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O EMPREGO DAS FORÇAS ARMADAS EM OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM: CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURANÇA E O DESENVOLVIMENTO

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LUIS ANTONIO CORREIA LIMA

O EMPREGO DAS FORÇAS ARMADAS EM OPERAÇÕES

DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM: CONTRIBUIÇÕES

PARA A SEGURANÇA E O DESENVOLVIMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia.

Orientador: Gen Bda José Eustáquio Nogueira Guimarães.

Rio de Janeiro 2017

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C2017 ESG

Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitida a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG

_________________________________ Assinatura do autor

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Lima, Luis Antonio Correia.

O emprego das Forças Armadas em Operações de Garantia da Lei e da Ordem: contribuições para a segurança e o desenvolvimento / Luis Antonio Correia Lima. - Rio de Janeiro: ESG, 2017.

43 f.: il.

Orientador: Gen Bda José Eustáquio Nogueira Guimarães.

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2017.

1. Garantia da Lei e da Ordem. 2. Segurança. 3. Desenvolvimento. I.Título.

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À minha esposa, Lília, e aos meus filhos, Luís Henrique, pela compreensão e estímulo demonstrados durante a realização deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Aos estagiários da Turma Ordem e Progresso do CAEPE pelo convívio harmonioso durante o ano letivo, no qual nos conhecemos e aprendemos a conviver com salutar respeito às nossas instituições, marcado por um espírito de cooperação incomum.

Ao Corpo Permanente da ESG que proporcionou a estrutura necessária para que os objetivos propostos pelo curso fossem atingidos, estimulando, dessa maneira, os estagiários a se empenharem ao currículo escolar, ao mesmo tempo que motivaram e instigaram o estudo continuado sobre o Brasil.

Ao Gen Eustáquio, meu orientador, pelas oportunas intervenções no rumo da pesquisa e pelas acertadas orientações.

Por fim, agradeço especialmente aos meus pais que me incentivaram nas diversas fases escolares, sempre me conduzindo pelo caminho da humildade e da perseverança.

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem sob o enfoque da contribuição para a segurança e o desenvolvimento. Em primeiro momento foram analisadas a base conceitual preconizada pela Escola Superior de Guerra e são apresentadas as legislações em vigor, bem como a Política Nacional de Defesa e a Estratégia Nacional de Defesa. Em seguida, foram observadas as diversas oportunidades em que as Forças Armadas foram empregadas, desde os grandes eventos - Copa das Confederações, Jornada Mundial da Juventude, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos e Paralímpicos, ocorridos de 2013 até 2016, até as últimas paralizações das polícias militares, particularmente dos estados da Bahia e do Espírito Santo. Por fim, analisou-se que o emprego da estrutura de defesa em operações de garantia da lei e da ordem proporcionam melhor percepção de segurança e contribuem para o desenvolvimento, na medida que garantem a volta à normalidade da segurança pública, permitindo o pleno funcionamento de escolas e universidades, hospitais, transporte público, fábricas e indústrias, bancos e comércio.

Palavras-chave: Garantia da lei e da ordem. Forças Armadas. Defesa. Segurança. Desenvolvimento.

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RESUMEN

Este trabajo tiene como objetivo analizar el empleo de las Fuerzas Armadas en la garantía de la ley y del orden bajo el enfoque de la contribución a la seguridad y el desarrollo. En primer momento se analizaron la base conceptual preconizada por la Escuela Superior de Guerra y se presentan las legislaciones en vigor, así como la Política Nacional de Defensa y la Estrategia Nacional de Defensa. A continuación, se observaron las diversas oportunidades en que las Fuerzas Armadas fueron empleadas, desde los grandes eventos - Copa de las Confederaciones, Jornada Mundial de la Juventud, Copa del Mundo y Juegos Olímpicos y Paralímpicos, ocurridos de 2013 hasta 2016, hasta las últimas paralizaciones policías militares, particularmente de los estados de Bahía y del Espíritu Santo. Por último, se analizó que el empleo de la estructura de defensa en las operaciones de garantía de la ley y del orden proporciona una mejor percepción de la seguridad y contribuyen al desarrollo, en la medida en que garantizan la vuelta a la normalidad de la seguridad pública, permitiendo el pleno funcionamiento de escuelas y universidades, hospitales, transporte público, fábricas e industrias, bancos y comercio.

Palabras llave: Garantía de ley y orden. Fuerzas Armadas. Defensa. Seguridad. Desarrollo.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

IMAGEM 1 Desempenho ...27 IMAGEM 2 Tabela ...33 IMAGEM 3 Desempenho ...34

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AED Ações Estratégicas de Defesa

CF/1988 Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988 DQBRN Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear

ESG Escola Superior de Guerra

END Estratégia Nacional de Defesa

GCAs Grupos Criminosos Armados

LC 97/99 Lei Complementar n° 97, de 9 de junho de 1999 OND Objetivo Nacional de Defesa

Op GLO Operações de Garantia da Lei e da Ordem PM Polícia Militar

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 08

2 BASE CONCEITUAL E LEGAL ... 11

2.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ... 11

2.2 CONSTIUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 ... 14

2.3 LEI COMPLEMENTAR N° 97 ... 15

2.4 DECRETO N° 3.897, DE 24 DE AGOSTO DE 2001 ... 17

2.5 LEI N° 11.473, DE 10 DE MAIO DE 2007 ... 17

2.6 MD 33-M-10 ... 18

2.7 CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL ... 20

2.8 LIVRO BRANCO DE DEFESA NACIONAL ... 21

2.9 POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA ... 21

2.10 ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA ... 22

3 SEGURANÇA E DESENVOLVIMENTO ... 26

3.1 GRANDES EVENTOS ... 26

3.2 OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM ... 30

4 CONCLUSÃO... 38

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1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos tempos, o Estado brasileiro, por intermédio de suas Cartas Magnas, tem empregado as suas Forças Singulares em operações para garantir a ordem interna. Segundo Saú (2010, p. 17).

As principais diferenças entre as diversas constituições referem-se aos limites para esse tipo de emprego, condicionado ou não à lei. Isso se deve, certamente, aos variados momentos da vida política do país, que influenciaram os legisladores da época em que foram escritas.

A atual Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988 (CF/1988), em seu artigo 142, atribui a seguinte destinação às Forças Armadas:

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

No §1º, do citado artigo, fica estabelecido que “Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas”. (BRASIL, 1988)

Segundo Carvalho (2010, p. 40) descreve “As Forças Armadas podem ser chamadas a exercer as funções que se incluem na competência constitucional e legal das Policias Militares [...]”

