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Análise da qualidade ambiental do Rio Potengi como instrumento de educação ambiental

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE - PRODEMA

ANÁLISE DA QUALIDADE AMBIENTAL DO RIO POTENGI

COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL

A BIOÁVIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTE

SILENILDO RAFAEL LOPES

2019 Natal – RN

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Silenildo Rafael Lopes

ANÁLISE DA QUALIDADE AMBIENTAL DO RIO POTENGI

COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

FAMILCOMO ALTER PARA A COTO

NICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva

2019 Natal – RN

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CDU 628.16 RN/UF/BCZM

1. Sensibilização ambiental - Dissertação. 2. Recursos hídricos - Dissertação. 3. Educação ambiental - Dissertação. I. Silva, Fernando Moreira da. II. Título.

Lopes, Silenildo Rafael.

Análise da qualidade ambiental do rio Potengi como

instrumento de educação ambiental / Silenildo Rafael Lopes. - 2019.

84 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Programa Regional de Pós- graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Natal, RN, 2019.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

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AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Assim, agradeço pelo suporte financeiro por meio da concessão da bolsa.

À Deus, pela força, fé e persistência para continuar na luta, mesmo em tempos difíceis. Ao Professor, orientador e amigo Fernando Moreira da Silva, o grande “caba véi”, pelos ensinamentos e contribuições. Um ser humano solícito e sempre bem-humorado.

À Secretaria de Estado da Educação e Cultura do Rio Grande do Norte por conceder meu afastamento das atividades docentes para cursar o Mestrado, proporcionando melhor desempenho e capacitação profissional.

À Escola Estadual Maurício Freire, especialmente a Direção, Coordenação Pedagógica e alunos participantes desta pesquisa e integrantes do Projeto Águas do Potengi, cujo apoio e dedicação foi fundamental para o desenvolvimento das atividades internas e de campo.

Aos Professores Raquel Franco de Souza (Departamento de Geologia/UFRN), George Santos Marinho (Departamento de Engenharia Mecânica/UFRN), Luiz Sodré Neto (UFCG) e ao Dr. Francisco Raimundo da Silva (INPE) pela disponibilidade e contribuições.

À minha família pelo apoio e paciência e que, mesmo durante o ano mais difícil de nossas vidas, foi base firme e importante para concretização deste trabalho. Agradecimento especial ao meu pai, Rafael Lopes (in memoriam), por dedicar toda sua vida à família e nos ensinar a trilhar os caminhos corretos.

À minha amiga e irmã Alana Gleise, pelo estímulo, apoio e paciência para ver e ouvir minhas dificuldades, sempre disposta a contribuir com positividade e confiança.

Aos amigos da Base de Pesquisa Estudos Geoambientais (UFRN), especialmente Juliana Rayssa, Adalfran Herbert e Anderson Flávio pelas contribuições.

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RESUMO

Análise da qualidade ambiental do rio Potengi como instrumento de educação ambiental

O rio Potengi apresenta elevados impactos e conflitos socioambientais, em que a carência de políticas, estudos e ações mitigadoras contribui, negativamente, para esse cenário. O estudo dos rios com o envolvimento de atores locais é um importante mecanismo para integrar e expandir diferentes conhecimentos e percepções ambientais, auxiliando a compreensão dos processos antrópicos. Foi neste sentido que visou-se realizar a caracterização ambiental do rio Potengi, em trechos urbanos e rurais localizados no município de São Paulo do Potengi/RN, sob a visão de estudantes do ensino médio de uma escola pública, como instrumento didático-pedagógico de Educação Ambiental. Para isso, foram realizados mapeamentos multitemporais de uso e ocupação do solo por meio dos satélites LANDSAT 3, 5 e 8, seguido por visitas em campo, nos períodos chuvoso e seco de 2018. Nessas atividades em campo, com base no método de Branco (2004), os estudantes preencheram fichas de avaliação visual da qualidade da água e identificaram ações potencialmente degradantes. Posteriormente, de posse dos dados do mapeamento e da avaliação da água, interpretou-se essas informações juntamente com os estudantes, utilizando-se a inferência Bayesiana. O estudo constatou redução na densidade de mata ciliar, principalmente nas áreas urbanas (P2 – barragem Campo Grande e P3 – Juremal), causada pela expansão sem planejamento e provocando efeitos negativos sobre as áreas ambiental, social e econômica. Quanto a qualidade da água, verificou-se P3 com maior avaliação negativa. Foram verificados nos trechos urbanos o despejo in natura de esgotos domésticos e comerciais, uso e ocupação irregular do solo, barramentos para dessedentação animal, assoreamento, pesca e supressão da mata ciliar. Nas áreas rurais, observou-se atividades agrícolas, pecuária, assoreamento e também redução da vegetação. Diante do exposto, essas práticas possibilitaram aos estudantes a identificação de ações degradantes e ampliação de seus conhecimentos, além de fortalecer suas relações com o rio e produzir reflexões sobre as condições socioambientais atuais, atuando como processo contextualizado de educação ambiental.

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ABSTRACT

Analysis of the environmental quality of the Potengi River as an instrument of environmental education

The Potengi River presents high socio-environmental impacts and conflicts, in which the lack of policies, studies and mitigating actions contribute negatively to this scenario. The study of rivers with the involvement of local actors is an important mechanism to integrate and expand different knowledge and environmental perceptions, helping to understand the anthropic processes. It was in this sense that the aim was to carry out the environmental characterization of the Potengi River, in urban and rural stretches located in the city of São Paulo do Potengi/RN, under the vision of high school students of a public school, as a didactic-pedagogical instrument of Environmental Education. For this, multitemporal land use and land mapping was carried out using LANDSAT satellites 3, 5 and 8, followed by field visits in the rainy and dry periods of 2018. In these field activities, based on the Branco method (2004), students completed visual water quality assessment sheets and identified potentially degrading actions. Subsequently, with the data of the water mapping and evaluation, this information was interpreted together with the students, using Bayesian inference. The study found a reduction in the density of ciliary forest, mainly in urban areas (P2 - Campo Grande dam and P3 - Juremal), caused by expansion without planning and causing negative effects on the environmental, social and economic areas. As for the water quality, P3 was more negatively evaluated. In the urban stretches, the inland discharge of domestic and commercial sewage, irregular use and occupation of the soil, water supply for animals, silting, fishing and suppression of the riparian forest were verified. In rural areas, there were agricultural activities, livestock raising, silting and also vegetation reduction. In view of the above, these practices enabled students to identify degrading actions and increase their knowledge, as well as strengthen their relationships with the river and produce reflections on current socio-environmental conditions, acting as a contextualized process of socio-environmental education.

