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Esgotamento sanitário e escala temporal: uma abordagem da realidade da cidade de Natal-RN

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

CLARA BEATRIZ CORREIA SOUZA

ESGOTAMENTO SANITÁRIO E ESCALA TEMPORAL:

UMA ABORDAGEM DA REALIDADE DA CIDADE DE NATAL-RN

Natal/RN 2019

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CLARA BEATRIZ CORREIA SOUZA

ESGOTAMENTO SANITÁRIO E ESCALA TEMPORAL:

UMA ABORDAGEM DA REALIDADE DA CIDADE DE NATAL-RN.

Monografia apresentada ao Curso de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para a obtenção do título de Bacharel em Geografia.

Natal/RN 2019

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CLARA BEATRIZ CORREIA SOUZA

ESGOTAMENTO SANITÁRIO E ESCALA TEMPORAL:

UMA ABORDAGEM DA REALIDADE DA CIDADE DE NATAL-RN

Monografia apresentada ao Curso de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para a obtenção do título de Bacharel em Geografia.

BANCA EXAMINADORA

Orientador: Prof. Dr. Orgival Bezerra da Nobrega Júnior

Examinador: Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva

Examinador: Prof. Dr. Paulo César de Araújo

Natal-RN 2019

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“É o caminho árduo que nos leva às alturas da grandeza” Sêneca

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e ao universo, por me fazerem chegar aonde eu estou diante das limitações que me foram impostas ao longo do caminho, sei que estou exatamente onde eu deveria estar e que conheci as pessoas certas para chegar até aqui.

Aos meus pais, irmão, avós e tios por me darem suporte, apoio e amor quando as coisas estavam difíceis, por sempre me incentivarem a seguir em busca dos meus sonhos, por estarem sempre presentes nos momentos bons e nos momentos ruins e por ajudarem a me tornar a pessoa que sou hoje.

Ao meu namorado Pedro, por em 5 anos que estamos juntos sempre ter acreditado no meu potencial, por ter me ajudado desde a minha escolha do curso, por me incentivar a não desistir quando tudo parecia não fazer sentido, por continuar me estimulando a sempre sonhar alto, por estar comigo nos momentos difíceis e por todo amor e carinho que recebi.

Aos meus colegas de curso por todos os momentos que passamos juntos rindo e nos divertindo. Agradeço a Thaisa, Rosi, Dara e Tácia pela amizade, pela ajuda, pelas conversas, pelas risadas e pelos desafios enfrentados juntas, especialmente a Karol pela amizade e por ter me ajudado tanto nessa fase final conversando comigo, superando juntas os problemas diários que apareciam e pela companhia na yoga.

Aos docentes do curso de geografia por terem contribuído grandemente na minha jornada acadêmica em especial ao professor Orgival por ter aceitado o desafio de me orientar e por me ajudar a clarear minhas ideias para concluir o trabalho.

Por fim, a todos que não citei mas que têm meu mais sincero agradecimento por fazer ou ter feito parte do meu caminho.

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RESUMO

A questão ambiental vem sendo bastante abordada nas últimas décadas, e mais ainda nos últimos anos, em decorrência do aumento populacional em todo o mundo e os impactos causados ao ambiente. Em consequência desse crescimento e da apropriação inadequada do solo, é visível nas paisagens os contrastes existentes causados pela falta de um saneamento adequado. Nesse contexto se insere a cidade de Natal-RN, onde devido aos processos acima mencionados observa-se uma discrepância no que diz respeito ao crescimento da população e o acesso ao esgotamento sanitário, um dos quatro serviços do saneamento básico. Assim, a presente monografia se propõe a analisar historicamente a relação entre o crescimento da população, consequentemente, do uso do espaço urbano, e a disponibilidade do serviço de esgotamento, na capital do Rio Grande do Norte, a qual pretende-se ser tornada a primeira cidade totalmente saneada do país. A metodologia utilizada pautou-se na pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e pesquisa de campo, para o estabelecimento de uma correlação entre os eventos relacionados ao esgotamento sanitário e ao crescimento da população e para a produção cartográfica. A área de estudos apresenta características físicas pertinentes a uma cidade litorânea, com clima, vegetação, relevo, geologia, solo e hidrologia característicos da área. Tais características muitas vezes contribuem para o agravamento dos problemas existentes em razão da ausência ou irregularidades nos serviços.

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ABSTRACT

The environmental issue has been much addressed in the last decades, and even more in the last years, due to the population increase worldwide and the impacts caused to the environment. As a consequence of this growth and the inadequate appropriation of the soil, the existing contrasts caused by the lack of adequate sanitation are visible in the landscape. In this context, the city of Natal-RN is inserted, where due to the aforementioned processes there is a discrepancy regarding population growth and access to sanitary sewage, one of the four basic sanitation services. Thus, this monograph proposes to analyze historically the relationship between population growth, consequently, the use of urban space, and the availability of the depletion service, in the capital of Rio Grande do Norte, which is intended to be first fully sanitized city of the country. The methodology used was based on bibliographic research, documentary research and field research, to establish a correlation between the events related to sanitary sewage and population growth and for cartographic production. The study area presents physical characteristics pertinent to a coastal city, with climate, vegetation, relief, geology, soil and hydrology characteristic of the area. Such characteristics often contribute to the aggravation of existing problems due to absence or irregularities in services.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Localização do Município de Natal-RN...13

Figura 2- Esboço de uma definição teórica de Geossistema...18

Figura 3- Divisão dos bairros em Natal-RN...31

Figura 4 e 5- Praias, Dunas e Planície Fluvial na cidade de Natal/RN...36

Figura 6- Localização das regiões administrativas de Natal/RN...41

Figura 7- Subdivisão das Zonas de atendimento do serviço de esgotamento sanitário pela CAERN...43

Figura 8- Esquema do roteiro metodológico...44

Figura 9- Atendimento do serviço de esgotamento sanitário nos bairros de Natal na década de 30...48

Figura 10- Bairros atendidos pelo serviço de esgotamento na atualidade...52

Figura 11- Situação da rede de esgotamento sanitário na cidade de Natal-RN em 2015...53

Figura 12- Legenda ampliada do Mapa do Sistema de Esgotamento Sanitário...54

Figura 13- ETE Jaguaribe margem esquerda do Rio Potengi, Zona Norte de Natal...55

Figura 14- ETE do Baldo na Zona Leste de Natal...56

Figura 15- Poluição no Rio das Quintas, Natal-RN...57

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Crescimento populacional em Natal-RN segundo os Censos demográficos de 1920 à 2010...45

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Sistema Básico de Classificação da Cobertura e Uso da Terra...23 Tabela 2- Síntese dos aspectos Físicos da área de estudo...39 Tabela 3-Relação entre o crescimento da população e a quantidade de cobertura do serviço de esgotamento na cidade de Natal-RN a partir da década de 70...46 Tabela 4- Ações que contribuíram para a implementação do esgotamento sanitário da cidade de Natal-RN...47 Tabela 5- Situação do serviço de Esgotamento ao longo dos anos na cidade de Natal-RN...50 Tabela 6- Nível de cobertura do sistema de esgotamento sanitário de Natal por subsistema e unidade de receita...54 Tabela 7- Percentual de esgoto coletado e esgoto tratado por região...59

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 11

1- FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS 15

1.1 QUESTIONAMENTOS AMBIENTAIS 15

1.2 USO DO SOLO E IMPACTOS AMBIENTAIS 21

1.3 SANEAMENTO BÁSICO E ESGOTAMENTO SANITÁRIO NO AMBIENTE URBANO 27

2- METODOLOGIA 31

2.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA 31

2.1.1 ASPECTOS FÍSICOS- AMBIENTAIS 32

2.1.1.2- CLIMA 32 2.1.1.3- VEGETAÇÃO 33 2.1.1.4- SOLO 34 2.1.1.5- GEOMORFOLOGIA 35 2.1.1.6- GEOLOGIA 36 2.1.1.7- HIDROLOGIA 38

2.1.2 ASPECTOS SOCIOECONOMICOS E HISTÓRICOS 39

2.2 - PROCEDIMENTOS 42

3- ASPECTOS DO ESGOTAMENTO SANITÁRIO NA GRANDE NATAL 45

4- CONSTATAÇÕES 58

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS 61

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11 INTRODUÇÃO

A problemática ambiental vem sendo muito abordada nas últimas décadas, e mais ainda nos últimos anos, devido ao aumento populacional em todo o mundo e os impactos causados ao ambiente. As consequências desse crescimento e a constante ocupação do espaço sem as devidas preocupações com o local do qual está se apropriando ocasiona problemas tanto ambientais quanto ao bem estar da população.

