97; 27 da Convenção de Viena; e ao Decreto n° 678/92, sustentando que os tratados e convenções internacionais permitiriam o registro de candidatos desvinculados de partidos políticos.

Em que pese os argumentos trazidos pelas partes, restou assentado no voto da ministra que:

Desse modo, não obstante os agravantes terem apresentado, no apelo especial, inúmeros argumentos para fundamentar a possibilidade de candidatura avulsa no Brasil, nenhum deles possui embasamento jurídico suficiente para afastar a norma constitucional que estabelece ser a filiação partidária uma condição de elegibilidade (art. 14, § 3º, V, da Constituição Federal).

Na sessão de julgamento todos os ministros acompanharam a relatora, negando por unanimidade o provimento ao Agravo Regimental.

Posteriormente, em sede de Embargos de Declaração, o Tribunal Superior Eleitoral voltou a firmar o entendimento sobre a impossibilidade de registro de candidaturas desvinculadas de partido político (candidaturas avulsas), vejamos:

ELEIÇÕES 2016. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO

REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PREFEITO E VICE-PREFEITO. CANDIDATURA AVULSA. IMPOSSIBILIDADE. ART. 14, § 3º, V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. FILIAÇÃO PARTIDÁRIA. CONDIÇÃO DE

ELEGIBILIDADE. DESPROVIMENTO. OMISSÃO. AUSÊNCIA.

REJEIÇÃO. 1. Não obstante a apresentação de inúmeros argumentos recursais para fundamentar a possibilidade de candidatura avulsa no Brasil, nenhum deles possui embasamento jurídico suficiente para afastar a norma constitucional que estabelece ser a filiação partidária uma condição de elegibilidade (art. 14, § 3º, V, da Constituição Federal). 2. Os declaratórios não se prestam ao rejulgamento da matéria, de modo que o mero inconformismo da parte com o resultado do julgamento não enseja a oposição dos embargos. 3. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, a oposição de embargos, ainda que para fins de prequestionamento, somente é admitida caso haja, na decisão embargada, quaisquer dos vícios do art. 275 do Código Eleitoral, o que, como dito, não ocorre na espécie. 4. Embargos de declaração rejeitados.

(TSE - RESPE: 165568 RIO DE JANEIRO - RJ, Relator: Min. Tarcisio Vieira De Carvalho Neto, Data de Julgamento: 13/12/2016, Data de Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 13/12/2016 – grifei)

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O posicionamento do TSE sobre as candidaturas avulsas não é recente. Em 2007 na Consulta nº 1425/DF da relatoria do Ministro Carlos Eduardo Caputo Bastos o referido entendimento já havia sido assentado, vejamos:

Consulta. Prefeito. Pretensão. Reeleição. Candidatura avulsa. Impossibilidade. Partido político. Indicação. Necessidade. Art. 87 do Código Eleitoral.

- Não existe, no sistema eleitoral brasileiro, a chamada candidatura avulsa, daí porque, somente os candidatos indicados por partidos ou coligações podem concorrer às eleições.

Consulta a que se responde negativamente.

(Cta n° 1425/DF, ReI. Mm. Carlos Eduardo Caputo Bastos, DJ de 7.8.2007 - grifei)

Destarte, o TSE entende que no sistema eleitoral atual não há possibilidade de lançamento de candidaturas avulsas, exercendo os partidos políticos elo imprescindível entre a sociedade e o Estado. Com efeito, observamos que no Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 262727/DF da relatoria da Ministra Carmén Lúcia Antunes Rocha, todas as candidaturas indicadas por um partido político que teve seu Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários – DRAP indeferido também foram indeferidas sob o argumento da impossibilidade de candidaturas avulsas em nosso sistema eleitoral, vejamos:

ELEIÇÕES 2010. Agravo regimental em recurso especial eleitoral. Registro de candidatura indeferido. Indeferimento do Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários - DRAP do partido pelo qual pretendia concorrer a Agravante. Impossibilidade de candidatura avulsa. As condições de elegibilidade são aferidas no momento da formalização do pedido de registro de candidatura. Fundamentos da decisão agravada não infirmados. Agravo regimental ao qual se nega provimento.

