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SISTEMA DE PRODUÇÃO DE MILHO SAFRINHA NO ESTADO DE SÃO PAULO. Cristiano Geller (1)

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SISTEMA DE PRODUÇÃO DE MILHO SAFRINHA NO ESTADO DE SÃO PAULO

Cristiano Geller(1)

Introdução

O milho safrinha teve início no Estado de São Paulo nas regiões Médio Paranapa-nema (próximo de Assis) e Norte (Orlândia) no final da década de 80. Os levantamentos realizados pelo IEA (Instituto de Economia Agrícola) / CATI (Coordenadoria de Assistên-cia Técnica Integral) incluíram esta modalidade de cultivo somente a partir de 1990, quan-do outras regiões também já cultivavam o milho safrinha (Tabela 1).

Tabela 1. Área cultivada com milho safrinha no período de 1990 à 2013 em diferentes re-giões do Estado de São Paulo.

Região Ano / Área em ha

1990 1991 1992 1993 1994 1998 2013 Assis 10.330 37.855 87.118 105.360 147.561 154.347 121.050 Barretos 11.564 17.125 21.575 32.640 37.706 40.767 14.406 Itapeva 0 11.800 5.000 6.400 4.450 5.650 24.000 Orlândia 43.200 66.760 74.940 91.060 113.675 82.704 9.000 Ourinhos 284 1.340 2.650 3.553 7.834 15.958 41.810 Presidente Prudente 5.320 1.480 1.850 5.765 8.100 10.450 34.120* Estado de SP 91.533 170.383 228.951 287.781 375.116 383.067 301.815* *Refere-se ao levantamento do ano de 2012 Fonte: IEA / CATI

Na região de Assis, que tem a maior área de milho safrinha do Estado de São Paulo, o milho safrinha substituiu a cultura do trigo, devido ao descontentamento dos produtores com a política agrícola, destacando-se os preços baixos e a dificuldade na comercialização do trigo. Embora o retorno econômico do milho safrinha fosse pequeno, era possível man-ter o solo coberto durante o período de outono/inverno. No início, eram utilizados grãos como sementes (sementes salvas, de paiol) com pouquíssimo ou sem adubo de semeadura e cobertura. O plantio se dava em meados de março até final do mês de abril, ou às vezes

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até início de maio, sendo que nos plantios mais tardios, os insucessos eram mais freqüen-tes, salvo raras exceções. Com o passar dos anos os produtores perceberam que poderiam obter lucro com a cultura e começaram utilizar tecnologias, como a adubação e as semen-tes melhoradas. Em 1994 houve ocorrência de geadas forsemen-tes no final do mês de junho e iní-cio de julho, o que suscitou dúvida sobre a viabilidade do milho nesta época do ano. No entanto, o IAC realiza pesquisas sobre a melhor época de plantio, cultivares e adubação. A saída foi realizar o plantio o mais cedo possível, eliminado o revolvimento do solo após a colheita da soja, o que acelerou o início do plantio direto na região e no estado e consoli-dou o milho safrinha.

O Estado de São Paulo chegou ao máximo de área cultivada com milho safrinha em 1999 atingindo 403.414 ha. Depois, algumas das regiões com área expressiva de milho sa-frinha tiveram redução muito grande em função do aumento da cana-de-açúcar, que ocu-pou grande parte do espaço do milho safrinha, como é o caso de Orlândia. Ao mesmo tem-po, outras regiões aumentaram a área de milho safrinha, por exemplo, Ourinhos e Presiden-te PrudenPresiden-te.

Tecnologia de produção

A tecnologia de produção difere nas regiões do estado devido às condições climáti-cas e ao relevo, conforme figura 1.

Figura 1. Relevo e regiões do Estado de São Paulo.

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O território do Estado é composto por três unidades de relevo: planície litorânea, planaltos e depressões. A primeira se apresenta em uma estreita faixa litorânea, na qual se encontram a Serra do Mar, Paranapiacaba e Itatins e os morros e do Vale Ribeira. A segun-da se apresenta desde a parte sul do Estado de São Paulo até a região nordeste, nas proxi-midades do território de Minas Gerais. A terceira abrange desde o planalto atlântico ao oeste do Estado, onde estão localizados o vale do Médio Tietê, Paranapanema e Mogi-Guaçu. A superfície do território apresenta altitudes que podem variar de 300 a 900 metros em 85% da área estadual. (Eduardo de Freitas, Equipe Brasil Escola, www.brasilescola.-com/brasil/aspectos-naturais-estado-sao-paulo.htm).

O clima segundo a classificação de Koeppen no norte do estado e Presidente Pru-dente é o Aw - Clima tropical, com inverno seco. Apresenta estação chuvosa no verão, de novembro a abril, e nítida estação seca no inverno, de maio a outubro (julho é o mês mais seco). A temperatura média do mês mais frio é superior a 18ºC. As precipitações são supe-riores a 750 mm anuais, atingindo 1800 mm, na região de Assis parte é Am - Clima tropi-cal úmido ou subúmido. É uma transição entre o tipo climático Af (Clima tropitropi-cal úmido ou superúmido, sem estação seca, sendo a temperatura média do mês mais quente superior a 18ºC. O total das chuvas do mês mais seco é superior a 60 mm, com precipitações maio-res de março a agosto, ultrapassando o total de 1.500 mm anuais) e Aw. Caracteriza-se por apresentar temperatura média do mês mais frio sempre superior a 18ºC apresentando uma estação seca de pequena duração que é compensada pelos totais elevados de precipitação e outra área com clima Cwa - Clima subtropical de inverno seco (com temperaturas inferio-res a 18ºC) e verão quente (com temperaturas superioinferio-res a 22ºC). Na região de Itapeva pre-domina Cwa e Ourinhos Cwa, Am, Aw.