Conforme é expresso por Souza (2002, p.42):

Considerar o meio ambiente e sua dinâmica é de fundamental importância na análise do espaço urbano tanto para compreender a problemática ambiental, em geral, quanto a incorporação da natureza e sua apropriação no processo de produção e consumo do espaço urbano. Tratando-se ainda da problemática ambiental urbana, verifica-se que raramente a cidade é pensada como parte do ambiente natural onde está inserida, haja vista as formas pelas quais a sociedade se apropria da natureza e transforma seu espaço em mercadoria.

A dinâmica que existe entre o ambiente e a população, através de uma interação geossistêmica entre os fatores envolvidos são capazes de interferir seriamente no meio, modificando assim as paisagens e produzindo contrastes expressivos em decorrência da produção socioespacial da cidade diante das situações de vida precárias de uma grande parte da população.

O meio ambiente urbano deveria ser pensado então dentro de uma perspectiva geossistemica onde os fatores naturais (clima, relevo, vegetação, hidrologia, solo) devem ser considerados ao contrário da apropriação inadequada do solo, de onde surgem situações problemas causadas por essas ações e que afetam a própria população.

Compreender a forma como foi feito o uso do solo, portanto, é fundamental para o entendimento dos contrastes atuais da paisagem, tendo em vista que a mesma é resultado das diferentes formas de ocupação de outros tempos que foram acumulando em um processo histórico e resultaram na configuração presente nos dias atuais.

O homem, ao modificar o espaço de diferentes formas partindo das suas necessidades e dos interesses capitalistas, cria a partir da hierarquização social contrastes no espaço urbano. Neste são atribuídos valores aos locais, bairros

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ricos contrastam com favelas, locais com investimentos em infraestrutura e outros sem nenhuma assistência, até mesmo em relação as condições naturais, como a localização das favelas em áreas de risco.

Segundo Silva (2011):

O homem moderno, urbano e dotado de todo o aparato tecnológico deposita nos solos, resíduos em quantidade muito superior à que a natureza pode reciclar. Ressalta-se também que estes resíduos “modernos” têm uma vida acentuadamente maior do que a dos artefatos dos homens primitivo. Alguns dos materiais podem levar anos para sua decomposição.

Assim, degradação ambiental e a baixa qualidade de vida gerada pela aglomeração populacional e as formas que é feito o uso do solo nos centros urbanos contribuem para produção de uma carga cada vez maior de resíduos que a natureza pode suportar.

Os impactos ambientais resultantes das diferentes ações causadas pelo homem, dentre eles o lixo gerado seja através de esgotos ou de resíduos sólidos que muitas vezes não apresentam um tratamento prévio antes de serem descartados, trazem à tona a relevância do saneamento básico no ambiente urbano e sua ligação direta com a questão ambiental.

No Brasil, a lei que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico é a 11.445/07, nela é definido no art. 2º que este é o: “conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais” de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, e drenagem e manejo de águas pluviais urbanas.

Através da forma e da regularidade da prestação dos serviços previstos pelo saneamento podem ocorrer impactos positivos ou negativos em qualquer um dos componentes (RODRIGUES et al, 2018). Mais, a ineficiência de um dos serviços impacta diretamente nos outros, estando estes conectados entre si e também com o geossistema existente, que em casos de impactos negativos pode agravar ainda mais os problemas.

O esgotamento sanitário é um dos serviços de saneamento básico no qual a sua ausência ou ineficiência acentua a vulnerabilidade dos locais, ocasionando problemas de saúde, degradação ambiental, entre outros, ficando ainda mais

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agravado e visível quando a prestação dos outros serviços de saneamento também é ineficiente.

Portanto, a universalização dos serviços de saneamento básico, principalmente de esgotamento sanitário é de extrema importância quando falamos da problemática ambiental, já que o mesmo é capaz de afetar e ser agravado pelos outros componentes do sistema causando danos não só na paisagem através da poluição visível e dos contrastes sociais, mas também ao meio ambiente principalmente às águas e a saúde e qualidade de vida da população.

Nesse contexto, se insere a área de estudo da pesquisa, a cidade de Natal localizada no estado do Rio Grande do Norte (Figura 1). O município situa-se a 5º47’41’’ de Latitude Sul e a 35º 12’ 33’’ de Longitude Oeste e possui uma área de 167.264 Km² com uma população de aproximadamente 803.739 habitantes segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE.

Figura 1: Localização do Município de Natal-RN.

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Considerando o crescimento da cidade de Natal, o uso e ocupação do solo e as questões ambientais provocadas por este processo de apropriação

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humana sobre o espaço principalmente relacionadas a precariedade do esgotamento sanitário, a presente pesquisa propõe os seguintes questionamentos: Como foi realizado o processo de implantação da rede de esgotamento ao longo dos anos? Qual a relação existente entre o crescimento populacional e o desenvolvimento do serviço de esgotamento? Quais os impactos causados nesse processo?

Dessa forma, para obtenção da resposta de tais questionamentos foi definido como objetivo geral analisar historicamente a relação entre o crescimento da população, consequentemente, do uso do espaço urbano, e a disponibilidade do serviço de esgotamento na cidade de Natal-RN. E como objetivos específicos:

 Listar as ações realizadas para a implementação da rede de esgotamento em Natal.

 Identificar o alcance da rede de esgoto para a população nos dias atuais.  Reconhecer os impactos socioambientais decorrentes da prestação do

serviço na cidade.

Dessa forma, partimos da hipótese que os impactos ambientais existentes na cidade são ocasionados pelo descompasso entre o crescimento populacional e a falta de um serviço de saneamento básico e esgotamento sanitário eficientes, levando em consideração as modificações na paisagem, seja da cidade ou as áreas de meio ambiente natural, causadas pelo uso do solo que provavelmente ocorreu de forma irregular e desconsiderando os aspectos naturais da cidade, contribuído assim para o agravamento de situações negativas que causam maior vulnerabilidade para a natureza e para a população.

Portanto, a análise tem sua importância, pois devido as interferências antrópicas somadas a prestação do serviço de esgotamento, é necessária uma avaliação das ações que ajudaram a disponibilização de esgotamento sanitário desde o início. De forma geral, o trabalho visa a compreensão dos processos que contribuíram para situação atual e as previsões de melhora do serviço para os anos futuros, além de contribuir com dados que permitam compreender que o problema não existe apenas a nível municipal, e que o mesmo deve ser tratado

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de forma séria pois além de afetar a qualidade de vida da população, o meio ambiente também sofre as consequências.

1- FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS

As formas de uso do solo decorrentes do crescimento urbano têm trazido um aumento nos estudos voltados aos impactos ambientais ocasionados pela ação antrópica, em busca de promover a importância e a preservação ambiental. A disponibilidade e regulação do saneamento básico é um forte contribuinte para a intensificação dos problemas ou melhora dos impactos causados pela sociedade. Dessa forma, a discussão a respeito da problemática relacionada a prestação do serviço de esgotamento se faz necessário, para entender como este afeta o ambiente urbano e o meio natural ao qual está inserido.