A razão para empregar uma estrutura de Defesa - em Operações de Garantia da Lei e da Ordem (Op GLO) - visa assegurar um ambiente favorável para que o Estado brasileiro possa alcançar seus Objetivos Fundamentais, estabelecidos no art. 3° da Constituição Federal de 1988.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. (grifo do autor)

Nesse sentido, observa-se que o emprego das Forças Armadas tem ocorrido, com o fim de manter a lei e a ordem, contribuindo para melhor percepção

(11)

do sentimento de segurança, pelos cidadãos, e com isso proporcionam também as condições para estabilizar os transtornos provocados pela falta de um ambiente de ordem pública segura, o que contribuirá para a volta do funcionamento das estruturas ligadas ao desenvolvimento.

Ao considerar-se o anteriormente exposto, surge o seguinte questionamento: de que maneira o emprego das Forças Armadas, estrutura de Defesa, em Operações de Garantia da Lei e da Ordem contribui para a Segurança e em que medida assegura as condições para o Desenvolvimento?

Para isso, serão levantadas se as contribuições das Forças Armadas, quando empregadas em garantia da lei e da ordem, propiciam melhor percepção de estado de Segurança, bem como se essa atuação contribui para o Desenvolvimento. Desta feita, ao final do trabalho se buscará mostrar que o emprego das Forças Armadas, como estrutura de Defesa, nas Op GLO, contribui para a Segurança e, com isso, permite que a volta da Ordem Pública às condições normais favorece o pleno funcionamento das estruturas ligadas ao Desenvolvimento.

Este trabalho ficará restrito à Expressão Militar do Poder Nacional, não sendo estudadas as Expressões Política, Econômica, Psicossocial e Científica e Tecnológica, haja vista que o tempo destinado a essa pesquisa será insuficiente para alcançar o necessário aprofundamento nessas expressões.

Serão verificadas, porém, se as ações da Expressão Militar viabilizam o ambiente interno necessário para o funcionamento das instituições públicas ou privadas, possibilitando o bom andamento das demais expressões do Poder Nacional que possam impactar no Desenvolvimento.

Serão abordadas somente as operações militares, do tipo de garantia da lei e da ordem, a partir dos grandes eventos ocorridos no Brasil (2013), sem considerações sobre a vertente da legalidade, nem tampouco o modus operandi das Forças Armadas. Contudo, será estudada de que maneira o seu emprego contribui para a segurança pública.

Será verificada se há, de alguma forma, contribuição para o Desenvolvimento Nacional, por intermédio da normalização do ambiente interno do país, visando à conquista, à manutenção dos Objetivos Nacionais e à consecução do Bem Comum.

A relevância do tema se dá ao apresentar argumentos, levantados por intermédio de pesquisas científicas, nos quais serão verificadas as contribuições

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proporcionadas pelo emprego das Forças Armadas, nas Op GLO, com o propósito de alcançar a Segurança necessária, por meio da implementação de ações de Defesa, buscando o funcionamento dos serviços essenciais à ordem pública e o bem estar da população.

Serão verificadas se essas operações têm preconizado os conceitos relativos aos campos de atuação do Poder Nacional, difundidos pala Escola Superior de Guerra, devidamente abordados na Política Nacional de Defesa e na Estratégia Nacional de Defesa, com vistas a possibilitar o Desenvolvimento Nacional.

O trabalho está organizado em quatro capítulos. O primeiro, esta Introdução, apresenta o problema central, os objetivos, a metodologia adotada e a delimitação da pesquisa. No Capítulo 2, é apresentado o referencial teórico, composto pelos estudos da doutrina preconizada pela Escola Superior de Guerra, da Constituição Federal Brasileira de 1988 e demais normas jurídicas, de manuais doutrinários do Ministério da Defesa, do Livro Branco de Defesa Nacional, da Política Nacional de Defesa, da Estratégia Nacional de Defesa e dos trabalhos de autores que estudam o assunto. No Capítulo 3, são apresentadas as participações das Forças Armadas, em Op GLO, buscando abordar o viés das capacidades operacionais da estrutura de defesa voltadas a contribuir para a Segurança e o Desenvolvimento. No Capítulo 4, são apresentadas as conclusões do trabalho.

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2 BASE CONCEITUAL E LEGAL

O marco teórico deste trabalho de pesquisa foi estruturado a partir da análise interpretativa da legislação em vigor, manuais doutrinários do Ministério da Defesa, trabalhos acadêmicos, sites de notícias, publicações de artigos científicos, revistas, periódicos ou revistas institucionais, jornais, palestras etc.

Portanto, serão utilizados conhecimentos de acesso irrestrito, por não terem classificação sigilosa, possibilitando, assim, com facilidade a sua análise. Não serão realizadas pesquisas de campo.

Tudo isso tem a finalidade de avaliar elementos que permitam dizer que o emprego das Forças Armadas, estrutura de Defesa, em garantia da lei e da ordem, satisfaçam as condições de Segurança e contribuem para o Desenvolvimento.

2.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Para realizar o presente trabalho teve-se que, inicialmente, fazer uma abordagem sobre os conceitos fundamentais preconizados pela Escola Superior de Guerra (ESG), a fim de facilitar o entendimento de termos utilizados na base legal e no Ministério da Defesa.

Nesse sentido, cabe enfatizar a proeminência do Bem Comum sobre a individualidade da pessoa, como forma de reconhecer os direitos e deveres dos cidadãos que fazem parte de uma sociedade fundamentada pela igualdade, fraternidade e liberdade.

A concepção do Bem Comum, circunscrita a uma sociedade nacional, dá origem a determinadas obrigações de seus membros em relação ao corpo social, não apenas consubstanciadas no plano ético e moral, mas, também, no ordenamento jurídico-institucional. Em decorrência, no chamado Estado de Direito, o Bem Comum constitui-se, entre outros, num processo orientador de deveres e direitos de governantes e governados. (ESG, 2013, p.15)

Entende-se, portanto, que dos deveres são identificados os valores e aspirações de grupos sociais, e dos direitos identificam-se as necessidades e interesses individuais, o que consolidam os Objetivos Nacionais.

O Bem Comum é, pois, o objetivo síntese dos Objetivos Nacionais, que são assim conceituados pela ESG: “Objetivos Nacionais (ON) - são aqueles que a Nação busca satisfazer, em decorrência da identificação de necessidades, interesses e aspirações, em determinada fase de sua evolução histórico-cultural”.

(14)

Conforme já mencionado no capítulo anterior, a Carta Magna, em seu artigo 3°, relaciona os Objetivos Fundamentais da Nação. Conforme o Manual Básico - elementos fundamentais (ESG, 2013, p. 22), “Objetivos Fundamentais - são Objetivos Nacionais que, voltados para o atingimento dos mais elevados interesses da Nação e preservação de sua identidade, subsistem por longo tempo”.

