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Potencial fitopatogenico de Colletotrichum gloeosporioides, agente de controle biologico de Orthezia praelonga (Homoptera, Ortheziidae). - Portal Embrapa

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Academic year: 2021

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E N T O M O L O G I A

POTENCIAL FITOPATOGÊNICO DE

COLLETOTRICHUM GLOEOSPORIOIDES,

AGENTE DE CONTROLE BIOLÓGICO

DE ORTHEZIA PRAELONGA

(HOMOPTERA, ORTHEZIIDAE)

ROBERTO CESNIK"’& WAGNER BETTIOL"’

R E S U M O

Isolados de Colletotriclnmi gloeosporioides, agente de controle da ortézia, e os obtidos dos próprios frutos hospedeiros, quando inoculados nos frutos com feri­ mentos, foram patogênicos para banana, nêspera, abacate, vagem e pimentão, causando apodrecimento nos locais das inoculações, havendo necessidade da realização de experimentos com frutos sem ferimento. Os isolados de C. gloeosporioides (CTAA1 e CTAA2), agentes de controle da ortézia, não causaram lesões nos frutos de laranja T ê r a ' e 'Valência' após inoculações em frutos com ferimentos, enquanto os isolados de

Colletotrichuni sp., originários de flores de citros com sintomas de podridão floral, produziram lesões até de 4,0 cm de diâmetro e, em alguns casos, apodrecimento completo do fruto. Para a lima-ácida 'Tahiti' e

tange-" ’ EMBRAPA/CNPM A, Caixa Postal 69, 13820-000 Jaguariúna (SP).

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2 6 2 ROBERTO CESNIK & WAGNER BETTIOL

rinas 'C ra v o ' e 'P o n k a n ', todos os iso lad o s de

Collctotrichuin foram patogênicos. Entretanto, em fru­ tos de citros sem ferimentos, imersos em suspensão de conídios dos diferentes isolados de Colletotrichum,não foi verificada a ocorrência de podridões.

Termos de indexação: citros, biocontrole, queda pre­ matura, cochonilha.

S U M M A R Y

P I I Y T O P A T H O G E N I C P O T E N T I A L O F C O L L E T O T R IC H U M G L O E O S P O R IO ID E S , T H E B I O C O N T R O L A G E N T O F O R T H E Z IA P R A E L O N G A ( H O M O P T E R A , O R T H E Z I I D A E )

Strains of Colletotrichum gloeosporioidesisolated from

Orthezia praelongaand from plant hosts showed patho­ genicity when inoculated on injured fruits (banana, loquat fruit, avocado, snap bean, and pepper). These observations led to an interest in additional experi­ mentation on uninjured fruits. Two effective Orthezia

controlling isolates (CTAA1 and CTAA2) did not cause lesions on orange fruits (cv. Pêra and Valência) even after inoculation on injured orange peel, whereas iso­ lates from orange flowers showing symptoms of postbloom fruit drop caused lesions as large as 4.0 cm diameter and, in some cases, complete rotting of the fruit. All C. gloeosporioides isolates were pathogenic toward acid linie orange, and tangerine (cv. Cravo and Ponkan). No rotting was observed on uninjured citrus fruits immersed in suspensions of conidia of any C.

gloeosporioidesisolates.

Index terms: citrus, postbloom fruit drop, biocontrol, scale.

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POTENCIAL FITOPATOGÉNICO DE COLLETOTRICHUM GLOEOSPORIOIDES 263

1. INTROD UÇÃO

A cochonilha O rthczia prnelongu (Douglas, 1891), um coccídeo pertencente à ordem Homoptera e à família Ortheziidae, conhecida vulgarm ente com o "ortézia" ou m esm o "p iolh o -b ran co", prejudica intensamente as plantas cítricas, podendo atacar inúm eras outras plantas cultivadas, principalm ente ornam entais e silvestres. O primeiro a registrar danos causados pela ortézia na citricultura foi Pyenson (1938), citado por KOGAN (1964), em Pernambuco. ROBBS (1947) registrou um surto de ortézia em plantas cítricas e ornam en­ tais, no então Distrito Federal, hoje Estado do Rio de Janeiro. Essa cochonilha adquiriu, mais tarde, uma forma catastrófica, contri­ buindo para o declínio da citricultura na Baixada Fluminense. Posteriormente, ROBBS (1973) registrou vários focos dessa praga em Sergipe, onde constitui, atualmente, séria ameaça econômica.

No Estado de São Paulo, a ortézia foi constatada pela primeira vez no município de Severínia, região citrícola de Bebedouro, por G O N Ç A L V ES & CASSIN O (1978). Dessa data, até 1995, houve uma generalização de ataque pelas principais regiões citrícolas paulistas (PRATES & PINTO, 1987).

O controle da praga, em plantas cítricas, tem sido feito pelo emprego de inseticidas sistêmicos, à base de aldicarb, e dimetoato, ou fosforados, à base de paration (CATI, 1987), sendo escassos os estudos com controle biológico.