Diante disso foram utilizados os conceitos de Geossistema, Paisagem, Uso do Solo e Impactos Ambientais, Saneamento Básico e Esgotamento Sanitário para embasar teoricamente e desenvolver a pesquisa, através da visão de diferentes autores como, Christofoletti (1980), Bertrand (2004), Farias (2012), Ab’saber (2003), Silva(2011), Ross (1991), Casseti (1995), Mendonça (2014), Andrade Neto (2007), e de dados obtidos de órgãos públicos e leis municipais e federais a respeito do tema.

1.1- QUESTIONAMENTOS AMBIENTAIS

Nas últimas décadas a importância e a preocupação sobre as questões ambientais vem crescendo dentro da sociedade devido ao aumento exacerbado da população e as suas consequências como, por exemplo, o crescimento urbano e a produção de lixo decorrente, causando uma preocupação a respeito da qualidade de vida das pessoas.

Nas ciências, a discussão vem atingindo diversas áreas do conhecimento, que tiveram a preocupação de desenvolver o tema nas suas pesquisas. No entanto, existem áreas do conhecimento que tratam do assunto a mais tempo

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andando desde o começo da ciência lado a lado, como é o caso da geografia, onde é um dos principais temas de estudos abordados.

A percepção geográfica do meio ambiente é feita de forma holística, ou seja, o estudo é feito considerando todas as variáveis envolvidas que são capazes de modificar o meio (clima, hidrografia, relevo, formação geológica, ação antrópica, etc), que age dentro como um sistema onde tudo está conectado, o termo adotado para esse conceito é o Geossistema.

O conceito de Geossistema foi desenvolvido de forma pioneira a partir da década de 60 com os estudos do geógrafo Russo Sotchava(RODRIGUES, 2001) e outros autores de diferentes escolas como Christofoletti, Chorley, Bertrand, Tricart, Hack, Troppmair.

A Teoria dos Geossistemas se baseia na Teoria Geral dos Sistemas, proposta pelo biólogo Bertalanffy em 1901. Este via a teoria como uma maneira de unificar todas as ciências, porém a mesma não foi bem aceita no meio acadêmico, onde a maioria das ciências evitavam as teorias gerais e se aprofundavam nas investigações específicas. Este comportamento foi mudado apenas por volta de 1950 com o advento da cibernética, da teoria da informação e da pesquisa de operações (GREGORY, 1992).

Para o biólogo, “Os sistemas foram definidos como conjuntos de elementos que se relacionam entre si, com certo grau de organização, procurando atingir um objetivo ou uma finalidade” (BERTALANFFY, 1950 apud SALES, 2004, p.126).

A princípio a Teoria Geral dos Sistemas não foi bem aceita, mas foi de fundamental importância para uma mudança nos estudos em diversas áreas da ciência. As teorias derivadas desta foram sendo adaptadas ajustando os erros encontrados na teoria de Bertalanffy, mas sempre considerando a ideia principal de interação dos componentes em um sistema e não o estudo destes isoladamente.

Com a incorporação do conceito de sistema por diferentes áreas do conhecimento, na geografia não foi diferente, o conceito foi incorporado pelos estudos da geografia física na década de 60 na busca da compreensão do meio

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através da interação de seus elementos, e foi denominado dentro dessa ciência como Geossistema.

Para o geógrafo Christofoletti (1980) “Um sistema pode ser definido como o conjunto dos elementos e das relações entre si e seus atributos”. É um conjunto de ligações entre o sistema e o seu meio que ocorre através de um arranjo de elementos interligados entre si, onde são autônomos e, abertos e integrados ao meio ao mesmo tempo. (MEDEIROS, 2009).

Apesar do conceito de geossistema ter se desenvolvido a partir da década de 60, a concepção sistêmica dentro da Geografia pode ser identificada antes disso nos estudos do Alemão Alexander Von Humboldt. Por meio do conceito de Landschaft, o geógrafo do século XVIII, analisava o meio geográfico em sua totalidade, no qual funcionava através da interação dos seus componentes.

Assim, a partir do impulso dado à teoria na ciência geográfica na década de 60, principalmente na Geografia física (Geomorfologia, Climatologia, Pedologia, etc.), foram sendo cada vez mais frequentes os estudos utilizando o conceito buscando uma análise do meio de forma a abarcar todos os componentes através das interações entre eles, formando um sistema.

De acordo com Rosolém e Archela (2010) para Sotchava (1977) a análise geossistêmica se associa aos diferentes sistemas territoriais naturais no meio geográfico, que é constituído por componentes naturais que estão relacionados uns com os outros no tempo e no espaço, fazendo parte de um todo e recebendo também as influências sociais.

Já para Bertrand (2004), num resgate ao conceito de Sotchava incorporou a ação antrópica a sua conceituação afirmando que geossistema é o resultado da combinação do potencial ecológico (clima, hidrologia, geomorfologia), com exploração biológica (vegetação, solo e fauna) e ação antrópica, conforme expresso pela figura 1.

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Figura 2: Esboço de uma definição teórica de Geossistema.

Fonte: compilado e modificado de Bertrand (2004).

Ainda de acordo com o autor o geossistema está localizado em uma escala onde se situam a maioria dos fenômenos de interferência entre os elementos da paisagem, constituindo uma boa base para os estudos que envolvem a organização do espaço por ser compatível com a escala humana. O mesmo apresenta grande dinamicidade no espaço-tempo, mesmo em períodos curtos, formando assim uma paisagem que mostra diferentes momentos da sua evolução (BERTRAND, 2004)

Sobre a percepção de Christofoletti (1999, p. 43), as proposições de Sotchava (1977) e Bertrand (1972) buscam o estabelecimento de uma escala de grandeza específica para o geossistema, além de propor subdivisões com base nos aspectos físicos da paisagem.

Para Troppmair e Galina (2006), Geossistema pode ser considerado como:

[...] um sistema natural, complexo e integrado onde há circulação de energia e matéria e onde ocorre exploração biológica, inclusive aquela praticada pelo homem. Pela ação antrópica poderão ocorrer pequenas alterações no sistema, afetando algumas de suas características, porém estes serão perceptíveis apenas em micro-escala e nunca com tal intensidade que o Geossistema seja totalmente transformado, descaracterizado ou condenada a desaparecer.

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A cidade de Natal, por esta localizada em um ambiente de transição entre o continente e o oceano, apresenta um meio repleto de diferentes feições geomorfológicas, o que faz com que a mesma apresente diversas dinâmicas com características singulares devido a interação de diversos fatores, como clima, relevo, geologia, pedologia e hidrologia, associados também a ação antrópica, capazes de modelar as formas e modificar os processos existentes nesse meio.

Segundo Rosolém e Archela (2010):

A pesquisa ambiental em geografia objetiva a compreensão das relações entre sociedade e natureza, no qual pode ser analisada a partir do método sistêmico, por meio dos elementos que compõem a paisagem geográfica, em que resulta em uma unidade dinâmica e suas inter-relações dos elementos físico, biológico e antrópico.

Assim, a complexidade da interação entre os fatores bióticos (seres vivos e vegetação), abióticos (clima, relevo, pedologia, geologia, hidrologia) e Antrópicos (intervenção humana) faz com que seja necessária uma análise sistêmica desse ambiente tendo em vista a existência de uma interdependência entre tais fatores para a configuração da paisagem.

