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Relatório de Estágio Profissional - "A caminho da concretização de um sonho"

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Faculdade de Desporto

Universidade do Porto

A caminho da concretização

de um sonho

Relatório de Estágio Profissional

Orientadora: Professora Doutora Paula Maria Fazendeiro Batista

Luís Pedro Carvalho Limas Porto, Setembro de 2015

Relatório

de

Estágio

Profissional

apresentado com vista à obtenção do

2º ciclo de Estudos conducente ao

grau de Mestre em Ensino de

Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de

24 de Março e o Decreto-lei nº43/2007

de 22 de Fevereiro).

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Ficha de Catalogação

Limas, L. (2015). A caminho de um sonho – Relatório de Estágio Profissional. Porto: L. Limas. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA,

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, pelo apoio incondicional que sempre me deram em todos os momentos da minha vida. Sem vocês nada seria possível.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus Pais, as duas pessoas mais importantes da minha vida, razão da minha existência, pela forma como me criaram, pela educação que me transmitiram, repleta de valores, que fizeram de mim o homem que sou hoje.

À minha Irmã, por todo o apoio, pela amizade e pela incansável disponibilidade.

Ao meu Irmão, que apesar de já não estar presente “entre nós”, estará certamente orgulhoso de mim esteja onde estiver, pois sempre me incentivou a seguir todos os meus sonhos.

À Tânia, por me ajudar a nunca desistir deste sonho. Por estar sempre presente em todos os momentos desta caminhada e por ser a pessoa que me completa.

À minha orientadora, Professora Doutora Paula Batista, por todo o acompanhamento e disponibilidade que teve desde o início deste processo. Serviu sempre de suporte para todo o trabalho desenvolvido.

À minha cooperante, Mestre Teresa Leandro, pela dedicação, amizade, profissionalismo e disponibilidade total. Pela partilha de conhecimentos e conselhos que contribuíram para o meu enriquecimento pessoal e profissional.

Aos meus alunos, pela colaboração, carinho, cooperação e respeito. Conquistaram um lugar muito especial no meu coração e jamais serão esquecidos.

Aos meus companheiros de estágio, Pedro e Ricardo, por toda a amizade e entreajuda que demonstraram ao longo de todo o ano letivo. Convosco aprendi e cresci como pessoa e profissional.

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vi

Ao Renato, pelo companheirismo e amizade demonstrada ao longo desta etapa.

A todos os meus verdadeiros amigos, que estiveram presentes nos momentos chave.

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ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA ... iii

AGRADECIMENTOS ... v

ÍNDICE GERAL ... vii

ÍNDICE DE QUADROS ... ix

ÍNDICE DE FIGURAS ... xiii

ÍNDICE DE ANEXOS ... xv RESUMO... xvii ABSTRACT ... xix 1. Introdução ... 2 2. ENQUADRAMENTO BIOGRÁFICO ... 5 2.1 Reflexão Autobiográfica ... 7 2.2. Expetativas Iniciais ... 9

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ... 13

3.1 A Escola ... 15

3.2 O Grupo de Educação Física ... 17

3.3 O Núcleo de Estágio ... 18

3.4 A Minha Turma ... 19

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ... 23

4.1 Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem ... 25

4.1.1 A Conceção ... 26 4.1.2 O Planeamento ... 28 4.1.2.1 Plano Anual ... 29 4.1.2.2 Unidade Didática ... 30 4.1.2.3 Plano de Aula ... 34 4.1.3 A Realização ... 35 4.1.3.1 1ºPeriodo ... 35 4.1.3.2 2º Período ... 37 4.1.3.3 3º Período ... 39 4.1.4 A Avaliação do Ensino ... 42 4.3 A Turma Partilhada ... 52

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viii

4.4 A Experiência Inesperada - 1º Ciclo ... 54

4.5 O Treino Funcional nas aulas de Educação Física... 57

4.5.2 Introdução ... 58

4.5.3 Metodologia ... 60

4.5.3.1 Participantes ... 60

4.5.3.2 Instrumentos ... 60

4.5.3.3 Procedimentos de Análise ... 64

4.5.4 Apresentação dos resultados ... 64

4.5.4.1 Motivação dos Alunos para o Treino Funcional ... 64

4.5.4.2 Padrão de Execução Motora ... 70

4.5.4.3 Dados Antropométricos ... 73

4.5.5 Discussão ... 75

4.5.6 Conclusão ... 76

4.5.7 Propostas para futuros estudos ... 77

5. Participação na Escola e Relação com a Comunidade ... 79

5. Participação na Escola e Relação com a Comunidade ... 81

5.1 Atividades realizadas ... 82

5.1.1 Happy Day ... 83

5.1.2 MEXE-TE ... 85

5.1.3 Visita de Estudo – Convento de Mafra ... 86

5.1.4 Sarau ... 87 5.2 Desporto escolar ... 88 6. CONCLUSÃO ... 91 6. Conclusão ... 93 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAs ... 95 8. ANEXOS ... 101

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Distribuição de modalidades por Períodos e número de aulas

previstas e lecionadas ... 29

Quadro 2 - Circuito de treino funcional ... 60

Quadro 3 – Padrão de execução motora na 1ª aula e na última dos exercícios do circuito de Treino Funcional ... 70

Quadro 4 - Dados Antropométricos - Altura... 73

Quadro 5 - Dados Antropométricos - Peso ... 73

Quadro 6 - Dados Antropométricos - IMC ... 74

Quadro 7 - Dados Antropométricos por sexo – 1º Registo ... 74

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ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição por idades………..65

Gráfico 2 – Atividades com maior preferência………65

Gráfico 3 - Atividades com menor preferência………...…………65

Gráfico 4 – Motivação para a prática do treino funcional……….65

Gráfico 5 – Exercícios com menor preferência………..66

Gráfico 6 - Exercícios com maior preferência………66

Gráfico 7 – Importância dada à melhoria da condição física………...66

Gráfico 8 – Motivação para a aula………...67

Gráfico 9 – Influência do Treino Funcional na motivação para a aula………...67

Gráfico 10 – Cumprimento do prescrito………..68

Gráfico 11 – Avaliação de desempenho……….68

Gráfico 12 – Importância do Treino Funcional na vida extraescolar……..…..69

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Cartaz alusivo ao evento "Happy Day" ... 83 Figura 2 - Visita de estudo ao Convento de Mafra ... 86 Figura 3 – Sarau final do ano letivo ... 87

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ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1 - Ficha Biográfica... iii

Anexo 2 - Questionário sobre o Treino Funcional ... v

Anexo 3 - Cartão de registo individual ... vi

Anexo 4 - Ficha de registo de Feedback ... vii

Anexo 5 - Exemplo de plano de aula ... viii

Anexo 6 - Exemplo de ficha de avaliação diagnóstica da modalidade de Andebol ... xii

