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Os temas transversais nos livros didaticos de ensino de matematica de 5º a 8º serio do ensino fundamental

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MATEMÁTICA – HABILITAÇÃO LICENCIATURA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE MATEMÁTICA

Luciane Teresinha Nenevê

Trabalho de conclusão de curso, apresentado ao curso de Matemática, com Habilitação em Licenciatura do departamento de Matemática que integra o Centro de Ciências Físicas e Matemáticas da Universidade Federal de Santa Catarina.

Orientador: Méricles Thadeu Moretti

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Esta monografia foi julgada adequada como TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO no curso de Matemática com Habilitação em Licenciatura, e aprovada em sua forma final, pela Banca Examinadora, designada pela Portaria número 18/SCG/04.

Professora da disciplina

Carmem Suzane Comitre Gimenez

Banca Examinadora:

Méricles Thadeu Moretti Orientador

Nereu Estanislau Burin

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Dedico este trabalho aos meus pais, os quais acreditaram na minha capacidade e perseveraram comigo, mesmo nos momentos mais difíceis.

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GRADECIMENTOS Às minhas irmãs Cris, Mari, Deisi e Lisi, ao meu irmão Paulo e aos meus pais Bernardino e Luci, que mesmo estando distantes, sempre contribuíram e participaram de cada passo desta longa caminhada. Ao meu esposo e companheiro Edilson. Ao professor Méricles, pela paciência e valiosa orientação. À Sílvia, à Iara e, em especial,ao Alcino, pela atenção que sempre me deram. À Banca Examinadora, Professores Nereu e Rosemary, pela atenção destinada ao meu trabalho.

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GLOSSÁRIO

CEB: Conselho Nacional de Educação

CICLO: termo relativamente recente que divide o ensino fundamental em quatro partes, da seguinte forma: o 1º ciclo se refere às 1ª e 2ª séries, o 2º ciclo se equivale à 3ª e 4ª séries, o 3º ciclo se refere às 5ª e 6ª séries e o 4º ciclo equivale às 7ª e 8ª séries do ensino fundamental.

LDB: a sigla significa Lei de Diretrizes e Bases, que é um conjunto de Leis da Constituição Brasileira, que regem de maneira geral, a educação no Brasil.

PCN: a sigla significa Parâmetros Nacionais Curriculares e, na realidade, são os parâmetros que atualmente norteam a educação no Brasil.

ORGANIZAÇÃO EM ESPIRAL: Organização dos conteúdos da disciplina de forma que os assuntos são abordados mais de uma vez, de diversas formas e com diferentes graus de aprofundamento, dependendo da série ou ciclo.

ORGANIZAÇÃO TRADICIONAL: organização do conteúdo programático nas séries de maneira segmentada e progressiva , com uma rígida exigência de pré-requisitos.

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S U M Á R I O

ASSUNTOS Pág.

INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULOS 1 – TÓPICOS DA LEGISLAÇÃO 08

CAPÍTULO 2 – A MATEMÁTICA E OS TEMAS TRANSVERSAIS 13

CAPÍTULO 3 – EXEMPLOS PRÁTICOS 17

CONSIDERAÇÕES FINAIS 24

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INTRODUÇÃO

Nas décadas de 1980 e 1990, tomou vulto um movimento internacional de mudança no ensino da Matemática. Este movimento internacional em torno da educação matemática, teve sua expressão oficial no Brasil, com a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que não somente trouxeram as referências do movimento em questão, como também uma nova visão das demais disciplinas e da educação como um todo.

Foram os estudos e as práticas dos professores, pedagogos, psicólogos e matemáticos que propuseram e contribuíram com o novo ensino da Matemática. Além disto, as mudanças sociais e os processos tecnológicos exigiram uma atualização dos currículos. Poderíamos citar como exemplo a utilização das calculadoras, de fácil uso e acesso atualmente, que amenizaram o pesado treino mecânico de cálculo numérico, da escola tradicional.

