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Actualização sobre a Grécia

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Academic year: 2021

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Actualização sobre a Grécia

Definição e contextualização

Dia 26 de Janeiro de 2015, Alexis Tsipras, líder do Syriza, foi eleito primeiro-ministro, na sequência de uma campanha com elevada popularidade devido às inúmeras promessas sobre o fim da austeridade na Grécia. No mês seguinte, o governo, representado por Tsipras e o ministro das finanças Yanis Varoufakis, iniciou um árduo processo de negociação com os credores a fim de obter uma extensão de quatro meses para o programa de bailout. No âmbito desta, a Grécia revogaria as principais medidas de austeridade e comprometer-se-ia a apresentar um conjunto de reformas estruturais sujeito à aprovação dos credores.

Embora o pacote de reformas estruturais não tenha sido aceite, o acordo com o Eurogrupo para o prolongamento da assistência financeira foi alcançado a 20 de Fevereiro, com o país a comprometer-se a cumprir as suas obrigações perante os credores e a apresentar um conjunto de medidas para a Grécia iniciar uma recuperação sustentável que, no futuro, permitisse o regresso aos mercados obrigacionistas. Desde então, as negociações, maioritariamente infrutíferas, entre a Grécia e os seus credores têm-se arrastado e os avanços e recuos têm gerado elevada volatilidade nos mercados.

Este impasse, que dura há cinco meses, aproxima-se de um momento decisivo, visto que a extensão do programa de resgate termina no dia 30 de Junho e a Grécia apresenta sérias dificuldades em reembolsar os montantes emprestados. Se a Grécia sair do euro, o projecto europeu poderá estar em causa. Sublinhamos que a integração na Zona Euro, e a consequente transferência de poderes para as instituições europeias, não previa a saída de Estados-membros. Adicionalmente, uma saída da Zona Euro poderá implicar uma saída da UE, o que, por sua vez, abre um precedente para o Reino Unido ou outro país abandonar a união.

Estado da economia grega

Em Abril, o défice da balança corrente ascendia a 955,4 milhões de euros, o que representou uma melhoria face aos 1,15 mil milhões relatados no ano anterior, segundo os dados do banco central da Grécia. Este ano, o endividamento deverá rondar os 180% do PIB, o mais elevado dentro da Zona Euro. Em termos de actividade económica, a navegação é uma das indústrias mais importantes. Com um peso superior a 15% no PIB, o turismo é a principal fonte de receitas em divisas estrangeiras, que poderá ser afectado pela instabilidade social, pela possibilidade de haver um controlo de capital e pelo aumento dos impostos sobre o consumo exigido pelos credores.

Detentores da dívida pública

A dívida total da Grécia ascende a 315 mil milhões de euros . O maior credor é, de longe, o European Financial Stability Facility (EFSF), que detém 44,9% do total de dívida pública. A segunda maior fatia, com 17,5% do total, está nas mãos de investidores privados sob a forma de obrigações soberanas. À semelhança do que aconteceu com a reestruturação da dívida em 2012, os privados continuam bastante expostos a um incumprimento. O terceiro maior credor, com 52,9 mil milhões de euros ou 16,7% do total, é o Greek Loan Facility, um conjunto de empréstimos bilaterais concedidos por outros países da Zona Euro no primeiro resgate. Representando menos de 10% da dívida total cada, estão o BCE, o FMI e o sector bancário, principalmente grego, através de Bilhetes do Tesouro.

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Exigências dos credores e do governo grego

A Grécia recusa-se a aceitar a linha dura assumida pelo FMI, que exige soluções a longo prazo em vez de medidas de curto prazo. Os credores propuseram um excedente primário (receitas governamentais menos as despesas, excluindo os juros sobre a dívida pública) de 3,5% do PIB até 2018, que foi aceite pela Grécia embora o mercado duvide da sua concretização. Os credores propuseram cortes nas reformas no montante de 1,8 mil milhões de euros em 2016 e 2017, ao que o governo grego contrapôs com um corte de 1,9 mil milhões de euros apenas em 2016.