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RESUMO

Este documento foi elaborado no âmbito do segundo ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. O Estágio Profissional decorreu numa escola do grande Porto, num Núcleo de Estágio constituído por três estudantes-estagiários, a professora cooperante da escola e a professora orientadora da faculdade. A elaboração deste documento visa apresentar uma análise reflexiva das experiências vividas em contexto de Estágio Profissional. Face a este propósito, todas as experiências e aprendizagens documentadas neste ano letivo estão espelhadas nestas páginas. O primeiro capítulo engloba a introdução do Relatório de Estágio. O segundo capítulo é dedicado ao enquadramento biográfico, que espelha o trajeto pessoal a nível desportivo, profissional e as expetativas referentes ao Estágio Profissional. O terceiro capítulo, reporta-se ao enquadramento da prática profissional, caracterizando a escola, o meio envolvente, o Núcleo de Estágio e a turma que lecionei durante todo o ano letivo. O quarto capítulo, contém a análise do trabalho desenvolvido, tendo como base as reflexões realizadas ao longo deste processo evolutivo. A ênfase é dada aos momentos mais significativos vivenciados. Neste capítulo é também apresentado o trabalho de investigação “O treino funcional nas aulas de Educação Física”. O quinto capítulo, “Participação na Escola e Relação com a Comunidade”, espelha as vivências para além do tempo de aula, colocando em relevo a participação nas atividades e as relações estabelecidas com a comunidade escolar. O sexto e último capítulo, é reservado à conclusão desta longa caminhada, tendo por base as expectativas iniciais e os momentos vividos ao longo do Estágio Profissional.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA,

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ABSTRACT

The present report was carried out within the second cycle studies leading towards the Master’s Degree in Physical Education Teaching for Elementary and High School, of Faculty of Sport, University of Porto. The practicum took place in a school located in Porto zone, within a group composed by three interns, a cooperative teacher from the school and a supervisor from the Faculty. The purpose of this document is to present a reflective analysis on the events which occurred during the aforementioned practicum. Regarding this purpose, all the experiences and learning’s acquired during this school year are displayed throughout this report. The first chapter concerns the introduction of the practicum report. As for the second chapter, it explores the biographical context which influences the individual experience with sports, the career goals and expectations towards the practicum itself. The third chapter covers the professional background, describing the most important features of the school, the surroundings, the practicum group and the class I taught. The fourth chapter contains the analysis of the developed work, based on the reflections made along the whole process, highlighting the most remarkable milestones. In this chapter, it is also presented the study on “Functional Training on the Physical Education class”. The fifth chapter, “Participation in School and Relationship with the Community” acknowledges the after class experiences, emphasizing the participation on the activities and the relationship established with the school community. The sixth and final chapter contains the conclusion of this journey based on the initial expectations and the different experiences that occurred throughout it.

KEY-WORDS: PRACTICUM, PHYSICAL EDUCATION,

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3 1. INTRODUÇÃO

O presente relatório de estágio foi elaborado no âmbito do Estágio Profissional, parte integrante do 2º ciclo de estudos em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP). A conceção e elaboração deste documento é uma tarefa extremamente exigente e difícil de realizar.

Segundo Formosinho (2001), o Estágio Profissional é a componente curricular da formação profissional de professores que objetiva introduzir os estudantes no mundo do ensino e desenvolver competências práticas inerentes a um desempenho docente responsável e adequado à situação. Como tal, o Estágio Profissional assume-se como um percurso recheado de características próprias, correspondendo, à última fase da formação académica que prepara o estudante estagiário para a realidade futura. Proporciona momentos para a aplicação de uma série de comportamentos e conhecimentos sobre o ensino, desenvolvendo, assim, competências e um espírito crítico no que concerne à atividade profissional. Pois, tal como está plasmado nas normas Orientadoras do Estágio Profissional da FADEUP “O Estágio Profissional visa a integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionada em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão.”1

(p.2).

O Estágio torna-se uma etapa ainda mais marcante, pois é o primeiro contacto real com a atividade profissional no papel de professor e, simultaneamente, de aluno. É também um momento em que o estudante estagiário procura transpor para a prática as competências adquiridas ao longo da sua formação inicial.

De forma a retratar a minha vivência em contexto de Estágio Profissional, e tendo em consideração as suas caraterísticas, o documento,

¹ Normas Orientadoras do Estágio Profissional do ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário. Em vigor no ano letivo 2014/2015. Porto: FADEUP. Matos, Z .

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além da introdução (primeiro capítulo) está organizado em mais quatro grandes capítulos.

O segundo capítulo reporta-se ao enquadramento biográfico, onde é retratado o percurso pessoal, desportivo, profissional, bem como uma breve referência às expectativas iniciais referentes ao Estágio Profissional. No terceiro capítulo caracterizo a Escola, o Grupo de Educação Física, o Núcleo de Estágio e a turma que acompanhei ao longo do ano letivo. O quarto capítulo é reservado à “Realização da Prática Profissional”. Este capítulo está subdividido em quatro subcapítulos: 1- “Organização e gestão do ensino e da aprendizagem”, 2- “Turma partilhada”; 3- “ A Experiência inesperada – 1º Ciclo” e 4 - ”O Treino Funcional nas aulas de Educação Física”. O quinto capítulo “Participação na Escola e relação com a Comunidade”, incorpora as atividades em que participei e que realizei ao longo do ano letivo. Por último, é apresentada uma reflexão final - conclusão do relatório de estágio, elaborada com base em todo o trabalho desenvolvido e todas as experiências vivenciadas ao longo do ano letivo.

A realização deste relatório de estágio tornou-se num verdadeiro desafio, visto que uma das minhas maiores dificuldades ao longo do ano centrou-se na realização das reflexões individuais escritas, nas quais procurava retratar as diferentes experiências vividas, designadamente os problemas detetados e estratégias utilizadas para os superar.

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7 2.1 Reflexão Autobiográfica

Realizando uma introspeção destaco, desde logo, que nunca fui pessoa de desistir dos meus sonhos. Ao longo do meu percurso fui definindo e alcançando novas metas. Durante a minha vida tive, à semelhança de outras pessoas, alguns obstáculos que me fortaleceram e me tornaram numa melhor pessoa. Contudo, nunca desisti daquilo que queria e daquilo que me faz feliz. O “Ser Professor de Educação Física” foi um sonho que foi crescendo comigo e que gradualmente passou de uma profissão, pela qual tinha uma grande admiração, para a “minha” profissão. De facto, o gosto pela Educação Física foi-se entranhando em mim de tal forma que atualmente não me vejo a fazer outra coisa. Desejo e ambiciono educar e ensinar para o resto da minha vida.

Ainda em criança o entusiasmo pelo desporto já era bem grande. Sempre fui uma criança ativa. O gosto pelo desporto esteve sempre presente e acompanha-me até aos dias de hoje. Confesso que nunca pensei poder ser Professor de Educação Física, pois a ida para a Faculdade nunca esteve nas minhas perspetivas.

Em termos desportivos, a minha grande paixão sempre foi o Futebol, contudo foi uma modalidade que nunca pratiquei a nível federado. Como sou asmático, os médicos sempre aconselharam os meus pais a procurarem um desporto de pavilhão onde o contacto com o pó não fosse tão intenso. Para desgosto meu, nunca tive a felicidade de praticar a modalidade que mais admiro e na qual me projeto para o resto da minha vida.

Quando tinha oito anos de idade tive a minha primeira experiência desportiva no voleibol, durante uma época. Sendo natural de Espinho, a capital do voleibol, e tendo um irmão que na altura era praticante da modalidade, era quase obrigatório que a minha primeira experiência fosse no voleibol. Porém, pouco tempo depois outra modalidade entrou na minha vida, o Andebol. Rapidamente me apaixonei por esta modalidade que iniciei como jogador quando tinha 10 anos, deixando-a 7 anos mais tarde.