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LISTA DE FIGURAS

INTRODUÇÃO, FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA, CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO E METODOLOGIA GERAL

Figura 1 - Mapa de localização do município de São Paulo do Potengi-RN... 24

Figura 2 - Escola Estadual Maurício Freire... 26

Figura 3 - Disciplinas envolvidas na pesquisa... 27

Figura 4 - Mapa de localização das áreas de pesquisa... 28

Figura 5 - Rio Potengi na Comunidade de Curicaca (P1)... 29

Figura 6 - Visão parcial da barragem Campo Grande (P2)... 29

Figura 7 - Trecho do rio Potengi no bairro Juremal (P3)... 30

Figura 8 - Trecho do rio Potengi na Comunidade de Boa Vista (P4)... 31

CAPÍTULO 1 Figura 1 - Localização de áreas da pesquisa... 40

Figura 2 - Mapa do Índice de Vegetação no município de São Paulo do Potengi no ano de 1978... 41

Figura 3 - Mapa do Índice de Vegetação no município de São Paulo do Potengi no ano de 1986... 42

Figura 4 - Mapa do Índice de Vegetação no município de São Paulo do Potengi no ano de 2017... 43

CAPÍTULO 2 Figura 1 - Mapa de localização das áreas de pesquisa... 53

Figura 2 - Resultado da qualidade da água em P1 nos períodos chuvoso e seco... 56

Figura 3 - Resultado da qualidade da água em P2 nos períodos chuvoso e seco... 57

Figura 4 - Resultado da qualidade da água em P3 nos períodos chuvoso e seco... 57

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LISTA DE TABELAS

INTRODUÇÃO, FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA, CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO E METODOLOGIA GERAL

Tabela 1 - ZPAs do município de São Paulo do Potengi... 25

Tabela 2 - Parâmetros e variáveis para determinação da qualidade da água... 33

Tabela 3 - Avaliação da situação dos parâmetros... 34

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LISTA DE QUADROS

CAPÍTULO 2

Quadro 1 - Parâmetros e variáveis para determinação da qualidade da água... 54 Quadro 2 - Avaliação da situação dos parâmetros... 54 Quadro 3 - Avaliação final da qualidade da água... 55 Quadro 4 - Probabilidades mais elevadas de cada situação/variável no período chuvoso

... 62

Quadro 5 - Probabilidades mais elevadas da qualidade e grau de certeza de cada

situação/variável no período chuvoso...62

Quadro 6 - Probabilidades mais elevadas de cada situação/variável no período seco...63 Quadro 7 - Probabilidades mais elevadas da qualidade e grau de certeza de cada

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL... 11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 15

2.1 Recursos hídricos e problemas socioambientais... 15

2.2 Educação Ambiental... 18

2.3 Água, educação ambiental e realidades socioambientais... 21

3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO... 23

4. METODOLOGIA GERAL... 27

4.1 Áreas de estudo... 27

4.2 Seleção das áreas e dos sujeitos envolvidos na pesquisa... 31

4.3 Caracterização ambiental e investigação da qualidade da água... 32

CAPÍTULO 1 – Análise multitemporal da mata ciliar em trechos do rio Potengi associada a educação ambiental...36 RESUMO... 37 ABSTRACT... 37 INTRODUÇÃO... 38 ÁREA DE ESTUDO... 39 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS... 40 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 41 CONCLUSÃO... 45 REFERÊNCIAS... 45

CAPÍTULO 2 – Avaliação da qualidade da água do rio Potengi como instrumento didático-pedagógico em educação ambiental...48

RESUMO... 49

ABSTRACT... 49

1. INTRODUÇÃO... 50

2. MATERIAL E MÉTODOS... 52

2.1 Área de estudo e sujeitos envolvidos... 52

2.2 Investigação da qualidade da água... 53

2.3 Teoria Bayesiana... 55

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 55

3.1 Resultado qualitativo da água do rio Potengi... 55

3.2 Resultado probabilístico da qualidade da água do rio Potengi... 59

3.2.1 Período chuvoso... 59 3.2.2 Período seco... 60 4. CONCLUSÃO... 66 REFERÊNCIAS... 66 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 69 REFERÊNCIAS GERAIS... 70 APÊNDICE... 77 ANEXO... 82

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1. INTRODUÇÃO GERAL

A água constitui componente indispensável à vida e ao funcionamento dos ecossistemas da Terra. É historicamente retratada como símbolo de poder político-econômico-territorial, tornando-se recurso fundamental para instalação e expansão de atividades e sociedades. Com o decorrer do tempo, os variados usos da água para diversas finalidades, levaram à desvalorização da relação homem-água, provocando mudanças culturais e ambientais associadas a quantidade e a qualidade da mesma (DICTORO; HANAI, 2016).

Atrelado ao aumento da população e ao uso indiscriminado da água, ocorreu forte crescimento na demanda e, consequentemente, alterações antrópicas nos corpos hídricos, acarretando, juntamente com a exploração exacerbada de outros recursos naturais, no surgimento de uma crise socioambiental fundamentada nos aspectos sociais, econômicos, ambientais, culturais e tecnológicos, no qual a solução para os problemas ambientais se constitui um desafio para cientistas, gestores e sociedade (BACCI; PATACA, 2008).

A crise que afeta a água é expandida por meio da deficiência de políticas de armazenamento, acesso e reuso adequado associada a poluição e deterioração hídrica, onde o seu maior consumo é resultante de processos produtivos, principalmente industrial e agrícola (RIBEIRO, 2008). Somadas a essas atividades, o uso inadequado do solo e os consequentes eventos erosivos, se constituem causadores de degradação hídrica em áreas agrícolas e urbanas (TAVARES et al., 2003). Além disso, os rios são acometidos por múltiplas fontes de poluição, destacando-se dentre elas a poluição natural, os esgotos domésticos e industriais e ainda a drenagem do solo (BASSOI, 2004).

O rio Potengi, um dos mais relevantes corpos hídricos do estado do Rio Grande do Norte (RN) encontra-se inserido na Bacia Hidrográfica Potengi, não dispondo de comitê de bacias e que, historicamente, tem sido afetado por esses e outros fatores degradantes ao longo do seu percurso, a exemplo de trechos inseridos no município São Paulo do Potengi. Nesta localidade, o rio sofre com a expansão urbana desordenada, sendo receptáculo de efluentes domésticos e comerciais, agricultura, pecuária, descarte de resíduos sólidos, degradação da mata ciliar, desenvolvimento de atividades em suas margens sem autorização ou fiscalização (LOPES et al., 2016), assoreamento do leito do rio e da barragem Campo Grande, ausência de técnicas de manejo e políticas de conservação do solo. Este reservatório, considerado o maior ao longo do rio Potengi e localizado no referido município, possui relevância socioeconômica e ambiental para o Território Potengi, sendo utilizado atualmente para fins turísticos, pesca, agricultura e pecuária, desenvolvendo-se ainda em suas margens a horticultura irrigada com o uso recorrente de agrotóxicos (BRASIL, 2010).

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Dentre os impactos gerados por essas e outras atividades estão a diminuição da qualidade da água, da biodiversidade e do potencial econômico e social para as comunidades locais. Além disso, para Goulart e Callisto (2003), o surgimento de espaços com crescentes problemas socioambientais associa-se as áreas em que a população dispõe de menor acesso à educação, aliada as condições de pobreza.

O rio Potengi, tanto no município de São Paulo do Potengi, quanto no âmbito regional, ainda é carente de estudos e ações, destacando-se algumas investigações e processos participativos de Educação Ambiental (EA), conforme descritos por Lopes et al. (2016), Araújo et al. (2017), Moura et al. (2017) e Lopes, Silveira e Silva (2018). Na contramão dessa realidade, a maioria das pesquisas é desenvolvida na área estuarina, desconsiderando a importância e o estudo integrado do rio. Dessa forma, é imprescindível identificar as condições das atividades ao longo do Potengi para, posteriormente, contribuir com o estabelecimento de ações mitigadoras e resolutivas, constituindo-se fundamental nesse processo a ativa participação da comunidade local, do poder público municipal e estadual, de universidades e outras instituições (BRASIL, 2010).

Diante dessas questões, verifica-se que o estudo dos rios, mediante sua caracterização socioambiental com o envolvimento de atores locais, se configura como importante mecanismo para integrar sistematicamente diferentes conhecimentos, compreender representações sociais e processos antrópicos relacionados com a degradação ambiental. De acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica (2005), o diagnóstico e a caracterização dessas áreas permitem verificar o nível da qualidade socioambiental e desenvolver a percepção ambiental dos agentes envolvidos. A metodologia do diagnóstico participativo é importante, pois considera a realidade local, possibilita o envolvimento dos indivíduos, o reconhecimento do saber popular e contribui para a construção de novos conhecimentos.