Cumpre destacar, que uma autora de fundamental importância para o desenvolvimento de uma pedagogia crítica de educação é Maria Montessori que fez relatos preciosos a esse respeito em inúmeras situações que lhe deram inspiração para criar muitas das atividades de seu método, diga-se de passagem, de uma atualidade ímpar nestes tempos que se fala em construtivismo nas escolas.

O objetivo proposto por este novo ensino é transformar o ensino tradicional de acordo com a direção para a qual caminham as mudanças exigidas pela sociedade e contribuir com a definição de um perfil curricular que envolva conteúdos, métodos de ensino e avaliação, baseados em idéias adequadas a nossa realidade, de acordo com as demandas sociais e científicas e não apenas voltado à preparação para estudos posteriores. Dentro das principais idéias “inovadoras” colocadas em prática, podemos citar a contextualização dos conteúdos, a interdisciplinaridade no ensino e a abordagem de temas transversais.

A proposta deste trabalho é elucidar a questão dos temas transversais e apresentar alguns exemplos, destacando a convergência entre teoria e prática, pois conforme os Parâmetros, o compromisso com a construção da cidadania, pede necessariamente, uma prática educacional voltada para a compreensão da realidade social e dos direitos e responsabilidades, em relação à vida pessoal e coletiva.

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C a p í t u l o

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TÓPICOS DA LEGISLAÇÃO

O ensino fundamental compõe, juntamente com a educação infantil e o ensino médio, o que a Lei Federal número 9394 de 1996 , Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nomeia como Educação Básica, cuja finalidade é assegurar a formação indispensável para o exercício da cidadania e fornecer meios para que o educando possa progredir no trabalho e em estudos posteriores. Além disso, deve acolher e socializar os alunos, promover a valorização das culturas locais e mostrar as relações entre aprendizagem escolar e o trabalho.

Na resolução do Conselho Nacional de Educação (CEB) número 2, do dia 7 de abril de 1998, que foi homologada pelo Ministro da Educação e do Desporto em 27 de março de 1998, as questões da interdisciplinaridade, da contextualização e da abordagem dos temas transversais, são relativamente claras.

Vejamos a seguir alguns trechos, para verificar como cada um destes três itens aparecem dentro dos artigos:

1.1) A Interdisciplinaridade

A respeito da interdisciplinaridade na escola, tem-se o seguinte, no artigo oitavo:

“Art.8º Na observância da interdisplinaridade as escolas terão presente que:

I- a Interdisciplinaridade, nas suas mais variadas formas, partirá do princípio de que todo conhecimento mantém um diálogo permanente com outros conhecimentos, que pode ser de questionamento, de negação, de complementação , de iluminação de aspectos não distinguidos;

II- o ensino deve ir além da descrição e procurar constituir nos alunos a capacidade de analisar, explicar, prever e intervir, objetivos que são mais facilmente alcançáveis se as disciplinas, integradas em áreas do conhecimento, puderem contribuir, cada uma com sua especificidade, para o estudo comum de problemas concretos, ou para o desenvolvimento de projetos de investigação e/ou de ação;

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III- as disciplinas escolares são recortes das áreas de conhecimentos que representam, carregam sempre um grau de arbitrariedade e não esgotam isoladamente a realidade dos fatos físicos e sociais, devendo buscar entre si interações que permitam aos alunos a compreensão mais ampla da realidade;

1.2) A Contextualização

À respeito da contextualização dos conteúdos, tem-se no artigo nono:

“Art.9º Na observância da Contextualização as escolas terão presente que: I- na situação de ensino e aprendizagem, o conhecimento é transposto da

situação em que foi criado, inventado ou produzido, e por causa desta transposição didática deve ser relacionado com a prática ou a experiência do aluno a fim de adquirir significado;

II- a relação entre teoria e prática requer a concretização dos conteúdos curriculares em situações mais próximas e familiares do aluno, nas quais se incluem as do trabalho e do exercício da cidadania;

III- a aplicação de conhecimentos constituídos na escola às situações da vida cotidiana e da experiência espontânea permite seu entendimento, crítica e revisão.

1.3) Os Temas transversais

Dentro dos PCNs, os temas transversais também são tratados como a abordagem de questões sociais urgentes, mostrando que devem estar em consonância com as demandas atuais da sociedade e tratar questões que possam interferir na vida dos alunos.