O conceito de paisagem compreende diversas interpretações, de forma generalista, é aquilo que podemos observar com a nossa visão, tendo uma grande relação com a percepção e os sentidos. Porém, a mesma deve ser interpretada de forma holística, considerando os diversos aspectos, físicos e sociais, que se encontram presentes nos locais.

Segundo Farias (2012, p.31):

O termo paisagem, partindo de uma conceituação simplória e baseada em uma concepção estética, sempre esteve atrelado ao belo e à natureza, envolvendo nessa percepção os aspectos sensoriais, cognitivos e perceptivos. Historicamente, a definição do que seria paisagem já partia de uma visão integrada, pois considerava-se a união de série de elementos (rios, montanhas, florestas) na sua composição.

É notório a ligação entre os conceitos de geossistema e paisagem, já que a paisagem é formada a partir das interações entre os componentes físicos (solo, relevo, rios, vegetação) ou sociais (ação antrópica) de um determinado sistema, sempre dinâmica e em constante evolução.

Bertrand (2004), partindo do conceito de geossistema, define paisagem como “[...]uma determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução”.

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Na visão do autor, ao considerarmos a paisagem como uma entidade global, é possível observar que implicitamente os elementos que a constituem são parte de uma dinâmica comum, não correspondendo a uma evolução isolada de cada um (BERTRAND, 2004).

Para Ab’Saber (2003, p.9), a paisagem é sempre uma herança, nos mais diversos sentidos da palavra, dos processos fisiográficos e biológicos, e também dos povos que através da história os herdaram como um patrimônio coletivo, um território de atuação das comunidades.

O meio urbano, dotado de diferentes culturas e classes sociais que determinam segregações no espaço, também resultam na configuração de paisagens distintas. Determinados espaços nas cidades são mais favorecidos ou menos favorecidos em função da condição financeira dos moradores e dos usos que lhes são designados, e isto é algo que pode ser notado na simples observação da paisagem.

Na concepção de Serpa (2010), “A paisagem resulta sempre de um processo de acumulação, mas é, contínua no espaço e no tempo, é una sem ser totalizante, é compósita, pois resulta sempre de uma mistura um mosaico de tempos e objetos datados”.

Considerando a ação antrópica, podemos dizer que a paisagem principalmente as ligadas ao ambiente urbano são sempre dinâmicas, resultado das relações que os homens estabelecem com o meio, estas se imprimem deixando marcas de diferentes tempos e de diferentes necessidades destes sobre o espaço.

“A paisagem nada tem de fixo, de imóvel. Cada vez que a sociedade passa por um processo de mudança, a economia, as relações sociais e políticas também mudam, em ritmos e intensidades variados. A mesma coisa acontece em relação ao espaço e à paisagem que se transforma para se adaptar às novas necessidades da sociedade.” (SANTOS, 1997, p.37)

Ao observar a paisagem urbana ver-se diferentes estruturas, as atuais se misturam com as antigas, e também é perceptível a segregação socioespacial presente. Nas áreas mais pobres as condições ambientais, de moradia, saúde. são precárias, devido a ocupação desordenada e a falta de assistência à essa parcela da sociedade, diferentemente dos bairros frequentados por pessoas com

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melhores condições financeiras, que apresenta uma estrutura física e uma melhor qualidade de vida.

Assim, a paisagem se configura a partir da interação existente entre os elementos naturais (solo, clima, relevo etc) e a apropriação destes pelo ser humano, através da história, sendo o resultado de uma acumulação dos processos que ocorreram em cada tempo, o que os torna constantemente suscetíveis às mudanças.

A paisagem na área de estudos apresenta diversas marcas, tanto naturais (ecossistema de manguezal, dunas, praias) como também as que resultam da apropriação do homem sobre o espaço (atividades econômicas, áreas residenciais, ocupação inadequada) e suas consequências (impactos ambientais e sociais).

Portanto, a metodologia de análise geossistêmica é de fundamental importância para uma compreensão mais completa sobre a evolução do esgotamento sanitário na área de estudos levando também em consideração as formas de uso do solo decorrentes da expansão constante da população e a consequente configuração da paisagem.

1.2 - USO DO SOLO E IMPACTOS AMBIENTAIS

Segundo Silva (2011), os solos resultam das alterações físicas e químicas dos minerais formadores das rochas, possuindo características específicas de acordo com o material de origem e do ambiente em que foi formado. Além disso, os solos apresentam 5 fatores de formação, que são: clima, organismos vivos, tempo, material de origem e relevo, os quais darão aos mesmos graus de evolução e características distintas.

[...] é uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos que ocupam a maior parte do manto superficial das extensões continentais do nosso planeta, contém matéria viva e podem ser vegetados na natureza onde ocorrem e, eventualmente, terem sido modificados por interferências antrópicas (EMBRAPA, 2006, p.32).

Além dos fatores naturais, a ação antrópica apresenta fundamental poder de alteração das terras, através dos vários usos que passa a submetê-la, para fins de moradias, indústrias, agricultura, etc. pode acarretar a sua degradação e

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das propriedades que apresentam. Dessa forma, é através da paisagem é possível se observar a constante evolução do solo.

A caracterização dos aspectos do uso e ocupação de determinadas áreas, requer um conhecimento detalhado da dinâmica e dos processos preponderantes no espaço, os quais possuem caráter relevante na formação da paisagem, resultando em características peculiares a cada espaço e colaborando para a diversificação em termos paisagísticos. (FARIAS; SILVA; RODRIGUEZ, 2013).

Segundo a EMBRAPA (2018) a classificação dos solos:

“[...] é obtida a partir da avaliação dos dados morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos do perfil que o representam. Aspectos ambientais do local do perfil, tais como clima, vegetação, relevo, material originário, condições hídricas, características externas ao solo e relações solo-paisagem, são também utilizadas.”

Conforme elucidam os autores acima, para a caracterização do uso do solo é necessária uma análise dos aspectos do local, no que diz respeito ao sistema presente naquela área, como clima, vegetação, relevo, intervenções antrópicas, entre outros, que contribuem na formação da paisagem, trazendo para cada espaço características paisagísticas singulares.

De acordo com o Manual Técnico de Uso da Terra (IBGE, 2013, p.40) Os conceitos atribuídos à cobertura e ao uso da terra guardam íntima relação entre si e costumam ser aplicados alternativamente. Geralmente as atividades humanas estão diretamente relacionadas com o tipo de revestimento do solo, seja ele florestal, agrícola, residencial ou industrial. Dados de sensoriamento remoto, como fotografias aéreas e imagens de satélite, podem ser correlacionados com a cobertura da terra e usados para mapear o tema.

Dessa forma, seguindo o Sistema básico de Classificação da Cobertura e Uso da Terra (Quadro 1), foi possível designar os tipos de Uso e Cobertura no solo e posteriormente identifica-los na área de estudos.

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Tabela 1: Sistema Básico de Classificação da Cobertura e Uso da Terra

Nível 1 Nível 2

1- Áreas Antrópicas não Agrícolas

1.1 - Áreas urbanizadas 1.2 - Áreas de mineração

2- Áreas Antrópicas Agrícolas

2.1- Culturas Temporárias 2.1- Culturas Permanentes 2.3- Pastagens

2.4-Silvicultura

2.5- Uso não identificado

3-Áreas de Vegetação Natural 3.1- Área florestal 3.2- Área Campestre

4- Águas 4.1- Águas Continentais 4.2- Águas Costeiras

5-Outras Áreas 5.1- Áreas Descobertas

Fonte: Adaptado de IBGE, 2013.

Na cidade existe a predominância das Áreas Antrópicas não Agrícolas mas ainda se fazem presentes as Áreas de Vegetação Natural e as Águas, do estuário do Rio Potengi e de alguns afluentes. Além da classificação utilizada acima, é preciso observar o Plano Diretor do município para uma melhor compreensão do uso do solo por via das leis estabelecidas no documento.