Quando terminei o ensino secundário não tinha como objetivo continuar os estudos. Queria um emprego imediato que me proporcionasse autonomia financeira. Nesse período da minha vida trabalhava numa empresa de telecomunicações. Contudo, depressa percebi que necessitava de algo mais,

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algo que me satisfizesse todos os dias. Pesquisei um pouco sobre alternativas e surgiu o desporto, área pela qual sempre fui apaixonado. Não tendo média para ingressar na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, a minha formação inicial iniciou-se no Instituto Piaget. Durante 3 anos fui trabalhador-estudante com o intuito de me valorizar a nível pessoal e profissional. Com o início de formação no Instituto Piaget tive a oportunidade de entrar no mundo do futebol. Assim comecei como treinador adjunto nos iniciados do Boavista FC, atividade essa que nunca mais deixei. Atualmente, sou treinador principal de dois escalões de formação num clube do meu concelho, ADF Anta/Escola de Futebol “Os Baixinhos”.

Para além do Futebol, já tive oportunidade de trabalhar num ginásio como instrutor de sala de musculação, bem como monitor e coordenador em campos de férias realizados no Verão.

A relação e o gosto de trabalhar com os mais novos, foi algo que sempre me acompanhou, em virtude da minha Mãe ter sido durante vários anos Auxiliar de Educação num infantário e a minha Irmã ser Educadora de Infância. O gosto de trabalhar com crianças e poder contribuir na formação de terceiros teve um “peso” significativo na minha escolha académica, aliando a isso a paixão incontornável que tenho pelo Desporto.

Após a licenciatura, e face à oportunidade que surgiu em lecionar nas AEC’s em Espinho, parei os estudos por um ano. A passagem pelas AEC’s foi determinante no meu ingresso neste mestrado, pois percebi que para mim lecionar é muito mais do que um trabalho, é uma paixão. Esta passagem pelas AEC’s tornou-se numa experiência recheada de aprendizagem, pois tive oportunidade de aplicar na prática alguns dos ensinamentos adquiridos na licenciatura. Contudo, nem tudo foi um “mar de rosas”, esta foi uma fase muito dolorosa da minha vida, pois coincidiu com a perda do meu irmão. Este grande tropeção na minha vida fez-me pensar se valeria a pena continuar a estudar. Porém, o facto de me ter apaixonado pela lecionação aos mais novos fez com que me candidatasse ao Mestrado de Ensino na FADEUP, uma instituição de referência onde se situam os melhores professores da área.

Este percurso pessoal, académico e profissional fez com que me tornasse numa pessoa com objetivos bem delineados, responsável e esforçada.

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O Estágio Profissional realizado ao longo deste ano tornou-me inclusivamente numa pessoa com um sentindo crítico superior. Pois, tal com refere Nóvoa (1992), as situações que os professores são obrigados a enfrentar (e a resolver) apresentam características únicas, exigindo portanto respostas únicas: o profissional competente possui capacidades de autodesenvolvimento reflexivo.

Acredito porém que a minha formação não termina aqui, pois como refere Carrega (2012), a formação inicial não deve ser vista apenas como o início da profissão, mas sim como uma das etapas de todo um processo complexo, em constante alteração.

2.2. Expectativas Iniciais

O estágio representa o culminar da minha formação académica, de um longo trajeto de dedicação e sobretudo de aprendizagem. Foi encarado como uma oportunidade única e proveitosa para o meu desenvolvimento, na medida em que expectava aplicar na prática o conhecimento adquirido ao longo dos anos de formação académica e pessoal, atribuindo significado às aprendizagens até então assimiladas. Tal como referem Flores e Day (2006), o percurso que caracteriza o desenvolvimento pessoal e profissional dos estudantes estagiários é influenciado por fatores mediadores, que os formam e os identificam com a pessoa que hoje são. Entre esses fatores destacam-se as vivências do passado, nomeadamente o percurso biográfico de cada um, materializado no ambiente familiar, nas experiências sociais e nas vivências formativas e desportivas.

Considerava que seria uma experiência que condicionaria a prática profissional futura, onde criaria expetativas em relação ao meu desempenho como profissional da educação. Neste espaço, perspetivava procurar as soluções mais adequadas para conjunturas difíceis e imprevistas, e corresponder à constante exigência de encontrar respostas adequadas e imediatas, tudo isto perante a confrontação com a verdadeira realidade do ensino. Como refere Pata (2012), é no exercício profissional, no espaço escolar, que as conceções são revistas e adquirem significado nas relações

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com os demais atores e no confronto com as delimitações do contexto institucional

No começo do Estágio Profissional, pela importância que lhe estava inerente, por ser um enorme desafio pessoal, por ser crucial para a minha formação curricular e para o meu desenvolvimento enquanto ser humano, fui “assaltado” por duas sensações bem distintas: a primeira, caracterizava-se pelo nervosismo, pelo receio de falhar ou de não corresponder às minhas próprias expetativas. Esta sensação foi a dominante no meu pensamento devido à importância que este ano tinha para mim. No início do processo de facto esta seria uma experiência de grande importância e de enorme responsabilidade. Apesar de já ter alguma bagagem em resultado do ano em que me dediquei à lecionação nas AEC’s, esta aventura era especial. A segunda caracterizava-se pela felicidade e vontade enorme de começar o ano, e poder, assim concretizar um sonho. A alegria de poder “sentir na pele” todo um leque de sensações que invade o professor no seu dia-a-dia, por poder estar em contato com os alunos e poder contribuir para a sua formação e construção das suas identidades.

Na prática, atuando como professor de Educação Física, um dos meus objetivos principais era poder combater a ideia partilhada por grande parte da comunidade escolar de que a Educação Física é uma disciplina dispensável, que “faz falta”, mas que “vale pouco”, de ser ao mesmo tempo, como refere Ennis (2006), uma área de alta necessidade mas de baixa necessidade. Junto dos meus alunos tentei demonstrar os benefícios e igualar esta disciplina à Matemática ou Português.

Igualmente, esperava poder estar à altura dos desafios que este ano me pudesse colocar, ultrapassando as dificuldades com distinção, melhorando aos poucos a minha ação como professor.

Esperava também poder estabelecer uma relação positiva com os meus alunos, semelhante àquela que eu tinha com os meus professores de Educação Física, sem dúvida aqueles que mais me marcaram durante o meu percurso como aluno nos ensino Básico e Secundário.

Relativamente ao Núcleo de Estágio e Grupo de Educação Física, desejava que fossem uma fonte de aprendizagem, onde pudesse partilhar as vivências do dia-a-dia.

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Esperava ter um bom relacionamento na Escola, pretendia realizar o meu trabalho da melhor forma, cumprindo o meu papel de Professor. Pretendia fazer parte do Desporto Escolar e proporcionar atividades à comunidade escolar.

Por fim, esperava que este ano me trouxesse muitas experiências e me desse ainda mais respostas. Quanto a isso sinto-me realizado, pois as oportunidades e aprendizagens foram muitas e bastante enriquecedoras. Deste modo, penso que as minhas expetativas foram alcançadas.

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15 3.1 A Escola

A Escola onde realizei o Estágio Profissional foi criada em 1956 pelo Decreto nº40 725 do Ministério da Educação Nacional (Direção Geral do Ensino Técnico Profissional), como escola técnica profissional, designada de Escola Industrial e Comercial. Entrou em funcionamento em Janeiro de 1957 com aproximadamente 150 alunos e 17 professores, numa casa alugada no Gaveto das Ruas 21 e 33. O seu plano de estudos referente ao Ciclo Preparatório englobava:

- Formação Geral de Comércio; - Formação do Serralheiro;

- Cursos complementares de aprendizagem: Carpinteiro – Marceneiro.