Para alcançar e manter esses objetivos, a Nação deve acionar os seus meios consubstanciados no Poder Nacional, que é conceituado pela ESG como sendo “a capacidade que tem o conjunto de Homens e Meios que constituem a Nação para alcançar e manter os Objetivos Nacionais, em conformidade com a Vontade Nacional. Manifesta-se em cinco expressões: a política, a econômica, a psicossocial, a militar e a científica-tecnológica”.

Entende-se que a Vontade Nacional seja a interpretação pelas Elites dos anseios da sociedade nacional para o atingimento do Bem Comum.

Para alcançar e manter os Objetivos Nacionais, o Poder Nacional poderá empregar as suas expressões para neutralizar, superar ou eliminar ameaças em âmbito interno ou externo.

A Carta Magna prescreve, dentre outros aspectos, o bem-estar social, a construção de uma sociedade justa, livre e solidária, que proporcionem as condições para o desenvolvimento nacional, alicerçadas pelo adequado grau de segurança promovido pelo Estado, esta entendida como a sensação de garantia necessária e indispensável a uma sociedade e a cada um de seus integrantes, contra ameaças de qualquer natureza. (END, 2016, p. 17)

São consideradas ameaças os fatores perturbadores que tenham a capacidade de alterar a sensação de se sentir seguro. Para a ESG (2017, p. 5), “Segurança é a sensação de garantia necessária e indispensável a uma sociedade e a cada um de seus integrantes, contra ameaças de qualquer natureza”.

No trato das ameaças, a Segurança Nacional abrange todo o universo antagônico, onde ocorrem atitudes que são ou poderão ser lesivas aos Objetivos Fundamentais, exigindo que medidas, atitudes e ações sejam adotadas na preservação desses objetivos. (ESG, 2017, p. 9)

Tendo em vista a origem das ameaças, a Segurança Nacional pode ser alcançada por ações de Defesa Externa, quando as ameaças forem provenientes de qualquer origem, forma ou natureza, situadas no ambiente das relações

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internacionais, ou por ações de Defesa Interna, quando as ameaças manifestem ou produzem efeitos no âmbito interno do País.

Ações de Defesa Externa são atos planejados, aplicados e coordenados pelo Governo, no ambiente externo à Nação, e que visam superar amaças que possam atentar contra os Objetivos Fundamentais.

Ações de Defesa Interna são atos planejados e coordenados pelo Governo, limitados e determinados pelo ordenamento jurídico, aplicados contra ameaças de âmbito interno da Nação e que visam superar situações que possam atuar contra os Objetivos Fundamentais. (ESG, 2017, p. 10-11)

Para as ações de Defesa Interna, as ameaças devem ser caracterizadas por infringirem a ordem jurídica legitimamente vigente, devendo, ainda, estar evidenciadas por iniciativas e atos que dificultem ou ponham em perigo o estabelecimento ou a manutenção dos Objetivos Fundamentais.

Nesse sentido, a Ordem Pública é caracterizada pela garantia do livre exercício dos direitos individuais e pela manutenção da estabilidade das instituições de Estado, bem como o funcionamento dos serviços públicos e o impedimento de danos sociais. Assim conceituada pela ESG, (2013, p. 62), “Ordem Pública é a situação de tranquilidade e normalidade cuja preservação cabe ao Estado, às Instituições e aos membros da sociedade, consoante as normas jurídicas legalmente estabelecidas”.

A Ordem Pública, portanto, é objeto da Segurança Pública, sendo assim conceituada pela ESG (2013, p. 62) como “a garantia da manutenção da Ordem Pública, mediante a aplicação do Poder de Polícia, prerrogativa do Estado”.

Não só para evitar a violência e a anarquia entre os indivíduos, mas, principalmente, para dotar o Governo dos meios destinados à garantia da ordem instituída, torna-se o Estado detentor monopolista dos meios legítimos de coerção (Poder de Polícia). (BRASIL, 2015, p. 6)

Assim, a participação direta do Estado, de toda a sociedade, observando-se as normas jurídicas em andamento, limitaram e definiram as ações da Segurança Pública.

Para a preservação da Ordem Pública, devem ser desencadeadas ações de Defesa Pública com o fim de alcançar a Segurança Pública. Para a ESG (2013, p. 62), “Defesa Pública é o conjunto de medidas, atitudes e ações, coordenadas pelo Estado, mediante aplicação do Poder de Polícia, para superar ameaças específicas à Ordem Pública”.

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O Estado, no uso dos estatutos legais, emprega a sua Expressão Militar do Poder Nacional, por intermédio de suas Forças Armadas, em ações de garantia da lei e da ordem, a fim de garantir e manter as condições mínimas de ordenamento social, em determinada área do território nacional, pois somente ele, o Estado, detém o monopólio legítimo dos meios para impor a lei e a ordem, provendo, desse modo, a segurança e a defesa.

A Expressão Militar do Poder Nacional tem no emprego da força, ou na possibilidade de usá-la, a sua característica mais marcante, com o fim de desestimular possíveis ameaças, por meio da atuação violenta do Poder Nacional para neutralizá-las. (ESG, 2016, p. 5)

O Poder Nacional tem estreita ligação com o Desenvolvimento Nacional. O emprego das Expressões do Poder Nacional tem o nível de suas capacidades de acordo com Desenvolvimento alcançado pelo Estado. No mesmo sentido, o Desenvolvimento depende do emprego correto das Expressões do Poder Nacional, para garantir a sua evolução, oferecendo as melhores condições para a sociedade.

O preparo do Poder Nacional consiste de um conjunto de atividades executadas com o objetivo de fortalecê-lo, seja pela manutenção ou aperfeiçoamento do poder existente, seja por meio da transformação do potencial em poder. A eficiência de tal preparo depende de políticas e estratégias que propiciem as condições necessárias ao processo de desenvolvimento do País. (END, 2016, p. 18)

2.2 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

Conforme já citado na Introdução deste trabalho, o artigo 142 da Carta Magna enfoca a destinação das Forças Armadas, conferindo não somente as atribuições universais, como a Defesa da Pátria e a garantia dos poderes constitucionais, mas acrescentando a garantia da lei e da ordem como uma característica histórica no Brasil.

Em termos gerais, quando se trata de garantia da lei e da ordem, já se nota um relativo viés de aumento das dimensões das incumbências precípuas do segmento militar brasileiro, ampliando suas tarefas além do conceito strito sensu da “defesa da pátria” - a preservação do Estado ante as ameaças. (FREIRE, 2017, p. 9)

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Esta última missão tem tido grande protagonismo no país, face às ameaças de atores internos e aos Grandes Eventos ocorridos nos últimos anos, corroborando para o emprego, repetidamente, das Forças Armadas nas chamadas Op GLO.

