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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA

A MANIFESTAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL E DA COMPETÊNCIA

TÉCNICA EM ARRANJO PRODUTIVO LOCAL (APL).

ESTUDO DE CASO: APL DE EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS

MÉDICO-ODONTOLÓGICOS DE CAMPO MOURÃO

ADRIANA MARIANO DE BRITO

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento

CURITIBA

2006

(2)

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

(3)

A MANIFESTAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL E DAS COMPETÊNCIAS

TÉCNICAS LOCAIS NO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL.

ESTUDO DE CASO: APL DE CAMPO MOURAO – EQUIPAMENTOS

E INSTRUMENTOS MÉDICO-ODONTOLÓGICOS

ADRIANA MARIANO DE BRITO

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Décio Estevão do Nascimento

CURITIBA

2006

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Agradeço de modo particular a minha família por ter me dado apoio a toda esta trajetória dura e difícil e em especial a você meu filho amado e querido, sei que não foi fácil me agüentar com este mau-humor, nervosismo e impaciência. Não é mole não!!!!!!!!!! Thiaguinho espero que este meu esforço te sirva de lição, porque na vida temos que batalhar e muito para conseguirmos sobreviver, correr atrás de nossos sonhos e torná-los reais e palpáveis. Lembre-se nada cai do céu, a batalha é realizada a cada dia mas também um dia os frutos são colhidos. Pense nisto e siga seu caminho também.

Ao meu orientador, muito obrigada por tudo que me ensinou, pelo carinho, força, paciência e confiança de que estava no caminho certo. Realmente aprendi muito contigo e a cada passo dado era um desafio para enfrentar com coragem este percurso que tinha pela frente. Sou grata por sua seriedade e dedicação ao processo de orientação, assim como pelo apoio nos momentos críticos. Valeu!!!!!

Ao Prof. Dr. Moisés Francisco Farah Junior, que se não fosse ele eu não estaria aqui, você foi demais. Incentivou-me para encarar esse desafio e foi um grande amigo me dando diversas sugestões, inclusive disponibilizando livros de sua biblioteca particular

Ao meu grande amigo, Antoninho Caron sempre disponível para me ajudar no que fosse preciso. Você foi muito importante também, porque além de me dar toda a força me orientou também quando estava perdida e sempre que precisava de ajuda tinha a certeza de que poderia contar contigo. A você Sérgio, obrigada pela paciência, compreensão e força nesta caminhada e a todos os meus colegas de trabalho que me apoiaram também e ao Bernardo que sempre conversava comigo e me encorajava a seguir em frente. A SEPL que me apoiou o tempo inteiro e me liberou meio período para cumprir os créditos e principalmente a Deus que iluminava meus pensamentos, guiava-me e abençoava-me com sua proteção.

(5)

A economia brasileira vêm passando por grandes transformações produtivas e tecnológicas onde surgem novas formas de vínculos e de reorganização da produção. O presente estudo analisa a manifestação do capital social e das competências técnicas locais em Arranjo Produtivo Local (APL), com o objetivo de propor uma tipologia de análise destes elementos em APL. Quanto à abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa, com objetivo exploratório, utilizando como procedimentos técnicos a revisão da literatura e o estudo de caso. O estudo de caso foi realizado junto ao APL de Equipamentos e Instrumentos Médico-odontológicos de Campo Mourão, Estado do Paraná. Na análise final dos resultados do estudo de caso, feita à luz da fundamentação teórica, conclui-se que tanto capital social como competência técnica são valorizados e aproveitados neste setor. Esses componentes asseguram um ambiente sinérgico e inovador entre as empresas fortalecendo a identidade local e acelerando o processo de desenvolvimento regional.

Palavras-chave:

Desenvolvimento Local; Capital Social; Competência Técnica;

Arranjo Produtivo Local; APL de Equipamentos e Instrumentos Médico-odontológicos de Campo Mourão.

(6)

Brazilian economy has been experiencing significant productive and technological transformations. New types of linkages and production organization are arising. This study analyses how social capital and technical expertise matter in productive clusters, and it aims at proposing a typology to analyze these elements in productive clusters. With regard to problematization, this study is a qualitative research, with an exploratory purpose, making use of literature review and case study as methodologies. We studied the case of the industrial cluster of instruments and medical-odontological equipments of Campo Mourão in Paraná State. In the final part of the case study, we conclude, based on our theoretical foundations, that social capital as well as technical competence are both appraised and employed in this industry. These components ensure a synergic and innovative environment among enterprises, strengthening local identity and increasing the regional development process.

Keywords: Local development; social capital; technical competence; industrial

clusters; industrial cluster of instruments and medical-odontological equipments of Campo Mourão

(7)

SUMÁRIO

RESUMO ...

ABSTRACT ...

LISTA DE FIGURAS ...

LISTA DE FOTOS...

LISTA DE GRÁFICOS ...

LISTA DE MAPAS ...

LISTA DE QUADROS...

LISTA DE SIGLAS...

LISTA DE TABELAS ...

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO ... 1

1.1 JUSTIFICATIVA ... 3

1.2 PROBLEMA ... 5

1.3 HIPÓTESES ... 5

1.4 DELIMITAÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA ... 5

1.5 OBJETIVO GERAL... 6

1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 6

1.7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS... 7

1.7.1 COLETA DE DADOS ... 8

1.7.1.1 Questionário...8

1.7.1.2 Etapa 1: Pesquisa Documental...9

1.7.1.3 Etapa 2: Entrevistas

... 9

1.7.2 AMOSTRA... 10

(8)

DESENVOLVIMENTO LOCAL E APL ... 12

2.1 PANORAMA GERAL... 13

2.2 Conceitos de Desenvolvimento Local ... 15

2.3 Características do Desenvolvimento ... 18

2.4 Elementos Básicos das Iniciativas de Desenvolvimento... 20

2.5 Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável ... 21

2.6 A Formação das Redes e o Desenvolvimento Local... 24

2.7 Arranjo Produtivo Local - APL ... 27

2.8 Conceitos de Arranjos Produtivos Locais – APLs ... 28

2.9 Políticas para APLs visando o Desenvolvimento Local... 30

2.10 Considerações ... 33

CAPÍTULO III

CAPITAL SOCIAL ... 36

INTRODUÇÃO ... 36

3.1 Conceitos de Capital Social... 38

3.1.1 Capital Social segundo Augusto Franco

... 44

3.2 Elementos do Capital Social... 45

3.2.1 Confiança

... 46

3.2.2 Reciprocidade

... 50

3.2.3 Cooperação

... 53

3.3 Empoderamento X Redes ... 56

3.4 A Conversão do Capital Social em Participação Política .... 59

3.5 Capital Social e a Relação com Arranjos Produtivos Locais60

3.6 A relação do Capital Social com o Desenvolvimento Local 63

3.7 Considerações ... 68

(9)

COMPETÊNCIA TÉCNICA ... 70

INTRODUÇÃO ... 70

4.1 Início do debate sobre competência técnica ... 71

4.2 Conceitos de Competência Técnica... 73

4.3 Competências Técnicas e Arranjos Produtivos Locais ... 78

4.4 Competência Técnica X Conhecimento ... 79

4.5 A Competência Técnica que leva à Competência

Tecnológica ... 82

4.6 Considerações ... 84

CAPÍTULO V

5.1 ESTUDO DE CASO: APL DE EQUIPAMENTOS E

INSTRUMENTOS MÉDICO-ODONTOLÓGICOS DE CAMPO

MOURÃO ... 86

INTRODUÇÃO ... 86

5.2 ETAPAS DO TRABALHO NO PARANÁ ... 88

5.2.1 Primeira Etapa

... 88

5.2.2 Segunda Etapa

... 93

5.2.3 Inclusão do APL de Campo Mourão

... 95

5.2.4 Terceira Etapa

... 97

5.2.5 Quarta Etapa

... 97

5.2.6 Quinta Etapa

... 98

5.2.7 Sexta Etapa

... 98

5.3 APL de Equipamentos e Instrumentos Médico-Odontológicos98

5.3.1 População Local e Emprego na Atividade Principal do APL

... 101

(10)