A Em brapa/Centro Nacional de Pesquisa de Monitoram ento e Avaliação de Impacto Ambiental, em Jaguariúna, vem tentando o co n tro le b io ló g ico d esse inseto, com o fungo C olletotrich u m

gloeosporioides, isolado da própria Orthezia, por ROBBS (1947), sendo identificado por BATISTA & BEZERRA (1966) como sendo C.

gloeosporioides. Em pomares comerciais de laranjas 'N atal', 'Lim a'

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e 'Pêra' e tangerinas 'Cravo' e 'Ponkan', na região de Limeira, CESNIK et al. (1996) verificaram uma redução de 43 a 82% no núm ero de insetos adultos de ortézia e de 66 a 84% na infestação da praga, 35 dias após a pulverização de C. gloeosporioidcs. Nas avaliações realizadas aos 70 dias, a redução foi de 85 a 96% no núm ero de adultos e de 80 a 96% na infestação dos insetos. Entre­ tanto, houve uma reinfestação aos 100 dias. Dessa forma, os autores c o n c lu ír a m qu e há n e c e s s id a d e de uma r e a p lic a ç ã o de C.

gloeosporioidcs aos 90 dias após a primeira aplicação.

C. gloeosporioidcs, agente de controle de O. praelon ga, apre­ senta variabilidade no sistema de proteínas totais, sendo o padrão de bandas detectadas nas linhagens fitopatogênicas diferente da­ quele das linhagens dos isolados usados para o controle biológico da ortézia, segundo MELO (1996). No m esm o estudo, o autor observou que os isolados entomopatogênicos diferiam quanto à cor das colônias, ao crescimento micelial, à esporulação e ao tamanho de conídios, quando comparados com os isolados fitopatogênicos.

Uma das principais características de um agente de controle biológico, tanto de pragas com o de doenças, é que não seja fitopatogênico: isso é ainda mais importante quando se trabalha com isolados de espécies potencialmente patogênicas, como C.

glocosporioides. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o poten­ cial fitopatogênico de C. glocosporioides a citros e a outras culturas de expressão econômica.

2. MATERIAL E M ÉTOD O S

Foram realizados testes para com parar a patogenicidade de isolados de C. glocosporioides, obtidos de frutos de abacate, banana, pimentão, nêspera e vagem, reconhecidamente patogênicos a essas

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culturas, com isolados de C. gloeosporioides obtidos de adultos de O.

praelonga, originários do Rio de Janeiro (RJ) e de Artur Nogueira (SP). Os testes foram realizados em frutos de abacate, banana, nêspera, pimentão e vagem.

Para a preparação do inoculo, os diferentes isolados de

Colletotrichum foram multiplicados em meio GPA (glucose 10 g, bactopeptona 2 g, K H 2P 0 4 0,5 g, M gSO (.7HnO 0,5 g, ágar 16 g e água destilada 1.000 ml), por cinco dias, com incubação a 25 ± 2°C e fotoperíodo de 12 horas. Posteriormente, foram obtidas suspensões de conídios nas concentrações de 3,80 x 107, 2,30 x 107, 1,34 x 10ív, 1,90 x 105 e 1,82 x 10'’ conídios/ml, para os isolados de banana, pimentão, vagem, nêspera e abacate respectivamente. As suspen­ sões dos isolados C. gloeosporioides e Orthezia foram de 100 x 107 conídios/ml.

Os diferentes frutos foram lavados em água corrente e m ergu­ lhados em solução de hipoclorito de sódio a 2%, por 5 minutos, e mergulhados em água destilada por mais 5 minutos. Após a seca­ gem em papel-filtro, os frutos foram injuriados com dois ou três ferimentos, com auxílio de uma ponteira de pipeta automática. Nos ferimentos, foram inoculados 30 |il das suspensões dos conídios. Nos frutos testemunhas, as suspensões de conídios foram substi­ tuídas por água destilada esterilizada. Após a inoculação, os frutos foram incubados a 22 ± 2”C, no escuro. Após o quinto dia da inoculação, determinou-se, diariamente, o diâmetro das lesões, em dois sentidos, perpendiculares entre si.

O mesmo método foi utilizado para estudos com frutos de citros, sendo dois isolados de Colletotrichum , originários de flores com sintomas da podridão floral dos citros (PFC), utilizados como padrão de patogenicidade, e dois isolados de C. gloeosporioides (CTAA1 e CTAA2), agente de controle de ortézia. Nesse estudo,

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foram utilizadas as tangerinas 'Cravo' e 'Ponkan', as laranjas 'Lim a', 'Pêra' e 'Valência' e a lima ácida 'Tahiti'. As concentrações de conídios utilizadas foram em torno de 1 x 107 conídios/ml, para todos os isolados dos fungos avaliados.