Tratando especialmente sobre os rios, deve-se promover a conservação das bacias hidrográficas, devido a diminuição na qualidade da água provocada pelo aumento da densidade populacional. No entanto, além desses estudos qualitativos, é importante desenvolver atividades de EA junto aos ribeirinhos e divulgar os resultados obtidos das áreas pesquisadas, agregando os conhecimentos científicos aos tradicionais (SODRÉ-NETO; ARAÚJO, 2008).

É importante que esse processo de EA, considere inicialmente a realidade através de um diagnóstico das situações locais para que, posteriormente, sejam definidos os objetivos e ações educativas a serem implementadas (PELICIONI; PHILIPPI-JÚNIOR, 2014). Essa metodologia permite aos alunos associar teoria à prática, realizar a integração dos conhecimentos fragmentados e, a partir dessa análise, identificar problemas, causas e

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consequências. De posse dos resultados obtidos na pesquisa, os dados devem passar pelo processo de análise, sistematização, categorização e divulgação para a comunidade local, visando ações de intervenção (PELICIONI; PHILIPPI-JÚNIOR; CASTRO, 2007).

Atividades que envolvem a sociedade considerando as situações socioambientais locais, contribuem para a expansão da percepção ambiental das pessoas, reconhecendo a partir disso, ações de degradação e seus impactos ambientais, onde a escola desponta como importante espaço para o aumento da criticidade e formação do indivíduo enquanto cidadão (SILVA; SALGADO, 2013). Com isso, o engajamento das instituições de ensino nessas situações, oportuniza o desenvolvimento do processo de sensibilização ambiental dos educandos e demais envolvidos.

A EA deve ser implementada como um processo contínuo, sistemático, participativo e articulado não somente no âmbito das escolas, mas entre os variados segmentos da administração pública, setores da iniciativa privada e dos movimentos sociais e comunitários, sendo que o objetivo maior da EA com relação aos problemas do meio ambiente não corresponde em sua resolução, sendo esta apenas parte do processo (LAYRARGUES, 1999). A EA, na visão de Sauvé (2005), equipara-se a um campo fundamental da educação para o desenvolvimento pessoal e social e construção de relações harmônicas com o ambiente, fazendo-se necessária a reconstrução do sentimento de pertencimento à natureza.

A EA tem sido apresentada no contexto escolar nos últimos anos como um instrumento potencialmente importante para promover a sensibilização ambiental dos indivíduos, desencadear respostas e ações e, finalmente, provocar mudanças de comportamento e solucionar questões ambientais. Frequentemente, atividades pontuais com o tema ambiental são promovidas por instituições de ensino em alusão a datas comemorativas e eventos (SOUZA; RIZZARDI; ROBERTI, 2007) e rotuladas como ações de EA. Porém, essas abordagens precisam compreender não apenas o ambiente físico ou biológico, mas todo o contexto em que a escola e a comunidade encontram-se inseridas, reconhecendo a realidade social dos educandos e seus problemas vivenciados no cotidiano. É imprescindível problematizar, desconstruir e reconstruir pensamentos constantemente, numa perspectiva de complexidade e compreensão sistêmica, conforme as visões de Morin (1977) e Capra (1982).  Baseando-se nesse contexto e por meio da observância de diferentes situações de degradação ambiental do rio Potengi no município de São Paulo do Potengi-RN, diante da carência de estudos em áreas do médio curso do rio e a importância de investigação para além do estuário, da ausência de políticas educativas e de gestão, da necessidade de conservação do ecossistema aquático, manutenção da biodiversidade e do potencial socioeconômico; e ainda pela relevância da utilização de instrumentos pedagógicos sensibilizadores e do envolvimento

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social local com potencial de contribuir para um processo complexo e sistêmico de EA voltado à comunidade é que, objetivou-se efetuar a caracterização ambiental do rio Potengi, em trechos situados no município de São Paulo do Potengi/RN, sob a visão de estudantes do ensino médio de uma escola pública, como instrumento didático-pedagógico de Educação Ambiental.

Desta forma, em atendimento aos objetivos e conforme padronização estabelecida pelo Programa, esta Dissertação se encontra composta por esta Introdução geral, Fundamentação teórica, uma Caracterização geral da área de estudo, Metodologia geral empregada para o conjunto da obra (dissertação) e por dois capítulos que correspondem a artigos científicos. O Capítulo 1, intitulado “ANÁLISE MULTITEMPORAL DA MATA CILIAR EM TRECHOS DO RIO POTENGI ASSOCIADA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL”, foi publicado no periódico Educação Ambiental em Ação e, portanto, está formatado conforme este periódico (Normas no site do referido periódico http://revistaea.org); O Capítulo 2, intitulado “AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO POTENGI COMO INSTRUMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL”, foi submetido ao periódico Desenvolvimento e Meio Ambiente e, portanto, está formatado

conforme este periódico (Normas no site

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As desigualdades sociais, regionais e a pressão antrópica, resultaram na deterioração hídrica por meio de usos múltiplos da água (MACHADO, 2003). Diante de tal realidade, essas diversas finalidades da água, devem ser fundamentadas na EA para que se criem alternativas para sua utilização e proteção (SEREIA; FAURO; MORETTO, 2014).

A EA se constitui um instrumento relevante de sensibilização para conservação dos recursos naturais em que permite a verificação, a avaliação e a reflexão de ações antrópicas por meio da visão ambiental dos indivíduos, onde a escola se configura como um dos espaços principais para o desenvolvimento de atividades socioambientais (LOPES et al., 2016). Tais práticas, devem ser baseadas em propostas pedagógicas para obtenção de mudanças de atitudes, práticas sociais e desenvolvimento de competências e capacidades que permitam a participação e avaliação dos educandos (JACOBI, 2005).

2.1 Recursos hídricos e problemas socioambientais

Os dados geológicos apontam que a quantidade de água no planeta se mantém praticamente constante há cerca de um milhão de anos, não significando, portanto, que não tenha ocorrido variação volumétrica dos reservatórios ao longo do tempo (REBOUÇAS, 2001). No entanto, o aumento da demanda e a diminuição da qualidade da água tem provocado a elevação de conflitos por esse recurso (OKAWA; POLETO, 2014).

No Brasil, apesar da concentração de recursos hídricos, as múltiplas formas de utilização geraram diversos conflitos, oriundos historicamente pelas propostas do desenvolvimento socioeconômico que se iniciou nos anos 30 e avançou entre os anos 60 e 70 com a implantação de infraestrutura pelo Estado. Este cenário provocou o aumento da demanda por água para suprir as residências, a geração de energia, indústrias, agricultura, empreendimentos de turismo, dessedentacão animal e o lançamento de efluentes na água (DEL PRETTE, 2002). Com isso, as atividades no país que exercem maior pressão sobre a água tem sido a agricultura, com cerca de 70% da demanda total, 20% na indústria e 10% no uso doméstico. Em nível mundial essa demanda corresponde a 69%, 23% e 8%, respectivamente (BASSOI, 2014).

Dentre os principais problemas que afetam os recursos hídricos estão o aumento na densidade populacional, uso inadequado do solo (LIMA et al., 2015), rápida urbanização, lançamento de águas residuárias, agricultura, aquicultura, piscicultura, desmatamento, atividades industriais, erosão, sedimentação, desvios dos rios, mineração, resíduos sólidos,

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construção de represas e ainda a drenagem de áreas alagadas. Essas atividades podem provocar diversos efeitos na qualidade da água, como a eutrofização, a contaminação por metais e substâncias orgânicas, o aumento de material em suspensão, a acidificação, o aumento da toxicidade e a incidência de doenças por veiculação hídrica (TUNDISI, 2006; TUNDISI; MATSUMURA-TUNDISI, 2011), assoreamento, redução da biodiversidade local, alterações na quantidade de água e no ciclo hidrológico (TUNDISI et. al., 2006).