Normalmente, a garantia da lei e da ordem é atribuição dos órgãos de segurança pública, conforme previsto no artigo 144 da Lei Maior.

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da

incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes

órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. (grifo nosso)

No artigo acima estão estabelecidas as atribuições da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiro Militar e Guarda Municipal. Cabe ressaltar no §5º que “Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; [...]” (grifo nosso). Atividades estas a serem executadas pelas Forças Armadas durante as Op GLO.

É importante salientar que o art. 6° da Constituição Federal estabelece que a segurança é um direito social do cidadão, sob a redação dada pela Emenda Constitucional n° 90, de 15 de setembro de 2015.

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (grifo nosso)

2.3 LEI COMPLEMENTAR N° 97

Devidamente citado no capítulo introdutório, o §1º do artigo 142 da Constituição Federal já especificava a necessidade de lei específica para regular a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas.

Nesse mister, a Lei Complementar n° 97, de 9 de junho de 1999 (LC 97/99), alterada pelas Leis Complementares n° 117 e 136, respectivamente, de 2 de outubro de 2004 e 25 de agosto de 2010, dispõe sobre as normas gerais para a organização,

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o preparo e o emprego das Forças Armadas, portanto regulando aquelas necessidades constitucionais.

O §2º do art. 15 da LC 97/99 estabelece que o emprego das Forças Armadas em ações de garantia da lei e da ordem deve ser efetuado da seguinte forma.

§ 2o A atuação das Forças Armadas, na garantia da lei e da ordem, por iniciativa de quaisquer dos poderes constitucionais, ocorrerá de acordo com as diretrizes baixadas em ato do Presidente da República, após esgotados

os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, relacionados no art. 144 da

Constituição Federal. (grifo nosso)

E no §3º do art. 15 da LC 97/99 estão estabelecidas as condições para se considerarem esgotados aqueles instrumentos previstos no art. 144 da Constituição Federal.

§ 3o Consideram-se esgotados os instrumentos relacionados no art. 144 da Constituição Federal quando, em determinado momento, forem eles formalmente reconhecidos pelo respectivo Chefe do Poder Executivo Federal ou Estadual como indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão constitucional. (grifo nosso)

Por ordem da Presidência da República, a ação das Forças Singulares deverá ter as seguintes características: episódica, em área restrita e por tempo limitado, desenvolvendo ações de caráter preventivo e repressivo necessárias para assegurar o resultado das operações na garantia da lei e da ordem, conforme §4º do art. 15 da LC 97/99.

Para que as Forças Armadas estejam em condições de ser empregadas em Op GLO, o §2º do art.13 estabelece que “poderão ser planejados e executados exercícios operacionais em áreas públicas, adequadas à natureza das operações, ou em áreas privadas cedidas para esse fim”.

Os treinamentos desenvolvidos compreendem todas as missões normalmente afetas à Polícia Militar, tais como patrulhamento ostensivo, bloqueio e controle de vias públicas, controle de distúrbios, vasculhamento de área, revista de pessoas e veículos, busca e apreensão, reintegração de posse, controle de presídios, negociação e outras, normalmente acompanhadas por integrantes dos órgãos de segurança pública. (SAÚ, 2010, p. 21)

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2.4 DECRETO N° 3.897, DE 24 DE AGOSTO DE 2001

O presente decreto tem o objetivo de fixar diretrizes para o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem, com a finalidade de orientar o planejamento, a coordenação e a execução das ações das Forças Singulares, e de outros órgãos governamentais federais, atendendo o §2º do art. 15 da LC 97/99, acima citado.

Entre as diretrizes de emprego, para o caso de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, o artigo 3° do Decreto n° 3.897, de 24 de agosto de 2001, estabelece que tipos de ações de polícia deverão ser desenvolvidas.

Art. 3º Na hipótese de emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem, objetivando a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, porque esgotados os instrumentos a isso previstos no art. 144 da Constituição, lhes incumbirá, sempre que se faça necessário, desenvolver as ações de polícia ostensiva, como as demais,

de natureza preventiva ou repressiva, que se incluem na competência,

constitucional e legal, das Polícias Militares, observados os termos e limites impostos, a estas últimas, pelo ordenamento jurídico. (grifo nosso)

Nota-se que o emprego das Forças Armadas, em garantia da lei e da ordem, só pode ocorrer nos casos de carência dos meios de Polícia Militar, não cabendo, portanto, para o esgotamento dos demais órgãos de segurança pública, vide §5º do art. 144 da CF/1988.

Para a situação enquadrada no artigo, supramencionado, com a anuência do Governador do Estado, a Polícia Militar poderá atuar, parcial ou totalmente, sob o controle operacional do Comando Militar incumbido pelas Op GLO. É importante o entendimento do §1º do art. 4°.

§ 1º Tem-se como controle operacional a autoridade que é conferida, a um comandante ou chefe militar, para atribuir e coordenar missões ou tarefas específicas a serem desempenhadas por efetivos policiais que se encontrem sob esse grau de controle, em tal autoridade não se incluindo, em princípio, assuntos disciplinares e logísticos. (grifo nosso)

2.5 LEI N° 11.473, DE 10 DE MAIO DE 2007

A presente Lei dispõe sobre cooperação federativa no âmbito da segurança pública e, em seu Artigo 3º, enumera as atividades imprescindíveis à manutenção da ordem e à incolumidade das pessoas e do patrimônio:

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“Art. 3° Consideram-se atividades e serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, para os fins desta Lei:

I - o policiamento ostensivo;

II - o cumprimento de mandados de prisão; III - o cumprimento de alvarás de soltura;

IV - a guarda, a vigilância e a custódia de presos;

V - os serviços técnico-periciais, qualquer que seja sua modalidade; VI - o registro de ocorrências policiais.”

VII - as atividades relacionadas à segurança dos grandes eventos. (Redação dada pela Lei nº 13.173, de 2015)(grifo nosso)

2.6 MD33-M-10 (GARANTIA DA LEI E DA ORDEM - 2ª EDIÇÃO/2014)

O conceito de Operação de Garantia da Lei e da Ordem, estabelecido na publicação Garantia da Lei e da Ordem - MD33-M-10 (2ª Edição/2014), traz a seguinte redação.