(TSE - AgR-REspe: 262727 DF, Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA, Data de Julgamento: 13/10/2010, Data de Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 13/10/2010 - grifei)

Álvalo, (2014, p. 139) assim condensa a posição do TSE sobre as candidaturas avulsas:

No Brasil, a elegibilidade está diretamente associada à filiação partidária. O legislador pátrio assim quis como uma forma de fortalecer as legendas existentes [...]. O Tribunal Superior Eleitoral, em várias oportunidades, manifestou-se sobre o assunto, afastando a possibilidade de candidaturas desvinculadas de agremiações eleitorais, afirmando: “O sistema eleitoral vigente não prevê candidaturas avulsas desvinculadas de partido, sendo possível concorrer aos cargos somente os filiados que tiverem sido escolhidos em convenção partidária, nos termos dos arts. 7º ao 9º da Lei nº

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9.504/07” (Ag Reg no RESPE nº 2243-58.2010.6.18.0000, Rel. Min. Carmen Lúcia).

No Supremo Tribunal Federal – STF as questões referentes à filiação partidária como condição de elegibilidade geralmente não são conhecidas por questões processuais. Os litígios que ingressam na corte com esse tema como pano de fundo geralmente entram em pauta de julgamento quando o pleito de referência já ocorreu e são extintos pela corte por falta de interesse recursal.

Na corte suprema, não obstante, encontramos julgados sobre a constitucionalidade de definição de prazo de filiação mínimo por lei infraconstitucional, de filiação partidária para membros do ministério público, entre outras.

Entretanto, nos julgados do STF, ao menos de forma reflexa, podemos inferir que é indispensável a vinculação do candidato a um partido político. A suprema corte entende que as vagas conquistadas no sistema proporcional do processo eleitoral são de titularidade do partido político e não do candidato eleito, uma vez que resultam de fundamento constitucional autônomo identificável no art. 14, § 3º, V, da Constituição Federal.

Destarte, podemos afirmar que TSE e STF possuem posições uníssonas no sentido de ser imprescindível indicação partidária, e, por conseguinte, via de regra, filiação partidária, para concorrer aos cargos eletivos.

Entretanto é importante frisar que o posicionamento do STF pode mudar. Com efeito, recentemente a corte reconheceu a repercussão geral da matéria tratada no Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 1054490.

O referido recurso versa sobre o indeferimento de um pedido de candidatura avulsa. O indeferimento do registro de candidatura foi fundamentado no entendimento de que a Constituição Federal veda as candidaturas avulsas, uma vez que elegeu a filiação partidária como condição de elegibilidade. Na decisão tomada pelo STF restou assente que a questão tem relevância social e política. Porém, o mérito do Recurso ainda não foi decidido pelo STF, tampouco há previsão para que esse julgamento ocorra.

Em que pese a aparente inclinação do relator a permitir candidaturas avulsas, concebendo que todos participarem das eleições mesmo sem vínculo partidário, a posição adotada em ambas as cortes, TSE e STF, e que deve

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prevalecer inclusive para as eleições de 2018, é no sentido de impossibilidade de candidaturas avulsas.

3.3 A POSIÇÃO DOS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA SOBRE O TEMA

A América Latina é a região do continente americano que engloba os países onde se fala primordialmente línguas derivadas do latim. É formada por 20 (vinte) países, quais sejam: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.

Nesta seção, a título de amostragem, com o fim de explorar a posição latino-americana sobre as candidaturas avulsas, e dada a limitação do presente trabalho analisaremos apenas a legislação eleitoral, pertinente ao tema proposto, da Argentina, Bolívia, Chile, Uruguai, México e Nicarágua. Ao final apresentaremos uma visão geral dos países que adotam candidaturas avulsas em seu sistema eleitoral.

Iniciando pela Argentina, devemos verificar as disposições constitucionais e infraconstitucionais que estejam ligadas ao processo eleitoral argentino, em especial as condições para o registro de candidaturas.

Nessa ótica, o art. 38 da Constituição da Argentina trata dos partidos políticos, vejamos:

Artículo 38.- Los partidos políticos son instituciones fundamentales del sistema democrático.

Su creación y el ejercicio de sus actividades son libres dentro del respeto a esta Constitución, la que garantiza su organización y funcionamiento democráticos, la representación de las minorías, la competencia para la postulación de candidatos a cargos públicos electivos, el acceso a la información pública y la difusión de sus ideas.

El Estado contribuye al sostenimiento económico de sus actividades y de la capacitación de sus dirigentes.

Los partidos políticos deberán dar publicidad del origen y destino de sus fondos y patrimonio.