Alguns desses problemas surgem e permanecem devido a fatores como a falta de acesso a tecnologias, o reduzido investimento em saneamento ambiental e a deficiência no envolvimento dos indivíduos com as questões ambientais (NASCIMENTO, 2011). Essa carência de ações governamentais afeta não somente o ambiente aquático, mas também, provoca a redução na qualidade de vida e na economia da população que depende dos recursos hídricos para sobrevivência e manutenção de sua soberania.

De acordo com Jacobi e Grandisoli (2017), a falta de acesso a água potável para consumo humano, saneamento básico ou para desenvolvimento produtivo, pode resultar no aparecimento de doenças e aumento da pobreza, configurando-se segundo Sen (2010) como condições de privação de liberdades. Por outro lado, o acesso a água de qualidade e em quantidade suficiente, atrelada a um abastecimento adequado, é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico local, melhoria na saúde e na vida da população (RAZZOLINI; GUNTHER, 2008).

O cenário de usos múltiplos e deterioração hídrica reforça a necessidade de avaliação sistemática dos rios, a qual constitui importante instrumento de gerenciamento e verificação da qualidade ambiental dos ecossistemas. O monitoramento limnológico é um mecanismo com capacidade de fornecer informações sobre a condição sanitária dos ecossistemas aquáticos, contribuindo para implementação de ações mitigadoras e a tomada de decisões pelos governos, movimentos sociais e indivíduos, possibilitando a detecção precoce dos problemas e a redução da pressão antropogênica nesses ambientes (MAROTTA; SANTOS; ENRICH-PRAST, 2008). Possibilita ainda, na visão de Barreto et al. (2013), avaliar a evolução da qualidade da água e as tendências de variações, sendo comumente utilizado no monitoramento hídrico diversos índices e indicadores, dentre eles o Índice de Estado Trófico (IET), que permite determinar os níveis de trofia dos ecossistemas aquáticos através da verificação de concentrações do fósforo total e clorofila a.

Em decorrência do processo de eutrofização, pode ocorrer floração de cianobactérias, afetando a qualidade da água, a biodiversidade, a saúde e o aumento dos custos com o tratamento de água. Outro fator preocupante deve-se a produção de cianotoxinas pelas cianobactérias, substâncias bioacumulativas, potencialmente causadoras de intoxicações

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hepatotóxicas e neurotóxicas no ser humano através da ingestão de água, peixes ou crustáceos contaminados. Esse cenário, reforça a importância desses ambientes serem monitorados e, em casos de verificação dessas florações acima dos padrões estabelecidos, seja proibido o banho, a pesca e o abastecimento humano (COSTA et al., 2006a).

No semiárido nordestino, especialmente no Rio Grande do Norte, diversos estudos, como os realizados por Costa et al. (2006b, 2009), Panosso et al. (2007), Chellappa, N. T.; Chellappa, S. L.; Chellappa, S. (2008), e Fonseca et al. (2015), detectaram a proliferação de cianobactérias tóxicas em importantes reservatórios de água do estado. Situações como essas tem causado preocupações à saúde pública, principalmente após a denominada Síndrome de Caruaru, ocorrida no estado de Pernambuco, em que foi constatada a presença de microcistinas na água, causando a morte de pacientes que realizavam hemodiálise (JOCHIMSEN et al., 1998).

Além do monitoramento limnológico, outro instrumento relevante para estudo dos corpos hídricos são as ferramentas de geoprocessamento, importantes para compreensão da dinâmica do uso e ocupação do solo e avaliação ambiental que atuam no auxílio à conservação, disponibilidade e qualidade da água (SILVEIRA, 2009). Dentre essas ferramentas, os Sistemas de Informações Geográficas (SIG), de acordo com Donha, Souza e Sugamosto (2006), tem sido amplamente utilizados no planejamento ambiental, tendo em vista sua capacidade de integrar e avaliar inúmeras variáveis e originar rápidas informações. Assim, esses dados contribuem para estudos ambientais, planejamento rural e urbano e ainda no monitoramento dos recursos naturais (SANO et al., 1991).

A utilização dos SIG permite a verificação de impactos ambientais provocados no solo e a identificação de áreas mais afetadas, além de auxiliar na gestão dos recursos a partir da possibilidade de obtenção de informações computacionais quantitativas e qualitativas, havendo a possibilidade de sua utilização através da elaboração de mapas, verificação espacial de fenômenos e como banco de dados. Assim, com a utilização dos SIG é possível obter ações mais rápidas e eficazes de planejamento e conservação do solo e da água de microbacias hidrográficas ou de outras áreas (CAVALLARI; TAMAE; ROSA, 2007).

2.2 Educação Ambiental

A Educação Ambiental (EA) surgiu no final do século XX em meio a uma profunda crise ambiental, atribuindo-se a ela, a partir dos anos 90, a resolução de alguns problemas ambientais locais, focando na responsabilidade individual para o combate a crise e resultando na mudança de comportamentos (LAYRARGUES; LIMA, 2014). Já o início do século XXI

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foi marcado pela crescente emergência socioambiental cuja crise é mais ampla que a dimensão ecológica, constituindo-se uma crise de pensamento, social e do conhecimento que deram suporte a modernidade para controle dos recursos naturais e mercantilização do mundo. Para resolução desses problemas se deve considerar não apenas a gestão dos recursos naturais, mas também, a necessidade de rupturas sociais e a construção de novos objetivos e pensamentos (LUZZI, 2014).

De acordo com Bacci e Pataca (2008) essa crise é resultante de um processo de poder e degradação exercido sobre o meio ambiente, intensificando-se com a industrialização e o capitalismo, onde o desenvolvimento técnico e científico promoveu a fragmentação social, cultural e do conhecimento. Na busca pela reversão desse quadro, a história das ciências, quando integrada a EA, pode atuar como processo de ensino capaz de compreender as diferentes situações e a discussão de novos caminhos. Esta conjuntura, para Leff (2002), necessita de novos procedimentos que conduzam à reconstrução do conhecimento através de uma visão autêntica da realidade.

Diante dos desafios que envolvem múltiplos aspectos de ordem ambiental, social, econômica, educacional e cultural, surgiram no Brasil diversos instrumentos legais visando incentivar e apoiar a implementação de políticas de EA em diferentes espaços. A Constituição Federal (1988), considerada a Lei Maior brasileira, estabelece que a EA deve ser promovida em todos os níveis de ensino do país, visando a preservação ambiental.

Reforçando e ampliando esses preceitos, a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA (Lei no 9.795 de 27 de abril de 1999), institui diretrizes para orientação e implementação de ações voltadas para educação ambiental em nível nacional, estadual e municipal, considerando-a um processo pelo qual o indivíduo e a coletividade constroem conhecimentos e valores e tomam atitudes que podem ser direcionadas à conservação ambiental. Discorre ainda sobre a importância da EA como componente fundamental e permanente na educação brasileira, devendo a mesma estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em espaços formais e não formais.

Já o Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA (2005) é considerado um instrumento de caráter permanente e prioritário que deve ser reconhecido por todos os governos e orientado pela perspectiva da sustentabilidade ambiental através da educação e associação de dimensões socioambientais, éticas, culturais, econômicas, espaciais e políticas. No âmbito das instituições formais de ensino, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1997) consideram o meio ambiente como tema transversal e a EA como meio para implementação de atividades que devem ser desenvolvidas durante todo o processo de ensino-aprendizagem e em todas as disciplinas. Apontam ainda a importância de a escola

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considerar os conhecimentos prévios levados a instituição pelos estudantes, auxiliando na atribuição de significados e compreensão de sua própria realidade.