A Lei Federal número 9394/96, em seu artigo 27, Inciso I, também destaca que os conteúdos curriculares da educação básica, deverão observar “a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática”.

Também, no item I do artigo terceiro, temos o seguinte:

“ I - As escolas deverão estabelecer como norteadores de suas ações pedagógicas:

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a) os princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum;

b) os princípios dos Direitos e Deveres da Cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática;

c) os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais.”

Também temos neste mesmo artigo (terceiro), no ítem IV, o seguinte:

“IV - Em todas as escolas deverá ser garantida a igualdade de acesso para alunos a uma base nacional comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da ação pedagógica na diversidade nacional. A base comum nacional e sua parte diversificada deverão integrar-se em torno do paradigma curricular, que vise a estabelecer a relação entre a educação fundamental e:

a) a vida cidadã através da articulação entre vários dos seus aspectos como:

1. a saúde 2. a sexualidade

3. a vida familiar e social 4. o meio ambiente 5. o trabalho 6. a ciência e a tecnologia 7. a cultura 8. as linguagens ...”

Nessa perspectiva, as problemáticas sociais em relação à ética, saúde, meio ambiente, pluralidade cultural, orientação sexual, além de trabalho e consumo, são integradas na proposta educacional dos PCNs, como Temas Transversais.

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NA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL

Os Parâmetros estão em consonância com o disposto no artigo 26 da LDB, que assim pronuncia: “Os currículos do ensino fundamental e médio, devem ter uma base nacional comum, a ser complementada em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela”.

A proposta pedagógica de uma escola inclui o currículo escolar pelo qual se cumpre esta proposta. Logo, a necessidade de a diretriz nacional não se ater a uma direção pedagógica específica, sob pena de castrar uma das maiores conquistas que a Lei concedeu à escola fundamental, no seu artigo 15:

“os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público.”

Em contrapartida, é de fundamental importância a necessidade de parâmetros que possam nortear a prática pedagógica, em nível nacional, buscando mesmo que teoricamente, um certo nivelamento da qualidade no ensino brasileiro. Para suprir esta necessidade surgem os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que instituem “conteúdos mínimos para o ensino fundamental”.

A Lei número 9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educação dispõe em seu artigo 26:

“Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional

comum a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar,por uma parte classificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela”

Além disso, dentro dos artigos 26, 27 e 28 desta Lei, traçam orientações específicas, que em relação aos conteúdos, como se pode observar a seguir:

Os conteúdos curriculares observarão ainda:

I. a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;

II. consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento de ensino;

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IV. promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não formais.

Os sistemas de ensino promoverão adaptações necessárias à adequação dos currículos à zona rural e às peculiaridades de cada região. Essa adequação abrange conteúdos, metodologias, materiais de ensino.

Portanto, a LDB deixa expressa a necessidade de se trabalhar com diferentes áreas do conhecimento, que contemplem uma formação plena dos alunos no que diz respeito ao conhecimento clássico e à realidade social e política.

As áreas do conhecimento abordadas nos PCNs são: Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências Naturais, Educação Física, Arte e Língua Estrangeira. Em todas, busca-se evidenciar a dimensão social que a aprendizagem cumpre na construção da cidadania, escolhendo os conteúdos com maior relevância social e mais significativos para o desenvolvimento das capacidades.

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C a p í t u l o 2

A MATEMÁTICA E OS TEMAS TRANSVERSAIS

Conforme consta, os critérios adotados para a eleição dos temas transversais para o trabalho escolar, durante a elaboração dos PCNs, foram os seguintes:

-urgência social;

-abrangência nacional;

-possibilidade de ensino e aprendizagem;

-favorecimento da compreensão da realidade e participação social.

Conforme os PCNs, os projetos atuais para o ensino da Matemática, devem proporcionar contextos que possam gerar a necessidade e a possibilidade de organizar os conteúdos de forma a lhes conferir significados É de fundamental importância identificar que tipos de projetos exploram problemas cuja abordagem pressupõe a intervenção da Matemática e em que medida ela oferece subsídios para a compreensão dos temas envolvidos.