De acordo com a Lei Complementar N°082 (Natal, 2007) que dispõe sobre o Plano Diretor de Natal e dá outras providências, no Artigo 8 o macrozoneamento do território do município é dividido em três zonas, são elas: a Zona de Adensamento Básico, a Zona Adensável e a Zona de Proteção Ambiental.

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Segundo o documento a Zona de Adensamento básico é onde “se aplica, estritamente, o coeficiente de aproveitamento básico”. Já a Zona de Adensamento é onde “[...] as condições do meio físico, a disponibilidade de infraestrutura e a necessidade de diversificação de uso, possibilitem um adensamento maior do que aquele correspondente aos parâmetros básicos [...]. Ainda conforme o Plano diretor, existe a divisão de Zonas de Proteção Ambiental (ZPA), essas são consideradas como

[...] área na qual as características do meio físico restringem o uso e ocupação, visando a proteção, manutenção e recuperação dos aspectos ambientais, ecológicos, paisagísticos, históricos, arqueológicos, turísticos, culturais, arquitetônicos e científicos. (NATAL, 2007)

Como consta no Artigo N° 20 do Plano Diretor, as Áreas Especiais são “[...] porções da Zona Urbana situadas em zonas adensáveis ou não, com destinação específica ou normas próprias de uso e ocupação do solo”. Essas áreas compreendem Áreas de Controle de Gabarito, Áreas Especiais de Interesse Social e Áreas de Operação Urbana.

As Áreas de Controle de Gabarito são aquelas que “[...] mesmo passíveis de adensamento, visam proteger o valor cênico - paisagístico, assegurar condições de bem estar, garantir a qualidade de vida e o equilíbrio climático da cidade”. Compreende a orla da cidade, ZETs (Zonas Especiais de interesse Turístico), o entorno do parque das dunas, o perímetro na margem esquerda do Rio Potengi e as ZPA’s.

Já as Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS)

[...] definidas na Mancha de Interesse Social e pelos seus atributos morfológicos, são aquelas situadas em terrenos públicos ou particulares destinadas à produção, manutenção e recuperação de habitações e/ou regularização do solo urbano e à produção de alimentos com vistas a segurança alimentar e nutricional, tudo em consonância com a política de habitação de interesse social [...]. (NATAL, 2007)

Os diferentes usos do solo são resultado da expansão do espaço urbano nos diferentes períodos, que ocorreu sem a preocupação de analisar as características naturais existentes durante o processo, acarretando nos problemas existentes atualmente. Assim, para um melhor ordenamento e gestão de usos dos espaços da cidade, o plano diretor é de fundamental importância para reconhecer os usos do solo já existentes e regulamentar as formas como deve ser usado o solo nas cidades.

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O crescimento urbano e as mudanças na forma de uso do solo, decorrente da evolução tecnológica e científica que vivemos nos dias atuais, fez com que, consequentemente, a crescente apropriação do homem sobre os espaços trouxesse consigo impactos ambientais em diferentes níveis, trazendo modificações aos espaços naturais. Como afirma Ross (1991, pág. 14-15):

“Como toda causa tem seu efeito correspondente, todo benefício que o homem extrai da natureza tem certamente também seus malefícios. Desse modo, parte-se do princípio de que toda ação humana no ambiente natural ou alterado, causa algum impacto em diferentes níveis, gerando alterações com graus diversos de agressão, levando às vezes as condições ambientais a processos até mesmo irreversíveis” (ROSS, 1991)

O homem, ao modificar o espaço de diferentes formas partindo das suas necessidades e dos interesses capitalistas, cria a partir da hierarquização social contrastes no espaço urbano. Neste são atribuídos valores aos locais, bairros ricos contrastam com favelas, locais com investimentos em infraestrutura e outros sem nenhuma assistência, até mesmo em relação as condições naturais, como a localização das favelas em áreas de risco.

Casseti (1991, p.88-89) elucida que em áreas urbanizadas o processo de ocupação ocorre de forma diferenciada, esta depende do valor econômico que se atribuí ao local, proporcionando a evidencia dos contrastes criados pela hierarquização na sociedade capitalista em que vivemos.

Nas áreas urbanizadas, o processo de ocupação espacial é diferenciado, dependendo do valor econômico, ou ainda, definido pela ganância dos midas do capitalismo, que equiparam ao “padrão-ouro” o metro quadrado de terra. Assim evidenciam-se os contrastes entre espigões e favelas, dos bairros ricos e bairros pobres, a ocupação de áreas estáveis e permissíveis, a implantação de edificações e ao mesmo tempo, ocupação de áreas de risco, consideradas “clandestinas” (fundos de vales ou vertentes de fortes declives) (CASSETI,1991)

De acordo com Farias (2015), os núcleos urbanos cresceram e se tornaram cidades cada vez maiores com um elevado contingente populacional, e esse crescimento não veio acompanhado de planejamento adequado que preservasse a qualidade do ambiente. Nesse quadro, a relação sociedade e natureza foi se tornando cada vez mais conflituosa, causando a degradação ambiental dos recursos naturais.

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O uso do solo, portanto, se modifica ao longo do tempo de acordo com a necessidade do homem em expandir seus núcleos urbanos, contudo, a falta de um planejamento adequado para esse crescimento, que muitas vezes ocorre desconsiderando as características físicas do terreno, provoca tanto impactos ambientais quanto sociais.

Segundo Silva (2011):

O homem moderno, urbano e dotado de todo o aparato tecnológico deposita nos solos, resíduos em quantidade muito superior à que a natureza pode reciclar. Ressalta-se também que estes resíduos “modernos” têm uma vida acentuadamente maior do que a dos artefatos dos homens primitivo. Alguns dos materiais podem levar anos para sua decomposição. (SILVA, 2011).

A falta de saneamento básico é um grande exemplo da falta de planejamento nas cidades. O crescimento urbano faz com que seja extremamente necessária a prestação desse serviço de forma correta, já que a sua prestação de forma inadequada implica em problemas para a população.

Assim, a problemática do saneamento básico, observado o avanço da urbanização das cidades muitas vezes sem um planejamento adequado, é de suma importância tanto para uma melhoria na qualidade de vida como para o desenvolvimento local, econômica e socialmente.

Para Mendonça (2014), a degradação ambiental e a baixa qualidade de vida se acentuam nos locais de aglomeração humana. A partir do momento que o processo de industrialização passa a desrespeitar a dinâmica da natureza, causa um comprometimento na qualidade de vida das populações de variadas formas, sendo mais visíveis na qualidade da água e do ar, e em acidentes ecológicos (queimadas, vazamentos de petróleo etc).

Assim, conforme é expresso por Cunha e Guerra (2004):

O estudo da degradação ambiental não deve ser realizado apenas sobre o ponto de vista físico. Na realidade, para que o problema possa ser entendido de forma global, integrada e holística, deve-se levar em conta as relações existentes entre a degradação ambiental e a sociedade causadora dessa degradação que ao mesmo tempo, sofre os efeitos e procura resolver, recuperar, reconstruir as áreas degradadas (CUNHA; GUERRA, 2004).

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Na cidade de Natal, o processo de crescimento populacional e, consequentemente, urbano que tem se acelerado nas últimas décadas, vem acentuando diversos problemas de impacto ambiental na cidade que contribuem para o comprometimento da qualidade de vida da população (COSTA, 2007).

Um dos problemas expostos pelo autor é o da deficiência existente no serviço de saneamento básico em praticamente toda a cidade, causando outros problemas mais impactantes como a poluição do estuário do Rio Potengi/Jundiaí e do lençol freático e mananciais superficiais que fazem o abastecimento da cidade, devido à inadequação do serviço que mesmo em áreas onde existe os efluentes produzidos são descartado in natura diretamente no estuário, ou seja, contribuído diretamente para a degradação do mesmo.