No início de 1966 iniciaram-se as obras para um novo edifício, situado a nascente e sul da cidade de Espinho, com uma área de 21 500m2. O edifício tinha 40 salas de aula e capacidade para cerca de 1200 alunos distribuídos por um número máximo de 49 turmas em horário diurno. O custo da obra elevou-se a 14 500 escudos, e as novas instalações formam inauguradas em 19/06/1968. Nessa data, já com 1440 alunos, eram ministrados os cursos de Formação Geral do Comércio, Formação do Serralheiro, Formação Feminina e Formação de Montador Eletricista. Em regime de aperfeiçoamento, funcionavam os cursos noturnos de Geral de Comércio, o de Serralheiro e de Montador Eletricista.

A 21 de Novembro de 1979, por publicação no Diário da Republica, a escola passou a denominar-se Escola Secundária. A designação atual data de Abril de 1987, altura em que adotou, como patrono o Dr. Manuel Gomes de Almeida.

De início vocacionada para o ensino técnico, a Escola acompanhou as sucessivas reformas do sistema educativo, oferecendo hoje, aos alunos, uma variada gama de opções que se enquadram nos cursos predominantemente orientados para o prosseguimento de estudos e para a Vida Ativa.

De acordo com os dados patentes no Projeto Educativo do Agrupamento, no início do presente ano letivo, a população discente da Escola

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era de aproximadamente 1400 alunos, sendo oriunda de diversas freguesias e de concelhos vizinhos. No que concerne ao número de docentes, o Agrupamento contabiliza 260 Professores. Relativamente ao pessoal não docente são contabilizados 41 funcionários, sendo este número referente à Escola Secundária onde nos encontramos.

A Escola foi recentemente remodelada pelo projeto “Parque Escolar”. Este projeto de intervenção seguiu as normas de definidas pelo Programa de Modernização das Escolas do Ensino Secundário, bem como as exigências do projeto educativo da escola. Esta remodelação oferece boas condições para a lecionação da Educação Física, contudo, evidenciou algumas anomalias em situações pontuais. O espaço reservado para as aulas de Educação Física é composto por um pavilhão, um ginásio, um campo de voleibol exterior e dois campos exteriores de futebol e de andebol e outro de basquetebol. Além destes campos disponíveis para a prática das várias modalidades, a escola dispõe de uma sala de condição física oferecendo diferentes equipamentos para o trabalho de força.

Aliado a tudo isto existem balneários para 4 turmas em simultâneo. Estas condições são importantes na medida em que permitem uma rápida troca de roupa aos alunos, e desta forma, o planeamento do professor pode ser realizado tendo isso em atenção, pois sabe de antemão que os alunos não têm necessidade de chegarem atrasados.

No que concerne às condições disponíveis para a prática, o pavilhão, ao longo do ano teve alguns problemas de infiltrações de água deixando o piso húmido em algumas zonas do campo. Relativamente aos espaços exteriores, o piso do espaço 2 também sofre de algumas imperfeições aglomerando algumas poças de água nos dias em que chove com frequência.

Relativamente ao material disponível, este permite abordar as seguintes modalidades: basquetebol, futebol, voleibol, andebol, atletismo, ginástica, corfebol, patinagem, ténis, judo, badminton, atividades de ar livre e de orientação. Importa ainda referir que a escola tem uma parceria com a Piscina Municipal de Espinho, possibilitando, deste modo, a lecionação da natação no contexto das aulas de Educação Física e também do Desporto Escolar.

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Ao longo do ano letivo foi visível a responsabilidade que todos os Professores têm na preservação do material disponível, transmitindo aos alunos a importância de manter o material em ótima condição.

Desde 2012 que a Escola é a escola sede do Agrupamento. Deste também fazem parte uma Escola EB 2/3 e sete EB1’s.

3.2 O Grupo de Educação Física

Desde o início do ano letivo que o Grupo de Educação Física fez com que os estudantes-estagiários se sentissem parte integrante do corpo docente. Este grupo era constituído por 11 Professores, que mostraram, em todos os momentos, total disponibilidade para colaborar em tudo o que fosse necessário. Esta simpatia fez-me acreditar que não era visto apenas como “mais um estagiário”.

A minha relação com o grupo foi bastante positiva, não houve quaisquer desentendimentos entre nós e sempre que foi preciso ajudei no que me foi solicitado. Cooperei com os professores e participei nas diversas atividades dinamizadas pelos mesmos (Corta-Mato, Mexe-te e Sarau). Segundo Nóvoa (1992), o diálogo entre professores é fundamental para consolidar saberes emergentes da prática profissional. A dinâmica criada pelo Grupo revelou-se determinante ao longo de todo o ano, inclusivamente a partilha de ideias e de conhecimentos tornou-se num hábito saudável. O espírito de grupo e a cooperação por parte de todos os intervenientes em todas as atividades realizadas foi algo que consegui absorver para o meu futuro profissional.

A Professora Cooperante foi a principal responsável pela minha inclusão e rápida integração na Escola. Apresentou-me a todos os professores e funcionários, fazendo-me sentir parte integrante da escola desde o início do ano letivo.

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18 3.3 O Núcleo de Estágio

O núcleo de estágio, constituído pelos estudantes-estagiários, professor cooperante e orientador da faculdade, devem segundo Batista e Queirós (2013), funcionar como comunidades práticas, levando os estagiários a gerar novo conhecimento e novas competências.

De facto, a minha opinião sobre este grupo, não podia ser melhor. Eu e os meus colegas de estágio formamos realmente um verdadeiro grupo. Todos trabalhamos afincadamente para alcançar os objetivos delineados, tendo havido um esforço enorme para fazer o que foi solicitado. Fomos dedicados, empenhados e penso que isso transpareceu para quem nos rodeou. Trabalhamos ao longo de todo o ano em conjunto e de uma forma coesa.

O facto de sermos os três de áreas distintas permitiu uma partilha de ideias ao longo do ano letivo, mediante os acontecimentos que fomos vivenciando. O Pedro com a sua experiência no treino de Andebol tornou-se fundamental para o planeamento das aulas e na análise de conteúdos da modalidade, bem como no desenvolvimento do Treino Funcional. Já o Ricardo, ligado á área da Dança e com alguns conhecimentos profundos da Ginástica, ajudou na delineação de estratégias de ensino.

Desde cedo soube da importância que o núcleo de estágio teria, pois seria com estas pessoas que iria trabalhar e conviver durante todo o ano letivo. O bom ambiente e a cooperação entre todos os elementos foi fundamental para o sucesso do grupo e para o sucesso individual. Neste momento, chegado o fim, sinto que as relações de amizade entre nós foram fortificadas. Ao longo do percurso sempre me senti apoiado pelos companheiros desta longa viagem, tornando, bem complexo e exigente, num processo mais fácil.

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19 3.4 A Minha Turma

A turma que acompanhei durante este ano de Estágio Profissional era formada por um grupo de alunos que não se conhecia dos anos anteriores. Era uma turma maioritariamente composta por alunos vindos de outras instituições, algumas delas não pertencentes ao concelho de Espinho.

“Desde cedo percebi que a maior parte dos alunos da turma não se conhecia. De facto a maioria deles eram oriundos de escolas diferentes” (Reflexão aula nº1- 16/9/2014)

A turma, inicialmente era composta por 24 alunos, 12 rapazes e 12 raparigas. Porém, no início do segundo período dois alunos foram transferidos para outras turmas e foram integrados quatro novos alunos, todos eles rapazes, aumentando assim o número de alunos para 26.