Os Parâmetros destacam que a Matemática está presente na vida de todas as pessoas, em situações em que é preciso, por exemplo, quantificar, calcular, localizar um objeto no espaço, ler gráficos e mapas, fazer previsões, entre outros.

A Matemática também faz parte da vida das pessoas como criação humana, ao mostrar que ela tem sido desenvolvida para dar respostas às necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos e aqui leva-se em conta a importância de leva-se incorporar ao leva-seu ensino, os recursos das tecnologias da Comunicação.

Observa-se que elaborar questões sobre um conhecimento existente, demanda por parte de quem o execute, a aquisição deste conhecimento (num período no qual vivemos atualmente, em que os avanços científico-tecnológicos disponibilizam, com certa facilidade, a obtenção de informações) carece a escola superar a função que por um longo período desempenhou, qual seja a de transmitir o conhecimento.

Para cumprir seus propósitos, os Parâmetros destacam, dentro da disciplina de Matemática:

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14 - incorporar o estudo de recursos estatísticos;

- privilegiar o desenvolvimento do sentido numérico e dos significados das operações;

- anexar a álgebra aos demais conteúdos;

- enfatizar a articulação entre geometria plana e espacial; - destacar a importância dos pensamentos indutivo e dedutivo;

- evitar repetições de conteúdo, principalmente do segundo para o terceiro ciclo, mas sim, apresentar uma graduação, aprofundando o conhecimento já existente;

- fazer uso de calculadoras.

Portanto, os PCNs propõem alternativas para que se desenvolva um ensino de Matemática, que permita ao aluno, compreender a realidade em que está inserido, desenvolver suas capacidades cognitivas e sua confiança para enfrentar desafios, de modo a ampliar seus recursos para o exercício da cidadania, ao longo do seu processo de aprendizagem.

Dentre os principais temas transversais sugeridos nos textos baseados nos Parâmetros Nacionais Curriculares (PCN), podemos citar os seguintes:

1. Meio Ambiente

A problematização e o entendimento das conseqüências de alterações no ambiente, a busca de soluções para as diversas situações e também a relação sociedade/natureza, tanto na dimensão coletiva, quanto na individual. Por exemplo: o solo, a água, as mudanças climáticas, biodiversidade, a agricultura e agrotóxicos, desenvolvimento sustentável, entre outros.

2. Saúde

A aprendizagem transformadora de atitudes e hábitos de vida, ação e transformação de atuais padrões existentes de saúde, o desenvolvimento de atitudes para uma vida saudável, que engloba, conforme conceito assumido em 1948 pela Organização Mundial de Saúde, “o completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença.” Por exemplo: saúde bucal, alimentação e nutrição, etapas do desenvolvimento humano, acidentes na infância e adolescência, sexualidade, noções sobre drogas psicotrópicas, entre outros.

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3. Pluralidade Cultural

O reconhecimento da diversidade, como parte inseparável da identidade nacional. Conhecer a riqueza representada por esta diversidade que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, investindo na superação de qualquer forma de discriminação. Por exemplo: o papel da educação e da cultura na construção da cidadania, entre outros.

4. Trabalho e Consumo

Através da análise do trabalho e do consumo na atualidade, explicitar as relações sociais nas quais se produzem as necessidades, os desejos e os produtos e serviços que irão satisfazê-los. Além disso, as formas de realização e organização do trabalho e do consumo e compreensão das relações de dependências, dilemas e direitos envolvidos. Por exemplo: trabalho infantil, discriminação no trabalho, empreendorismo, educação tributária, o consumo e os resíduos sólidos, entre outros.

5. Ética

A questão central da Moral e Ética, é aprender como agir em relação às outras pessoas, quais os princípios corretos de conduta, tais como respeito mútuo, justiça, solidariedade e diálogo. Por exemplo: a ética no trabalho, o limite entre ética e cumplicidade, o respeito pela vida, entre outros.