Atualmente, a cidade de Natal permanece em crescimento, os impactos ambientais causados pela falta de um saneamento adequado ainda existem, porém a cidade vem passando por um processo de transformação em sua estrutura de saneamento, visando uma Natal totalmente saneada. Dessa forma, o investimento do governo apresenta-se de extrema importância para a diminuição dos impactos ambientais causados pelo uso do solo.

No entanto, não somente os esforços governamentais são necessários, é preciso que haja consciência por parte dos cidadãos, uma educação ambiental para a conscientização a respeito da recuperação das áreas degradadas e a preservação desse meio, proporcionando assim a melhora da qualidade de vida da população da cidade futuramente.

1.3- SANEAMENTO BÁSICO E ESGOTAMENTO SANITÁRIO NO

AMBIENTE URBANO

O saneamento básico representa uma problemática muito importante tanto do ponto de desenvolvimento (econômico, social, ambiental.) de uma cidade, sendo a urbanização um ponto fundamental para a necessidade do serviço, porém não são tratadas com a devida importância pelos gestores.

De acordo com Heller (2012, p.9), quando considerado o saneamento como uma política pública e social, sob responsabilidade do Estado, o saneamento

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pode ser considerado como um direito humano fundamental e como um serviço público que deve ter em sua difusão um alcance universal.

Para Souza (2002), o saneamento é considerado como:

“[...] um conjunto de ações que o homem estabelece para manter ou alterar o ambiente, no sentido de controlar doenças, promovendo saúde, conforto e bem-estar. Incorpora, pois, políticas de abastecimento d´água, esgotamento sanitário, sistemas de drenagem, coleta e tratamento dos resíduos sólidos. Reflete e condiciona diretamente a qualidade de vida determinada historicamente através de políticas públicas envolvendo aspectos socioeconômicos e culturais e mantendo uma interface com as políticas de saúde, meio ambiente e desenvolvimento urbano.” No Brasil, a lei que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico é a 11.445/07, nela é definido no art. 2º que este é o: “conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais” de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, e drenagem e manejo de águas pluviais urbana. Estes são definidos da seguinte forma:

Abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas

e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição.

Esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, pela disponibilização e

pela manutenção de infraestrutura e das instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até a sua destinação final para a produção de água de reuso ou o seu lançamento final no meio ambiente.

Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: constituídos pelas atividades,

pela infraestrutura e pelas instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos domiciliares e dos resíduos de limpeza urbanas.

Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: constituídos pelas

atividades, pela infraestrutura e pelas instalações operacionais de drenagem de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas, contempladas a limpeza e a fiscalização preventiva das redes.

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Conforme a Lei de saneamento, é responsabilidade dos municípios elaborarem seus Planos Municipais de Saneamento Básico e, consequentemente, planejar ações visando sanar as deficiências locais identificadas. Um dos requisitos existentes é a necessidade do planejamento integrado e a universalização do acesso aos quatro serviços.

Andrade Neto (2007) ressalta que um ponto pacífico dentre as discussões que tiveram como resultado as leis, normas e regulamentos que dizem respeito ao saneamento básico no Brasil é o direito de todos a estes serviços de saneamento, e para a assegurar esse direito a todos é necessária a sua universalização.

“A universalização do saneamento básico é imprescindível para assegurar bons níveis de saúde pública, porque se o atendimento não é massificado as pessoas doentes ou portadoras de agentes causadores de doenças transmite a doença ou o agente etiológico para as pessoas atendidas, através de outras rotas ambientais de transmissão e por contágio, reduzindo os benefícios de saúde que o saneamento poderia propiciar. Por outro lado quando o saneamento bloqueia as rotas alternativas de transmissão e traz benefícios indiretos que potencializam os benefícios à saúde pública, fazendo com que, a partir daí, a relação entre o número de atendidos e os benefícios de saúde proporcionados pelo saneamento cresça mais rapidamente” (ANDRADE NETO, 2007, p.53)

Através da forma e da regularidade da prestação dos serviços previstos pelo saneamento podem ocorrer impactos positivos ou negativos em qualquer um dos componentes (RODRIGUES et al, 2018). Mais, a ineficiência de um dos serviços impacta diretamente nos outros, estando estes conectados entre si e também com o geossistema existente, que em casos de impactos negativos pode agravar ainda mais os problemas.

De fato, o saneamento apresenta-se como um serviço de extrema necessidade, tanto pela população quanto pelo meio ambiente que ela se apropria. A problemática ambiental, que vem se configurando pelos impactos decorrentes da ocupação do homem sem a devida preocupação com o ambiente natural sob o qual está situado, acaba trazendo à tona a vulnerabilidade causada pela falta de eficiência dos serviços de saneamento que não acompanham o crescimento populacional.

O esgotamento sanitário é um dos serviços de saneamento básico no qual a sua ausência ou ineficiência acentua a vulnerabilidade dos locais, ocasionando

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problemas de saúde, degradação ambiental, entre outros, ficando ainda mais agravado e visível quando a prestação dos outros serviços de saneamento também é ineficiente.

Segundo Silva (1993, p.7):

“A existência de uma rede coletora e de um tratamento eficiente dos esgotos visa, normalmente, torna-los apropriados para serem descartados nos corpos hídricos naturais. A poluição pode aparecer de várias maneiras, incluindo-se a poluição térmica (descarga de efluentes a altas temperaturas), poluição química em todos os seus aspectos, poluição física e poluição biológica (descarga de bactérias patogênicas, vírus e outros organismos).”

Os corpos hídricos são afetados diretamente pela falta de esgotamento, a ausência de uma rede eficiente é responsável por causar a poluição das águas superficiais e também das águas subterrâneas, como de rios e aquíferos. O problema ocorre pois sem a rede a destinação dos efluentes ocorre de maneira ilegal, sendo descartados sem o tratamento devido no meio, tornando o mesmo um ambiente insalubre e suscetível a difusão de outros problemas, principalmente, relacionados a saúde da população.

Conforme explica Silva (1993, p.11):

“Virtualmente, em todas as sociedades urbanizadas, a água é empregada para carrear rejeitos líquidos da população. A água utilizada pelo ser humano, na higiene preparo de alimentos, limpeza e produção de bens, deve ter um destino adequado afim de evitar a degradação dos corpos receptores. Ocorre porém, um descontrole no tocante ao caminhamento e características desses despejos, com atenção à poluição dos cursos de água, em países como o Brasil, que não dispõe de estrutura sanitária conveniente à proteção de seus recursos hídricos.”

Quando somado a ineficiência dos outros serviços de saneamento a situação se torna ainda mais grave para o meio urbano e para a natureza. A poluição causada por resíduos sólidos não destinados corretamente, por exemplo, podem causar danos à rede de esgotamento como o seu entupimento, assim como também o manejo de águas pluviais que quando feito de forma errada pode contribuir para o entupimento da rede, e também pode causar alagamentos quando não existe a eficiência de nenhum dos serviços, o que ocasiona também a contaminação das águas.

Dessa forma, como elucida Rodrigues et al.(2018), é uma ameaça à saúde pública e ao meio ambiente a falta de estruturas de saneamento básico, além de

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ter como resultado disso a manutenção das desigualdades sociais, comprometendo a qualidade de vida das populações.

No entanto, existe um desafio muito grande na universalização do saneamento e, principalmente, na questão de um serviço de esgotamento sanitário adequado e em pleno funcionamento.

2. METODOLOGIA

2.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA

Fundada em 1599, a cidade de Natal localiza-se no litoral oriental do Estado do Rio Grande do Norte, apresenta uma área municipal de 169,9 Km² e dividida em 36 bairros (Figura 3) é a cidade mais importante, mais populosa e também a capital do Estado.