Operação de Garantia da Lei e da Ordem (Op GLO) é uma operação

militar determinada pelo Presidente da República e conduzida pelas Forças Armadas de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, que tem por objetivo a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio em situações de esgotamento dos instrumentos para isso previstos no art. 144 da Constituição ou em outras em que se presuma ser possível a perturbação da ordem (Artigos 3º, 4º e 5º do Decreto Nº 3.897, de 24 de agosto de 2001). (grifo do autor)

O emprego do Poder Militar na garantia da lei e da ordem caracteriza-se como operação de “não guerra”, pois não resulta em combate propriamente dito, entretanto, pode haver o uso progressivo da força, em circunstâncias extremas.

“As Op GLO abrangerão o emprego das FA em variados tipos de situações e atividades, em face das diversas formas com que perturbações da ordem e as ameaças à incolumidade das pessoas e do patrimônio poderão se apresentar [...].” (MD-33-M-10, 2014, p. 17/64)

Cabe ressaltar que o emprego das Forças Armadas em Op GLO deve ser pautado na fiel observância dos princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e da legalidade.

“A Razoabilidade consiste na compatibilidade entre meios e fins da medida. As ações devem ser comedidas e moderadas.

A Proporcionalidade é a correspondência entre a ação e a reação do oponente, de modo a não haver excesso por parte do integrante da tropa empregada na operação.

A Legalidade remete à necessidade de que as ações devem ser praticadas de acordo com os mandamentos da lei, não podendo se afastar da mesma,

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sob pena de praticar-se ato inválido e expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso”. (MD-33-M-10, 2014, p. 25/64)

Nas Op GLO são desencadeadas ações e medidas de características preventivas ou repressivas, conforme esta Publicação doutrinária.

As ações preventivas abrangerão o preparo da tropa em caráter permanente e as atividades de inteligência, de comunicação social e dissuasão. Também se enquadram nesta classificação as ações adotadas frente a uma possível ameaça detectada pela Inteligência.

As ações repressivas serão desenvolvidas para fazer frente a uma ameaça concretizada, com o intuito de preservar ou restabelecer a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio. (grifo nosso)

Na autorização para garantia da lei e da ordem constará a característica do emprego, podendo ser executas diversas ações, que foram relacionadas no Capítulo IV do referido manual de Garantia da Lei e da Ordem.

a) assegurar o funcionamento dos serviços essenciais sob a responsabilidade do órgão paralisado;

b) controlar vias de circulação;

c) desocupar ou proteger as instalações de infraestrutura crítica, garantindo o seu funcionamento;

d) garantir a segurança de autoridades e de comboios; e) garantir o direito de ir e vir da população;

f) impedir a ocupação de instalações de serviços essenciais;

g) impedir o bloqueio de vias vitais para a circulação de pessoas e cargas; h) permitir a realização de pleitos eleitorais;

i) prestar apoio logístico aos OSP ou outras agências; j) proteger locais de votação;

k) realizar a busca e apreensão de armas, explosivos etc; e

l) realizar policiamento ostensivo, estabelecendo patrulhamento a pé e motorizado.(grifo nosso)

Para o emprego, cada Força Singular tem suas características peculiares. Para isso, essa publicação em estudo relaciona as ações a serem realizadas, conforme a seguir.

A Marinha do Brasil poderá realizar, entre outras, as seguintes ações: a) controlar áreas marítimas litorâneas e ribeirinhas de dimensões limitadas adjacentes a instalações navais, marítimas ou industriais de valor estratégico;

b) transportar e efetuar desembarques administrativos de contingentes e suprimentos militares;

c) proteger portos, seus acessos e fundeadouros, estaleiros ou áreas marítimas restritas;

d) proteger plataformas de exploração e de aproveitamento de petróleo e gás na plataforma continental brasileira ou em águas interiores;

e) controlar partes terrestres e áreas litorâneas ou ribeirinhas de dimensões limitadas;

(22)

f) prover a segurança de autoridades em eventos específicos;

g) realizar operações especiais de retomada e de resgate nas Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB) e em organizações militares (OM) subordinadas;

h) realizar operações em terra, observadas suas aptidões; e i) realizar apoio logístico. [...]

O emprego do Exército Brasileiro em GLO fundamenta-se na realização de ações permanentes de caráter preventivo, privilegiando as estratégias da presença e da dissuasão, bem como no preparo da tropa. [...] As operações terrestres visam ao controle da área previamente delimitada para a Op GLO. Assim, em situações específicas previstas na LC 97/99, no Decreto nº 3.897/2001 e objeto de Diretriz Ministerial, as Forças poderão ser empregadas em ações repressivas, valendo-se dos dispositivos legais e do poder de polícia a elas atribuído para o cumprimento da missão.

[...] O cenário de emprego da Aeronáutica nas Op GLO compreenderá a possibilidade de atuação em qualquer parte do território nacional, em cooperação com a Marinha do Brasil e o Exército Brasileiro, ou com os órgãos da administração pública, com a finalidade de prover a ampliação e a sustentação das atividades de superfície, tendo, por competência, o cumprimento das seguintes tarefas, entre outras:

a) realizar operações aéreas de apoio aos órgãos envolvidos;

b) desempenhar atividades de comunicações, inteligência, logística e vigilância do espaço aéreo, em proveito das ações desses órgãos; e c) intensificar as operações de policiamento do espaço aéreo nas áreas determinadas pela autoridade competente.

A Aeronáutica deverá, ainda, preservar as instalações aeroportuárias de interesse e garantir a continuidade dos serviços necessários à operação dessas instalações, além de poder realizar, se necessário, ações repressivas. (grifo nosso)

2.7 CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL

No Código Tributário Nacional, Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966, encontra-se o seguinte conceito para Poder de Polícia, que deve nortear os procedimentos a serem adotados pelas Forças Singulares, quando empregadas em garantia da lei e da ordem.

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública

que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 1966)

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia

quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

O poder de polícia no entendimento de Luz (2015) pode ser assim fundamentado.

(23)

O fundamento do poder de polícia é o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. Por meio dele, limitam-se os direitos individuais das pessoas em benefício do interesse coletivo. É exercido pela Administração Pública sobre direitos, bens e atividades que afetem ou possam afetar a coletividade. Assim, o objeto do poder de polícia é todo direito, bem ou atividade individual que possa afetar a coletividade.

2.8 LIVRO BRANCO DE DEFESA NACIONAL

O Livro Branco de Defesa Nacional aborda as atribuições do Estado para prover a segurança e a defesa necessárias para que os objetivos da sociedade sejam alcançados, propiciando e garantindo as melhores condições para que o País alcance o desenvolvimento.