6. Orientação Sexual

Desenvolver a ação crítica, reflexiva e educativa, em todas as questões envolvendo sexualidade, expressas pelos alunos, na escola. Deve-se enfocar tanto o corpo biológico, como a dimensão da sexualidade, levando os educandos a terem respeito por si mesmos, ao outro e à coletividade. Por exemplo: gravidez indesejada, abuso sexual, homossexualidade, iniciação sexual, aborto, prostituição e pornografia, dentro de uma perspectiva democrática e pluralista.

Todos os temas buscam a construção da cidadania consciente. Na prática, não é tão trabalhoso incorporar os temas transversais às aulas, pois, com um pouco de criatividade, o professor consegue adaptar o conteúdo programático da disciplina aos temas que julgar mais adequados.

Vejamos alguns exemplos de abordagem de temas transversais em sala de aula:

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16 Para uma turma de 6ª série do ensino fundamental, por exemplo, dentro do conteúdo relativo ao estudo dos números inteiros e em um problema envolvendo lucros e prejuízos, podemos trabalhar simultaneamente a questão da Ética, como o direito ao lucro e /ou o excesso de lucro.

Para uma turma de 7ª série do ensino fundamental, no conteúdo relativo à análise ou construção de gráficos, temos um rol muito grande e variado de opções. Com certeza, a aula ficará muito mais interessante, se ao invés de escolher informações baseadas em dados fictícios, o professor optar por informações atuais, pensando nos temas que precisa abordar, de acordo com as necessidades e interesse dos seus alunos, ou seja: pretende-se trabalhar com algum tema relativo à violência,o educador pode utilizar um gráfico sobre criminalidade nos grandes centros urbanos e através de discussões, trazer isto para a realidade do aluno, na escola, na comunidade e até na sua própria casa.

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C a p í t u l o 3

EXEMPLOS PRÁTICOS

A educação para a cidadania requer que questões sociais sejam apresentadas para a aprendizagem e reflexão dos alunos, buscando um tratamento didático que contemple sua complexidade e sua dinâmica, uma vez que os temas podem e devem ser priorizados e contextualizados, de acordo com as diferenças das realidades locais. Com o objetivo de ilustrar este trabalho, foi selecionada uma coleção de livros didáticos de matemática do ensino fundamental e, escolhidos alguns exercícios, com o intuito de fazer uma análise da maneira como o autor abordou os temas transversais e também dar algumas sugestões, da forma como o educador poderia abordar os temas e aprofundar o estudo.

Os livros dos quais os exercícios serão retirados pertencem à 1ª edição de 2002, da coleção “Tudo é Matemática”, da editora Ática, cujo autor é o Dr. Luiz Roberto Dante (Doutor em Psicologia da Educação pela PUC – SP e Mestre em Matemática pela USP).

1º exercício: No volume da 5ª série (3º ciclo), selecionamos o capítulo 9, que inicia na página 200. O primeiro exercício a ser analisado é o de número 01, que está na página 201 do 1º volume (5º série) relacionado ao conteúdo “números decimais”.

Enunciado do livro: Para medir a temperatura usamos como instrumento o termômetro e como unidade o grau Celsius (ºC). Nos termômetros, cada grau é subdividido em 10 partes iguais, ou seja, cada parte corresponde a um décimo do grau. O termômetro da figura está marcando 38,4 ºC (trinta e oito graus Celsius e quatro décimos).

Com base no que você acabou de ler, responda em seu caderno: a) O termômetro da figura indica que a pessoa está com febre ? Justifique. b) Quanto deve baixar a temperatura para chegar a 37 ºC ?

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18 Tema Transversal : Saúde

O exercício aborda o tema relativo à saúde, através de uma pequena informação, dentro da seção: “Você sabia que ...”, fornecendo uma informação a respeito da temperatura normal do corpo humano, e a seguir, faz uma pergunta relacionando a febre com os dados do exercício.

A sugestão, neste caso, seria aprofundar as informações do exercício, a partir dos conhecimentos dos alunos. Por exemplo, poderíamos começar falando sobre a temperatura média do corpo de um ser humano, a pequena diferença de temperatura dos sexos masculino e feminino, concluindo que a febre é uma reação do corpo e também um sinal de que algo está “errado”, falando sobre os anticorpos. Logo a seguir, poderia ser proposta uma discussão sobre doenças de maneira geral e fazendo (ou não) referência `a alguma determinada doença comum da época ou região. Depois, poderíamos propor que os alunos, dispostos em pequenos grupos, elaborassem uma lista de cuidados especiais e/ou formas de prevenção das doenças em questão. Para finalizar, os grupos fariam a socialização.