5.5 Número e Perfil das Empresas que compõe o APL ... 109

5.6 Instituições de Suporte ... 109

5.7 EMPRESAS ENTREVISTADAS... 110

5.8 Apresentação e Análise dos Resultados e Verificação das

Hipóteses ... 113

5.8.1 Apresentação e Análise dos Resultados nos Elementos do

Capital Social ... 113

5.8.1.1 Cooperação ...113

5.8.1.2 Confiança...117

5.8.1.3 Reciprocidade ...120

5.8.1.4 Rede ...122

5.8.2 Apresentação e Análise dos Resultados da Competência

Técnica ... 126

5.8.3 Verificação das Hipóteses ... 129

5.8.3.1 Verificação da 1ª Hipótese...129

5.8.3.2 Verificação da 2ª Hipótese...132

5.8.3.3 Verificação da 3ª Hipótese...135

5.9 TIPOLOGIAS DE ANÁLISES ... 139

5.9.1 TIPOLOGIA DE ANÁLISE DA COMPETÊNCIA TÉCNICA140

5.10 TIPOLOGIA DA COMPETÊNCIA TÉCNICA NO APL DE

CAMPO MOURÃO ... 142

5.10.1 Análise da Competência Técnica Sistêmica ...142

5.10.2 Análise da Competência Técnica Setorial...142

5.10.3 Análise da Competência Técnica Profissional ...144

5.10.4 Avaliação da Competência Técnica de Campo Mourão ...144

5.11 TIPOLOGIA DE ANÁLISE DO CAPITAL SOCIAL ... 145

(11)

5.12.3 Análise da Reciprocidade ...150

5.12.4 Análise da Rede...150

5.13 Considerações ... 152

CAPÍTULO VI

CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ... 154

6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 154

6.2 RECOMENDAÇÕES DE TRABALHOS FUTUROS... 157

REFERÊNCIAS ... 159

ANEXOS ... 168

Questionário da Pesquisa de Campo... 169

Relação das 114 aglomerações produtivas identificadas no

Paraná e seus indicadores ... 177

APÊNDICE ... 182

Catálogo com os produtos das empresas visitadas na Pesquisa

de Campo ... 183

(12)

FIGURA 1 – O Complexo da Qualidade de Vida ...14

FIGURA 2 – Estratégia e Competências Essenciais ...72

FIGURA 3 – As Três Dimensões da Competência ...77

LISTA DE FOTOS

FOTO 1 – Capacitação dos Jovens Empreendedores...106

FOTO 2 – Orientação ao Desenvolvimento Tecnológico e Inovação ...107

FOTO 3 – Capacidade de Inovação e Aperfeiçoamento de Produtos ...107

FOTO 4 – Incentivo ao Desenvolvimento de Novos Projetos ...108

FOTO 5 – Projeto Social...108

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – A empresa troca idéias e estratégias...114

GRÁFICO 2– Como foram reguladas as iterações ...114

GRÁFICO 3– A empresa visita outras empresas do APL...115

GRÁFICO 4– Interação com as empresas que levam à cooperação ...116

GRÁFICO 5– Interação da empresa com outras empresas do APL...117

GRÁFICO 6– Análise da confiança do grupo de empresários ...118

GRÁFICO 7– Grau de confiança no APL...119

GRÁFICO 8– Grau de confiança ...120

GRÁFICO 9– Reciprocidade entre empresas ...121

GRÁFICO 10– Posicionamento das empresas que geram relações recíprocas ...122

(13)

GRÁFICO 13– Efetividade da Liderança ...125

GRÁFICO 14– Benefício para a empresa fazendo parte do grupo...126

GRÁFICO 15– As competências técnicas são percebidas ...127

GRÁFICO 16– Conhecimento das competências técnicas do APL ...128

GRÁFICO 17– Mensuração do comprometimento das empresas do APL130 GRÁFICO 18– Comprometimento das empresas com o projeto do APL .131 GRÁFICO 19– Benefício para a comunidade do APL ...134

GRÁFICO 20– Benefícios inter-empresariais ...135

GRÁFICO 21– Elementos mais presentes no APL e que influenciam as ações ...137

GRÁFICO 22– As competências são importantes para o desenvolvimento138 GRÁFICO 23– As competências são valorizadas no APL...139

LISTA DE MAPAS

MAPA 1 – Distribuição Espacial dos Ativos Institucionais ...91

MAPA 2 – APLs Pré-Selecionados por Microrregião ...94

(14)

QUADRO 1- Capital Social: Precursores, Fontes e Resultados...43

QUADRO 2 –Sínteses das Categorias dos Ativos ...89

QUADRO 3 –Fonte de Informações dos Ativos ...90

QUADRO 4 –Tipologia de Análise dos APLs ...93

QUADRO 5 –APLs Pré-Selecionados (25) ...94

QUADRO 6 –Indicadores do Mercado de Trabalho ...101

QUADRO 7 –IDHM ...101

QUADRO 8 – Número de Empregos Formais - 2003...102

QUADRO 9 – Tipos de Produtos e Serviços disponibilizados pelo APL ...112

QUADRO 10 – Tipos de Competências Técnicas...140

QUADRO 11 – Análise da Competência Técnica ...141

QUADRO 12 – Resumo de Avaliação da Competência Técnica de Campo Mourão ...144

QUADRO 13 – Análise do Capital Social ...145

QUADRO 14 – Análise do Capital Social ...145

(15)

ACICAM – Associação Comercial e industrial de Campo Mourão

AED – Agência de Educação para o Desenvolvimento ... ANPROTEC – Associação Nacional de Incubadoras do Brasil ... ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária... APL – Arranjo Produtivo Local ... APLs – Arranjos Produtivos Locais... BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento do Extremo Sul... BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul ... CIES – Centro Integrado de Educação Superior ... CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.... COAMO –cooperativa Agropecuária Mourãoense... FECILCAM– Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão ... FIEP – Federação das Indústrias do Estado do Paraná ... FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos... IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística... IDH – Índice de Desenvolvimento Humano ... IEL – Instituo Euvaldo Lodi ... INMETRO – Instituo Nacional de Metrologia e Normatização ... IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social.. MCT –Ministério da Ciência e Tecnologia ... MPES – Micro e Pequenas Empresas... MRG –Microrregião Geográfica ... MTE –Ministério do Trabalho e Emprego ... NDSR – Núcleo de Desenvolvimento Setorial ... OECD – Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento... ONGs – Organização Não Governamental... P&D&E – Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia ... P&D – Pesquisa e Desenvolvimento ... PIB – Produto Interno Bruto ...

(16)

POLI/USP – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo ... RAIS – Relação Anual de Informações Sociais ... REPARTE – Rede Paranaense de Incubadoras do Paraná ... SEBRAE – Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas... SEFA – Secretaria da Fazenda do Estado do Paraná... SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial... SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial... SEPL – Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral ... SESI – Serviço Social da Indústria ... SETI – Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior... UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná ... UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas... VA – Vetor Avançado... VDL – Vetor de Desenvolvimento Local ...

LISTA DE TABELAS

(17)

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

A economia mundial vem passando por transformações estruturais nos últimos 25 anos as quais envolveram profundas modificações na base tecnológica, nas estratégias globais de decisão de localização e inserção comercial das empresas multinacionais, assim como nas relações econômicas internacionais.

Apesar das peculiaridades destas transformações recentes, ainda não mudaram a tendência pós-guerra de ser o mercado interno o principal motor do crescimento econômico dos países, ou seja, 80% do produto mundial bruto vão para o mercado interno e apenas 20% para o mercado externo.

O desempenho da economia brasileira, segundo a visão do BNDES (2003), demonstra que o progresso econômico de um país deve ser avaliado sob os enfoques micro e macroeconômicos, cujas evidências não devem limitar-se apenas a elementos estáticos como: mudança de eficiência técnica. Mas também se deve procurar captar os aspectos mais diretamente relacionados à eficiência dinâmica como: padrões de especialização comparadas às tendências mundiais, entre outros.