A carta suprema argentina conferiu aos partidos políticos competência para indicar candidatos aos cargos públicos eletivos. Nessa toada, o código eleitoral argentino, em seu art. 60, prescreve que a partir da proclamação dos candidatos nas eleições primarias, que são eleições para escolha dos candidatos com participação geral e obrigatória do eleitorado, os partidos políticos registrarão perante o juiz eleitoral as listas dos candidatos proclamados, vejamos:

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Artículo 60.- Registro de los candidatos y pedido de oficialización de listas. Desde la proclamación de los candidatos en las elecciones primarias y hasta cincuenta (50) días anteriores a la elección, los partidos registrarán ante el juez electoral las listas de los candidatos proclamados, quienes deberán reunir las condiciones propias del cargo para el cual se postulan y no estar comprendidos en alguna de las inhabilidades legales.

Destarte, como no Brasil, a Argentina também adota o princípio do monopólio de candidaturas, considerando que os partidos políticos são instituições fundamentais do sistema democrático. Entretanto, na Argentina a filiação partidária, nos termos do art. 23 da Lei nº 23.298/85, não se traduz em condição de elegibilidade. Com efeito, ao tratar das condições de elegibilidade a Constituição da Argentina passa ao largo da filiação partidária, aparentemente a necessidade de filiação surge tão somente pelo imperativo constitucional que atribui aos partidos políticos a competência para indicar os candidatos.

Lado outro, na Bolívia, há possibilidade de candidaturas avulsas (independentes) tanto para a eleição presidencial quanto para as eleições legislativas, vejamos o art. 209 da Constituição Boliviana:

Artículo 209. Las candidatas y los candidatos a los cargos públicos electos, con excepción de los cargos elegibles del Órgano Judicial y del Tribunal Constitucional Plurinacional serán postuladas y postulados a través de las organizaciones de las naciones y pueblos indígena originario campesinos, las agrupaciones ciudadanas y los partidos políticos, en igualdad de condiciones y de acuerdo con la ley.

Efetivando a prescrição constitucional boliviana temos os arts. 46, 48 e 106 todos da Lei nº 026 - Ley del Régimen Electoral, vejamos:

Artículo 46. (ELEGIBILIDAD). Son elegibles las bolivianas y los bolivianos que cumplan los requisitos establecidos en la Constitución Política del Estado y en la presente Ley.

Para ser elegible es necesario ser postulado por una organización política o, cuando corresponda, por una nación o pueblo indígena originario campesino.

[...]

Artículo 48. (ORGANIZACIONES POLÍTICAS). Son todos los partidos políticos, agrupaciones ciudadanas y organizaciones de las naciones y pueblos indígena originario campesinos con personalidad jurídica otorgada por el Órgano Electoral Plurinacional, que se constituyen para intermediar la representación política en la conformación de los poderes públicos y la expresión de la voluntad popular.

Artículo 106. (POSTULACIÓN DE CANDIDATOS). Todas las candidaturas acargos de gobierno y de representación política serán presentadas por organizaciones políticas con personalidad jurídica vigente otorgada por el

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Órgano Electoral Plurinacional. En el caso de las candidaturas para la Asamblea Legislativa Plurinacional, en circunscripciones especiales indígena originario campesinas, también podrán ser postuladas por sus organizaciones.

Desta feita, de toda a legislação constitucional e infraconstitucional da Bolívia, podemos asseverar que em seu sistema eleitoral são permitidas candidaturas avulsas, assim entendidas aquelas desvinculadas de partido político. Com efeito, a legislação boliviana reza que o candidato deve ser indicado por uma organização política, que é gênero do qual são espécies: partidos políticos, grupos civis e organizações de nações e povos indígenas com estatuto legal concedido pelo Órgão Eleitoral Plurinacional.

Assim a indicação de candidatos não é exclusividade dos partidos políticos, outras organizações políticas também podem indicar candidatos, a exemplo das organizações das nações e povos indígenas nativos e dos grupos de cidadãos.

É importante que fique claro que as candidaturas avulsas permitidas pela legislação boliviana não representam candidaturas sem representatividade. Com efeito, não há possibilidade de um cidadão tentar inscrever-se como candidato sem que seja indicado por alguma das organizações políticas acima mencionadas.

Na República do Chile, as candidaturas avulsas também são permitidas, tanto para os cargos do poder executivo quanto para os do poder legislativo. A constituição chilena expressamente cita os candidatos independentes assegurando aos mesmos plena igualdade com os candidatos indicados por partidos políticos. Vejamos o teor do art. 18 da constituição chilena:

Artículo 18.- Habrá un sistema electoral público. Una ley orgánica constitucional determinará su organización y funcionamiento, regulará la forma en que se realizarán los procesos electorales y plebiscitarios, en todo lo no previsto por esta Constitución y garantizará siempre la plena igualdad entre los independientes y los miembros de partidos políticos tanto en la presentación de candidaturas como en su participación en los señalados procesos. Dicha ley establecerá también un sistema de financiamiento, transparencia, límite y control del gasto electoral.