Figura 3: Divisão dos bairros em Natal-RN.

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O município faz limites com o Oceano Atlântico e com os municípios de Extremoz, São Gonçalo do Amarante, Parnamirim e Macaíba, que fazem parte também da Região Metropolitana de Natal, juntamente com outros 10 municípios, são eles: Arês, Ceará-Mirim, Goianinha, Ielmo Marinho, Maxaranguape, Monte alegre, Nísia Floresta, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, São Jose do Mipibu e Vera Cruz.

É na capital potiguar que está situado o estuário do Rio Potengi, que possui grande importância para a cidade, desde a chegada do portugueses e ocupação das terras através dele, foram diversos os meios de uso do Rio, principalmente na etapa inicial de fundação da cidade.

Ao longo dos anos Natal teve um grande crescimento, tanto populacional como em área, tendo em sua paisagem uma configuração intimamente ligada aos aspectos ambientais, históricos e, consequentemente, socioeconômicos e culturais presentes na mesma, como veremos a seguir.

2.1- Aspectos Físico-Ambientais

2.1.1- Clima

Na cidade de Natal, a área de estudo, está presente o Clima Tropical Atlântico. O tipo climático caracteriza-se por ser quente e úmido, apresentando maiores índices pluviométricos entre Março e Julho, os meses de inverno e outono, e verões secos, sendo um clima mesotérmico, ou seja, apresentando temperatura média mensal acima de 18° durante todo o ano.

Segundo Santo e Silva (2016), por sua localização os mecanismos e fenômenos que atuam na modulação do clima da cidade são: a circulação geral atmosférica em grande escala, Eventos El Niño-Oscilação Sul, Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), Temperatura da Superfície do Mar (TSM), brisas marítimas e terrestres, Linhas de Instabilidade (LI), Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN), Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL).

Ainda na visão dos autores o aumento da umidade relativa do ar apresenta uma ligação direta aos meses mais chuvosos, com junho o mês que apresenta os maiores percentuais pluviométricos. Quanto à temperatura foi percebido pelos mesmos que a média mensal era de 26,4°C, com mínimas

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médias de 23°C e máximas médias de 29,7°C, sendo a temperatura máxima mensal registrada no final do verão em março, chegando à 32,5°C.

2.1.2- Vegetação

Segundo Fernandes e Petta (2008, p.2), o tipo de cobertura vegetal presente no município, que apresenta uma relação direta com as feições morfológicas, faz parte do Domínio da Mata Atlântica, porém com a ocorrência de diferentes tipos de vegetação que são: floresta ombrófila densa/aberta, floresta estacional semi caducifólia densa/rala, vegetação paludosa marítima de mangue, e, também podemos encontrar a formação vegetal tabuleiro litorâneo que se é semelhante ao cerrado.

De acordo com o IDEMA (2008), a vegetação da cidade de Natal pode ser classificada como: Formação Tabuleiros litorâneos, onde estão presentes a vegetação que cobre os Tabuleiros Costeiros, geralmente são áreas de intervenção humana; Manguezal, definidas como um ecossistema costeiro que é dominado por espécies vegetais e animais característicos que se adaptam ao solo periodicamente inundado pelas marés; Floresta Subperenefólia, constituída de arvores sempre verdes com muitas folhas largas, troncos delgados, densas e solo coberto por uma camada de húmus; e ecossistemas protegidos, que é o caso do Parque das dunas e dos manguezais.

A Resolução n° 303 do CONAMA, criada em 20 de março de 2002, que dispõe os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente, os manguezais são definidos como:

Ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue, com influência flúvio-marinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os estados do Amapá e Santa Catarina.

“Esse ecossistema é caracterizado pela diversidade de espécies arbóreas e arbustivas, adaptadas a viver sob condições de pouco oxigênio, e frequentemente submetido a inundação de marés” (MATIAS; SILVA,2017). Apesar de toda a riqueza natural, a apropriação humana sobre o solo e o, consequente, crescimento urbano ao longo dos anos vem gradativamente

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destruindo essas vegetações, causando impactos aos ecossistemas existentes. Para a preservação dessas áreas naturais ainda existentes na cidade, são estabelecidas no plano diretor de Natal as áreas de ZPA’s.

2.1.3- Solo

Segundo a classificação dos Solos do Nordeste (Embrapa, 2014), existem dois tipos de solos no município de Natal, que são os Neossolos Quartzarênicos e os Gleissolos. Para Prefeitura Municipal do Natal (2014), considerando caracterização de alguns autores os tipos de solos que são encontrados na cidade são Neossolos quartzarênicos, Neossolos Flúvicos, Gleissolos e Latossolos amarelos.

O Neossolo é caracterizado por ser um solo mineral pouco desenvolvido este por ser diverso e apresentar características singulares é subdividido em quatro subordens, entre elas os Neossolos Quartzarênicos. Esta subordem deriva de rochas ou sedimentos de origem quartzosa, possui um baixo a médio potencial para agricultura e grande profundidade efetiva, é bem drenado, no entanto, apresenta baixa a muito baixa capacidade de retenção de água, baixas fertilidade natural e matéria orgânica, além de ser elevado o risco de contaminação de águas subterrâneas. (EMBRAPA, 2014)

Os Neossolos Flúvicos, segundo Prefeitura Municipal do Natal (2014), se caracterizam por serem compostos por sedimentos fluviais não consolidados, granulometria varia e por serem pouco desenvolvidos. Além disso, a drenagem desses solos é imperfeita e moderada, contém textura indiscriminada e pode apresentar horizonte glei. Esse tipo de solo ocorre em relevos aplainados como regiões de várzeas de rios.

Já o Gleissolo de acordo com a Embrapa (2014, p.12) é

Solo mal a muito mal drenado com horizonte glei. Desenvolvido a partir de sedimentos coluvio aluvionares sob hidromorfismo permanente ou sazonal. Apresenta com acinzentada e ocorrem em relevo plano no ambiente de várzea e de baixada. (EMBRAPA, 2014, p.12)

É um solo que apresenta uma fertilidade natural média a alta e dentre suas limitações está suscetível às inundações, devido a sua característica hidromórfica e à elevada acidez, pelo manejo inadequado e de contaminação

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dos cursos de água e do lençol freático. Apesar disso, pode ser usado para a agricultura intensiva, para a produção de forragem e para a preservação ambiental nas margens dos rios. (EMBRAPA, 2014)

Os Latossolos Amarelos são classificados por Medeiros (2009, p.21) como “Solo muito profundo e permeável, fortemente drenado, boa resistência a erosão, elevado grau de intemperismo, ácidos e de baixa fertilidade natural”. Em Natal, os Latossolos Amarelos são encontrados em contato com o tabuleiro cobrindo várias partes da Formação Barreiras, no local de topografia mais elevada e plana. (NUNES,2006)

2.1.4- Geomorfologia

A geomorfologia da cidade é influenciada pela atuação do clima, com o predomínio de Tabuleiros Costeiros que se iniciam nas falésias costeiras e adentram ao continente não ultrapassando mais de 150 m no interior, além disso, são formados por argilas alaranjadas. Há também a presença de Planícies Flúvio-Marinhas bastante influenciada pela ação das marés, ventos, ondas, correntes e pela ação antrópica na modelação do relevo (FERNANDES; PETTA, 2008).

Segundo Medeiros (2009) “O Rio Potengi forma uma planície flúvio-marinha que, para montante, transforma-se e planície-fluvial, ambas pertencentes à unidade geomorfológica da faixa litorânea e envolvidas por relevos tabulares dos tabuleiros costeiros”. Portanto, as feições morfológicas que mais se destacam à visão do observador na cidade de Natal são as Praias, as Dunas (Figura 4), os Tabuleiros Costeiros e os Mangue (Figura 5).