Ao longo da década de 1990, já havia sinais de um aumento das taxas de produtividade na indústria brasileira nesse período resultando num aumento da eficiência produtiva. No entanto, o Brasil teve que modificar seu padrão de especialização internacional em direção às indústrias de maior dinamismo competitivo nos mercados internacionais numa perspectiva de longo prazo. Nesse caso, houve a necessidade de uma remodelagem da estrutura produtiva brasileira, por meio de mecanismos que não apenas estimulasse a agregação de valor aos bens e serviços produzidos como também induzissem a maior capacitação tecnológica dos setores dinâmicos do mercado levando a vantagens competitivas e fundamentais ao mercado. Este panorama leva à adoção de instrumentos de política industrial onde hoje se torna um grande desafio para o Brasil estruturar esta política e implementá-la.

(18)

Em 1890, surgem com vigor as teorias de Marshall que apontam para os ganhos de eficiência associados ao agrupamento setorial e regional de empresas (economias externas). O trabalho de Marshall, mais precisamente as idéias contidas em seus Princípios de Economia (1920), ganhou notoriedade por representar o que foi batizado de revolução marginalista onde apresenta a teoria sobre a organização industrial.

Marshall diz que as habilidades humanas relacionadas com a produção são separadas em habilidades gerais e especializadas onde para o autor, estava claro que as especializadas tenderiam a serem cada vez menos importantes em uma economia industrial. Isto ocorre porque o que confere qualidade e eficiência a um cenário é exatamente a capacidade de enfrentar dificuldades de distintas naturezas e de se adaptar a mudanças estabelecendo relações de confiança.

Marshall acreditava ser necessário investir na educação da população, trazer benefícios que na sua visão aumentariam a capacidade dos trabalhadores em criar riquezas. Avançar no conhecimento e nas formas de organização industrial nos setores público e privado, sob seu ponto de vista era importante para as sociedades se desenvolverem. A divisão do trabalho e especialização da mão-de-obra, assim como as relações de firmeza das conexões existentes entre as diferentes partes de uma organização industrial seriam elementos fundamentais neste contexto. O autor cita como exemplo a experiência dos distritos industriais italianos que estão inseridos na evolução do processo de industrialização do país, no qual as pequenas empresas sofreram transformações significativas. Além disto, as taxas de crescimento eram significativas e representaram uma nova forma de organização da atividade econômica.

O grande desafio deste século é o entendimento destas novas dinâmicas produtivas e estruturas econômicas, políticas e sociais organizadas numa aglomeração local, que viabiliza a estruturação e aumento da eficiência das empresas com o intuito de conquistar a competitividade. A dinâmica desses espaços, busca a especialização setorial, permitindo um processo mais dinâmico com redução de custos nas transações realizadas mediante a cadeia produtiva. Esta eficiência coletiva pode ocorrer em virtude do intercâmbio de informações, fortalecimento de laços cooperativos e aproveitamento das competências entre os protagonistas locais.

(19)

Num contexto mais abrangente, o País começa a sofrer o impacto das mudanças decorrentes da intensificação do processo de globalização. Este impacto se reflete na unificação do padrão de consumo, no próprio domínio tecnológico que está na mão de poucos países, na internacionalização de empresas, assim como, no mercado de trabalho que é global e nos produtos standartizados do mercado. Tais mudanças indicam que cada vez mais fatores como capital humano, capital social, pesquisa, informação e competências técnicas ganham relevância pela capacidade da sociedade e empresas agregarem valor ao processo produtivo.

O presente trabalho busca avaliar de forma qualitativa a manifestação do capital social e das competências técnicas locais em arranjo produtivo. Esta análise se dá sob o ponto de vista do desenvolvimento local e tecnológico da região voltados à competitividade do mercado globalizado, que é onde as empresas deste APL atuam.

1.1 JUSTIFICATIVA

Este estudo pretende contribuir com recentes pesquisas sobre a utilização do Capital Social e das Competências Técnicas como uma estratégia empresarial e do próprio governo para obtenção do desenvolvimento onde são valorizadas oportunidades. Na Era do Conhecimento, a atuação competitiva das empresas demanda estratégias de valorização e fomento de elementos como confiança, cooperação, habilidades, atitudes e competências essenciais para enfrentar obstáculos e aproveitar oportunidades.

Esta pesquisa ocorre em um contexto onde o Governo do Estado do Paraná está atuando, junto à Rede APL, com diversas instituições públicas e privadas que articulam e mobilizam ações e estratégias para os APLs. O Governo do Estado, através da Rede APL e em conjunto com outras instituições, desenvolve diversas ações. Dentre elas a qualificação e capacitação da mão-de-obra direcionada à necessidade local, fortalecendo a dinamicidade setorial de atividades com importância regional.

(20)

As informações contidas no Relatório da 1ª Etapa do trabalho realizado no Paraná em 2005, pela SEPL e Ipardes em 25 aglomerações, permitem obter subsídios para pesquisar e analisar a manifestação do capital social e das competências técnicas em um destes arranjos. Vale a pena considerar ainda o papel das Universidades e dos próprios protagonistas locais para a formação de consciências comprometidas com a melhoria contínua e a disseminação do conhecimento, para oportunizar o desenvolvimento da região.

Esta pesquisa justifica-se por tratar de um tema atual, com uma bibliografia diversificada e extensa quanto às experiências vivenciadas tanto no Brasil como em outros países e que muito têm a contribuir para o desenvolvimento regional num mercado globalizado. Portanto, este estudo quer contribuir para o debate sobre o tema APL, apresentando a experiência prática de Campo Mourão, onde se procura verificar a utilização do Capital Social e das Competências Técnicas das empresas que compõe o APL, como um dos seus pressupostos para alcançar o desenvolvimento.

Analisando Campo Mourão, cidade escolhida que está localizado no centro-oeste do Paraná, este trabalho identifica e discute como se manifestam o Capital Social e as Competências Técnicas entre as empresas que compõe o APL. Também se inicia a análise a partir do papel destes elementos na transformação da cidade em um pólo com estrutura tecnológica, competências e potenciais de jovens empreendedores que contribuem para o desenvolvimento tecnológico e inovativo da região.

Este estudo contribui para a tomada de decisões sócio-políticas voltadas à valorização destes potenciais como forma de geração de riqueza e abertura de novos mercados competitivos.

Para que a constatação da realidade não seja apenas observada, será apresentada uma tipologia de análise destes elementos que poderão servir de base para análise de outros APLs, desde que respeitando as diferenças regionais e da própria cultura local e as particularidades dos setores econômicos.

(21)

1.2 PROBLEMA

Qual é o papel do Capital Social e das Competências Técnicas Locais na estruturação de Arranjo Produtivo Local?

1.3 HIPÓTESES

1. O capital social existente na região contribui para a consolidação e expansão de um Arranjo Produtivo Local – APL.

2. Relações interempresariais trazem benefício para o APL e permitem o acesso a serviços ou informações específicas.

3. As competências técnicas locais do APL possibilitam o desenvolvimento de novas tecnologias e inovações adequadas para a região.

1.4 DELIMITAÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA

O objeto de estudo em questão será tratado no âmbito regional, no Estado do Paraná, em aglomerações ou sistemas produtivos locais – APL composto por:

™ empresas formais e informais;

™ sindicatos, associações, governo, comunidade e instituições.

A amostra será de um arranjo produtivo local para facilitar a identificação de elementos do capital social e da competência técnica na construção das Tipologias a

(22)

serem propostas. O APL escolhido foi o de equipamentos e instrumentos médico-odontológicos de Campo Mourão.

1.5 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral da pesquisa é propor uma tipologia de análise do capital social e da competência técnica em Arranjos Produtivos Locais.