A Grécia tem uma das taxas de IVA mais baixas na União Europeia. Os credores querem um IVA padrão de 23%, com poucas excepções, enquanto a Grécia quer uma estrutura com três níveis: taxas de 6%, 13% e 23%. O jornal grego Ekathimerini avançou que a União Europeia e o FMI propuseram um aumento no IVA sobre alojamento turístico de 6,5% para 23% e um incremento no IVA sobre a restauração de 13% para 23%, a serem introduzidos a partir de 1 de Julho, intensificando os receios sobre o impacto adverso no turismo.

Datas decisivas

 Dia 27 de Junho, sábado às 13h: Reunião extraordinária do Eurogrupo em Bruxelas, com o intuito de chegar a um acordo após o fracasso da cimeira de dia 25 e 26 de Junho.

 Dia 30 de Junho, terça-feira: este é o dia em que termina o programa de resgate à Grécia. É o deadline para cumprir todos os pagamentos ao FMI, na ordem dos 1,54 mil milhões de euros. Caso a Grécia falhe o pagamento, Christine Lagarde, presidente do FMI, afirmou que recusa a possibilidade de haver um período de graça. Além disso, a Grécia precisa de pagar 1,5 mil milhões de euros em salários e reformas até ao fim de Junho.

1 de Julho, quarta-feira: decisão do BCE sobre o Emergency Liquidity Assistance (ELA), que poderá ser crucial em todo este processo, devido à falta de liquidez dos bancos gregos.

 20 de Julho, segunda-feira: pagamento ao BCE de 700 milhões de euros em juros e de 3,5 mil milhões de euros em capital reembolsado.

Situação da banca

A recente fuga de depósitos tornou os bancos gregos dependentes do financiamento do BCE, sobretudo através do Emergency Liquidity Assistance. Para serem abrangidos por este programa, os bancos precisam, simultaneamente, de ser considerados solventes e de ter uma quantidade suficiente de títulos de elevada qualidade para entregar como colateral. Começam a surgir dúvidas sobre a qualidade destes títulos, uma vez que os bancos gregos detêm 15 mil milhões de euros em Bilhetes do Tesouro que vencem a 3 e 6 meses.

Se a Grécia falhar o pagamento ao FMI no dia 30, o BCE deverá aumentar o desconto (haircut) aplicado aos títulos gregos que aceita como colateral. O eventual incumprimento soberano poderá levar o BCE a considerar os bancos gregos como insolventes.

Os levantamentos de depósitos superaram os 7 mil milhões de euros desde o início de Junho até ao dia 23 de Junho, segundo a Bloomberg. Estão a ser equacionados controlos de capital para evitar que os fundos saiam do sistema bancário grego, antes do dia 30 de Junho. O Chipre foi o caso mais recente em que se recorreu a um controlo de capitais, que começou em 2013 e terminou apenas em Maio deste ano. O ministro alemão das finanças Schaeuble poderá ter proposto esta solução.

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Reacção dos mercados financeiros

Nos últimos meses, os activos mais sensíveis aos desenvolvimentos das negociações entre a Grécia e os credores têm sido o DAX 30, as obrigações soberanas da periferia e o ASE 20 (índice bolsista grego). O ETF Global X FTSE Greece 20, cotado no NYSE Arca, replica o comportamento do ASE. Com a evolução da crise grega, a percepção do mercado em relação ao risco de crédito dos vários países europeus tem-se heterogeneizado. Desta forma, embora exista uma tendência generalizada de subida das yields de dívida soberana, temos vindo a assistir a um alargamento do spread entre as economias core europeias e os países da periferia.

Devido à possibilidade de serem anunciadas decisões com o mercado fechado, alguns investidores têm preferido reduzir a exposição aos activos de risco antes do fim-de-semana, para evitar aberturas em gap.

 DAX 30

 Global X FTSE Greece 20 ETF (GREK) – ASE tracker

Fonte: BiG Power Trade Fonte: BiG Power Trade

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 Yield das obrigações a 10 anos

Fonte: Bloomberg Nota: Grécia esta representada no eixo R1 (Laranja). Portugal e Alemanha estão representados no eixo 2 (verde e azul respectivamente).

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