Segundo os dados recolhidos no início do ano letivo, através das fichas de aluno, apenas 7 alunos residiam na cidade de Espinho. Os restantes alunos habitavam em Silvalde, Paramos, Esmoriz, Cortegaça, Grijó, Anta, S. Paio de Oleiros e Argoncilhe.

A taxa de reprovação da turma situava-se em 22%, ou seja, cinco alunos já tinham reprovado em anos anteriores. No que diz respeito à ambição escolar, apenas um aluno revelou não ambicionar prosseguir estudos no ensino superior. Relativamente à preferência disciplinar, sete alunos escolheram a Educação Física como a sua disciplina preferida.

Ao nível de doenças/alergias, uma aluna sofria de epilepsia, algo que me fez ter um cuidado especial e pesquisar acerca da doença. Dois alunos sofriam de escolioses e um de asma. Todas estas informações revelaram-se fundamentais não só para um conhecimento mais aprofundado dos alunos, mas também para o processo de planeamento.

No início do ano os alunos foram submetidos à realização dos testes de

fitnessgram, tendo como principal objetivo a avaliação da aptidão física em três

vertentes: a aptidão aeróbia e a aptidão muscular, em dois ramos, força e flexibilidade.

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20

Utilizei 6 testes distintos: A corrida Vaivém, para avaliar aptidão aeróbia; o

teste das flexões de braços, para testar a força superior; os abdominais, para

avaliar a força abdominal; o senta e alcança e extensão do tronco, para avaliar a flexibilidade isquiotibial e dorso-lombar.

Para completar a avaliação inicial dos alunos realizei igualmente a corrida

de 40 metros para avaliação da velocidade e o salto horizontal para avaliar a

impulsão horizontal. Estes dois testes foram utilizados mediante os critérios propostos pelo Grupo de Educação Física da Escola.

Para avaliar a composição corporal calculei o IMC, através da relação do peso pela altura. Os resultados foram expressos e classificados segundo uma Zona Saudável de Aptidão física (Boa ou Ótima), ou Zona com Necessidade de Incremento.

No que diz respeito à análise da composição corporal, a grande maioria situava-se dentro do limite da Zona Saudável (23), encontrando-se apenas um aluno se encontrava numa zona com necessidade de incremento, neste caso com valores baixos de IMC. Face a este facto, durante o ano exerci uma vigilância a este aluno, com atenção redobrada aos seus comportamentos alimentares e físicos.

No que diz respeito à resistência aeróbia, no teste do vaivém, onze alunos da turma não cumpriram os objetivos mínimos para se enquadrar dentro dos valores da Zona Saudável de Aptidão Física. Apenas treze alunos conseguiram atingir os níveis de Aptidão Física saudável. Deste modo, o trabalho aeróbio foi uma das vertentes da condição física com maior enfoque durante todo o ano letivo, no sentido de promover uma maior adaptação cardiorrespiratória.

No que concerne à força da aptidão muscular foram realizados dois testes com resultados similares. Em relação ao teste dos abdominais, apenas dois alunos não conseguiram atingir os níveis pretendidos. No que diz respeito ao teste de extensão de braços, foram cinco os alunos a não cumprir com o mínimo para se enquadrarem na Zona Saudável de Aptidão Física.

Relativamente à flexibilidade, os resultados obtidos foram francamente negativos. Para avaliar a flexibilidade utilizei o teste do senta e alcança e o teste de extensão do tronco. Em relação ao teste que avalia a flexibilidade isquiotibial verificaram-se muitos resultados negativos, apenas um aluno conseguiu atingir os níveis mínimos de zona saudável. Por outro lado, no teste

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de extensão do tronco, foram dez os alunos que atingiram o mínimo pretendido. Estes resultados não se revelaram nada animadores e revelam as limitações físicas que os alunos hoje em dia têm, principalmente ao nível de flexibilidade. A falta da prática regular de alongamentos poderá ter uma relação direta com estes resultados. Durante o ano letivo decidi incorporar nas aulas a realização de alongamentos no final da aula.

Quanto ao teste de velocidade, apenas três alunos não se encontram dentro dos níveis de zona saudável, sendo estes três alunos do sexo masculino.

Para avaliar o nível motor geral em diversas modalidades realizei uma avaliação inicial concentrada nas modalidades de voleibol, futebol, andebol, basquetebol e ginástica. Relativamente aos resultados apresentados pela turma nas várias modalidades, constatei que se tratava de uma turma com níveis bastantes satisfatórios. Talvez o facto de mais de 60% da turma praticar desporto federado em tempos extraescolares influenciasse este fator. Entre as modalidades mais praticadas pelos alunos da turma, destacavam-se o voleibol e o futebol, com cinco e seis praticantes respetivamente.

No que concerne às atitudes a turma sempre se relevou bastante empenhada, responsável e cumpridora na aprendizagem das várias modalidades ensinadas e na realização das tarefas propostas.

Relativamente ao comportamento e forma de estar nas aulas, foi uma turma fácil de liderar. Contudo, a integração dos quatros novos alunos no início do segundo período modificou, numa fase inicial, a forma de estar da turma, ocorrendo um aumento de comportamentos desviantes e de desatenção. Contudo, acabou por ser algo que consegui controlar e gerir, não causando interferência no processo de ensino-aprendizagem da turma.

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4.1 Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

Esta área foi das mais importantes do ano de Estágio Profissional. Nesta área centraram-se quase todas as atenções durante o ano letivo.

Tão importante como ensinar, o ato de planear e avaliar assumem uma importância fulcral. Segundo Bento (2003), a ação do Professor não deve limitar-se a uma pretensa preparação direta e à realização das aulas; deverá sim assumir tarefas de planificação, de realização, de análise e avaliação do ensino.

Apesar de conhecer as fases do processo ensino-aprendizagem, conceção, planeamento, realização e avaliação desde o ano transato, só neste contexto de estágio, em contacto com as exigências reais do ensino, é que consegui relacioná-las com a prática.

Logo no início do ano apercebi-me da importância do planeamento, tanto ao nível do Núcleo de Estágio, como no Grupo de Educação Física. Foi necessário elaborar a planificação anual com bastante rigor, bem como as primeiras unidades didáticas para as modalidades que iríamos lecionar no 1º Período.

Para cumprir estas etapas, tive necessidade de construir uma estratégia de intervenção, regida por objetivos pedagógicos, que me conduzissem com sucesso a um processo de ensino baseado nos valores e aprendizagem na disciplina de Educação Física, bem como na formação do aluno.

É neste momento que o professor estagiário recorre a todo o conhecimento e experiências adquiridas até então, principalmente da faculdade, e a partir daí efetua os ajustamentos necessários em função do contexto em que está inserido.

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26 4.1.1 A Conceção

De acordo com as Normas Orientadoras do Estágio Profissional2, realizar a conceção do ensino “significa projetar a atividade de ensino no quadro de uma conceção pedagógica às condições gerais e locais da educação, às condições imediatas da relação educativa, à especificidade da Educação Física no currículo do aluno e às características dos alunos” (p.4).

Na fase inicial do estágio, deparei-me com um “armazenamento” de informação muito grande que me causou alguma confusão e, até mesmo, alguma insegurança. Apesar de no início do ano me considerar uma pessoa com alguma experiência no treino e até mesmo de lecionação de aulas aos mais novos nada se comparava à grandeza de uma Escola Secundária.