1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

ƒ Revisar bibliografias sobre APL’s, Capital Social e Competências Técnicas; ƒ Realizar uma visita técnica para averiguar os conhecimentos locais, formas

de atuação e como ocorria o processo de governança no APL de Campo Mourão;

ƒ Identificar a existência de elementos do capital social tais como: confiança, cooperação e reciprocidade no APL de Campo Mourão;

ƒ Identificar as competências técnicas existentes no APL de Campo Mourão; ƒ Análise da importância destes elementos como um pressuposto para o

desenvolvimento a partir de uma rede de relações; ƒ Identificar o papel dos diferentes agentes locais;

(23)

1.7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para nortear as ações a serem delineadas localmente e para elaboração de posteriores conclusões da pesquisa será fundamental compreender os conceitos de APL’s, Capital Social e as Competências Técnicas, por meio da revisão da literatura.

Outro subsídio para a fundamentação da pesquisa foi o trabalho realizado pela Rede de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais no Estado do Paraná pela Sepl e Ipardes (2005). Foi realizada uma visita prévia ao APL de Equipamentos e Instrumentos Médico Odontológicos de Campo Mourão. O objetivo da visita foi averiguar os conhecimentos locais, formas de atuação e como ocorria o processo de governança na região. A visita resultou em três relatórios que foram publicados e disponibilizados, inclusive a autora desta Dissertação teve a participação na sua elaboração.

Paralelamente foi realizado um levantamento de informações e de ações junto a alguns órgãos como o Sebrae, subsidiando a coleta de dados. Uma vez identificado e escolhido o APL, partiu-se para o “estudo de caso”, que é um método típico de pesquisas exploratórias de cunho qualitativo e quantitativo.

Para Gil1 (1999 apud OLIVEIRA, 2004, p.21) a coleta de dados define o delineamento adotado. Sendo assim, dois grupos de delineamento podem ser caracterizados:

aqueles que se valem das chamadas fontes de papel e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas. No primeiro grupo esta a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. No segundo a pesquisa experimental [...] e o estudo de caso.

Considera-se ainda, este método ser um estudo profundo de um ou alguns objetos, de forma a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, missão impossível para outros tipos de delineamento.

Yin (2001, p.21) complementa e confirma esta idéia afirmando que:

(24)

[...] o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real – tais como ciclos de vida individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e maturação de alguns setores.

Ou seja, pode-se considerar que o estudo de caso é recomendável quando se deseja aprofundar o conhecimento de determinada situação real, porém os resultados não serão utilizados para generalizações.

Segundo a concepção de Cooper & Schindler (2003), este trabalho trata-se de uma pesquisa de campo, ex post facto e transversal; primeiro, por investigar os fatos empiricamente no local onde ocorre o evento, visando reunir e organizar um conjunto comprobatório de informações. Segundo, pelo fato da pesquisadora não ter controle das variáveis, no sentido de ser capaz de manipulá-las. Neste estudo, tanto as contextualizações como as idéias da fundamentação teórica, apontam para a adoção deste método.

1.7.1 COLETA DE DADOS

1.7.1.1 Questionário

Para operacionalizar a coleta de dados foi utilizado um questionário padronizado com entrevistas estruturadas de perguntas fechadas sobre o contexto da pesquisa.

Para Gil (1999, p.128-129) o questionário é uma técnica de investigação composta por um mínimo razoável de questões escritas, direcionadas a pessoas para conhecer opiniões, expectativas, crenças e informações.

Complementando a idéia acima, Malhotra (2001, p.274) afirma que o questionário possui três objetivos:

1. traduzir a informação desejada em um conjunto de questões que o respondente possa responder;

(25)

2. motivar e incentivar o entrevistado a se envolver com o assunto; 3. minimizar o erro na resposta através de um bom planejamento.

1.7.1.2 Etapa 1: Pesquisa Documental

A pesquisa documental, segundo Roesch (1999, p.165), é uma fonte de dados utilizada em pesquisa qualitativa, realizada através de análises de documentos como relatórios gerenciais, manuais, materiais utilizados em relações públicas, declarações sobre a missão, sobre políticas e sobre recursos humanos, materiais e financeiros. Como complementa Forster (1994, p.148), esta fonte de dados “ajuda o pesquisador a observar com mais precisão o processo histórico e o desenvolvimento das organizações e pode auxiliar na interpretação das informações e na reescrita da história em posteriores relatórios verbais”.

É importante destacar que, conforme Yin (2001, p.110), “ao se revisar os documentos, deve-se compreender que eles foram escritos com algum objetivo específico e para algum público específico, diferente daqueles do estudo de caso que está sendo realizado”. Forster (1994) destaca que a utilidade dos documentos depende do cuidado e habilidade aplicados no seu manuseio, pois muitos documentos não podem ser considerados pelo seu valor nominal, mas devem ser analisados e entendidos dentro de um contexto.

1.7.1.3 Etapa 2: Entrevistas

A entrevista que foi realizada em cada empresa para aplicar o questionário, segundo Yin (2001), é a mais importante fonte de informação para um estudo de caso e, para King (1994), é um método altamente flexível, capaz de produzir dados de grande profundidade. As entrevistas foram realizadas na cidade de Campo Mourão no mês de Julho de 2005.

(26)

A análise de dados realizada é quantitativa e qualitativa sob a forma descritiva e explanatória contendo:

ƒ análise de dados (artigos, revistas, projetos, dissertações e teses), qualitativa;

ƒ análise de conteúdo (das entrevistas), qualitativa e ƒ análise estatística (tabela e gráficos), quantitativa.

A análise dos dados quantitativos e qualitativos, como os desta pesquisa, é sempre uma busca de síntese de várias informações obtidas para que se possa apresentar ao leitor o máximo de qualidade e resultados fidedignos à pesquisa, foram utilizadas as técnicas de análise documental, a análise de conteúdo e a estatística descritiva. (BARDIN, 1977, p.83).

1.7.2 AMOSTRA

Richardson (1999, p.157) descreve a população ou universo como o “conjunto de elementos que possuem determinadas características. Em termos estatísticos, população pode ser, por exemplo, as empresas de determinada região”.

No que se refere à amostra, Gil (1999, p.100) a conceitua como um “subconjunto do universo, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo”. O universo pesquisado é composto pelas empresas do ramos de saúde, mais especificamente de instrumentos médico-odontológicos, situados na microrregião de Campo Mourão. No total são 13 empresas, sendo 2 incubadas na Fundação Educere, 6 empresas graduadas e 5 fornecedoras situadas em Peabiru, Maringá e Campo Mourão, onde prestam serviços especializados envolvendo usinagem de precisão, solda e projetos mecânicos.

Integrantes das diretorias destas organizações responderam pessoalmente ao questionário utilizado como instrumento de levantamento de dados e opiniões sobre os assuntos propostos, bem como foram esclarecidos sobre sua finalidade e conteúdo. As visitas foram agendadas pela Fundação Educere.

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1.8 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O presente estudo é composto por 6 capítulos. Após a introdução, que integra o capítulo I, é apresentado o problema de pesquisa e sua delimitação, em seguida os objetivos gerais e específicos, a descrição da metodologia proposta para atingir os objetivos e considerações sobre a coleta de dados e ainda a composição do universo amostral e a justificativa da presente pesquisa.

O marco teórico inicia-se no capítulo II, onde são apresentados conceitos e características do desenvolvimento local, bem como, uma abordagem sobre redes. Este trabalho coletivo é construído a partir da interação das pessoas em projetos ou ações que fazem parte do contexto onde os contatos são baseados em relações de confiança definidas territorialmente para que se obtenha um equilíbrio nas transações. Também neste capítulo, são apresentados os elementos básicos das iniciativas de desenvolvimento onde depois é feita uma análise do APL e das políticas desenvolvidas neste contexto visando o desenvolvimento local.

O capítulo III aborda as noções de capital social e seus precursores cujas visões demonstram que o capital social está ligado à sociedade civil e ao setor das ONGs ou dizem respeito à questão das redes. Apesar dessas abordagens dos precursores serem diferentes uma das outras elas são complementares demonstrando que há predominância das relações de cooperação, confiança e reciprocidade. Além disto, os elementos e estratégias levam ao empoderamento e ao próprio desenvolvimento regional sendo apresentado ainda a relação do capital social com o desenvolvimento local.