E stu dos ad icio n ais tam bém foram re alizad o s m ed iante imersão de frutos de laranja 'Pêra' em suspensão de conídios de

Collclolricliiiin sp., originário de flores de citros com sintoma da PFC, e C. gloeosporioides, incubando-os, posteriormente, por 7 dias, a 25 ± 2"C.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos os isolados de C. gloeosporioides, agente de controle da ortézia, e os obtidos dos próprios frutos, foram patogênicos para banana, nêspera, abacate, vagem e pimentão, causando-lhes apodrecimento nos ferimentos. Há necessidade de mais experim en­ tos nesses frutos, porém sem ferimento. Entretanto, essa caracterís­ tica precisa ser considerada nos estudos de riscos do uso do agente de controle biológico.

Os isolados CTAA1 e CTAA2, agentes de controle biológico da ortézia, não causaram lesões nos frutos de laranja 'Pêra' e 'Valência' até 14 dias depois das inoculações, enquanto os isolados de Colletotrichum , originários de flores de citros, produziram lesões de até 4,0 cm de diâmetro e, em alguns casos, apodrecim ento completo do fruto. Para a laranja 'Lim a', lima ácida 'Tahiti' e tangerinas 'Cravo' e 'Ponkan', todos os isolados causaram podri­ dão nos frutos, sendo os de citros os mais patogênicos. O com por­ ta m e n to p a to g ê n ic o dos is o la d o s C T A A 1 e C T A A 2 de C.

gloeosporioides, quando inoculados em frutos com ferimento, é uma indicação da necessidade da realização de estudos com plementares

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com frutos apresentando ferimentos naturais ou causados por chuva de pedra, por insetos ou por outro patógeno. Essas pesquisas se encontram em andamento.

No estudo de laranja 'Pêra', cuja inoculação foi realizada sem ferimento dos frutos, apesar do crescim ento dos fungos na região peduncular, não foram observadas podridões nos frutos.

Apesar de constatada a eficácia do controle da ortézia dos citros, a recomendação para o uso de C. gloeosporioides, isolado de

O rthezia, em escala comercial, visando ao controle de ortézia em citros, só poderá ser feita após o encerramento dos testes sobre os s e u s e f e it o s no s o r g a n is m o s não v is a d o s e d o s te s te s de fitopatogenicidade em citros e em outras culturas de expressão e c o n ô m ic a . T estes de p a to g e n ic id a d e dos is o la d o s e n to m o - patogênicos estão sendo executados em flores, frutos e folhas de diversas variedades de citros, em condições de cam po e em casa de vegetação: até o momento, esses isolados não causaram doença nos referidos órgãos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATISTA, A.C. & BEZERRA, J.L. Sobre o parasitismo de Colletotricliiim

gloeosporioides Penz. e outros fungos em Ortltezia praelotiga Douglas. Broteria, Lisboa, v.35, p.1-2, 1966.

COORDENADORIA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA INTEGRAL (CATI) Citros: recomendações para o controle das principais pragas e doen­ ças em pomares do Estado de São Paulo em 1986/87. 2.ed. rev. Campinas: CATI, 1987. 34p. (Boletim técnico, 165.)

CIZSNIK, R.; FERRAZ, OLIVEIRA, R.C.A.L.; ARELLANO, F. & MAIA, A. de H.N. Controle da Orthezia praelotiga (Douglas) com o

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fungo Colletolrichum gloeosporioides isolado Ortliezia, na região de Limeira, SP. In: SIMPÓSIO DE CONTROLE BIOLÓGICO, 5,. Foz do Iguaçu, 1996. Anais... Londrina: Embrapa CNPSo, 1996. p.363. GONÇALVES, C.R. & CASSINO, P.C.R. O problema da O rtliezia

p r a e l o n g a na c itr ic u ltu r a . In: E N C O N T R O N A C IO N A L DE CITRICULTURA, 5., Rio de Janeiro, 1978. 5p. (Mimeografado) KOGAN, M. Nota sobre as espécies do gênero Ortliezia Bosq d' Antic, 1784,

de importância econômica e que ocorrem no Brasil. Agronomia, Rio de Janeiro, v.22, p.134-144, 1964.

MELO, I.S. Caracterização bioquímica e morfológica de C olletotricliu m g lo c o s p o r io iiic s , agente de controle biológico de O rtliezia p ra elo n g a . In: ANÁLISE DE RISCO E IMPACTO AMBIENTAL DO USO DE

AGENTES MICROBIANOS DE CONTROLE. Relatório Anual/

Embrapa/CNPMA, 1996. Projeto 11.0.94.225.

PRATES, H.S. & PINTO, W.B.S. Ortliezia: uma praga potencial. Casa da Agricultura, Campinas, v.9, n.6, p.16-19, 1987.

ROBBS, C.F. O piolho branco da laranjeira, uma ameaça à citricultura do Distrito Federal. Boletim do Campo, Rio de Janeiro, v.3, n.19, p.1-4, 1947.

ROBBS, C.F. Frutíferas e hortaliças cultivadas, enfermidades e pragas nos Estados da Guanabara e Rio de Janeiro. A Lavoura, Rio de Janeiro, v.3, p.11-18, 1973.

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