Nas semanas que antecederam o início oficial do ano letivo tudo aconteceu muito rápido, desde as reuniões com a Professora Orientadora e com a Professora Cooperante, até às reuniões com o Grupo de Educação Física e o Conselho de Turma.

Nos dias que se seguiram e após o conhecimento do contexto físico, tive a primeira reunião com o Núcleo de Estágio, na qual ficamos a conhecer melhor a Professora Cooperante. Esta indicou-nos alguns documentos, que, após análise, me permitiram enquadrar enquanto Estudante Estagiário na Escola, tais como: o Regulamento Interno da Escola (RI); o Projeto Educativo de Escola (PEE); o Currículo de EF e o Projeto Curricular de Escola (PCE).

De acordo com Broch e Cros (1992) o PEE constitui o espelho do estabelecimento de ensino, quer no plano interno, quer na sua relação com o exterior. Já Leite (2001) refere que o PEE é a filosofia subjacente a uma dinâmica de Escola, define princípios e linhas orientadoras gerais, assentes nas características da comunidade educativa, de acordo com as orientações nacionais, estabelece metas prevendo parcerias e tendo em conta os recursos disponíveis (materiais, humanos).

2

Normas Orientadoras do Estágio Profissional do ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário. Em vigor no ano letivo 2014/2015. Porto: FADEUP. Matos, z .

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No que concerne ao PCE, Carmen (1996) menciona que é o conjunto de decisões articuladas, partilhadas pela equipa docente de uma Escola, tendentes a dotar de maior coerência a sua atuação, concretizando as orientações curriculares de âmbito nacional em propostas globais de intervenção pedagógico-didática adequadas a um contexto específico e tem como base o currículo nacional e o Projeto Educativo de Escola.

Já o PCT tem como referência o PCE é redigido consoante as características específicas da turma. Tal como refere Leite (2000), o PCT deverá permitir um nível de articulação (horizontal e vertical) que só as situações reais tornam possível concretizar.

Nesta etapa, comecei por analisar cuidadosamente o Programa Nacional de Educação Física do ensino secundário, mais especificamente do 10ºano, discutindo alguns parâmetros com os meus colegas de núcleo de estágio e com a professora orientadora. Após esta análise cuidada, pareceu-me evidente que o programa curricular, para a atual carga horária, é demasiado extenso, designadamente a nível do número de modalidades, não proporcionando o tempo necessário à aprendizagem. Deste modo, dificilmente poderá ser cumprido. Acresce que também tivemos em conta que o Programa Nacional de Educação Física não deve ser encarado como inflexível, podendo ser alterado, consoante as características e imprevisibilidade da prática.

Além desta análise documental participei na reunião do Departamento de Expressões e posteriormente da nossa disciplina em particular. Neste âmbito fomos apresentados e bem recebidos e aos poucos fui-me sentindo integrado e parte daquela que seria “a minha escola”.

Além da interpretação que tenho do ensino atual, foi importante a caracterização do meu ponto de partida. Deste modo realizei o PFI, que pretende ser uma introspeção de cada estagiário acerca da perceção do seu estado atual (conhecimentos, capacidades, dificuldades) perante os desafios que lhe serão colocados no estágio. Refleti igualmente quais os pontos mais importantes a evoluir e as metas a atingir.

O processo de recolha de algumas informações com o objetivo de conhecer profundamente o contexto sociocultural e socioeconómico da realidade onde iria efetuar o estágio, tornou-se igualmente preponderante. Para isso foi fundamental uma breve caracterização geral da escola.

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Estas informações foram, sem dúvida, essenciais para suportar a base de todo o planeamento e adequar o processo de ensino/aprendizagem o melhor possível à realidade com o qual eu me confrontei.

4.1.2 O Planeamento

Segundo Bento (2003), o objetivo primordial do planeamento consiste na organização, controlo e racionalização do processo de ensino através da forma como o processo de aprendizagem é orientado, da aquisição de conhecimentos e habilidades, da formação e desenvolvimento de capacidades, assim sendo para se planificar, deve-se ter em consideração as finalidades, objetivos e conteúdos dos programas curriculares de Educação Física.

O planeamento é, portanto, na minha opinião, materializado num documento que auxilia o professor na realização da sua tarefa que, apesar de conter as linhas orientadoras que este achou mais pertinentes no momento da sua realização, não passa de um plano.

Um dos instrumentos iniciais que se revelou essencial para o conhecimento dos meus alunos, centro de todo o meu trabalho, foi o questionário de caraterização da turma. Este instrumento permitiu-me situar a turma em termos sociais, culturais e desportivos. Foi sem dúvida um auxiliar essencial ao planeamento de ensino ajustado à realidade da turma.

A minha ação dividiu-se em três distintos níveis de planeamento: planeamento anual, planeamento da unidade didática e planeamento da aula. Posto isto, a construção do Modelo de Estrutura e Conhecimento (MEC) de Vickers (1990), acompanhou-me ao longo de toda a caminhada. A sua elaboração revelou-se determinante em todo o processo, pois reflete tudo aquilo que foi realizado para determinada modalidade. A sua construção foi muito benéfica, uma vez que ao longo da sua estruturação pude aumentar o meu conhecimento em todas as modalidades. A sua estrutura divide-se em três fases: fase da análise (módulos 1,2 e 3), fase da decisão (módulos 4,5,6 e 7) e a fase da aplicação (módulo 8).

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29 4.1.2.1 Plano Anual

Segundo Bento (2003), o planeamento anual é um plano de perspetiva global que procura situar e concretizar o programa de ensino no local e nas pessoas envolvidas.

A escolha das modalidades lecionadas foi seguida mediante as linhas orientadoras do Programa Nacional de Educação Física para o 10ºano. Assim sendo as modalidades abordadas foram: Ginástica de Solo e de Aparelhos,

Basquetebol, Futebol, Natação, Voleibol, Atletismo, Badminton, Dança e Andebol. As modalidades distribuíram-se ao longo do ano conforme ilustra o

Quadro 1.

Quadro 1 - Distribuição de modalidades por Períodos e número de aulas previstas e lecionadas

Período Modalidades Nº de aulas previstas Nº de aulas lecionadas 1º Período

Ginástica de Solo e Aparelhos 12 11

Basquetebol 6 6 Futebol 5 5 2º Período Voleibol 5 5 Natação 10 10 Atletismo 6 6 3º Período Badminton 6 5 Dança 6 4 Andebol 8 8

A distribuição das modalidades pelos três Períodos foi realizada em função do roulement apresentado no início do ano pelo Grupo de Educação Física. O facto de o roulement “rodar” 6 vezes, permitiu a abordagem de várias modalidades, tendo cada modalidade o seu espaço definido. Desta forma, em nenhum momento necessitei de adaptar as aulas em virtude dos espaços, pois a modalidade a abordar em função do espaço estava definida.

Ao longo do ano letivo utilizei o pavilhão para a lecionação das modalidades de Voleibol e Badminton. No ginásio lecionei Ginástica e Dança.

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No campo exterior lecionei Futebol e o Andebol e no campo exterior 2 Basquetebol e Atletismo.

Ao longo do ano, tive a vantagem do roulement permitir a permanência nos mesmos espaços durante pelo menos meio período. A lecionação das modalidades foi, ao longo do ano, realizada de forma alternada, à terça-feira lecionava uma modalidade e à quinta-feira outra distinta.