Uma das atribuições do Estado é prover a segurança e a defesa necessárias para que a sociedade possa alcançar os seus objetivos. Cabe ao Estado, propiciar e garantir condições para que se possa considerar que o País não corra risco de uma agressão externa, nem esteja exposto a pressões políticas ou imposições econômicas insuportáveis, e seja capaz de, livremente, dedicar-se ao próprio desenvolvimento e ao progresso. (Brasil, 2016, p. 22)

O Livro Branco de Defesa Nacional (2016, p. 24) expressa que “uma estrutura de defesa adequada garante maior estabilidade para o País e, assim, um ambiente propício para que o Estado brasileiro alcance os objetivos fundamentais apresentados no artigo 3º da Constituição Federal”.

Quando trata das Op GLO, o Livro Branco ressalta a diferença para o emprego tradicional das Forças Armadas - Defesa Externa - em princípio e doutrina, o que demanda, assim, em preparação e treinamento específicos.

A legislação brasileira atribui às suas Forças Armadas a atuação, quando determinado, na garantia da Lei e da Ordem e em diversas atribuições subsidiárias, comuns ou peculiares a cada uma das Forças Singulares. Nesse contexto, a ação da Defesa contribui para uma melhor percepção, pelos cidadãos, de um sentimento de Segurança, em suas várias vertentes (pública, ambiental, sanitária, defesa civil, dentre outras). (Brasil, 2016, p. 24)

2.9 POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA

Como responsável pela segurança da população brasileira, é responsabilidade do Estado coordenar todas as ações relacionadas à Defesa Nacional.

A Política Nacional de Defesa (PND) é o marco normativo de mais alto nível do país para os assuntos de Defesa, está apoiado nos princípios constitucionais e alinhado às aspirações e aos Objetivos Nacionais Fundamentais.

(24)

“[...] a Política Nacional de Defesa busca harmonizar as iniciativas de todas as expressões do Poder Nacional intervenientes com o tema, visando melhor aproveitar as potencialidades e as capacidades do País. Trata, subsidiariamente, da interação e da cooperação em outras atividades que, embora não sejam diretamente ligadas à Defesa, são relacionadas com a

manutenção do bem-estar e da segurança da população em seu

sentido mais amplo.” (PND, p. 4, 2016, grifo nosso)

A Defesa Nacional é concebida segundo alguns posicionamentos, dos quais a PND (p. 12, 2016) destaca “manter as Forças Armadas adequadamente preparadas e equipadas, a fim de serem capazes de cumprir suas missões constitucionais, e prover a adequada capacidade de dissuasão”.

Os Objetivos Nacionais de Defesa (OND), que devem ser permanentemente perseguidos pela Nação, são estabelecidos na PND (p. 12-13, 2016), versão sob apreciação do Congresso Nacional, a serem alcançados para assegurar a Defesa Nacional. Podem ser destacados os seguintes objetivos.

I. Garantir a soberania, o patrimônio nacional e a integridade territorial.

Trata-se de assegurar a condição inalienável de fazer valer a vontade nacional e de exercer a última instância da autoridade do Estado, sobre o conjunto das instituições, bens nacionais, direitos e obrigações, valores e costumes, bem como a estabilidade da ordem jurídica em todo o território nacional.

II. Assegurar a capacidade de Defesa, para o cumprimento das missões constitucionais das Forças Armadas.

Refere-se a, em última análise, dotar as Forças Armadas das capacidades necessárias para realizar a vigilância, o controle e a defesa do território, das águas jurisdicionais e do espaço aéreo brasileiros e prover a segurança das linhas de comunicação marítimas. Leva em conta a necessidade de contínuo aperfeiçoamento das técnicas e da doutrina de emprego das Forças, de forma singular ou conjunta, com foco na interoperabilidade; o adequado aparelhamento das Forças Armadas, empregando-se tecnologias modernas e equipamentos eficientes e em quantidade compatível com a magnitude das atribuições cometidas; e a dotação de recursos humanos qualificados e bem preparados.

[...]

IV. Contribuir para a preservação da coesão e unidade nacionais.

Trata da contribuição da Defesa Nacional à preservação da identidade nacional, dos valores, tradições e costumes do povo brasileiro, assim como dos objetivos nacionais fundamentais e comuns a toda a nação, garantindo aos cidadãos o pleno exercício dos direitos e deveres constitucionais. (grifo do autor)

2.10 ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA

Estabelecidos os Objetivos Nacionais de Defesa, a Estratégia Nacional de Defesa (END) estabelecerá as ações a serem implementadas para alcançar tais objetivos.

(25)

A Estratégia Nacional de Defesa - END, por sua vez, orienta os segmentos do Estado brasileiro quanto às medidas que devem ser implementadas para que esses objetivos sejam alcançados. É, portanto, o vínculo entre o posicionamento do País nas questões de defesa e as ações necessárias para efetivamente dotar o Estado da capacidade para preservar seus valores fundamentais.

A análise dos cenários, nacional e internacional, tem se tornado de extrema importância, para que as Expressões do Poder Nacional consigam adaptar as suas estruturas às novas circunstâncias, de modo a constituir os seus meios de defesa em torno de capacidades.

São consideradas Capacidades Nacionais de Defesa aquelas compostas por diferentes parcelas das expressões do Poder Nacional. Elas são implementadas por intermédio da participação coordenada e sinérgica de órgãos governamentais e, quando pertinente, de entes privados orientados para a defesa e para a segurança em seu sentido mais amplo. (END, 2016, p. 18, grifo do autor)

Pode-se destacar as seguintes Capacidades Nacionais de Defesa:

A Capacidade de Proteção do território e da população brasileira exprime o mais relevante objetivo nacional, o de garantir a soberania, o patrimônio nacional e a integridade territorial. Assim, importa dotar a Nação da capacidade de resposta em situações excepcionais, preservando-se o funcionamento normal das funções vitais do Estado.

A Capacidade de Dissuasão, por sua vez, configura-se como fator essencial para a Segurança Nacional, na medida em que tem como propósito desestimular possíveis agressões. Sustenta-se nas condições que possui a Nação de congregar e aplicar sua Capacidade de Proteção e de Pronta-resposta, no caso de eventuais ações hostis contra a soberania e os legítimos interesses do Brasil. (grifo do autor)

As estratégias são definidas, de forma clara e objetiva, pela END, de maneira que possam nortear a sociedade brasileira sobre as ações de defesa da Pátria, abordando os alicerces que deverão estruturar a defesa do País, indicando os procedimentos que deverão ser conduzidos, em todos os níveis dos três poderes, bem como a interação dos variados escalões participes dessas ações com os mais variados segmentos não-governamentais.

Às Estratégias de Defesa (ED), alinhadas com os OND, devidamente estabelecidos na PND, são agregadas as Ações Estratégicas de Defesa (AED), com o fim de orientar as medidas a serem desencadeadas para consolidar os OND.