Una ley orgánica constitucional contemplará, además, un sistema de registro electoral, bajo la dirección del Servicio Electoral, al que se incorporarán, por el solo ministerio de la ley, quienes cumplan los requisitos establecidos por esta Constitución.

El resguardo del orden público durante los actos electorales y plebiscitarios corresponderá a las Fuerzas Armadas y Carabineros del modo que indique la ley.

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Nos termos do art. 18 da constituição chilena, lei orgânica constitucional regulamentará todo o processo eleitoral. Assim a Lei nº 18.700 - Ley Orgánica Constitucional sobre Votaciones Populares y Escrutinios regulamenta o processo eleitoral chileno. Vejamos o inteiro teor do art. 11 que dispõe sobre candidaturas avulsas:

Artículo 11.- En el caso de candidaturas independientes la determinación del número mínimo necesario de patrocinantes la hará el Director del Servicio Electoral mediante resolución que se publicará en el Diario Oficial con siete meses de anticipación, a lo menos, a la fecha en que deba realizarse una elección.

Si en el período transcurrido desde la anterior elección periódica de diputados se hubiese modificado el territorio de alguna circunscripción senatorial o distrito, el Director considerará la votación emitida en los territorios agregados o desmembrados, según fuere el caso.

Un ciudadano sólo podrá patrocinar por elección una declaración para diputado, una para senador y una para Presidente de la República. Si suscribiere más de una, sólo será válida la que se hubiere presentado primero al Director.

El Servicio Electoral otorgará las facilidades para que las candidaturas independientes, en forma previa a la declaración de candidaturas, puedan revisar si sus patrocinantes son personas que tienen la condición de ciudadanos independientes.

De forma semelhante à legislação boliviana, no Chile também as candidaturas avulsas (independes) não são despidas de representatividade, os candidatos independes devem comprovar o patrocínio de cidadãos. Com efeito, nos termos do art. 13 da Ley Orgánica Constitucional sobre Votaciones Populares y Escrutinios, os candidatos independes aos cargos de deputado e senador devem comprovar um patrocínio mínimo de 0,5% do número de cidadãos que estão aptos a votar no distrito eleitoral ou no círculo eleitoral senatorial.

Na República Oriental do Uruguai os candidatos são indicados por listas confeccionadas pelos partidos políticos, assim aparentemente não há possibilidade de candidaturas avulsas. Vejamos o teor do art. 77, § 9º da Constituição do Uruguai:

Artículo 77.- Todo ciudadano es miembro de la soberanía de la Nación; como tal es elector y elegible en los casos y formas que se designarán. El sufragio se ejercerá en la forma que determine la Ley, pero sobre las bases siguientes:

[...]

9º) La elección de los miembros de ambas Cámaras del Poder Legislativo y del Presidente y del Vicepresidente de la República, así como la de cualquier órgano para cuya constitución o integración las leyes establezcan el procedimiento de la elección por el Cuerpo Electoral, a excepción de los referidos en el inciso tercero de este numeral, se realizará el último domingo

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del mes de octubre cada cinco años, sin perjuicio de lo dispuesto en los artículos 148 y 151.

Las listas de candidatos para ambas Cámaras y para el Presidente y Vicepresidente de la República deberán figurar en una hoja de votación individualizada con el lema de un partido político.

La elección de los Intendentes, de los miembros de las Juntas Departamentales y de las demás autoridades locales electivas, se realizará el segundo domingo del mes de mayo del año siguiente al de las elecciones nacionales. Las listas de candidatos para los cargos departamentales deberán figurar en una hoja de votación individualizada con el lema de un partido político.

Desta feita, a lista de candidatos é apresentada pelos partidos políticos, com sua denominação, e deve compor uma folha de votação individualizada. Entretanto em que pese o monopólio partidário na apresentação das listas de candidatos, aparentemente, a lei eleitoral uruguaia possui dispositivo que se aproxima do sistema de candidaturas avulsas chileno. Com efeito, o art. 8 c/c art. 14 ambos da Lei nº 7.812 - Ley de Elecciones permite que “partidos acidentais”, que são agrupamentos de no mínimo cinquenta cidadãos, apresentem lista de candidatos, vejamos:

Artículo 8º.- Se considerarán también "Partidos Accidentales" las agrupaciones de ciudadanos que en un número no menor de cincuenta se presenten a las Juntas Electorales o a la Corte Electoral, en su caso, solicitando el registro de listas de candidatos en el plazo fijado en el artículo 14.

