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Bagaço da cana: fonte de energia alternativa nas usinas de Alagoas

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Academic year: 2021

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Bagaço da cana: fonte de energia alternativa nas usinas de Alagoas

Michelle da Silva CARDOSO1; Vanderson Nunes de Oliveira SILVA2; Cristiano da Silva

CARDOSO3; Ricardo Santos CORREIA4

1. UNEAL – Campus I, pós graduanda de Gestão Ambiental. michellescardoso@hotmail.com 2. UNEAL – Campus I, pós graduando de Gestão Ambiental. vando.geo@hotmail.com 3. Universidade Federal de Pelotas-RS, mestrando de meteorologia agrícola. critianoufal@hotmail.com

4. Professor assistente da UNEAL – Campus I, Orientador. ricardoufrj@yahoo.com.br

Resumo

As fontes de energia alternativa têm sido amplamente pesquisadas, porém este trabalho visa especificamente a analise e reflexão teórica da utilização do bagaço da cana de açúcar como fonte alternativa para a produção de energia nas Usinas de açúcar de Alagoas, , que contribui para o desenvolvimento sustentável na agroindústria canavieira, com um diferencial que é a utilização de tecnologia 100% nacional em todo o processo. O objetivo deste trabalho é ressaltar o reaproveitamento de resíduos disponíveis (bagaço) nas Usinas Alagoanas para produção elétrica como fonte alternativa que pode evitar o desperdício e gerar benefícios econômicos. A metodologia adotada é a de estudo de caso onde foi realizado: levantamento documental através de pesquisa bibliográfica em obras específicas de Meio Ambiente e agroindústria açucareira. A competitividade entre as organizações apresenta-se cada vez mais intensa, tornando-se imprescindível a busca por alternativas ambientalmente sustentáveis, para a sobrevivência das organizações no mercado, é nesta perspectiva que as Usina de Alagoas tem trabalhado buscado reconhecimento e abertura nos mercados nacional e internacional.

Palavras-chave: Sustentabilidade energética; Agroindústria.

Introdução

As questões ambientais em sido amplamente discutidas nos últimos anos devido à ascensão tecnológica e econômica caminharem lado a lado com sustentabilidade ambiental, assim torna-se necessária a adoção de posturas organizacionais que possam contribuir para o sucesso econômico e ambiental das empresas. De acordo com Scornavacca Jr. Et all. (1999) as empresas passaram a enxergar uma oportunidade tecnológica e organizacional promovida pela responsabilidade ambiental e desenvolvimento sustentável. Neste contexto surge um grande desafio para a indústria sucroalcooleira que é encontrar medidas de gerenciamento para seus resíduos que permitam compatibilizar crescimento econômico e ambiental fortalecendo a imagem organizacional em face ao seu público alvo. Diante desta situação busca-se discutir o gerenciamento ambiental com foco na utilização de um dos resíduos provenientes dos processos industriais, o bagaço da cana de açúcar como fonte alternativa de geração de energia termoelétrica na Usina Sinimbu - Alagoas. Discuti-se a busca pelo desenvolvimento de ações ambientalmente sustentável a partir do referencial teórico defendido por Layrargues (2000) e Pedroza e Silva (2000), eles afirmam que as ações ambientais antes de tudo partem de uma perspectiva econômica e desta forma devem trazer em si algum ganho assim compreendido como investimento que apresenta custos e retorno financeiro. Desta forma a produção independente de energia proveniente do bagaço exige

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investimentos mais traz retorno econômico e ambiental para a empresa, corroborando com a afirmação dos autores anteriormente citados. É importante salientar que esta produção não visa esgotar o assunto cuja natureza é bastante ampla, mas sim explorar a ação praticada na Usina Sinimbu, localidade em estudo, apontando a capacidade de co-geração termoelétrica como uma fonte alternativa de geração de energia e apontá-lo como um diferencial competitivo da empresa que pode gerar oportunidades para seu crescimento.

Materiais e métodos

A metodologia adota é de estudo de caso, sendo realizada a coleta de dados através de levantamento documental e análise de enfoques teóricos de Gestão Ambiental e agroindústria açucareira, que deu origem aos resultados desta produção que se trata de uma pesquisa descritiva não probabilística. A metodologia de estudo de caso conforme YIN (2001) permite uma investigação que se preserva as características holísticas e significativas dos eventos da vida real e contam com muitas técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, entretanto acrescentando-se de duas fontes de evidencias que usualmente não são incluídas no repertorio de um historiador: a observação direta e uma série de entrevistas, que busca maior familiaridade com o problema, com vista a torná-lo mais explícito ou construir hipótese. Pode-se dizer, portanto, que essa pesquisa visa o aprimoramento de idéias a cerca da temática apresentada.