As práticas educativas ocorridas na escola e em outros espaços, fortalecem a construção de uma sociedade sustentável na medida em que se considera o paradigma da complexidade e a reflexividade em torno dos problemas ambientais. Essas práticas devem ser focadas pedagogicamente para conscientização, mudanças comportamentais, avaliação e participação dos estudantes. A reflexão da complexidade ambiental permite o entendimento quanto ao surgimento de novos atores sociais que se organizam em torno de um processo educativo articulado, participativo e comprometido com a sustentabilidade, levando a criticidade de modelos impostos que orientam as práticas sociais e apresentam alternativas para novas formas de pensamento, de conhecimentos e práticas educativas, favorecendo o diálogo e a interdependência entre diferentes áreas do conhecimento (JACOBI, 2003; 2006a).

Desse modo, o autor supracitado, ainda considera que as atividades educativas que lidam com os problemas socioambientais devem ser compreendidas como integrantes de um macrossistema social, sendo nesse contexto que a EA desponta como importante processo que favorece a implementação de ações sistematizadas nas escolas e na sociedade, conduzindo à cidadania social e ambiental. Fundamentalmente, é necessário considerar a EA durante todo o processo de construção e ampliação do conhecimento, de forma sistêmica, integradora e não fragmentada.

A educação escolar deve também atuar no sentido de formar cidadãos críticos a partir de conhecimentos que promovam intervenções em suas realidades. Assim, a formação desses sujeitos requer a construção e o desenvolvimento de abordagens teórico-metodológicas que valorizem as concepções adquiridas e um processo de ensino-aprendizagem baseado na relação sociedade-cultura-natureza (TORRES; FERRARI; MAESTRELLI, 2014). No entanto, as experiências adquiridas não descartam a teoria prévia e o pensamento dedutivo, mas, se utilizam dessas vivências para observação dos fatos. Portanto, o conhecimento resultante de experiências quando associadas ao campo teórico, passa a atuar no reconhecimento de situações-problema (SANTOS, 2008).

Trabalhar a EA considerando os fatos do cotidiano dos educandos atua na aproximação da comunidade com o seu ambiente de vivência e na interação da escola com os problemas da comunidade, enfoques que estão relacionados com o pensamento de Paulo Freire (1987) para os temas geradores, considerados como metodologia conscientizadora e que possibilita uma visão crítica do mundo. Este autor discute sobre a importância inicial da compreensão crítica da totalidade em situações em que o indivíduo se encontra inserido para

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entendimento dos elementos que a integram. A abordagem por meio da investigação temática e da educação problematizadora, permite o entendimento acerca da realidade, além de reconhecer, através de uma visão crítica, a relação entre as partes constituintes da totalidade. Nesta direção, Souza, Rizzardi e Roberti (2007), também apontam para a importância das atividades coletivas e interdisciplinares que promovam a reflexão e a união das partes.

Tais concepções, infelizmente, ainda se apresentam deficitárias nas abordagens de EA na educação formal, onde o currículo engessado e a fragmentação do conhecimento e das disciplinas contribuem negativamente com esse processo de caráter transformador-emancipatório. Situação clara dessa fragmentação é verificada no ensino tradicional e na maioria dos livros didáticos e que, de acordo com Faria e Bizerril (2001) e Compiani (2007) estão descontextualizados com a realidade, focam suas abordagens em definições e os conteúdos são trabalhados isolados e fragmentados, desconsiderando as situações reais do cotidiano dos alunos, além de conteúdos excessivos.

Essa conjuntura é reforçada através da implementação, ainda recorrente, de políticas de EA pelos governos e sistemas educacionais que não consideram a realidade local em que a escola está inserida, de modo que, fatos importantes do cotidiano são descartados, dificultando a compreensão de suas causas e consequências (PASSADORE et al., 2007). Este é, portanto, um dos vários desafios a serem superados no processo formal de ensino.

No que tange a inserção da EA na escola e no cotidiano dos professores é necessário sua implantação e fundamentação nos Projetos Político Pedagógicos (PPP) para orientação das ações a serem desenvolvidas na instituição, recorrendo a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade (FERRARI; ZANCUL, 2010; SOUSA; LLARENA, 2015). No entanto, mesmo essas atividades sendo respaldadas e fundamentadas no PPP das instituições e considerando a “universalização da prática” da EA (VEIGA; AMORIM; BLANCO, 2005), é necessário pensar criticamente, levantando situações de como essas atividades estão sendo desenvolvidas, quem são os envolvidos, os motivos de sua realização, os resultados que estão sendo alcançados e as contribuições para a escola e a comunidade.

2.3 Água, educação ambiental e realidades socioambientais

A gestão da água enquanto recurso hídrico se constitui como uma questão complexa, cuja situação atual pode determinar, em um futuro próximo, a água como produto de disputa entre povos. Atrelado a esse cenário, verifica-se o aumento populacional mundial e, consequentemente, a demanda por água, em que o espaço urbano concentra mais da metade dessa população. Essa realidade conduz famílias mais pobres e com acesso deficitário à água

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e às políticas habitacionais, a ocuparem espaços sem infraestrutura adequada e que apresentam riscos de inundações em áreas próximas aos rios (MENDONÇA; LEITÃO, 2008). Além desses fatores, a falta de conhecimento da população sobre a dinâmica dos rios e a especulação imobiliária também estão entre as situações que contribuem com os casos de inundações nesses espaços (ALMEIDA, 2012). Essas ocupações têm ocasionado ainda a degradação da água e do solo, afetado a saúde dos moradores e aumentado os conflitos e os problemas socioambientais (JACOBI, 2006b).

O reconhecimento dos riscos naturais ocorre, inicialmente, através da percepção de sua existência e, posteriormente, por meio da compreensão de que os mesmos realmente se configuram como uma ameaça (BECK, 1996; ALMEIDA, 2012). Essas situações de risco surgem a partir do conflito entre o homem e o ambiente, atingindo principalmente as populações de maior vulnerabilidade, de modo que, a percepção dos riscos ambientais, pode conduzir a melhorias sociais. Assim, é necessário analisar a percepção da população antes de tratar do planejamento e gestão das áreas que apresentam riscos, de forma que por meio da EA é possível atuar contribuindo com a implementação de um processo de conhecimento crítico e monitoramento desses espaços (SOUZA; ZANELLA, 2009).

As políticas de planejamento nesses ambientes também devem considerar a degradação hídrica, ao mesmo tempo em que o gerenciamento desses recursos é um importante instrumento para manutenção de sua disponibilidade e melhoria da qualidade das águas e das condições sociais (MENDONÇA; LEITÃO, 2008). Ampliando essa ideia, Magalhães-Júnior (2014) aponta que a verificação dos benefícios que a água pode ofertar deve relacionar-se com a qualidade de vida da população que a utiliza e com a qualidade do ambiente. Porém, essa condição está relacionada não apenas com a disponibilidade quantitativa e qualitativa de água, mas também ligada aos valores perceptivos e do conhecimento historicamente construídos. O acesso a água configura-se, portanto, como um direito social e não somente com função de atuar na melhoria da qualidade de vida da população. Com isso, a sensibilização da comunidade se fundamenta como um dos princípios para compreensão da realidade socioambiental.

De modo a contribuir com esse processo de sensibilização ambiental, a escola se caracteriza como importante espaço para análise e discussão de situações e contextos cotidianos. A água consiste num tema amplo e que pode ser trabalhado por meios interdisciplinares de estudos, favorecendo a integração de saberes. Assim, a educação para a água não pode priorizar apenas a utilidade da água, devendo, portanto, considera-la como pertencente a um macrossistema, um ciclo passível de intervenções humanas. Os estudos da água permitem aos estudantes envolvidos realizarem o resgate histórico do ambiente local,

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visando o desenvolvimento da percepção das condições ambientais. Tratando especificamente sobre a bacia hidrográfica, os estudos realizados nesse espaço favorecem o desenvolvimento de atividades científicas no contexto escolar com capacidade de fomentar processos interdisciplinares (BACCI; PATACA, 2008).

