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[Recensão a] Ricoeur, Paul; Lacoque, André - Penser la Bible

Autor(es):

Ramos, José Augusto M.

Publicado por:

Instituto Oriental da Universidade de Lisboa

URL

persistente:

URI:http://hdl.handle.net/10316.2/24180

Accessed :

9-Jul-2021 13:36:24

digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

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CADMO

Revista do Instituto Oriental

Universidade de Lisboa

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RECENSÕES

ção de mostrar a relevância de cada livro para a comunidade judaica e para a comunidade cristã tornam o livro de grande valor para

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estudo introdutório ao Antigo Testamento. É uma nova concepção de introdução bastante diferente das introduções clássicas. Trata-se, a meu ver, da introdução ao AT mais completa e abrangente do momento presente. Uma tradução portuguesa desta obra é, sem dúvida, um desiderato urgente de todos aqueles que estudam o Antigo Testamento em países lusófonos.

Emanuel Bouzon

PAUL RICOEUR; ANDRÉ LACOQUE, Penser la Bible, Éditions du Seuil, Paris, 1998. 457 pp., ISBN 2-02-031677-3.

Este livra leva na capa

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nome de P. Ricoeur como sendo

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autor que se pretende destacar. No entanto, na entrada do livro, aparece

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nome de A. Lacoque colocado em primeiro lugar. De facto, P. Ricoeur apresenta-se como um autor de imensa nomeada e é detentor de uma lista de escritos que, com alguma razão, o catapultam para um lugar cimeiro a que

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seu parceiro neste percurso de leitura e de diálogo não tem possibilidade de guindar-se. Na verdade, se bem que ambos os autores tenham optado por ler-se um ao outro antes de darem cada um dos seus textos por terminados, para poderem introduzir aspectos de diálogo relativamente às leituras efectuadas por cada um deles, o início de diálogo sobre cada tema sucessivamente estudado por cada um de forma convergente é sempre dado por A. Lacoque. A sua leitura repre- senta a abordagem da Bíblia pela perspectiva de estudo que se consi- dera básica. É uma leitura de exegese segundo as exigências da inter- pretação histórico-crítica.

A este exercício de leitura histórico-crítica segue-se uma reflexão que é por vezes mais teórica, outras vezes mais histórico-filosófica. Aqui se encontra sobretudo

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papel hermenêutico que coube a P. Ricoeur.

A exegese histórico-crítica assume-se como um esforço de sóbria e meticulosa transparenciação do próprio texto no seu tempo e enqua- dramento de origem. É a procura do sentido originário e de algum modo literal. O ensaio teórico, por outro lado, abarca muito maior amplidão, relativamente aos longos e numerosos percursos em que as múltiplas leituras de um mesmo texto se foram definindo em diversos espaços e a diferentes níveis, ao longo da história. O longo somatório das leituras e as questões teóricas que delas foram fluindo podem ter transformado textos bíblicos de menor densidade em textualidades sugestivas de 176

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grandes tratamentos filosóficos ou teológicos. A história das leituras re- percute-se como espaço crescente de textualidade.

Desta maneira, aparecem focados quer os temas imediatos e con- cretos do texto quer a longa acumulação de conotações, sem que estas variadas perspectivas se entrechoquem. Esta milenar acumulação de sen- tidos, através da sobreposição de leituras que se mantêm solidárias na rede de coordenadas em que assentam 0 texto e a sua leitura, fazem da Bíblia um caso de longuíssima lectio continua particularmente desta- cado. Os longos filamentos de um tal sistema cultural podem, assim, ser seguidos através de tempos e de situações muito diversificados. O interesse de alguns dos temas de síntese que transparecem sobretudo na parte que coube a P. Ricoeur são bem o espelho destas riquezas e manifestam

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esplendor destas fosforescências de sentido.

O próprio texto bíblico, sujeito a esta «interpretação infinita», reemerge dela dotado de uma nova consistência: algo que era mito pode surgir remitificado em novos moldes e

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que era epopeia aparece depois envolto em novas empolgâncias. O segundo exegeta preocupa-se em «prolongar a trajectória até ao coração da nossa modernidade» (p. 157).

A Bíblia que os diversos temas escolhidos aqui representam coin- cide ser a do Antigo Testamento. Trata-se, portanto, da Bíblia hebraica,

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«corpus» específico do judaísmo. No conceito e na história literária, esta parte da Bíblia avulta como representando legitimamente

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todo. No entanto, se a leitura histórico-crítica pouco pode ultrapassar

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âmbi- to da literalidade inicial, a história das leituras assume os passos e as passagens mais significatrivas da história das leituras, segundo a perti- nência maior ou menor que o texto inicial lhes atribuía e conforme a importância que a realidade da história do pensamento lhes garantiu.

Evidentemente, o primeiro tema sobre que se debruçou esta leitura de dupla perspectiva foi

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tema das origens com a sua capacidade de representar as dimensões essenciais do humano, como um muro no qual surgem algumas fissuras intrigantes. Esta visão do essencial humano atravessado por determinadas perplexidades incide sobre o relato da criação e origens, que é característico dos capítulos 2 e 3 do

Génesis. Este esforço coordenado para pensar a Bíblia inicia-se, desta maneira com

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«pensar a criação»,

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qual é precisamente o título que P. Ricoeur dá a esta sua primeira prestação.