Resultados e discussões

O sistema agroindustrial das Usina de açúcar de Alagoas possui várias etapas que se organizam por meio dois setores (Agrícola e o Industrial) para a fabricação de seus produtos. O primeiro se preocupa com a terra, o plantio, o manejo, a colheita e transporte da matéria prima ao parque industrial, o segundo preocupa-se com o processamento da matéria prima, com produção do açúcar e do álcool, e destinação final de seus principais resíduos (vinhoto, torta de filtro e bagaço). Durante muito tempo esses resíduos foram vistos como não aproveitáveis pela Usina alagoana e havia uma busca incessante em descartá-los, esse descarte sem o tratamento adequado poderia gerar vários problemas ambientais como poluição do solo e das águas; posteriormente foi percebido que esses resíduos poderiam ser reutilizados, a partir daí foram considerados como subprodutos dos processos industriais minimizando seus potenciais poluidores e agregando valores econômicos, resolvendo a até então “questão problema”. Atualmente há várias Usina em Alagoas como por exemplo a Mendo Sampaio S/A- Roçadinho e a Sinimbu que utiliza alguns procedimentos que garantem uma melhor destinação e aproveitamento desses subprodutos que são revertidos em benefícios a própria indústria e ao meio ambiente. O subproduto pesquisado aqui com maior ênfase foi o bagaço, resultante do processo de extração do caldo da cana utilizado no processo de fabricação do açúcar e álcool, sua principal característica e o teor de fibra. Em média uma tonelada de cana produz cerca de 140 quilogramas de bagaço, o qual 90% são usados na produção de energia, entre térmica e elétrica, e esses dados corroboram com FILHO (2007). Toda a demanda de energia térmica, elétrica e mecânica das Usina que realizam esse tipo de produção de energia é fornecida a partir da queima do bagaço da cana de açúcar em caldeira que gera vapor que possibilita as condições necessárias para a co-geração energética. A figura 01 apresenta uma caldeira a vapor para bagaço onde os elementos principais são: as superfícies de aquecimento e o conjunto de tubos pelos quais circulam água e vapores.

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Figura 01 - Esquema de uma caldeira a vapor para bagaço de cana

De acordo com a numeração da figura tem-se: 1- Fornalha: local onde ocorre a combustão do combustível (bagaço); 2- Grelha: elemento que suporta o combustível em combustão e garante a remoção periódica das cinzas; 3- Alimentadores de bagaço: fornece o bagaço que vai ser queimado na fornalha distribuindo em camadas homogenias sobre a grelha; 4- Paredes de água: são superfícies evaporativas que cobrem parcial ou totalmente as paredes da fornalha; 5- Feixes de convecção: tubos que conecta o balão superior com o inferior. É também uma superfície evaporativa; 6- Balão superior: realiza a separação de água, da mistura água vapor que sai das superfícies evaporativas; 7- Balão inferior: serve como coletor distribuidor; 8- Superaquecedor: o vapor é superaquecido até a temperatura de operação; 9- Aquecedor de ar: superfície onde ocorre o preaquecimento do ar que será introduzido na fornalha junto com o bagaço; 10- Economizador: pré aquece a água de alimentação ate a temperatura um pouco mais baixa que a de saturação; 11- Eixo convertido ou duto vertical de gases: secção da caldeira onde se dispõe o aquecedor de ar e o economizador.

Observa-se, que a tecnologia utilizada para a produção de energia nessas empresas é 100% nacional o que facilita a sua compra e substituição caso necessário. Foi constatado que de acordo com a quantidade de cana que a empresa processou durante a safra é possível calcular a quantidade de bagaço produzida, visto que a cada tonelada produz aproximadamente 140 kg.

As toneladas de bagaço é utilizado para a produção de energia que move o processo de industrialização no seu parque industrial, irrigação no campo e o excedente é comercializada e distribuída na rede da CEAL (Companhia Energética de Alagoas).

Se for comparado à queima do bagaço com a de combustíveis fósseis, percebe-se que este é mais limpo e gera menor impacto ambiental uma vez que praticamente não libera compostos com bases de enxofre como SO2 ou SO3 relativamente comum na queima de óleos

combustíveis. Além disso, sua queima é lenta com uma baixa temperatura de chama proporcionando pouca formação de óxido nitroso. De acordo com FILHO (2007) 90% do bagaço é destinada a queima para a produção energética.