No capítulo IV é apresentada uma revisão da literatura sobre Competência Técnica, onde se faz uma reflexão da competência nos APLs, assim como a utilização do conhecimento identificado servindo como fonte de vantagem competitiva e desempenho sustentável da organização.

O capítulo V apresenta a experiência do Paraná com Arranjos Produtivos Locais e o estudo de caso, realizado na cidade de Campo Mourão, no APL de Instrumentos Médico-Odontológicos, na área de saúde. Em seguida, são apresentados e analisados

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os dados obtidos junto às empresas deste ramo durante a pesquisa de campo para então propor a tipologia de análise da Competência Técnica e do Capital Social.

No capítulo VI, são apresentadas as considerações finais, assim como as recomendações para trabalhos futuros.

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CAPÍTULO II

DESENVOLVIMENTO LOCAL E APL

Neste capítulo apresenta-se um panorama geral sobre o tema proposto e seus conceitos; as características e os elementos básicos das iniciativas que levam ao desenvolvimento, assim como as diversas abordagens da sustentabilidade; formação de redes; APL e as políticas que visam o desenvolvimento local.

2.1 PANORAMA GERAL

A gravidade dos problemas sociais brasileiros e o enfrentamento da pobreza exigem mobilização de recursos potencialmente existentes na sociedade, assim como, requer convergência e integração de ações e atores protagonistas neste cenário globalizado.

Além disso, na visão do Sebrae (2002), há uma nova dinâmica econômica integrada, de base local, na qual são estimuladas as diversidades econômicas e a complementaridade de empreendimentos, sobretudo como território regional para gerar uma cadeia sustentável de iniciativas.

A qualidade de vida, que é um componente do desenvolvimento (Figura 1) tem muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos envolvendo dimensões culturais, psicológicas, interpessoais, espirituais, econômicas, políticas, ambientais, éticas e filosóficas. (CADERNO DA OFICINA SOCIAL, 2000).

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Fonte: Caderno da Oficina Social (2000)

FIGURA 1- O Complexo da Qualidade de Vida

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um indicador composto de qualidade de vida, desenvolvido pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Ele reúne três componentes: renda, saúde e educação. A renda é medida pelo PIB real per capita, a saúde pela esperança de vida ao nascer e a educação pela taxa de alfabetização de adultos e taxas de matrículas primárias, secundárias e terciárias combinadas.

No caso do Brasil, a gravidade da situação social se explica muito mais pelo altíssimo índice de desigualdade na maneira como a renda se distribui entre diferentes segmentos da população, do que pela ausência estrutural de recursos econômicos. Assim, segundo a visão de Corrêa (2000), o desenho de uma estratégia de desenvolvimento local no Brasil passa necessariamente por políticas que sejam capazes de combinar crescimento econômico com ações efetivas no sentido de superar as desigualdades.

Nenhum resultado ponderável, em termos de melhoria efetiva das condições de vida das populações marginalizadas, poderá ser obtido apenas por decisão sem que se faça convergir ações para promover o desenvolvimento integrado. A implantação de

Cultura, Esporte/Lazer Transporte Alimentação e Nutrição Saneamento Meio Ambiente Saúde Educação Trabalho e Renda Outros QUALIDADE DE VIDA Habitação

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programas articulados em dada localidade é capaz de alavancar novos recursos, energias e impactos que, isoladamente, tais programas não poderiam promover.

Além dessas orientações, o Sebrae (2002) acredita que a promoção, o desenvolvimento exige a capacitação da Gestão Local para que se possa negociar e articular interesses, executar, monitorar e avaliar planos e projetos para a região. Neste contexto, elegem-se as prioridades comuns para a partir das necessidades identificadas transformarem as demandas privadas em demandas públicas tornando-se a chave e o segredo para o sucesso.

2.2 Conceitos de Desenvolvimento Local

Segundo Capecchi2 (1990 apud FARAH, 2002, p.66) um espaço geográfico local seria uma área limitada sob o aspecto territorial, com características específicas, onde pode ocorrer certa especialização produtiva. O autor considera ainda que seja muito forte a interconexão entre o setor produtivo local, com as misturas de família, política e vida social, caracterizando uma organização sociotécnica deste espaço. Com o desenvolvimento local a comunidade passa a incrementar a economia, pois dispõe de mão-de-obra capacitada constantemente pela experiência desenvolvida. É importante que a melhoria do padrão de vida econômico, cultural e social resulte em maior grau de mobilidade social, necessário ao processo produtivo local.

Farah (2002), sintetizando a visão de Capecchi (1990), afirma que o desenvolvimento local permite um processo de interação entre os diversos agentes econômicos e instituições locais que criam condições de upgrade da região e uma sinergia que permite alavancar a pequena produção.

2 CAPECCHI, V. A history of flexible epecialisation and industrial districts in Emília-Romagna. In: PYKE, F.;

BACATINI, G.; SENGENBERGER (Ed) Industrial districts and inter-firm cooperation in Italy. Geneva: International Institute of labour Studies,ILO, 1990.

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Complementando a idéia acima, Albagli3 (1999 apud FARAH, 2002, p.69) afirma que o desenvolvimento local deve ser sustentável a partir de sua organização socioambiental e econômica apropriada aos atuais padrões de produção e consumo. O local passa a ser figura-chave para a reprodução do sistema dentro de um padrão que envolva a eficácia e eficiência globalizante. Para tanto, será necessário flexibilidade técnica e produtiva e diversificação criativa em termos de novos produtos, mercados e mão-de-obra qualificada capaz de absorver novas tecnologias fundamentais ao desenvolvimento.

Segundo a visão do Banco Mundial (2000), para se alcançar o desenvolvimento local é necessário ampliar as oportunidades dos indivíduos ao trabalho, educação, saúde e alimentação de forma a torná-los mais democráticos e participativos.

Além disto, o objetivo básico do desenvolvimento local seria a melhoria da qualidade de vida incluindo modos de vida mais sustentáveis. Isto irá envolver questões macroeconômicas que envolvem tanto a ética, como a política, questões sociais, econômicas e ambientais.

Complementando a idéia, Benko4 (1999 apud FARAH, 2002, p.67) afirma que o desenvolvimento local apresenta uma nova visão em que a atuação de diversos agentes socioeconômicos se dá de forma endógena, autocentrada na busca da alavancagem do território geograficamente delimitado. Opõe-se ao modelo centralizado, onde decisões tomadas longe da comunidade não representavam as suas reais necessidades.

Benko (1999) define o local como um espaço em que ocorre a capacidade da comunidade de trabalhar e produzir de forma flexível, buscando adaptar-se à evolução tecnológica e aos novos padrões de produtos e de consumo. É também uma estratégia de diversificação no processo de enriquecimento das atividades desenvolvidas por um território, com base na mobilização de recursos naturais, humanos e econômicos. Este processo de desenvolvimento local passa pela descentralização nos mais variados níveis de decisões políticas e econômicas,

3 ALBAGLI, Sarita. Globalização e espacialidade: o novo papel do local. In: CASSIOLATO, J. E. e LASTRES, H.

M. Globalização & Inovação: experiências de sistemas locais no Mercosul. Brasília: IBICT/MCT, 1999.

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buscando através de novas parcerias e instituições, os meios de fazer a região crescer de forma mais eqüitativa.

Na visão de Corrêa (2000), o desenvolvimento local ocorre com a parceria entre Estado e Sociedade, onde são realizadas ações multissetoriais integradas e convergentes. Estas ações permitem o surgimento de comunidades mais sustentáveis, onde há uma capacitação maior e mais enfocada para a necessidade local no qual é realizado um diagnóstico e planejamento participativo visando à demanda social da localidade. Este panorama permite que as necessidades imediatas sejam supridas através de uma articulação da oferta pública de programas.