Na primeira metade do primeiro período, tive à minha disposição o campo exterior de basquetebol e o ginásio, as modalidades abordadas foram o Basquetebol e a Ginástica. Na segunda metade do mesmo período a lecionação da Ginástica manteve-se em virtude do espaço se manter e abordei a modalidade de Futebol no campo exterior grande.

Na primeira metade do segundo Período as modalidades abordadas foram o Voleibol no Pavilhão e a Natação na Piscina Municipal. Na segunda metade do período a Natação manteve-se, juntando-se o Atletismo.

No que diz respeito ao terceiro Período, as modalidades abordadas na primeira metade foram o Badminton e a Dança, no pavilhão e no ginásio respetivamente, sendo a segunda metade reservada para a lecionação do Andebol no campo exterior.

4.1.2.2 Unidade Didática

Ao longo do ano, o meu núcleo de estágio, optou por realizar o planeamento das Unidades Didáticas comuns às três turmas. Contudo, alguns dos módulos eram distintos consoante as especificidades de cada turma. Os níveis distintos das turmas nas diferentes modalidades abordadas, exigiu, por vezes, extensões de conteúdos distintas.

Com a realização dos MEC comecei a aperceber-me da importância do planeamento para cada uma das modalidades. Cada modalidade tem a sua especificidade e embora algumas possam ser transversais, nem sempre as estratégias de ensino-aprendizagem são iguais.

A realização do módulo 4 foi aquele que mais me cativou durante todo o ano no planeamento das várias modalidades, assumindo-se como o módulo

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mais importante do planeamento, na medida em que garantia a sequência lógica-específica e metodológica da matéria e organizava as atividades do professor e dos alunos por meio de regulação e orientação da ação pedagógica “endereçando às diferentes aulas um contributo visível e sensível para o desenvolvimento dos alunos” (Bento, 2003, p. 60). O poder de planear aquilo que temos de abordar sempre criou em mim uma motivação extra. Nem sempre foi fácil gerir e conciliar a abordagem de tantos conteúdos, contudo ter o poder de decidir o que abordar e quando abordar funcionou como um estímulo extra. A realização das unidades didáticas (UD), tiveram como ponto de partida essencialmente, o nível de desempenho dos alunos nas avaliações iniciais. A prestação destes foi a razão de escolha dos diversos conteúdos a lecionar em cada modalidade, tendo sempre em conta o prognóstico dos objetivos que considerava que os alunos conseguiriam atingir no final da unidade didática. As UD, algumas vezes, foram sujeitas a alterações ou a pequenos ajustes em função da resposta dos alunos. A elaboração deste nível do planeamento foi exigente mas muito enriquecedor, melhorando as minhas competências de observação e decisão acerca do que era melhor para os alunos.

Colocar em prática aquilo que tinha planeado inicialmente nem sempre foi uma tarefa fácil, muito pelo contrário. Em certas modalidades, como por exemplo Voleibol, a turma teve uma progressão mais rápida do que a esperada, contudo, noutras ocorreu o oposto, como foi o caso da Natação. Com o tempo fui-me adaptando a estas alterações, procurando em todos os momentos privilegiar o processo de aprendizagem dos meus alunos.

Na modalidade de Voleibol a maioria dos alunos correspondeu de forma muito positiva aos objetivos inicialmente propostos, sendo “obrigado” a criar novos desafios aos alunos, antecipando, assim, a abordagem de alguns conteúdos.

“Os alunos de nível 2 e 3 têm vindo a revelar uma grande evolução no jogo 2x2, portanto, já na próxima aula irei abordar o jogo 3x3”

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Na unidade didática de Natação necessitei de contrariar esta estratégia, ou seja, a abordagem de alguns conteúdos necessitaram de um maior número de aulas do que inicialmente previ.

“Visto os alunos de nível 3 ainda não terem conseguido consolidar os estilos de costas e bruços, na próxima aula irei manter a abordagem dos mesmos.” (Reflexão da aula nº40 - 24/02/2015 - Natação)

“Não consegui abordar o estilo de mariposa, pois os alunos de nível 3 necessitaram de mais tempo de exercitação no estilo de bruços”

(Reflexão da aula nº44 – 10/03/2015 - Natação)

Na Dança, relativamente ao que inicialmente estava previsto, também tive de efetuar alguns ajustes. A UD inicialmente estava programada para 6 aulas e em virtude de algumas atividades extras da turma, foi reduzida para 4 aulas. Consequentemente, alguns passos referentes ao Cha-cha-cha não foram lecionados.

Os reajustes, alterações, fazem parte da prática docente. Se no início do ano me sentia um pouco desconfortável a saltar etapas ou a manter os mesmos conteúdos de uma aula para outra, no final do ano tudo isto se tornou natural no dia-a-dia da minha prática.

Estas modificações que o planeamento foi sujeito ao longo do ano, são a prova de que um planeamento não pode, em nenhum momento, tornar-se num documento inflexível e inalterado, muito pelo contrário, é um guia fundamental que deve ser moldado às necessidades contextuais. O professor deve ser capaz de ajustar a abordagem dos conteúdos consoante a evolução da turma. Por exemplo, na modalidade de Futebol, se a maioria dos alunos ainda não assimilou a abordagem de uma situação de 2x1+GR, fará sentido na próxima aula abordar uma situação mais complexa de 3x2+GR? Na minha opinião não, será, assim, necessário encontrar estratégias mais complexas para os alunos mais evoluídos e continuar de forma mais cuidada a abordagem dos conteúdos menos complexos com os alunos com mais dificuldades. Na minha ótica este é o caminho que o ensino deverá seguir, ou seja, ajustável ao nível dos alunos.

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“Alguns alunos, em virtude de não terem uma proximidade tão grande com a modalidade evidenciaram dificuldades na realização do exercício (3x2+GR). A falta de mobilidade e noções espaciais tornaram o exercício pouco fluido em alguns grupos de trabalho”

(Reflexão aula nº24 – 4/12/2014 - Futebol)

Por vezes a dependência de seguir o que está no plano poderá tornar o ensino desajustado e inadequado à resposta da turma. Isso causará certamente desmotivação nos alunos com menos competência. Que na minha opinião são aqueles que devem ser mais motivados para a prática. A este propósito, recordo-me de um pequeno diálogo que tive no início do ano com uma aluna:

(...)

Eu: Porquê que ainda só participaste em 2 jogadas, quando há colegas teus que já realizaram 7?

Aluna: Porque não gosto de basquetebol.

Eu: E isso é impedimento para tentares realizar mais vezes?

Aluna: Sim, não gosto de basquetebol e este exercício é muito difícil para mim.

(...)

(7/10/2014)

Este diálogo decifra bem aquilo que penso e onde quero chegar. O professor tem de ser capaz de perceber e alterar o seu planeamento quando o seu ensino não está a dar resposta às necessidades dos seus alunos. Tal como refere Bento (2003), o planeamento a este nível (UD) procura garantir, sobretudo, a sequência lógico-específica e metodológica da matéria, e organizar as atividades do professor e dos alunos por meio de regulação e orientação da ação pedagógica, endereçando às diferentes aulas um contributo visível e sensível para o desenvolvimento dos alunos.

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34 4.1.2.3 Plano de Aula

A elaboração dos planos de aula no início do ano era demorada e por vezes com situações de aprendizagens desadequadas em função daquilo que era pretendido. Esta tornou-se numa das grandes dificuldades com que me deparei neste ano de estágio.