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Figura 4 e 5: Praias, Dunas e Planície Fluvial na cidade de Natal/RN.

Fonte: Canindé Soares.

2.1.5- Geologia

A geologia local apresenta sedimentos e rochas sedimentares do cenozoico, sendo representado pelo Grupo Barreiras, Depósitos Aluvionares Antigos, Depósitos Marinho e Continentais, Depósitos Arenosos e Areno-Argilosos, Depósitos Flúvio-Marinhos, Depósitos Aluvionares de Canal, Depósitos Eólicos Litorâneos Vegetados e Não-Vegetados, Depósitos Litorâneos Praias e Recifes arenosos (SILVA, 2016).

Dessa forma, é constituído por rochas com origem sedimentar na Era Cenozoica nos períodos Terciário superior (Plioceno) e Quaternário (Pleistoceno- Holoceno). A geologia é formada por sedimento tercio-quaternários que constituem a Formação Barreiras, uma unidade geológica que apresenta sedimentos de areia, silte, argila, conglomerados e seixos de quartzo e limonita oxidados que originam blocos de lateritas ferruginosas (PREFEITURA MUNICIPAL DO NATAL, 2014)

“A formação Barreiras ocorre como uma camada bem típica em toda a faixa litorânea e se apresenta algumas vezes sob a forma de grandes falésias quando são interrompidas abruptamente nas proximidades do oceano. Constituem-se como uma união sedimentar oriunda de diferentes sistemas deposicionais vindo da acumulação de sedimentos de ambientes fluviais e litorâneos” (PREFEITURA MUNICIPAL DO NATAL, 2014)

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Considerando a geologia local apresentada anteriormente, de acordo como os dados da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais –CPRM, as definições de cada unidade são feitas das seguintes formas:

Grupo Barreiras: unidades que constituem-se por arenitos conglomeráricos e

conglomerados, arenitos e argilitos onde estão sedimentos do Grupo Barreiras dispostos ao longo do litoral na forma de falésias e tabuleiros. Encontram-se horizontes com coloração variante ocasionados por oxirredução.

Depósitos Aluvionares Antigos: são unidades que demonstram diagênese e

frequentes estruturas paleosismicidade. Esses depósitos são constituídos por arenitos conglomeráticos e conglomerados com seixos de quartzo e fragmentos de diversas rochas, incluindo arenitos ferruginosos do grupo barreiras.

Depósitos Marinhos e Continentais: São compostos por arenitos médios e

finos; com coloração variando entre o amarelo dourado, marrons e alaranjados; dispostos discordantemente sobre o Grupo Barreiras ou Depósitos Aluvionares Antigos. Está disposto em uma pequena porção ao extremo noroeste da cidade, na zona norte, no bairro Nossa Senhora da apresentação

Depósitos Arenosos e Areno-Argilosos: é composto por coberturas arenosas

e areno-argilosas inconsolidadas de granulometria média a grossa. Localmente podem apresentar fragmentos de quartzo e/ou seixos de arenito remobilizados. Estes depósitos estão localizados significativamente na porção noroeste da zona norte da cidade e em uma pequena porção da parte sudoeste da zona oeste.

Depósitos Flúvio Marinhos: são influenciados pelos rios e marés e são

formados por areias finas, siltes e argilas finamente laminadas; ricos em carbonato e matéria orgânica viva e biodentritica. Incluem os depósitos de mangue e de planície de maré. Sua presença ocorre ao longo da planície flúvio-marinha do Rio Potengi.

Depósitos Aluvionares de Canal: esses depósitos possuem areias quartzosas

médias a grossas; eventualmente conglomeráticas; com estratificações cruzadas e níveis descontínuos de sedimentos mais finos (síltico-argilosos), sobretudo em direção às desembocaduras dos rios. A unidade geológica se

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encontra ao longo do vale do Rio Pitimbu, na porção sudoeste da cidade abrangendo fácies de canal e barras de canal fluvial.

Depósitos Eólicos Litorâneos Vegetados: são formações dunares residuais

tal como os lençóis arenosos. Esses depósitos são compostos por areias quartzosas de granulometria variando entre fina e muito grossa, rica em bioclastos, em alguns pontos, de minerais pesados. Encontram-se dispostos em uma faixa estreita e paralela à linha de costa e têm sua origem a partir dos processos de interação entre as marés e a planície costeira.

Depósitos Eólicos Litorâneos Não- Vegetados: esses depósitos podem ser

localizados em formas de dunas diversas, como frontais, parabólicas e barcanoides, assim como podem se posicionar como transição a dunas com vegetação. Nesse tipo de unidade, há presença de areias quartzosas finas e médias com coloração esbranquiçada.

2.1.6- Hidrologia

No que se refere à hidrologia, é no município que está localizado o estuário do Rio Potengi, o mesmo possui sua origem atribuída a falhamentos geológicos, assim como outros rios da região, o mesmo nasce na Serra de Santana. Além disso, o rio ainda recebe contribuição de alguns riachos como o das quintas e do Baldo.

Quanto aos aquíferos, a cidade apresenta dois, um relacionado às rochas do grupo barreiras e outro a deposição aluvial. O aquífero associado às rochas do Grupo Barreiras é denominado Dunas/Barreiras, o mesmo caracteriza-se por ser confinado, semi-confinado e/ou livre, fornecendo água de boa qualidade. Já o aquífero relacionado à deposição aluvial é denominado Aluvião, este apresenta-se livre e disperso, constituindo-se de sedimentos arenosos que são depositados nos leitos dos rios e riachos maiores caracterizando-se por sua alta permeabilidade e boas condições de realimentação (MEDEIROS, 2009).

Na Tabela 2 podemos observar em síntese os aspectos físicos da área de estudos.

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Tabela 2: Síntese dos aspectos Físicos da área de estudo.

ASPECTO FÍSICO CARACTERIZAÇÃO

Clima Clima Tropical Atlântico.

Vegetação Vegetação de Praia, Dunas, Tabuleiros Costeiros e Manguezais.

Solos Neossolos Quartzarênicos, Neossolos Flúvicos, Gleissolos e Latossolos Amarelos.

Geomorfologia Praia, Dunas, Tabuleiros Costeiros e Manguezais.

Geologia

Sedimentos de rochas sedimentares do cenozoico, dos períodos terciário e quaternário.

Hidrologia Rio Potengi; Riachos das Quintas e Baldo; Aquífero Barreiras e Aquífero de Aluvião.

Fonte: MEDEIROS (2009); SILVA (2016); PREFEITURA MUNICIPAL DO NATAL(2015).

2.1.2- Aspectos Socioeconômicos e históricos

A história do Rio Grande do Norte começou quando em 1530 o Rei de Portugal Dom João III dividiu o Brasil em capitanias hereditárias. Após cinco anos da divisão, em 1535, foi organizada a primeira expedição portuguesa para a colonização das terras na região. Contudo, a frota comandada por Aires da cunha a serviço do donatário João de Barros e do Rei de Portugal, foi impedida pela resistência dos Índios e Piratas franceses que traficavam o Pau Brasil.

Após sessenta e dois anos desde a expedição de colonização que fracassou, foi organizada nova expedição para conquistar as terras novamente. Em 25 de Dezembro de 1597, a expedição comandada por Mascarenhas Homem e Jerônimo Albuquerque, conseguiu recuperar as terras e doze dias depois da chegada deu-se início a construção do Forte, para se defender dos ataques dos índios e corsários franceses.

O Forte foi chamado de “Reis Magos” pela sua construção ter começado no dia designado a Santos Reis e foi concluído no dia 24 de junho de 1598. Logo

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