Corrêa (2000) diz que com o desenvolvimento há um despertar para as vocações locais onde se desenvolvem potencialidades específicas fomentando o empreendedorismo. Assim aproveitam-se as vantagens locais, visando à melhoria da qualidade de vida da população e facilitando o intercâmbio externo onde passam a se organizar internamente com o intuito de ampliar os negócios e fortalecer a identidade local. O local onde se realizará o processo de desenvolvimento poderá ser um bairro, distrito, povoado, uma microrregião ou um município.

Sob a visão de Perin (2004), o desenvolvimento local ocorre com mudanças que superam paradigmas tradicionais que pensam o desenvolvimento no binômio Estado e empresa (mercado). Sob este aspecto, é necessário incluir um terceiro componente: a sociedade civil. A tradicional pirâmide hierárquica Estado, Empresa e Sociedade são substituídas por uma arquitetura triangular em que os atores passaram a ter igual influência precisando pensar e agir de forma integrada. Segundo esse paradigma, a inserção da comunidade permite uma maior proximidade como os problemas da região onde os atores passam a criar alternativas de soluções destas debilidades locais.

Nesse sentido, Perin (2004) diz que esta dinâmica apresentará variável onde a participação social e cidadã envolverá valores, características culturais e comportamentais dos atores cuja composição das redes e do próprio capital social, serão determinantes para o fortalecimento do desenvolvimento local visando sua sustentabilidade. Segundo o autor, cabe ao Estado um importante papel na regulação dos mercados e na prestação dos serviços básicos (explo: educação, saneamento

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básico, transporte, etc...). Neste papel que desempenha visando à redução das desigualdades, o Estado deve implementar políticas locais efetivas e condizentes com a necessidade local para que haja uma maior proximidade na resolução dos problemas.

Perin (2004) afirma que o desenvolvimento local de regiões vulneráveis deve criar condições para que as políticas públicas sejam orientadas na promoção da capacidade empreendedora do excluídos. Para isso, as políticas devem ser organizadas para suprir as carências e necessidades básicas ajudando a se auto-organizarem para valorizar as vocações e aproveitar as demandas de comercialização do mercado. Neste sentido, o trabalho de planejamento é essencial para auxiliar na elaboração das políticas públicas porque identifica as prioridades caracterizadas como estratégicas, subsidiando o processo de desenvolvimento com o aproveitamento do potencial regional.

Perin (2004) conclui seu pensamento, enfatizando a relevância desses processos de mobilização como sendo um fator determinante da competitividade e do potencial de crescimento econômico.

2.3 Características do Desenvolvimento

Nas estratégias de desenvolvimento o espaço é concebido como agente de transformação social onde o território socialmente organizado e suas características culturais e históricas são aspectos importantes.

Albuquerque (1998) acredita que a sociedade desenvolve iniciativas próprias a partir de suas particularidades, sejam elas, econômicas, sociais, políticas e culturais. Existe um potencial de recursos humanos e institucionais que são endógenos e devem ser identificados para se ter um mapeamento das cadeias produtivas, do mercado de trabalho e possíveis articulações ente os sistemas.

A existência de capacidade empresarial inovadora em nível local é, talvez, um dos elementos mais decisivos para liderar um processo de desenvolvimento e mobilizar

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recursos. A freqüente carência deste componente do desenvolvimento obriga a abordar uma construção social com o objetivo de estimular atitudes criativas. (ALBUQUERQUE, 1998).

Segundo Albuquerque (1998), nesta busca do desenvolvimento e nem será o desmantelamento do Estado que levará a região ao desenvolvimento. Mas a definição de uma nova agenda de atuações negociadas com o setor empresarial e o conjunto da sociedade civil na qual o planejamento deste desenvolvimento, se visualiza como uma tarefa coletiva de interesse comum para elevar o nível de vida da população.

Albuquerque (1998) destaca ainda que na definição das estratégias de desenvolvimento seja necessário:

ƒ articulação produtiva dos empresários; ƒ compromisso com a geração de emprego;

ƒ conhecimento das tecnologias que melhor se adequem à dotação de recursos e potencialidades territoriais;

ƒ adaptação do sistema educativo visando uma capacitação mais direcionada à necessidade da região;

ƒ políticas de apoio às empresas para modernizar o setor;

ƒ acesso a serviços de apoio à produção, tais como, informação, capacitação e financiamento.

Estas linhas de atuação, que envolvem as estratégias, deverão ser negociadas entre as diversas instâncias públicas territoriais, a fim de esboçar uma atuação de forma coerente.

Desta forma, Albuquerque (1998) diz que a transparência de competências e parcelas de poder constitui um requisito básico para dotar os territórios do máximo de autonomia e liberdade na aplicação de estratégias de desenvolvimento local. Neste contexto, há coesão e capacidade de funcionamento autônomo da sociedade e da própria economia onde se tornam menos vulneráveis e subordinados. Como conseqüência, o resultado deste cenário será o fortalecimento e reforço de suas bases tanto sociais como econômicas.

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2.4 Elementos Básicos das Iniciativas de Desenvolvimento

Segundo a visão de Albuquerque (1998), a primeira condição para o êxito de iniciativas que visam o desenvolvimento é a coordenação dos diversos agentes sejam eles estaduais, municipais ou federais que atuam numa região.

Outro pilar básico é assegurar o acesso aos serviços estratégicos para as empresas onde será necessário viabilizar serviços avançados de apoio à produção como componentes fundamentais ao progresso tanto econômico, tecnológico e de mercado.

A criação de incubadoras de base tecnológica satisfaz a necessidade de multiplicar as iniciativas empresariais e impulsionar a transformação produtiva. Este incentivo ao empreendedorismo é fundamental, pois desenvolvem sua criatividade, geram empregos e aprendem a se auto-organizarem em questões que envolvem gestão dos negócios, capacitação contínua, mercado e gerenciamento do produto. (ALBUQUERQUE, 1998).

A terceira condição, segundo Albuquerque (1998), é criar iniciativas locais para a população visando à formação de recursos humanos específicos onde a qualificação constitui o elemento mais importante para garantir o êxito em termos de desenvolvimento local.

Albuquerque (1998) ressalta que esta formação requer mais tempo, investimento e atenção para incorporar informações específicas do perfil produtivo devido à dimensão de cenários flexíveis e em permanente mudança.

O último pilar do desenvolvimento seria as iniciativas locais em matéria de financiamento às empresas locais, ou seja, acesso adequado para as empresas independente de seu porte, como recurso estratégico à competividade. Em geral, segundo Albuquerque (1998), há uma falta de linhas de crédito que sejam ajustadas às circunstâncias e características da pequena e média empresa diminuindo a burocratização. Ademais a liberalização financeira baseada na manutenção de altos tipos de juros não tem estimulado o direcionamento do investimento para aplicações produtivas. Falta, pois, uma orientação estratégica específica que facilite o acesso ao

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crédito a segmentos de mercado a fim de possibilitar a concretização de projetos inovadores.

Finalizando, Albuquerque (1998) ressalta que, para promover e difundir o desenvolvimento produtivo e empresarial é preciso que os agentes financeiros e o Estado configurem uma visão de desenvolvimento. Visão esta que defina linhas especiais de crédito compatíveis com o perfil específico às demandas dos micro e pequenos empresários.

2.5 Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável

Passa-se agora a analisar diferentes denominações do desenvolvimento aplicadas na localidade. O conceito de integrado pode ter vários significados. Pode-se entender como o desenvolvimento dos diversos setores (econômico, social, político e cultural, cada um nas suas várias dimensões) da vida comunitária, de forma harmônica, equilibrada entre eles e de acordo com as aspirações e interesses da comunidade.

Assim, o crescimento econômico é necessário, segundo Coelho (1998), mas não suficiente para o desenvolvimento integrado. De fato, a vida social está composta de diversos componentes, como saúde, alimentação, educação, ocupação e renda, habitação, transporte, meio ambiente, justiça, entre outros, sobre os quais há necessidades, demandas e aspirações populares. Adequadamente identificadas e atendidas, elas representarão desenvolvimento, isto é, melhor qualidade de vida.