A estrutura do Plano de Aula foi elaborada pelo núcleo de estágio, sendo esta uma das primeiras tarefas coletiva do ano letivo. Assim sendo, optamos por incorporar no plano de aula as seguintes categorias didáticas: Função didática; objetivos da aula; objetivo comportamental; Situações de Aprendizagem; Componentes Criticas e Organização dos Alunos/Professor (Anexo 5). O excesso de informação no preenchimento das categorias centrais do plano de aula tornou-se num obstáculo, que só com a ajuda da Professora Cooperante, ao longo de várias semanas, fui ultrapassando. Por vezes, colocava componentes críticas nos planos de aula que não concorriam para os objetivos da aula, acabando por não as utilizar na prática.

Com refere Bento (1987), um professor para poder lecionar uma boa aula é fundamental que este se prepare devidamente para ela. Não é uma tarefa fácil, aliás é mesmo uma tarefa bastante dura pois significa cerca de uma hora de atenção concentrada e de esforço intenso.

Segundo Bento (2003), o ensino é criado em dois momentos diferenciados: primeiro na conceção e posteriormente na realidade, ou seja, nem sempre aquilo que eu pensava ser o adequado para aos objetivos da aula ocorre realmente na prática. A realidade associada ao imprevisto, aos condicionalismos inesperados, requerem uma rápida reação e adequação do professor, isto é, capacidade de tomar decisões que lhe permitam adequar o presente ao que a realidade reclama. No início do ano letivo tinha dificuldade em lidar com alguns imprevistos, como por exemplo, gerir os alunos dispensados em virtude da organização dos grupos de trabalho que estava devidamente planeado.

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“Na parte inicial da aula, a minha intervenção foi mais demorada, visto ter que repensar nos grupos de trabalho que já estavam pensados, em virtude de 5 alunos terem solicitado a dispensa por atestado médico.” (Reflexão aula nº 7 – 7/10/2014 - Basquetebol)

Contudo, com o passar do tempo, este tipo de acontecimentos acabaram por ser ultrapassados de uma forma natural. Os níveis de ansiedade que evidenciava no início da aula para que o número de alunos estivesse de acordo com aquilo que estava planeado deixou de existir, pois sabia antemão o que fazer se eventualmente algum aluno faltasse ou solicitasse dispensa da prática, solucionando o problema. Acredito que esta melhoria ao nível da gestão de imprevistos teve um grande crescimento com a realização das reflexões realizadas após as aulas, pois conseguia perceber que tipo de constrangimentos a falta de um ou de outro aluno teve na aula e fez-me pensar em soluções futuras.

4.1.3 A Realização

4.1.3.1 1ºPeríodo

No início do ano letivo sentia-me receoso pelo facto de ter de lecionar

Ginástica. Isto por esta modalidade usualmente ser desvalorizada pela maioria

dos alunos e também pelo facto de não me sentir preparado para a lecionar. Ao longo do período e com a ajuda da Professora Cooperante fui recorrendo a algumas estratégias que, gradualmente, me tornaram mais seguro, passando a encarar a modalidade com naturalidade. Mencione-se a título de exemplo o recurso ao trabalho por circuito na modalidade de Ginástica de Solo e de Aparelhos. Os alunos passavam por cada estação e realizavam as tarefas solicitadas, com o auxílio de cartões que continham informação das tarefas a realizar. Isso obrigou a uma maior responsabilização dos alunos, algo que no início do ano me deixava algo reticente, mas que com o passar do tempo se foi evidenciando como sendo a estratégia mais adequada.

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“O trabalho por circuito nestas aulas, permite aos alunos estar mais tempo em atividade. Inclusive possibilita uma organização de aula harmoniosa, com a realização das diversas situações de aprendizagem fluida sem

interrupções. A colocação dos cartões auxiliares com as palavras-chave dos exercícios nas diferentes estações permite-me circular pelo espaço da aula com maior liberdade.” (Reflexão aula nº6 – 1/10/2014 - Ginástica)

No que concerne à lecionação do Basquetebol, as minhas dificuldades iniciais prenderam-se com as propostas das situações de aprendizagem. Apesar de ter estado perante uma turma predisposta para a modalidade, após as aulas ficava sempre com a sensação de que poderia ter pensado “mais à frente”.

“Durante a aula de hoje senti que realmente poderia ter sido mais ambicioso no planeamento da aula, pois a maioria dos alunos já evidenciou ter assimilado o passe e vai em situação 2x1.” (Reflexão aula nº7 – 7/10/2014 – Basquetebol)

Nesta fase do Estágio as reflexões ainda eram muito imaturas e limitava-me a descrever o que se tinha passado na aula, não utilizava as reflexões como resolução de problemas e de aquisição de novas estratégias, algo que na minha opinião acabou por ter influência direta nestas dificuldades iniciais.

Relativamente à modalidade de Futebol, foi aquela em que senti menos dificuldades a lecionar.

“Comparativamente às 2 modalidades lecionadas até então, hoje senti-me na minha praia. O facto de estar perfeitasenti-mente ambientado à modalidade

aumentou a minha confiança no comando da aula. Senti-me seguro na emissão de feedbacks e na organização da aula.” (Reflexão aula nº18 – 13/11/2014 – Futebol)

Embora, como já referi anteriormente, ensinar Futebol na escola é diferente de ensinar no clube, o facto de ter um conhecimento profundo da

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modalidade, permitiu-me recorrer a algumas das estratégias utilizadas no treino para dar resposta às necessidades percecionadas. O facto de ter um conhecimento mais profundo dos conteúdos a lecionar, permitiu-me estar mais à vontade na aplicação de novas estratégias de ensino. Conseguia com maior facilidade detetar as dificuldades que os alunos tinham na realização das situações de aprendizagem, encontrando mais facilmente alternativas para melhorar o processo de ensino. Nesta modalidade consegui motivar os alunos menos capazes e responsabilizar os alunos com maior predisposição para ajudar os colegas com mais facilidade.

4.1.3.2 2º Período

No segundo período, teve início a abordagem da natação. Esta modalidade manteve-se durante todo o período, ficando estabelecido que à terça-feira a aula decorreria na piscina municipal. Em simultâneo com a natação, o voleibol foi abordado na primeira metade do período (pavilhão) e o atletismo na segunda metade (campo exterior de basquetebol).

No que concerne à modalidade de natação confesso que no início do período tive algumas reticências relativa à minha capacidade de lecionar a modalidade. Talvez por se tratar de uma modalidade em que o meu conhecimento era pouco aprofundado e, simultaneamente, uma modalidade com a qual tinha pouco contacto. Contudo, estes receios inicias foram-se desvanecendo com a ajuda da Professora Cooperante e dos meus colegas de núcleo de estágio. Fui ganhando confiança na minha intervenção, fruto da partilha de conhecimentos no núcleo de estágio e do investimento no estudo dos vários estilos abordados. Não obstante a melhoria, em termos de

feedbacks tenho consciência de que a qualidade poderia ter chegado a outro

patamar, contudo, comparando com o meu nível inicial, sinto-me satisfeito e com sentimento de dever cumprido. A experiência adquirida no Desporto Escolar, desde o início do ano, tornou-se num elemento determinante para a minha adaptação a esta modalidade.

Relativamente à modalidade de voleibol, esta foi a modalidade em que tive mais facilidade de lecionar no 2º Período, visto se tratar de um desporto com o qual sempre tive uma proximidade muito grande. A motivação da turma

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