Estas questões de relevo e clima determinam a época de plantio e a tecnologia utili-zada para a cultura.

Semeadura

Na região de Assis a semeadura é iniciada no mês de fevereiro e se estende até mar-ço, sendo 80% praticamente realizada até o primeiro decêndio de março e o restante até o final do mês. São utilizadas cultivares precoces e, em parte da área, superprecoces para di-minuir o risco de perdas, evitando que a maturação dos grãos ocorra no período de maior

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risco de geadas, nos meses de junho e julho. As sementes utilizadas em praticamente 95% das propriedades são transgênicas e, em sua maioria, somente com tecnologia Bt. O mesmo vem acontecendo nas regiões norte e de Ourinhos e Presidente Prudente. Já na região de Itapeva, os produtores realizam o plantio do milho safrinha nos meses de dezembro e janei-ro nas áreas que colheram feijão, e até fevereijanei-ro em sucessão a cultura da soja. A partir deste mês, dificilmente realizam o plantio do milho safrinha em função do alto risco de ge-adas, optando por outras culturas como o trigo e a aveia.

Adubação

Nas regiões do Vale do Paranapanema e Norte do estado, a maioria dos solos se ca-racteriza por ser mais argilosos, de alta fertilidade e baixo teor de alumínio. Na região de Itapeva ocorre o contrário, os solos são mais leves e com alto teor de alumínio, necessitan-do de mais corretivos para corrigir a acidez. As adubações realizadas para plantios realiza-dos a partir de fevereiro geralmente são formulações NPK com alto teor de nitrogênio, como 10-12-12, 13-13-13 e 16-16-16, aplicando em média 206 a 248 kg/ha. Os produtores optam por mais nitrogênio na fórmula para evitar a realização da adubação de cobertura devido às condições climáticas nem sempre serem favoráveis no momento certo da sua re-alização.

Plantas daninhas

O plantio do milho safrinha se dá na seqüência da colheita da soja, ou seja, colhe-doras de grãos e semeacolhe-doras trabalham ao mesmo tempo, desde que as condições sejam fa-voráveis ao plantio do milho. Portanto, nem sempre há tempo para realizar a dessecação das plantas daninhas antes da semeadura e nem sempre há necessidade. Após a implanta-ção do Vazio Sanitário para a cultura da soja, os produtores do estado de São Paulo estão realizando o controle das plantas daninhas com mais qualidade na aplicação, reduzindo bastante o nível de plantas daninhas, o que também garante maior produtividade para a cul-tura.

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Pragas

Com a introdução da tecnologia Bt as aplicações de inseticidas foram bastante redu-zidas para o controle da principal praga do milho, a lagarta-do-cartucho (Spodoptera

frugi-perda); em pelo menos 95% das áreas de milho do estado de São Paulo é utilizada esta

tec-nologia. Um dos pontos que preocupa é a utilização da tecnologia de forma errônea; das propriedades que utilizam transgênicos, pelo menos 90% não plantam refúgio por falta de orientação e também pela pouca disponibilidade de semente não transgênica. Em grande parte das propriedades que utilizam a tecnologia Bt nesta última safra (2013) foram feitas uma ou duas aplicações de inseticidas para o controle de lagartas, o que suscita dúvida por quanto tempo cada tecnologia Bt deverá perdurar. O que também preocupa é a praga

Heli-coverpa armigera que já foi encontrada no território nacional, mas ainda não confirmada

no Estado de São Paulo. Quanto às demais pragas do milho, podem ocorrer danos espo-rádicos em algumas regiões e/ou propriedades por dificuldade no controle.

Doenças

A ocorrência de doenças é mais frequente no estado de São Paulo em regiões de al-titudes mais elevadas e clima mais úmido, por favorecer o desenvolvimento dos patógenos. As doenças mais comuns no milho safrinha no estado de São Paulo são a mancha de Phae-osphaeria, a mancha de Cercospora e a queima de turcicum. Na região do Vale do Parana-panema, as aplicações de fungicida para o controle de doenças não é unanimidade, sendo que apenas 10 a 15% dos produtores realizam a aplicação em função da boa resistência dos cultivares e das condições climáticas não muito favoráveis ao desenvolvimento dos patóge-nos. Na região norte do estado, os produtores realizam a aplicação de fungicidas apenas em áreas de irrigação, e na região Sul grande parte dos produtores aplica fungicidas foliares em função das condições climáticas favoráveis às doenças.

. Colheita

A colheita do milho safrinha no estado de São Paulo se inicia no mês de junho na região Sul e se estende até o mês de setembro nas demais regiões. A qualidade dos grãos é boa, principalmente nas áreas onde a colheita se inicia a partir da segunda quinzena do mês de julho, em período mais seco. As produtividades médias obtidas no estado de São Paulo

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melhoraram muito desde o início da implantação da cultura, que era 36 sc/ha e agora atinge 75 sc/ha. Os ganhos de produtividade se devem principalmente à época de plantio anteci-pada, qualidade da semeadura, aumento da adubação e melhoramento genético das cultiva-res.

Com relação ao armazenamento dos grãos, o estado de São Paulo possui estrutura suficiente para depositar o milho safrinha e logística muito boa de transporte e comerciali-zação.

Referências

www.iea.sp.gov.br. Produtos & Serviços – Conjuntura – Previsão de Safra – Banco de Dados

Biblioteca Virtual. São Paulo: GEOGRAFIA DO ESTADO. www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/saopaulo-geografia.php

Freitas, E. Aspectos Naturais do Estado de São Paulo. Equipe Brasil Escola, www.brasilescola.com/brasil/aspectos-naturais-estado-sao-paulo.htm

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