Podemos abordar os temas transversais de outras formas também. Eles podem aparecer nas questões de maneira mais sutil. Vejamos a seguir, um exemplo deste tipo de abordagem, utilizando o mesmo exercício.

Uma sugestão seria acrescentar alguns itens (c, d, e, ...), por exemplo:

c) Sabemos que a febre pode ser um sinal do corpo de que algo está errado. Será

que se não houver febre, significa que a pessoa está com a saúde perfeita ?

d) Por qual motivo as mães geralmente colocam a mão sobre a testa dos filhos para

saber se eles estão com febre ? Elas conseguem saber qual a temperatura do corpo da criança com a mão ou para isto utilizam algum instrumento ?

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2º exercício: Vamos analisar, agora, um exercício que fala sobre o consumo de energia elétrica, relacionando com interpretação de gráficos e cálculo de médias. É o exercício número 98 da página 107 do 2º volume (6ª série).

Enunciado do livro: Os pais de Camila registraram o consumo de energia elétrica da família durante o segundo semestre de 2001. Eles queriam economizar e também cooperar com o racionamento de energia implantado pelo governo federal. Veja o gráfico de segmentos que montaram.

Responda em seu caderno.

a) Em que mês o consumo atingiu o valor mínimo ? b) De agosto a setembro o consumo subiu ou caiu ? c) Em que mês o consumo foi de 166 KWh ?

d) A média de consumo nesses 6 meses foi maior, menor ou igual a 200 KWh ?

Tema Transversal : Ciência e Tecnologia

Como se pode observar, com exceção do último item, que envolve cálculo, os demais tratam basicamente da interpretação do gráfico. Este exercício poderia tratar o tema ciência e tecnologia, abordando o tipo de tecnologia que fornece a maioria da energia elétrica que utilizamos atualmente, de que forma a força das águas de um rio se torna eletricidade, como isto era antigamente (máquinas a vapor), qual a importância de fontes alternativas de energia, racionamento, black out, horário de verão e quais as fontes alternativas de energia (solar, eólica, nuclear, etc) que a ciência nos oferece e suas limitações . Uma sugestão seria dividir a turma em grupos e dividir os temas acima, que teriam alguns dias para pesquisar e deveriam socializar isto com a turma, em forma de seminário, por exemplo.

Deste exercício em diante, vamos nos limitar às sugestões de assuntos que podem ser abordados, de acordo com o tema transversal escolhido, sem mencionar como estes assuntos podem ser trabalhados em sala de aula, até porque, isto deve ficar a critério do professor, pois depende de muitos fatores que devem ser analisados, tais como: o tempo disponível, o nível de maturidade da turma, o grau de aprofundamento que se pretende atingir, entre outros.

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20 3º exercício: Na página 103 do 3º volume (7ª série) encontramos um exercício em forma de desafio, relacionado ao conteúdo potenciação,percentuais com regra de três simples, cujo enunciado é o seguinte:

Enunciado: Estima-se que a quantidade de água doce de superfície é de 1,34x1018 litros. Em relação ao total de água sobre a Terra, quanto corresponde em porcentagem esse tipo de água ?

Tema Transversal: Meio Ambiente

Neste exercício poderíamos falar sobre as fontes de água doce do planeta, os seres vivos que dependem da água também como habitat natural, a dificuldade do processo de dessalinização da água, de que forma a poluição pode ocasionar a “morte” de um rio, como é a vida das pessoas quando há racionamento extremo de água, a falta de água como a grande preocupação da humanidade do século XXI, como cuidamos dos rios das nossas cidades, a utilização da água potável que chega em nossas residências e como podemos contribuir para que as próximas gerações possam ter acesso a este recurso de vital importância .

4º exercício: Vamos utilizar o exercício de número 07, da página 139 do 4º volume (8ª série), referente ao conteúdo de probabilidade e estatística.