O desenvolvimento é integrado porque se apóia numa estratégia de desenvolvimento que soma esforços e recursos de parceiros públicos e privados. Neste contexto se constituem redes estruturadas como ligação de pontos no espaço, desprovidos de identidade e, como dizia Franco (2000), são elos fortes de integração dos processos promovidos pela globalização. Este espaço socialmente construído com base territorial delimitada constrói uma conexão fundamental ao sistema como um todo.

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Sob uma perspectiva distinta, Franco (2000) acredita que com a visão de desenvolvimento integrado a sociedade é capaz de preservar e desenvolver seu próprio quadro de representações. Quadro este, que irá expressar distintos níveis de interesse e solidariedade.

A sustentabilidade significa que o crescimento econômico precisa se apoiar em práticas que conservem e expandam a base de recursos ambientais, de tal maneira que o atendimento das necessidades das gerações atuais, quanto ao uso dos recursos naturais, não comprometa a sobrevivência das gerações futuras.

Como diz Sachs (2000), falar de sustentabilidade econômica significa referir-se a um desenvolvimento baseado em um crescimento econômico que apóia mais crescimento e que procura incluir grupos excluídos, ao ser adequadamente distribuído (eqüitativo) a ao buscar a superação da pobreza e da exclusão (solidário).

Mas o conceito de sustentabilidade quanto ao desenvolvimento, segundo Sachs (2000), diz respeito também a outras dimensões, além da econômica e da ambiental. Uma das mais importantes é a sustentabilidade política, isto é, pelo crescimento econômico eqüitativo e solidário mais pessoas e grupos sociais e políticos se perceberão incluídos com necessidades atendidas, o que implica no crescimento do apoio ao modelo e seus promotores (agentes políticos, como governantes, partidos ou outras organizações sociais).

Pode-se falar também de sustentabilidade cultural. Isto é, o desenvolvimento sustentável implica em reconhecer e preservar a diversidade de grupos humanos, concepções de vida, formas de pensar e agir, como patrimônios inestimáveis legavam de geração a geração absolutamente enriquecedoras das soluções originais e peculiares engendradas para o desenvolvimento local. (SACHS, 2000).

Na visão de Franco (1999), o desenvolvimento é sustentável por possibilitar que cada município encontre sua autonomia, suprindo as necessidades locais e promovendo o desenvolvimento humano, social e econômico em equilíbrio com o meio ambiente.

Outra consideração relevante referente à sustentabilidade é que o desenvolvimento é um processo de mudança pelo qual uma organização tende a ser uma entidade sustentável. Assim, Franco (2000) menciona que a idéia de

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desenvolvimento deve estar intimamente ligada à idéia de transformação, mudanças e escolhas cujos caminhos levam à sustentabilidade. Ser sustentável, para o autor, é criar um padrão, crescer mantendo esse padrão, renovar-se, reinventar-se, ou seja, mudar esse padrão para adaptar a organização às mudanças internas e externas. Na medida em que aumentarem o número e os tipos de relações entre o ambiente interno e externo, será intensa a interação, e, portanto, mais condições de troca de energia, matéria e informação aumentarão a capacidade de mudança e de desenvolvimento. Além desta interação entre os ambientes (interno e externo), estes ambientes devem ser favoráveis ao desenvolvimento.

Corroborando com esta idéia de desenvolvimento sustentável, Barbieri & Lage (2001) detalham os conteúdos das dimensões da sustentabilidade, apresentando-as desta forma:

a) Sustentabilidade na dimensão ecológica, inclui questões relacionadas com a gestão integrada dos recursos naturais, como o manejo sustentável dos recursos, a preservação, a reciclagem, a reutilização, o combate ao desperdício e a conservação dos recursos finitos, de modo que o desenvolvimento seja possível dentro de uma ética ambiental mais solidária com a natureza e com as gerações futuras.

b) Sustentabilidade na dimensão econômica inclui a criação de mecanismos para um novo sistema produtivo, integrado e de base local, nos quais sejam estimuladas a diversidade e a complementaridade de atividades econômicas, gerando uma cadeia de iniciativas de modo que a agricultura, a indústria, o comércio e setor de serviços gerem melhorias nas condições de vida para todos os sistemas envolvidos, quer sejam sociais ou naturais.

c) Sustentabilidade na dimensão social, inclui o atendimento às necessidades essenciais de uma sociedade, como saúde, educação, habitação, infra-estrutura e saneamento básico e na garantia dos direitos fundamentais do ser humano, como também o trabalho de redução das desigualdades sociais, combatendo prioritariamente pobreza. Desse modo, deve criar mecanismo para geração de trabalho e renda e inserção social, de forma a prover condições e dignidade para superar as precárias condições em que vive uma expressiva parcela da sociedade brasileira. Para alcançar esse objetivo, deve apoiar-se na transferência de recursos exógenos e na mobilização de recursos endógenos, quer sejam públicos ou privados.

d) Sustentabilidade na dimensão espacial inclui a promoção da desconcentração de atividades econômicas do centro urbano, a ampliação à infra-estrutura e o atendimento às necessidades básicas da população nas áreas rurais, o fomento da instalação de empreendimentos que utilize como insumos a produção local, construindo assim uma cadeia produtiva que agrega valor à produção local e melhora a qualidade de vida da região.

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e) Sustentabilidade na dimensão cultural inclui o desenvolvimento de projetos que contribuam para a preservação da diversidade cultural local, frente à cultura de massa, capacitando à sociedade com base em valores tradicionais e éticos, criando condições para a expressão da arte local e para transferência das tradições às gerações futuras. Capacita a sociedade também no exercício da cidadania consciente para a construção de uma ética baseada em princípios de solidariedade e confiança mútua.

f) Sustentabilidade na dimensão tecnológica, inclui a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico local, o fomento de parcerias entre órgãos governamentais e não governamentais, universidades, mercado e sociedade civil, promovendo o intercâmbio e a cooperação técnica e investindo no desenvolvimento de recursos humanos locais.

g) Sustentabilidade na dimensão política, inclui a criação de condições para a participação efetiva da sociedade civil, no planejamento e controle social das políticas públicas, a partir da disponibilização de uma base de informação desagregada, que permita uma análise mais apurada da economia e da realidade social local, provendo condições de êxito para a participação da sociedade nos projetos de desenvolvimento sustentável. Cabe ainda atuar também no desenvolvimento de uma filosofia, dentro administração pública, voltada para os interesses da sociedade, de modo a eliminar qualquer prática clientelista ou distorcida sobre os conceitos da governabilidade. Contas equilibradas e responsabilidade com o patrimônio público fazem parte desta filosofia. (BARBIERI & LAGE, 2001, p.3-4).

2.6 A Formação das Redes e o Desenvolvimento Local

O modelo de rede, segundo a visão de Quandt (1998), está emergindo como um novo paradigma onde as formas inovadoras de fazer política através destas redes geraram ações compromissadas que integram estratégias comuns das instituições parceiras, reduzem custos de transações e compartilham recursos. A vantagem mais clara deste modelo de rede é que ele permite o alcance de oportunidades em qualquer localização cuja concepção deve ser trabalhada de tal forma que garanta a governabilidade da ação de desenvolvimento local facilitando o intercâmbio e sinergias existentes neste contexto.

Quandt (1998) argumenta ainda sobre a importância e relevância dos atores locais que fazem parte desta rede. Para que haja esta governabilidade serão necessárias transparência e legitimidade política nas ações delineadas para que se possam obter

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vantagens competitivas mais amplas facilitando desta forma alianças, parcerias e oportunidades com investidores, inclusive externos.

Sob a visão de Coelho & Fontes (1998), as redes também podem ser consideradas como, fatores propulsores de uma dinâmica econômica devendo incluir diversos atores constituindo um sistema que represente diversos interesses coletivos para a formulação de políticas e sua implementação.