[...]

Artículo 14.- Con diez días, por lo menos, de anterioridad al de las elecciones, todo partido o agrupación política que presente candidaturas, deberá registrar ante las Juntas Electorales tres ejemplares, por lo menos, de la lista impresa de sus candidatos con el color de tinta de impresión, el lema, y en su caso, el sublema, y las imágenes, signos o sellos partidarios adoptados. Una de estas listas deberá ir autorizada por la firma de las autoridades ejecutivas, registradas de acuerdo con los artículos 6º y 7º, o, en defecto de ello, por la firma de cincuenta ciudadanos inscriptos en el Departamento.

Nos Estados Unidos Mexicanos, as candidaturas avulsas são permitidas tanto para as eleições do executivo quanto para do legislativo. A Constituição mexicana já prescreve que os cidadãos mexicanos podem requerer seu registro de candidatura de maneira independente, vejamos:

Artículo 35. Son derechos del ciudadano: [...]

II. Poder ser votado para todos los cargos de elección popular, teniendo las calidades que establezca la ley. El derecho de solicitar el registro de candidatos ante la autoridad electoral corresponde a los partidos políticos así como a los ciudadanos que soliciten su registro de manera

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independiente y cumplan con los requisitos, condiciones y términos que determine la legislación;

[...]

O processo de seleção de candidatos independentes no sistema eleitoral mexicano aparentemente divide-se em dois momentos, no primeiro momento o pretenso candidato deverá levar ao conhecimento da autoridade competente sua intenção de se candidatar momento no qual passará ao status de “aspirante”, o segundo momento, após a obtenção do status de “aspirante”, consiste na deferência para realizar atos para atingir a percentagem mínima necessária de apoio dos cidadãos. É o que podemos extrair do art. 368 e 369, ambos da Ley General de Instituciones y Procedimientos Electorales, vejamos:

Artículo 368.

1. Los ciudadanos que pretendan postular su candidatura independiente a un cargo de elección popular deberán hacerlo del conocimiento del Instituto por escrito en el formato que éste determine.

2. Durante los procesos electorales federales en que se renueven el titular del Poder Ejecutivo Federal y las dos Cámaras del Congreso de la Unión, o cuando se renueve solamente la Cámara de Diputados, la manifestación de la intención se realizará a partir del día siguiente al en que se emita la Convocatoria y hasta que dé inicio el periodo para recabar el apoyo ciudadano correspondiente, conforme a las siguientes reglas:

a) Los aspirantes al cargo de Presidente de los Estados Unidos Mexicanos, ante el Secretario Ejecutivo del Instituto;

b) Los aspirantes al cargo de Senador por el principio de mayoría relativa, ante el Vocal Ejecutivo de la Junta Local correspondiente, y

c) Los aspirantes al cargo de Diputado por el principio de mayoría relativa, ante el vocal ejecutivo de la junta distrital correspondiente.

3. Una vez hecha la comunicación a que se refiere el párrafo 1 de este artículo y recibida la constancia respectiva, los ciudadanos adquirirán la calidad de aspirantes.

4. Con la manifestación de intención, el candidato independiente deberá presentar la documentación que acredite la creación de la persona moral constituida en Asociación Civil, la cual deberá tener el mismo tratamiento que un partido político en el régimen fiscal. El Instituto establecerá el modelo único de estatutos de la asociación civil. De la misma manera deberá acreditar su alta ante el Sistema de Administración Tributaria y anexar los datos de la cuenta bancaria aperturada a nombre de la persona moral para recibir el financiamiento público y privado correspondiente. 5. La persona moral a la que se refiere el párrafo anterior deberá estar constituida con por lo menos el aspirante a candidato independiente, su representante legal y el encargado de la administración de los recursos de la candidatura independiente.

Artículo 369.

1. A partir del día siguiente de la fecha en que obtengan la calidad de aspirantes, éstos podrán realizar actos tendentes a recabar el porcentaje de apoyo ciudadano requerido por medios diversos a la radio y la televisión, siempre que los mismos no constituyan actos anticipados de campaña. 2. Los actos tendentes a recabar el apoyo ciudadano en los procesos en que se elijan a los dos Poderes de la Unión o en el que se renueve

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