Pela EA desencadeia-se a possibilidade de transformação da realidade, sendo que a escola e a educação formal e não formal consistem em instrumentos para obtenção dessas modificações, em que os indivíduos envolvidos podem aprender considerando os diferentes saberes (MARTINS; NISHIJIMA, 2010). A EA baseia-se, na compreensão de Leff (2009), em novos saberes que ultrapassam o conhecimento científico, de forma que o saber ambiental visa obter o conhecimento que é desconsiderado pelas ciências. Esse saber ambiental não se trata de um conhecimento disciplinar ou somente do estudo ambiental, consiste num saber complexo construído a partir de novas realidades.

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3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

O Rio Grande do Norte (RN), estado do semiárido brasileiro, possui uma área territorial de 52.811,107 km2, constituído por 167 municípios e uma população de 3.168.027 habitantes, dos quais 2.464.991 residem na zona urbana e 703.036 na zona rural (IBGE, 2010). Os municípios estão agrupados em oito zonas homogêneas, de acordo com suas características físicas, econômicas, sociais, políticas, dentre outras (SEPLAN, 2014).

Com relação aos recursos hídricos, o RN possui 16 Bacias Hidrográficas, sendo elas a Apodi/Mossoró, Piranhas/Açu, Boqueirão, Punaú, Maxaranguape, Ceará-Mirim, Doce, Pirangi, Potengi, Trairi, Jacú, Catú, Curimataú, Grajú, Faixas Litorâneas Norte e a Leste de Escoamentos Difusos. A Bacia Hidrográfica Potengi ocupa uma área total de 4.093 Km2, correspondendo a cerca de 7,7% do território estadual e abrange diversos municípios, dentre eles Barcelona, Bento Fernandes, Bom Jesus, Cerro Corá, Ielmo Marinho, Lagoa de Velhos, Macaíba, Natal, Riachuelo, Ruy Barbosa, Santa Cruz, Santa Maria, São Gonçalo do Amarante, São Paulo do Potengi, São Pedro, São Tomé, Senador Elói de Souza, Serra Caiada, Sítio Novo, Tangará e Vera Cruz. O principal rio da bacia é o Potengi, cuja nascente encontra-se localizada na Serra de Santana no município de Cerro Corá, e sua foz em Natal, após um percurso de cerca de 176 km. A bacia tem como afluentes os rios Jundiaí, Pedra Preta, Camaragibe e o riacho Pedra Branca, destacando-se a Caatinga antropizada e a Caatinga herbácea-arbustiva como as principais classes de uso do solo (IICA, 2004; SEMARH, 1998; 2018).

São Paulo do Potengi (Figura 1), distante cerca de 70 km de Natal e considerado como principal município do Território Potengi, está localizado na Mesorregião e Microrregião Agreste Potiguar (SEPLAN, 2014), possuindo área total de 240,425 km2 e uma população, de acordo com o último censo, composta por 15.843 pessoas, distribuindo-se aproximadamente em 70% na área urbana e 30% na área rural (IBGE, 2010).

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Figura 1: Mapa de localização do município de São Paulo do Potengi-RN. Elaboração: Adalfran Herbert de Melo Silveira, 2018.

O município possui clima quente e semiárido, apresentando temperatura média de 27,2 °C e índice pluviométrico considerado normal com média de 584,9 milímetros por ano e o período chuvoso ocorrendo de março a junho. Possui cobertura vegetal composta pela Caatinga Hipoxerófila, destacando-se espécies como a catingueira, angico, braúna, aroeira, juazeiro e mandacaru. Os solos são do tipo planossolo solódico e utilizado principalmente para o desenvolvimento de atividades agropecuárias (IDEMA, 2008).

Em São Paulo do Potengi localiza-se a barragem Campo Grande, construída no leito do rio Potengi e considerado o segundo maior reservatório da bacia, com capacidade inicial no ano de sua instalação em 1984 para 34.000.000 m3, possui atualmente capacidade máxima

de 23.139.587 m3 de água (SEMARH, 2018). O reservatório foi construído com a finalidade

de armazenamento de água, controle de enchentes e perenização do rio, sendo utilizado para o abastecimento humano municipal até 1999, ano da instalação da Adutora Monsenhor Expedito, com captação e distribuição d´água da Lagoa do Bonfim, situada no município de Nísia Floresta. Atualmente, a Campo Grande concentra em suas margens atividades turísticas, agrícolas e pecuárias, destacando-se a agricultura familiar e a pesca como importantes fontes de renda, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico local (SÃO PAULO DO POTENGI, 2005; BRASIL, 2010). Em outras áreas do rio Potengi, principalmente situadas na

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zona rural, desenvolve-se a horticultura irrigada para consumo familiar e comercialização do excedente, e ainda a produção de plantas forrageiras. Na margem urbana do rio, além de residências, estão instalados empreendimentos ceramistas, estabelecimentos comerciais, estacionamentos e criadouros de animais (LOPES et al., 2016).

Quanto aos instrumentos de ordenamento territorial e gestão municipal, São Paulo do Potengi dispõe de Lei Orgânica Municipal reestruturada (Lei no 928 de 16 de dezembro de 2016), Código de Obras (Lei no 106 de 08 de agosto de 1977), Código de Postura (Lei no 107 de 08 de agosto de 1977), Plano Diretor (Lei no 674 de 06 de dezembro de 2007) e do Plano Municipal de Saneamento Básico (elaborado em 2011), além de ser contemplado pelo Plano Intermunicipal de Resíduos Sólidos da Região do Mato Grande (elaborado em 2015).

Dentre essas medidas, destaca-se o Plano Diretor por dispor sobre as principais Zonas de Proteção Ambiental, organizadas através do Macrozoneamento e Macrozoneamento Ambiental do Município, estando divididas em: Zona de Açudes, Zona da Barragem Campo Grande, Zona do Rio Potengi, Zona das Lagoas, Zona dos Rios e Riachos, Zonas dos Topos dos Morros e Zona de Recuperação Ambiental. O Plano ainda define as Zonas de Proteção Ambiental (ZPA), como demonstrado na Tabela 1.

Tabela 1: ZPAs do município de São Paulo do Potengi.

ZPA FUNÇÃO

ZPA I Rios e riachos Proteção aos cursos d´água, seus ecossistemas e a vegetação natural.

ZPA II Barragem Campo Grande

Preservação dos recursos hídricos, da paisagem, da estabilidade geológica, da biodiversidade, do fluxo gênico faunístico e florístico, proteção ao solo e garantia do bem-estar da população.

ZPA III Lagos e lagoas naturais

Proteção aos recursos ambientais inseridos na área estabelecida e associada a vegetação natural.

ZPA IV Topos de morros

Sem função especificada no Plano Diretor. Atividades modificadoras somente são permitidas através de licenciamento ambiental com finalidade de habitação social, regularização fundiária em Área de Especial de Interesse Social (AEIS) ou ainda em casos de interesse público.

Fonte: SÃO PAULO DO POTENGI, 2007.

De acordo com o Plano Municipal de Saneamento Básico, 13,7% (592 ligações) da população do município é atendida pelo Sistema de Esgotamento Sanitário gerido pela Companhia de Águas e Esgotos do RN (CAERN), havendo alguns bairros cuja rede coletora

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lança os efluentes in natura diretamente no rio Potengi. As localidades que não dispõem de esgotamento sanitário utilizam-se de estruturas como fossas sépticas, fossas negras, sumidouros ou lançam seus dejetos diretamente na rede de águas pluviais, descartados em seguida no Potengi (SÃO PAULO DO POTENGI, 2011).