Essa idéia é fundamental uma vez que o trabalho coletivo é construído a partir da interação entre as pessoas que fazem parte da rede baseados no elemento do capital social chamado confiança. Estes vínculos permitem o equilíbrio das transações devido à coordenação das diversas informações recebidas e compartilhadas com os agentes.

Deste modo, o desenvolvimento local visa criar condições de competitividade através da estratégia de construção de redes. Há um outro aspecto também, onde surgem parcerias conflitivas ocorrendo discussões estratégicas e disputas de projetos com interesses diferenciados. O desafio maior será fortalecer esta rede de parcerias integrando diversos interesses para que se possa construir um único plano estratégico favorecendo o coletivo. (COELHO & FONTES, 1998),

Coelho & Fontes (1998) caracterizam tipos de redes e seus papéis da seguinte maneira:

a) Redes de Apoio Político Institucional ¾ integração público/privada ¾ articulador das redes ¾ apoio infra-estrutural

¾ mobilizador e ativador da sociedade

b) Redes Econômicas

¾ formulação de estratégias, programas e projetos

c) Redes Territoriais

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d) Redes Técnicas

¾ pesquisa qualitativa e quantitativa ¾ recursos humanos ¾ capacitação e) Redes Temáticas ¾ análise de perfil ¾ estratégias ¾ programas e projetos.

A definição do tipo de rede ocorre mediante participação dos atores locais, onde discutem os diversos cenários para o município para então construir sua proposta estratégica. Este plano deve envolver o município e suas microrregiões, sendo necessário um diagnóstico das relações mantidas para a partir deste contexto construir programas e estratégias. (COELHO & FONTES, 1998).

Quandt (1998) acredita que o modelo de rede está emergindo como uma forma de responder ao mercado aos riscos e custos crescentes na escalada da competição. Ou seja, as relações cooperativas geradas neste âmbito apresentam vantagens coletivas que permitem o alcance de oportunidades em qualquer localização e intercâmbio de dados. Estes encadeamentos permitem criar sinergias e obter vantagens competitivas regionais desenvolvendo alianças e parcerias.

O contato pessoal gerado nessas bases locais e os vínculos estabelecidos na rede criam novas oportunidades de comercio e compartilhamento de recursos humanos e materiais. Desta forma, obtêm-se economias de escala, acordos cooperativos onde o processo de aprendizagem emerge através da confiança mútua e cooperação. (QUANDT, 1998).

A inserção em redes requer uma integração complexa de atividades produtivas, competências e conhecimentos onde os arranjos produtivos permitem uma integração de culturas diferentes, conhecimentos e fluxos. Estes fluxos levam as pessoas a observarem as situações, experimentarem e analisarem circunstâncias com o intuito de contribuírem e aumentarem suas capacidades. Estas capacidades facilitam identificar

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mercados e oportunidades importantes para as negociações. Além disto, numa rede devem-se reavaliar programas existentes para evitar duplicação de esforços visando à complementaridade de ações mais focadas.

Quandt (1998) salienta que as iniciativas e integração desses esforços buscam objetivos comuns e a construção de vínculos sólidos com constantes intercâmbios necessários para a promoção do desenvolvimento local.

2.7 Arranjo Produtivo Local – APL

Procurando discutir o conceito de APL, Cassiolato et al (2000) fazem uma menção para alguns elementos que devem ser analisados num APL que englobam desde a dimensão territorial e a diversidade das atividades e dos atores até o conhecimento tácito, inovações e aprendizados interativos incluindo a governança que tem um papel importante neste contexto.

A dimensão territorial, segundo Cassiolato et al (2000), dá suporte para uma possível ação política, porque retratam o espaço onde realmente estão inseridos os processos produtivos e se realmente ocorrem e como ocorrem as inovações traçando um perfil tecnológico, assim como se dá a cooperação visando o compartilhamento de idéias e valores econômicos para obtenção de vantagens competitivas com regiões circunvizinhas.

Quanto à diversidade tanto das atividades como de atores haverá a necessidade de participação e interação do poder público e privado voltadas para a formação e capacitação de recursos humanos, P&D&E, programas de promoção e financiamento inclusive universidades e instituições de pesquisa. (CASSIOLATO et al, 2000).

No que diz respeito ao conhecimento tácito deverá ser compartilhado e socializado por empresas, instituições e indivíduos apresentando forte especificidade local, decorrendo da proximidade territorial, cultural ou social tornando-se elemento de vantagem competitiva para quem o detém. (CASSIOLATO et al, 2000).

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As inovações e aprendizados interativos permitem a transmissão de conhecimentos e ampliação da capacitação produtiva X inovativa onde surgem novos produtos, processos e formatos organizacionais, visando o alcance efetivo da competitividade, ao qual nos APLs estes processos introduzem mudanças técnicas e geram uma maior dinamicidade promovendo vantagens acirradas para as empresas.

Por último a governança refere-se aos diferentes modos de coordenação entre os agentes e atividades, existindo formas variadas de governança no arranjo tanto em questões de poder como na própria tomada de decisão (centralizada e descentralizada; mais ou menos formalizada). (CASSIOLATO et al, 2000).

Para completar, Amaral Filho (1996) menciona que seria possível acrescentar elementos que assumiriam papéis ativos na evolução dos arranjos produtivos, são eles, o capital social, a estratégia coletiva de organização da produção e a articulação político-institucional.

O capital social que é acumulado em um determinado arranjo produtivo é a condição principal para a cooperação, a formação das redes, associações e consórcios de pequenos produtores e empresas sendo ainda a principal fonte da coordenação e da governança do APL. (AMARAL FILHO, 1996).

Quanto às Estratégias refletem as decisões e ações coordenadas onde se manifesta e se processa a aprendizagem coletiva. As experiências têm mostrado que quanto mais acumulado o capital social numa determinada aglomeração de empresas, maior e mais eficaz a articulação com as organizações e instituições. (AMARAL FILHO, 1996).

2.8 Conceitos de Arranjos Produtivos Locais – APLs

O SEBRAE tem direcionado parte significativa de seus esforços e recursos para ações em APLs, que garante um aporte consistente de meios e de capacidade de iniciativa. A etapa de construção de uma convergência de interesses, sob o ponto de vista do Sebrae (2004), já foi ultrapassado com sucesso. O desafio atual consiste em

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estruturar metodologias e disseminar soluções que atendam à enorme demanda e necessidade local.

Sendo assim, o Sebrae adotou a seguinte definição de conceito para o APL como referência, ou seja:

APL constitui um tipo particular de cluster, formado por pequenas e médias empresas, agrupadas em torno de uma profissão ou de um negócio, onde se enfatizam o papel desempenhado pelos relacionamentos – formais e informais – entre empresas e demais instituições envolvidas. As firmas compartilham uma cultura comum e interagem, como um grupo, com o ambiente sócio-cultural local. (SEBRAE, 2004, p.9).

Outro conceito apresentado na literatura é o de Vargas (2003) onde afirma que:

O conceito de APL originou-se do conceito de distritos industriais Marshalianos no qual descrevia um padrão de organização comum à Inglaterra, onde pequenas empresas concentradas na manufatura de produtos específicos de setores como têxtil se localizavam geograficamente em agrupamentos, em geral na periferia dos centros produtores. (VARGAS, 2003, p.8).

Este conceito foi revitalizado na 3ª Itália constituindo APL que também são denominados de villagio produtivo significando redes de empresas flexíveis que se beneficiam da existência de uma rede horizontal de cooperação.

Sob a visão de Lastres e Cassiolato (2003), o APL seria:

Um estágio anterior do que se denominam sistemas produtivos e inovativos locais, que são aqueles arranjos produtivos em que interdependência, articulação e vínculos consistentes resultam em interação, cooperação e aprendizagem, com potencial de gerar o incremento da capacidade inovativa endógena, da competitividade e do desenvolvimento local.

Suzigan et al (2004) acreditam que as empresas e instituições são atraídas ao local devido à importância da proximidade geográfica para a transmissão desses conhecimentos tácitos e específicos. O sistema ou arranjo evolui com o surgimento de novas empresas como spin-offs de empresas e instituições locais.

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