Enunciado: Foi feita uma pesquisa com 500 trabalhadores de uma indústria de calçados. Desses, 280 eram mulheres e 60 exerciam a profissão de gerente de vendas. Dentre esses gerentes, 20 eram do sexo feminino. Tomando-se ao acaso um desses trabalhadores pesquisados, qual é a probabilidade de o gerente de vendas ser mulher ?

Tema Transversal: Trabalho

Poderíamos falar com funcionam as linhas de produção numa indústria de calçados, como acontece a terceirização nas indústrias, o mercado de trabalho e o desemprego, a lei da oferta e procura, a influência dos lucros nas indústrias nas vidas dos trabalhadores, a questão dos cargos em relação ao sexo(como era no passado e

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como é atualmente), as médias de salários de uma região para a outra, a importância dos sindicatos e até sobre distribuição de renda.

5º exercício: rata-se exercício 66 da página 224 do 4º volume (8ª série), relativo ao capítulo sobre perímetros , áreas e volumes.

Enunciado: Com as informações dadas no “ Você sabia que ... ? “ descubra a área da base da pirâmide de Quéops. (Use a calculadora.)

... das pirâmides do Egito, as três mais famosas são as que serviram de úmulos aos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos ?

... a do centro, de Quéops, foi concluída no reinado de Rededef em cerca de 2580 antes de Cristo ? Sua altura original era de 146,7 m (atualmente, após a perda de suas pedras do topo e do piramidion, reduziu para 137,5 m), com 230 m em cada lado da base, cobrindo pouco mais de 5 ha. Estima-se ter sido necessária uma força-trabalho permanente de 4000 pessoas em 30 anos para manobrar 2,3 milhões de blocos de pedra calcária de até 15 t (média 2,5 t), totalizando cerca de 5.480.000 t e volume de 2.595.000 metros cúbicos. (O livro dos recordes: Guinness, Editora Três, São Paulo, 1999.)

Tema Transversal: Cultura

Seria interessante começar falando por qual motivo os egípcios construíam pirâmides, relacionar a mumificação e a religião no antigo Egito,os escritos, as figuras encontradas no interior das pirâmides, o estilo dos desenhos e gravuras da época (com figuras humanas representadas uma parte com vista frontal e outra parte com vista lateral), a importância do Rio Nilo, a questão do desenvolvimento da Geometria devido as regulares cheias, o sistema de governo,as vestimentas,a arquitetura, a mitologia e a cultura deles de forma geral. Para finalizar uma sugestão seria de comparar o Egito e outra grande civilização, tal como a Grécia ou Roma, ou até com os Maias por exemplo.

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22 6º exercício: Selecionamos um exercício do 1º volume (5º série), de número 62 da página 57, referente aos números naturais e sistemas de numeração.

Enunciado: Carlos e Flávia estavam fazendo uma pesquisa para a aula de história e acharam a seguinte informação: “Segundo o censo realizado no ano de 2000, a população urbana do Brasil era de 137.697.439 habitantes, e a população rural era de 31.847.004 habitantes”. Carlos arredondou esses números para a centena de milhar mais próxima e Flávia, para a dezena de milhão mais próxima.

a) Escreva em seu caderno como cada um registrou esses números. b) Explique o significado de população urbana e de população rural.

Tema Transversal: Vida Familiar e Social

Poderia ser feita uma análise comparativa entre a vida de uma criança de uma família típica da zona rural e outra da zona urbana, comparando todas as atividades de um dia, como o estudo, ajuda com os afazeres domésticos, lazer, entre outros. Também poderíamos comparar as estruturas de hierarquia na família enfatizando a evolução ocorrida com o passar dos anos, tanto na família rural como na urbana ; falar sobre o relacionamento entre a comunidade (os vizinhos da zona rural e da zona urbana, que às vezes mal se conhecem) e sobre os problemas comuns à ambas as famílias.