(26)

Dos OND que podem ser alinhados com as ações de garantia da lei e da ordem, foram identificadas as seguintes ED e AED.

OND-1: GARANTIR A SOBERANIA, O PATRIMÔNIO NACIONAL E A INTEGRIDADE TERRITORIAL

ED-1 Fortalecimento do Poder Nacional

Significa incrementar todo tipo de meios de que dispõe a Nação (infraestruturas, instaladas e potenciais, e capital humano), assim como aperfeiçoar os procedimentos de emprego dos recursos utilizados na aplicação da expressão militar.[...]

AED-2 Contribuir para o incremento do nível de segurança das Estruturas Estratégicas (sistema de captação, tratamento e distribuição de água, geração e distribuição de energia elétrica, sistemas de transporte, produção e distribuição de combustíveis, finanças, comunicações e cibernética).[...]

ED-2 Fortalecimento da capacidade de dissuasão

Esta Estratégia significa desenvolver, aprimorar e consolidar os fatores que conferem ao País condições para desestimular qualquer ação hostil contra sua soberania, seus interesses, anseios e aspirações. [...]

AED-7 Dotar o País de Forças Armadas modernas, bem equipadas, adestradas e em estado de permanente prontidão, capazes de desencorajar ameaças e agressões.[...]

OND-2: ASSEGURAR A CAPACIDADE DE DEFESA, PARA O CUMPRIMENTO DAS MISSÕES CONSTITUCIONAIS DAS FORÇAS ARMADAS

ED-3 Dimensionamento do Setor de Defesa

Refere-se à estrutura, operacional e administrativa, do Ministério da Defesa e das Forças Armadas, com vistas à sua capacitação para o cumprimento das correspondentes missões constitucionais, precípuas e subsidiárias. Considera os aspectos físicos, que compreendem a distribuição das organizações e unidades pelo território nacional e a dotação dos equipamentos que aparelham as Forças Armadas.

AED-12 Estruturar as Forças Armadas em torno de capacidades.

AED-13 Aparelhar as Forças Armadas com equipamentos adequados ao cumprimento de sua missão constitucional.

AED-14 Articular as três Forças singulares, com ênfase na interoperabilidade.

AED-15 Incrementar as capacidades das Forças Armadas para emprego conjunto.

AED-16 Dar prosseguimento aos projetos estratégicos das Forças Armadas. AED-17 Incrementar as capacidades das Forças Armadas para atuar em operações interagências.

AED-18 Incrementar as capacidades das Forças Armadas para contribuir na prevenção e no enfrentamento às redes criminosas transnacionais.

AED-19 Incrementar as capacidades das Forças Armadas em sua autodefesa e para contribuir com os órgãos de Proteção e Defesa Civil, na prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação, em eventos adversos de natureza biológica, química, radiológica ou nuclear.

AED-20 Dotar as Forças Armadas de equipamentos que privilegiem o conceito de letalidade seletiva, estimulando o desenvolvimento e a fabricação nacionais.

ED-4 Capacitação e dotação de recursos humanos

Trata da composição dos efetivos do Ministério da Defesa e das Forças Armadas, segundo as mais modernas práticas de Gestão de Recursos Humanos, visando à maior eficiência de seu emprego e à racionalização do pessoal do Setor de Defesa, militar e civil. Considera o equilíbrio na utilização de militares de carreira e recursos humanos alternativos (quadros temporários, profissionais terceirizados e contratação de serviços).

(27)

Adicionalmente, leva em conta o adequado preparo dos efetivos, mantidos em elevado estado motivacional e de comprometimento com os objetivos de suas correspondentes organizações.[...]

AED-22 Manter os efetivos adequadamente preparados.[...]

OND-4: CONTRIBUIR PARA A PRESERVAÇÃO DA COESÃO E UNIDADE NACIONAIS

ED-10 Contribuição para a atuação dos órgãos federais, estaduais e municipais

A presente estratégia refere-se às atribuições subsidiárias das Forças Armadas, em cooperação com as diversas agências e instituições públicas nas as instâncias dos três poderes, empenhadas na manutenção do bem-estar da população e na conservação do nível de segurança no seu sentido amplo.

AED-42 Capacitar as Forças Armadas para cooperar com os órgãos públicos.

AED-43 Promover a interação e a cooperação entre os diversos órgãos da Administração Pública responsáveis pelas correspondentes áreas de segurança nas as instâncias dos três poderes, aprimorando os processos de coordenação afins. (grifo do autor)

(28)

3. SEGURANÇA E DESENVOLVIMENTO

O emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem, conforme rito legal, será pautado para alcançar no mais curto prazo a normalidade social na área definida para as ações militares de não-guerra para estabelecimento da Ordem Pública.

A abordagem do tema no presente trabalho se concentrará a partir de 2013 até março do ano corrente, englobando as Op GLO no contexto dos Grandes Eventos e na Segurança Pública, até a greve da Polícia Militar do Espírito Santo.

3.1 GARANTIA DA LEI E DA ORDEM NOS GRANDES EVENTOS

A partir de 2013, ocorreram no Brasil a Copa da Confederações, a Jornada Mundial da Juventude, a Copa do Mundo FIFA 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.

Nestes eventos, houve a necessidade de grande coordenação das ações voltadas para a segurança pública e para as infraestruturas críticas. A sinergia entre os Ministério da Defesa e da Justiça propiciaram ao final dos eventos um saldo extremamente positivo.

Para a Copa das Confederações, as Forças Armadas garantiram o fornecimento regular de serviços básicos à população e ao grande número de turistas nacionais e estrangeiros, além da fiscalização de movimentações suspeitas em fronteiras, nos espaços marítimos e aéreos, atuando em dez setores estratégicos de defesa do Estado: o de Defesa Aeroespacial e Controle do Espaço Aéreo; Defesa de Áreas Marítimas e Fluviais; Defesa de Estruturas Estratégicas; Ações de Inteligência Estratégica e Operacional; Prevenção ao Terrorismo; Preparo e Emprego de Força de Contingência; Fiscalização de Explosivos; Segurança e Defesa Cibernética; Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear; além da cooperação na segurança de chefes de Estado, na Defesa Civil e na proteção das fronteiras, conforme notícia veiculada no sítio do Ministério da Defesa (2013).

O objetivo é definir os principais pontos a serem monitorados em conjunto com as empresas e concessionárias responsáveis, bem como a segurança pública, visando à vigilância e à proteção daqueles pontos que coloquem em risco a realização da competição esportiva promovida pela Fifa.