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Esse subproduto proveniente do processo de moagem da cana de açúcar em Usina também é conhecido como “bagaceira”. Após a moagem o caldo é destinado à produção do açúcar e álcool e o bagaço é destinado ao alimentador no setor de caldeiras onde ocorre o processo de queima que produz energia que faz toda a indústria funcionar. A queima do bagaço produz vapor que é canalizado para fazer girar as turbinas que se encontra acoplado aos geradores produzindo a energia que é conduzida para o funcionamento de toda a empresa, e distribui o seu excedente direto na rede que fornece a energia à comunidade. Todo o controle dos geradores é realizado através de computadores e painéis de controle. Essa produção e distribuição dos geradores tornam a empresa auto-suficiente em energia. Sabe-se que a energia gerada a partir do bagaço da cana de açúcar possibilita a diminuição dos riscos provenientes da falta de energia em virtude de uma seca prolongada, visto que a Matriz Energética Brasileira é grande parte hidroeletricidade, por meio do aproveitamento de parte da energia térmica que normalmente seria transferida para a atmosfera, as empresas agroindustriais de açúcar de Alagoas têm ampliado o potencial de produção de eletricidade através da substituição das caldeiras de baixa pressão por cadeiras de alta pressão; a conservação do uso de energia térmica e eletromecânica no processo resultou num aumento das sobras de potência para produção de eletricidade excedente que é distribuído na rede da CEAL para sua distribuição no povoado; Portanto, observa-se que já há um correto e eficiente gerenciamento deste subproduto em algumas Usinas que se apresenta como uma fonte alternativa para a geração de energia. Pode-se sugerir que seja utilizada a palha de cana como combustível adicionado ao bagaço já que a empresa realiza a colheita mecanizada aumentando a eficiência do processo; esses dados corroboram com LEME (2005).

Conclusão

Observa-se que as Usinas de açúcar e álcool do Nordeste durante muito tempo foram vistas como grandes vilãs do meio ambiente e aos poucos estão se adequando e buscando padrões de produção que sejam menos agressivo ao meio e economicamente viável visto que a maioria da produção é destinada a exportação, aumenta as exigências ambientais sobre a empresa, sendo assim, aquela que melhor se adequar pode garantir maior espaço e credibilidade no mercado externo.

Segundo Sanches (2000) as empresas estão se confrontando com um ambiente externo em que, crescentemente, as questões sociais, políticas e legais, antes ofuscadas, ganham uma nova perspectiva administrativa. Desta forma as empresas que almejam permanecer competitiva aderem à idéia de que, frente às questões ambientais são necessárias novas posturas e um processo de atualização e inovação continua.

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Dentre os aspectos ambientais apresentados pelos processos de produção de açúcar e álcool nas Usinas alagoanas até o momento observou-se a existência de um esforço para realizar o gerenciamento ambiental dos subprodutos e um melhor aproveitamento destes, diminuindo o desperdício e os impactos ambientais que poderiam vir causar, minimizando custos e revertendo em benefícios. O reaproveitamento do bagaço foi o que recebeu maior destaque visto que é utilizado corretamente e por ser uma fonte alternativa de energia fator preponderante para agregar valores à agroindústria açucareira visto que o regime de chuvas nas regiões nordeste concentra a maior frequência de precipitações no período de maio a agosto. Nos demais meses, os reservatórios das hidrelétricas ficam reduzidos e diminuem a produção de eletricidade, algumas vezes a níveis preocupantes. Na cultura de cana-de-açúcar, por sua vez, a safra se desenvolve predominantemente entre setembro a fevereiro, ou seja, teríamos uma carga adicional de energia gerada a partir do bagaço justamente quando o regime de chuvas é menor e a utilização de energia é maior. Desta forma os problemas existentes em relação à geração de eletricidade aos poucos podem ser solucionados a partir de fontes alternativas como a utilização do bagaço que, além de gerar renda e aumentar a ocupação da capacidade industrial da Usina.

Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e

documentação – referências – elaboração. Rio de Janeiro, 2008.

FILHO, M. A. Colhedora de cana preserva emprego e reduz desperdício. Jornal da Unicamp. 2007.

LAYRARGUES, P. P. Sistemas de gerenciamento ambiental, tecnologia limpa e

consumidor verde: a delicada relação empresa – meio ambiente no eco capitalismo. Revista

de administração de empresas. São Paulo, v. 40, n. 2, p. 80-88, Abr./jun. 2000.

LEME, R. M. Estimativa das emissões de poluentes atmosféricos e uso de água na

produção de eletricidade com biomassa de cana-de-açúcar. 2005. 160p. (Dissertação em

Planejamento de Sistema Energético) Unicamp, Campinas.

LORA, E. S. Controle da poluição do ar na indústria açucareira. Escola Federal de Engenharia de Itajubá. Sociedade dos técnicos açucareiros do Brasil – STAB, 2000.

SANCHES, C. S. Gestão Ambiental Proativa. Revista de administração de Empresas. São Paulo: Edusp, v. 40, n. 1, p. 76-87. Jan. – Mar. 2000.

SCORNAVACCA JR, et alli. A culpa de quem é? Um estudo de caso sobre a percepção do departamento Municipal de água e esgoto (DMAE) de Porto Alegre, quanto ao programa de combate as perdas de água tratada. Revista eletrônica de administração. Ed. 11, n. 03, v. 05, Nov/ 2009. Disponível em: <HTTP://read.ea.ufrgs.br/anterior.htm>. Acesso em: 20 de maio de 2004.

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