7º exercício: A seguir veremos o exercício 30 da página 84 do 2º volume da coleção (6ª série), referente à frações e números decimais,cujo enunciado é o seguinte:

Enunciado: Leia esta reportagem da Folha de S.Paulo de 23/9/2001. Masculino vê seleção mais alta, da reportagem local

A seleção masculina que ganhou o Mundial Juvenil da Polônia, neste ano (2001), tem a maior média de altura de todas as gerações vencedoras do vôlei brasileiro – 1,97 m. O time adulto que foi ouro nos jogos de Barcelona – 92 tinha dois centímetros a menos.

“A Rússia tem média de 2,02 m. É um time absurdamente alto. Se não tivéssemos um bom biotipo, não iríamos vencer”, disse Marcos Lerbach, que tinha sob seu comando Leandro, com 2,12 m.

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Evolução das alturas:

Seleção Masculina 1,91 m 1,95 m 1,97 m

Ano 1984 1992 2001

Seleção Feminina 1,83 m 1,85 m 1,82 m

Ano 1987 2000 2001

Responda em seu caderno.

a) De 1984 a 2001 a média das alturas dos jogadores da seleção masculina de vôlei aumentou quantos centímetros ?

b) Coloque em ordem crescente as médias das alturas da seleção feminina de vôlei em 1987, 2000 e 2001.

c) Em que ano a média das alturas das jogadoras da seleção feminina foi mais alta ? d) Relacione, usando os sinais de >, < ou =, a maior média de altura da seleção

brasileira masculina com a média da seleção russa.

Tema Transversal: Sexualidade

Poderíamos começar fazendo uma comparação entre as alturas entre os times masculino e feminino, da tendência dos homens serem um pouco mais altos do que as mulheres, comparar com alguns animais em que isto também acontece, outros animais em que geralmente a fêmea é maior do que o macho e voltar para a questão do ser humano, tratando da questão hormonal. Depois poderíamos relacionar os hormônios com a adolescência e o desenvolvimento das características secundárias produzidas pelos hormônios, comparando as diferenças entre os sexos masculino e feminino, como a voz, a musculatura que origina as formas do corpo e outros.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas várias áreas do currículo escolar existem ensinamentos a respeito dos temas transversais mesmo antes dos PCNs, pois todas as disciplinas educam em relação à questões sociais, por meio de suas concepções e dos valores que veiculam nos conteúdos, no que elegem como critério de avaliação, na metodologia de trabalho que adotam e nas situações didáticas que propõem aos alunos.

Por outro lado, a complexidade das questões faz com que nenhuma das áreas, isoladamente, seja suficiente para explicá-los; ao contrário, a problemática dos temas transversais atravessa os diferentes campos do conhecimento, trazendo à baila a questão da interdisciplinaridade.

Entretanto, é necessário ressaltar que existe abertura e flexibilidade destes temas, inclusive esta liberdade é assegurada dentro dos próprios parâmetros, que sugerem que o educador, não só pode como deve, incluir novos temas e/ou dar prioridade aos temas que estejam de acordo com as necessidades dos seus alunos. A integração, a extensão e a profundidade da abordagem do tema, podem se dar em diferentes níveis, segundo o domínio do tema e/ou a prioridade que se eleja nas diferentes realidades locais e caberá ao professor, mobilizar tais conteúdos, em torno das temáticas escolhidas.

A sociedade vive em contínua evolução, algumas mais lentas e outras muito rápidas e isto influenciam diretamente nossos alunos, tendo em vista que eles estão inseridos nesta realidade. Atualmente, a maioria dos jovens e adolescentes tem um contato com as novas tecnologias desde muito cedo. Neste novo mundo globalizado que, muitas vezes, exclui quem não consegue se adaptar e atualizar.

Atualmente, existe uma grande preocupação de formar estudantes mais autônomos, criativos e competentes e que muitos educadores vêm conseguindo isto, enquanto outros não. Alguns encontram muita dificuldade nesta tarefa, pois o trabalho com questões sociais, exige que os educadores estejam preparados para lidar com as ocorrências inesperadas do cotidiano. Além disto, outros itens são importantes, tais como um bom livro didático, educadores comprometidos com a educação, alunos motivados e além disto, um sistema de educação , que realmente valorize o papel do professor .

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Referências

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