Com

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título de «Não matarás», extraído das prescrições do Decá- logo, no capítulo 20 do Êxodo, A. Lacoque procurou definir o sentido que

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conceito de lei representa na concepção da religião e da socie- dade entre os hebreus. Nela se verifica que as linhas de dinamismo que definem este pensamento hebraico enriquecem particularmente as dimensões normativas com conotações de um relacionamento de tipo

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RECENSÕES

interpessoal que faz com que toda esta normatividade transcenda o domínio da simples legalidade. Aliás, esta dialéctica da acção inserida no sistema aparentemente rígido da normatividade fica bem evidenciado com uma passagem famosa do Génesis em que Abraão recebe a ordem de imolar o seu filho em sacrifício, que seria contraditória com

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«não matarás». Os contrastes entre

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legal e ético, por um lado, e o religioso, por outro lado, conduzem

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agir religioso para encruzilhadas que apenas se poderiam resolver por meio de uma “suspensão teleológica da ética”. Isto representa uma suspensão do sistema normativo da lei que não exclui que

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agir se mantenha correctamente dirigido para

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mesmo objec- tivo final, mantendo a mesma teleologia. E o Autor empreende uma longa e pormenorizada discussão sobre aspectos do agir, segundo se expri- mem no pensamento de Kierkegaard.

A esta estimulante apresentação da questão da normatividade reli- giosa segundo

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Decálogo, feita por A. Lacoque, corresponde P. Ricoeur com um belo desenvolvimento dos problemas levantados tomando como padrão

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rótulo de «uma obediência amorosa» (pp. 157-189), a qual comporta as virtualidades dialécticas da relação interpessoal que ante- riormente se sublinhavam.

A leitura do discurso profético é realizada através de um estudo e comentário do capítulo 37 de Ezequiel, a que a força convulsiva das imagens de morte em sucessivas explosões de vida emprestam um colorido barroco com fortes laivos de surrealismo.

Para P. Ricoeur, este espaço era a ocasião para definir as pers- pectivas teóricas da função profética, enquanto testemunha da esperan- ça para um tempo urgente, mas sem nenhuma dependência fetichista relativamente aos acontecimentos. Aproveitando a metáfora do papel de sentinela com que Ezequiel é identificado, P. Ricoeur descreve

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como sentinela das coisas que estão iminentes (pp. 223-244).

Quase surpreendentemente,

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texto do Salmo 22 oferece ocasião para uma daquelas leituras bíblicas de âmbito quase antropologicamente ecuménico: o estado de sofrimento e infelicidade,

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carácter individual da voz que se ergue em lamentação, a capacidade de inserção cultual desta lamentação e a abundância e representatividade deste género li- terário no livro dos Salmos e no sistema da discursividade bíblica, que A. Lacoque bem analisa na fenomenologia dos textos e na história da análise literária, todos estes aspectos desembocam e valorizam a pers- pectiva com que P. Ricoeur toma a palavra sobre

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assunto e de forma pertinente vai definindo

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lamento como oração” ( p. 279-304).

Um famoso tema proveniente exactamente do cerne do Pentateuco foi escolhido para penúltima leitura neste livro. É a revelação do novo nome para Deus, Javé, exposta no capítulo 3 do Êxodo, que abre as

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portas à explicitação da original concepção de Deus que se prende com esse nome. Para

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mundo da Bíblia, é a definição do nome e das coordenadas essenciais da concepção de Deus que se vai afirmar dali em diante.

Para as leituras pós-bíblicas, esta passagem ficou, ao longo da história, como a expressão de um dos mais requisitados contactos en- tre a linguagem da Bíblia e a das perspectivas metafísicas sobre

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divino. E apesar das promissoras perspectivas, esta passagem pode ficar como um dos mais famosos casos de texto bíblico em que um esforço de interpretação desafia e adia inelutavelmente qualquer tenta- tiva de tradução.

A última tarefa à qual os dois hermeneutas dedicaram

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seu esforço comum de leitura foi o Cântico dos Cânticos. Tendo em conta a fama incomparável do documento em si, esta escolha não surpreende. Pela hierarquização relativa do tema dentro da literatura bíblica, outros temas se poderiam perfilhar com igual direito ou até mesmo com maior direito.

As dicotomias da leitura agora oferecida pelos dois mestres justifica amplamente a escolha. A. Lacoque vê no Cântico dos Cânticos um texto em que se materializa o carácter revolucionário do amor, enquanto expe- riência psico-física, erótica, que, no seu arrebatamento e complexas conotações, pode ser capazmente expressiva da chama do amor divino.

Em contrapartida, P. Ricoeur, prefere desvalorizar a leitura deste texto como um epitalâmio com sentido erótico e sublinhar o seu carácter de metáfora nupcial, sublinhando a multivalência religiosa dos seus sim- bolismos. E para tal valoriza precisamente a capacidade constituinte que tem a leitura, no quadro de uma teoria criativa da recepção do texto.

Cada um destes ensaios aparece complementado com uma biblio- grafia específica, no fim do capítulo, nos textos de A. Lacoque, ou em prestimosas citações de pé de página, nos textos escritos por P. Ricoeur.

José Augusto M. Ramos

OSWALD LORETZ, Des Gottes Einzigkeit: ein altorientalisches Argu- mentationsmodell zum “Schma Jisrael”, Wissenschaftliche Buchgesell- schaft, Darmstadt, 1997, 204 pp., ISBN 3-534-13276-9.

Este é mais um livro do Professor Oswald Loretz, que se tem dedicado intensamente a estudos técnicos, analíticos e sintéticos das culturas sobretudo semíticas do Próximo Oriente Antigo, privilegiando os aspectos comparativos, sobretudo entre as culturas de Canaã e os textos hebaicos da Bíblia.

Referências

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