O município, por ser considerado polo da região, é dotado de maior infraestrutura física e produção de bens e serviços, dispondo de instituições estaduais, federais e outras organizações. No campo educacional, destaca-se a Escola Estadual Maurício Freire (Figura 2), localizada no núcleo urbano e fundada em 26 de novembro de 1929 (AZEVEDO, 1983), constituindo-se mais antiga que o próprio município de São Paulo do Potengi (emancipado politicamente em 1943) e considerada a maior escola da região, ofertando atualmente exclusivamente o Ensino Médio e possuindo 649 alunos matriculados no ano de 2018, distribuídos nos três turnos.

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4. METODOLOGIA GERAL

O estudo ocorreu por meio da caracterização ambiental do rio Potengi no município de São Paulo do Potengi/RN, sob a visão de estudantes secundaristas e estando fundamentado, principalmente, por meio do método de Branco (2004), em técnicas de geoprocessamento e aplicação do Teorema de Bayes, envolvendo múltiplas disciplinas, conforme a Figura 3.

Figura 3: Disciplinas envolvidas na pesquisa. Fonte: O autor, 2018.

4.1 Áreas de estudo

A pesquisa abrangeu recortes localizados na Bacia Hidrográfica Potengi, especificamente em trechos do rio Potengi inseridos no município de São Paulo do Potengi/RN (Figura 4), em áreas rurais e urbanas, definidas desta forma para investigação e compreensão da qualidade ambiental, aspectos socioambientais e dos processos antrópicos. Assim, o estudo realizou-se nos seguintes espaços:

• Ponto 1 (P1): Comunidade de Curicaca (zona rural, área à montante da barragem). • Ponto 2 (P2): Barragem Campo Grande (zona urbana).

• Ponto 3 (P3): Bairro Juremal (zona urbana).

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Figura 4: Mapa de localização das áreas de pesquisa. Elaboração: Adalfran Herbert, 2018.

No P1 (Figura 5), distante cerca de 5 km do núcleo urbano, desenvolvem-se atividades agropecuárias e hortifrutigranjeiras com práticas de irrigação, destinando-se os produtos ao consumo familiar e comercialização do excedente. Utiliza-se ainda o leito do rio e suas margens, principalmente em períodos de seca, para cultivo de capim elefante (Pennisetum purpureum), garantindo suporte forrageiro animal.

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Figura 5: Rio Potengi na Comunidade de Curicaca (P1). Fonte: O autor, 2016.

Em P2 (Figura 6), destaca-se atualmente a pesca artesanal, tendo a área sido utilizada em períodos anteriores para abastecimento urbano e piscicultura em tanques-rede. Por localizar-se na zona urbana, suas margens são ocupadas por residências e bares, e usada para o turismo. Além disso, cultiva-se hortaliças e plantas forrageiras, estas últimas, principalmente, nos períodos de estiagem, em que parte interna do reservatório é ocupado por essas culturas, quando o nível de água diminui.

Figura 6: Visão parcial da barragem Campo Grande (P2). Fonte: O autor, 2016.

Cultivo de capim na margem do rio

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O P3 (Figura 7) constitui-se de uma área sob diversas pressões antrópicas que contribuíram para o atual processo de degradação hídrica, no qual destacam-se a diminuição da vegetação ciliar, ocupação das margens com residências, empreendimentos comerciais, cerâmica, agricultura e pecuária. Essas ações resultaram em consequências como assoreamento, compactação do solo por pisoteio animal e lançamento de esgotos domésticos e comerciais sem tratamento, fatos que não impedem a dessedentação animal e a pesca no local.

Figura 7: Trecho do rio Potengi no bairro Juremal (P3). Fonte: O autor, 2017.

Verifica-se em P4 (Figura 8) a predominância da agricultura e pecuária, principalmente com o cultivo de capim elefante (P. purpureum) irrigado por aspersão e criação de bovinos, nas margens e no leito do rio. Essa área do rio encontra-se com suas margens erodidas e o leito assoreado, apresentando compactação do solo como resultado do pisoteio dos animais que utilizam o local para dessedentação e pastagem.

Margem assoreada Margem assoreada

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Figura 8: Trecho do rio Potengi na Comunidade de Boa Vista (P4). Fonte: O autor, 2017.

4.2 Seleção das áreas e dos sujeitos envolvidos na pesquisa

A seleção das áreas para realização da pesquisa ocorreu devido a existência de poucos estudos na localidade supracitada e ainda pela importância histórica, econômica e social que o corpo hídrico possui para comunidade local. A escolha também ocorreu por razões técnicas e geoambientais: atividades potencialmente degradantes, exemplo da ocupação irregular do solo, agricultura, pecuária e a falta de saneamento básico adequado.

O estudo foi realizado integrando estudantes do Ensino Médio da Escola Estadual Maurício Freire, situada no município de São Paulo do Potengi, mediante processo de investigação e reflexão de situações-problema nas referidas áreas. O fato do autor ser professor da instituição favoreceu a seleção das áreas e a execução das atividades.

De tal modo, foi estabelecido o número de 10 alunos para participação, por motivos técnicos e operacionais, como atuação durante as atividades de campo, de forma que essa quantidade otimizou a logística do translado durante as visitas, o diálogo com os estudantes envolvidos, a coleta e a interpretação dos dados obtidos.

A seleção dos participantes permitiu a inscrição dos estudantes dos três turnos da escola, ocorrendo através do seguinte processo: (1) entrevista, que considerou o interesse por questões ambientais e pela investigação científica; e (2) o engajamento dos mesmos em projetos da escola, principalmente os socioambientais. Dessa forma, os alunos selecionados possuíam idade entre 15 e 19 anos, frequentavam turmas de 1ª, 2ª e 3ª série do nível médio, nos turnos matutino e vespertino e residiam em áreas rurais e urbanas do referido município.

Cultivo de capim nas margens do rio do rio

Bovinos no leito do rio

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4.3 Caracterização ambiental e investigação da qualidade da água

Para fins da caracterização e do mapeamento ambiental das áreas estudadas, realizaram-se as seguintes etapas:

Etapa 1 – Mapeamento ambiental

Elaboração de mapas de uso e ocupação do solo por meio de técnicas de geoprocessamento e utilização de imagens dos satélites LANDSAT 3, 5 e 8. Esse procedimento técnico-científico possibilitou uma visualização de toda área de estudo, permitindo a comparação com os dados levantados em campo e a análise espaço-temporal de determinados locais.

Etapa 2 – Caracterização ambiental e investigação da qualidade da água por meio da visão dos estudantes

Nesta etapa ocorreram visitas em campo juntamente com a equipe de estudantes selecionados, havendo primeiramente, a identificação de atividades potencialmente degradantes da mata ciliar e o reconhecimento de áreas com vegetação degradada anteriormente, suas causas e consequências.

Considerando a sazonalidade da precipitação, foi efetivada uma visita no período chuvoso (junho) e outra no período seco (novembro), para verificação da qualidade da água através do método de Branco (2004), por meio do preenchimento de um guia de avaliação (Apêndice 1) pelos estudantes.

O procedimento trata de uma avaliação de recursos hídricos a partir de 10 parâmetros: cobertura vegetal, turbidez, cor, algas, espumas, corpos flutuantes, material sedimentável, cheiro, temperatura e peixes. Para cada um desses parâmetros existem variáveis que são analisadas durante o trabalho de campo, averiguando-se o grau de certeza de cada situação identificada, conforme demonstrado na Tabela 2.

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Tabela 2: Parâmetros e variáveis para determinação da qualidade da água.

PARÂMETRO SITUAÇÃO/VARIÁVEIS GRAU DE CERTEZA

Cobertura Vegetal Vegetação herbácea-arbustiva Grau de certeza da situação/variável e qualidade da água identificada em campo. Teorema de Bayes Vegetação arbustiva- arbórea

Vegetação arbórea-herbácea

Turbidez

Muito alta (como caldo de cana) Alta (vê se o fundo até 30cm de

profundidade)

Baixa (vê-se o fundo até 1 m ou mais)

Ausente (completamente cristalina)

Cor

Muito forte (cor de coca-cola ou outra cor)

Alta (cor de chá forte) Baixa (Levemente esverdeada)

Ausente (cristalina)

Algas (cor verde)

Muito verde (como sopa de ervilha)

Média (como caldo de cana) Baixa (levemente esverdeada)

Ausente (cristalina)

Espumas Ausente

Presente

Outros corpos flutuantes

Muito alta (superfície coberta) Alta (muitos corpos flutuando)

Baixa (poucos) Ausente Material

sedimentável (em um copo após 1

hora)

Muito alta (superfície coberta) Alta (de 0,5 a 1cm) Baixa (cobre o fundo do copo)

Ausente

Cheiro

Muito forte (forte cheiro de ovo podre)

Forte (forte cheiro de ovo podre) Fraco (leve cheiro de mofo ou

indefinido) Ausente Temperatura Muito alta (40oC) Alta (35o C) Normal (20 a 35o C) Baixa (menos de 20o C) Peixes

Muitos (e/ou peixes grandes) Normal (com peixes diversos) Poucos (cardumes localizados de

peixes pequenos) Fonte: Adaptado de Branco (2004).

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Além da verificação desses parâmetros, durante as atividades em campo, outras situações foram investigadas juntamente com os estudantes, como o lançamento de efluentes, degradação da vegetação ciliar, ocupação das margens do rio e o desenvolvimento de práticas agrícolas e pecuárias, dentre outros fatores potencialmente impactantes para o meio ambiente e para saúde humana.

Individualmente, os estudantes em campo, a partir de suas observações e análises, determinaram a situação de cada parâmetro e, em seguida, avaliaram sua qualidade através de uma pontuação de 0 a 3, conforme Tabela 3. Ao término da análise de todos os parâmetros, foi realizada avaliação final da qualidade da água para cada área pesquisada, por meio do somatório da avaliação pontual, de acordo com a Tabela 4.

Tabela 3: Avaliação da situação dos parâmetros.

Pontos Qualidade 0 Péssima 1 Regular 2 Boa 3 Muito boa Fonte: Branco (2004).

Tabela 4: Avaliação final da qualidade da água.

No de pontos Qualidade da água

De 0 a 11 Péssima

De 12 a 18 Regular

De 19 a 23 Boa

De 24 a 30 Muito boa

Fonte: Branco (2004).

Etapa 3 – Análise e interpretação dos dados

Nesta etapa foram confrontados e analisados os dados obtidos através do mapeamento (Etapa 1) e da caracterização e avaliação visual-perceptiva (Etapa 2) das quatro áreas pesquisadas. Posteriormente, munidos dessas informações e juntamente com os estudantes, passou-se para interpretação desses dados, possibilitando a compreensão da real situação ambiental das áreas estudadas e a evolução do conhecimento dos alunos envolvidos, com aplicação de novos métodos de análise do grau de certeza dos resultados obtidos, utilizando-se a inferência Bayesiana.

Teoria Bayesiana

O Teorema de Bayes está fundamentado na teoria de probabilidades condicionais, permitindo o cálculo das probabilidades após a realização de uma experiência (uma

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probabilidade a posteriori) com base no conhecimento da ocorrência de certos eventos que dependem do caso estudado, isto é: sejam A1 , A2 , . . . ., An, eventos mutuamente exclusivos

que formam uma partição de S (espaço amostral). Sejam P (Ai) as probabilidades conhecidas

de vários eventos e B um evento qualquer de S, resultando no conhecimento de todas as probabilidades condicionais P (B/Ai).

De acordo com Anderson, Sweeney e Williams (2011), a probabilidade de um evento Ai sabendo que ocorreu um evento Bi para qualquer i, é:

𝑃 (𝐴𝑖 𝐵) = 𝑃(𝐴𝑖)𝑃 (𝐴𝐵 𝑖) ∑𝑛𝑖=1𝑃(𝐴𝑖)𝑃 (𝐵 𝐴𝑖)

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Capítulo 1

ANÁLISE MULTITEMPORAL DA MATA CILIAR EM TRECHOS DO RIO POTENGI ASSOCIADA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

ESTE ARTIGO FOI PUBLICADO NO PERIÓDICO Educação Ambiental em Ação E, PORTANTO, ESTÁ FORMATADO DE ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES DESTA

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ANÁLISE MULTITEMPORAL DA MATA CILIAR EM TRECHOS DO RIO POTENGI ASSOCIADA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Silenildo Rafael Lopes1; Adalfran Herbert de Melo Silveira2; Fernando Moreira da Silva3

1Mestrando do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente

(PRODEMA) da UFRN. E-mail: silenildo.bio@hotmail.com

2Pesquisador do Grupo de Pesquisa Estudos Geoambientais da UFRN.

E-mail: adalfran_vl@hotmail.com

3Prof. Dr. do Departamento de Geografia da UFRN. E-mail: fmoreyra@ufrnet.br Resumo

As matas ciliares são importantes ecossistemas que contribuem diretamente para a manutenção da quantidade e da qualidade da água, mantém a morfologia do canal fluvial, a temperatura do ar e constituem-se como ambientes ricos em biodiversidade. Assim, o presente estudo investigou a evolução da mata ciliar em quatro trechos do rio Potengi, inseridos no município de São Paulo do Potengi/RN, realizando-se através da coleta de dados espectrais nos períodos de 1978, 1986 e 2017, da calibração radiométrica e pré-processamento das informações. O mesmo foi desenvolvido com a participação de estudantes do ensino médio de uma escola pública local a partir de visitas em campo, análise dos mapas através do NDVI e, posteriormente, interpretação e comparação dos dados dos períodos de referência com as informações verificadas in loco. Como resultado, constatou-se que ao longo dos três períodos pesquisados, as áreas inseridas no núcleo urbano apresentam menor densidade vegetal nas margens do rio, podendo ser associado a urbanização e a instalação da barragem Campo Grande, o que provocou desmatamento e incentivou a ocupação de suas margens. Os resultados ainda evidenciam a importância da educação ambiental no processo de investigação e análise de problemas ambientais. Por fim, aponta-se para a necessidade da fiscalização no uso e ocupação do solo, a recuperação da vegetação ciliar e o desenvolvimento constante de outras atividades de educação ambiental.

Palavras-chave: Recursos Hídricos. Vegetação. Sensibilização Ambiental.

Abstract

The riparian forests are important ecosystems that directly contribute to the maintenance of the quantity and quality of water, maintains the morphology of fluvial channels, the temperature of the air and act as environments rich in biodiversity. Thus, the present study investigates the evolution of the riparian vegetation in four segments of the Potengi river, inserted in the municipality of São Paulo do Potengi/RN, performing through the collection of spectral data in the periods of 1978, 1986 and 2017, calibration radiometric and pre-processing of the information.The same was developed with the participation of students in a local public school from visits in the field, analysis of the maps through the NDVI and, subsequently, interpretation and comparison of data reference periods with the information verified on the spot. As a result, it was found that over the three periods surveyed, the areas inserted in the urban core have lower-density vegetation on the banks of the river, and may be associated with urbanization and the installation of the dam, which has caused deforestation and encouraged the occupation of their margins. The results also highlight the importance of environmental education in the process of research and analysis of environmental problems. Finally, it points to the need for supervision in the use and occupation of land, recovery of riparian vegetation and the constant development of other environmental education activities.

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