Conforme veiculado no sítio do Ministério da Defesa (2013), “as atividades principais desses eixos visam ao aproveitamento da capacidade operacional das

(29)

Forças Armadas no cumprimento de missões constitucionais e, quando for o

caso, de Garantia da Lei e da Ordem”. (grifo nosso)

Imagem 1 - Desempenho

Fonte: Ministério da Defesa, 2013

Houve a ocupação de 92 estruturas estratégicas nas seis cidades-sede que tiveram as partidas de futebol. No Rio de Janeiro, particularmente, foram implementadas medidas de segurança em 14 setores nas áreas de energia elétrica, água e esgoto e telecomunicações.

Para o fornecimento dos serviços essenciais, como de água, energia elétrica, radiodifusão e dos sistemas de transporte, foi implementada uma estrutura de defesa cibernética para contrapor a possibilidade de ataques aos sistemas computacionais das diversas empresas prestadoras de serviço.

De maneira semelhante, para a Jornada Mundial da Juventude foram adotadas as medidas de segurança da Copa das Confederações, contudo cabe destacar a decretação da Operação de Garantia da Lei e da Ordem para o evento de Copacabana, tendo em vista o cancelamento em Guaratiba, empregando nesse evento cerca de 10.200 homens das Forças Armadas.

(30)

Para a Copa do Mundo FIFA 2014, foi assinado um memorando de entendimento entre o governo brasileiro e a FIFA, prevendo que a segurança do campeonato fosse realizada por agências de segurança privada e órgãos de segurança pública. Desta forma, o Governo decidiu que as atribuições do setor público fossem divididas em dois eixos: Segurança, a cargo do Ministério da Justiça, e Defesa, com o Ministério da Defesa.

A experiência adquirida nos dois grandes eventos citados, proporcionou às Forças Armadas estreita sintonia com os diversos órgãos públicos envolvidos nas 12 cidades-sede (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza, Manaus, Curitiba, Porto Alegre e Cuiabá) e nas localidades hospedeiras das delegações de futebol (Vitória, Aracajú e Maceió).

A ação do Exército nas cidades-sede foi caracterizada como uma operação preventiva de garantia da lei e da ordem (GLO), respaldada no

Artigo nº 142 da Constituição Federal de 1988; na Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999; e, ainda, no Decreto nº 3.897, de 24 de agosto de 2001; além de todo o arcabouço jurídico que trata do emprego das Forças Armadas nas ações de Defesa em apoio à segurança da Copa do Mundo FIFA 2014. (Revista Verde-Oliva, 2014, grifo nosso)

Os eixos de atuação das Forças Armadas para a Matriz de Segurança durante a Copa do Mundo foram os mesmos adotados na Copa das Confederações. Contudo, as Forças Armadas receberam, ainda, a incumbência de realizar a escolta de autoridades, cooperar com a segurança dos Centros de Treinamento de Seleções (CTS) e colaborar no estabelecimento da segurança das rotas protocolares.

O emprego das Forças Armadas nas ações de Defesa e em apoio à Segurança Pública, além de contribuir de maneira importante para a realização do evento num ambiente seguro, deixou um legado significativo.

Os investimentos feitos pelo Governo Federal, desde 2012, permitiram a modernização e a aquisição de novos equipamentos e tecnologias,

que podem ser utilizados na segurança de novos eventos e, também, para atender às necessidades de defesa do País. Foram adquiridos equipamentos e infraestrutura para a defesa cibernética; kits para DQBRN, módulos para a prevenção e o combate ao terrorismo e material de emprego geral para as tropas, entre outros; e Centros de Coordenação de Operações (CCOp) foram instalados nas cidades-sede. Agregue-se a esse aspecto a manutenção e a modernização de viaturas e aeronaves, além dos investimentos feitos na capacitação de pessoal, particularmente nos setores de logística e operações. (Revista Verde-Oliva, 2014, grifo nosso)

(31)

A atuação das Forças Armadas, nos eixos de ação da matriz de segurança, nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 teve essencial contribuição adquirida dos grandes eventos ocorridos em de 2013 e 2014, acima supramencionados.

Para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, foi sancionada a Lei n° 12.035, de 1° de outubro de 2009, que institui o Ato Olímpico, ratificando o compromisso internacional assumido pelo Brasil para garantir a segurança dos jogos.

As estruturas de defesa das Forças Armadas foram utilizadas tanto para os Jogos Olímpicos quanto para os Jogos Paralímpicos.

As inúmeras ações de desenvolvidas como o emprego de mais de 43 mil militares, a execução de cerca de 12 mil patrulhas, o atendimento a mil incidentes cibernéticos sem qualquer interrupção das redes, a proteção de 130 estruturas estratégicas, a realização de 600 escoltas a dignitários e cerca de 500 procedimentos de varreduras ou monitoramento de instalações. (Revista Verde-Oliva, 2016)

Em pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo, foram verificadas que as ações de segurança desencadeadas durante as Op GLO nos Jogos Olímpicos tiveram avaliações muito bem percebidas pelos turistas que assistiram aos eventos esportivos, para os eixos segurança pública, defesa e inteligência, conforme divulgado na página eletrônica do Ministério da Defesa (2016).

A segurança dos Jogos Olímpicos Rio 2016 foi aprovada por 87,1% dos brasileiros e 88,4% dos turistas estrangeiros que estiveram no Rio ou circularam pelos aeroportos Tom Jobim e Guarulhos, e cidades na fronteira da região Sul do país, como Foz do Iguaçu (PR), Uruguaiana (RS) e São Borja (RS).

Os reflexos dessa aprovação podem ser constatados pela possibilidade de grande parte desses turistas terem a intenção retornar ao País. De acordo com a mesma pesquisa, “87,7% dos turistas estrangeiros têm a intenção de voltar ao Brasil e 94,2% dos brasileiros querem voltar ao Rio de Janeiro”, o que é extremamente positivo para o setor de serviços.

Os investimentos feitos pelo Governo Federal contribuíram para o incremento da Base de Indústria de Defesa, por intermédio da aquisição de meios de emprego militar. Como exemplo, o Exército Brasileiro, desde 2012, vem implementando 7 (sete) grandes Projetos Estratégicos relacionados a atender às

(32)

exigências constitucionais de defesa da Pátria, às Op GLO e àquelas constantes do rol de capacidades apontadas na END, podendo-se destacar os seguintes:

- PROTEGER (Sistema Integrado de Proteção de Estruturas Estratégicas Terrestres), foi concebido para proteger as estruturas estratégicas

terrestres do País, como instalações, serviços, bens e sistemas, cuja

interrupção ou destruição impactarão o Estado e a sociedade em âmbito social, ambiental, econômico, político, nacional ou internacionalmente. - DEFESA CIBERNÉTICA, cujo objetivo é prover o País de capacitação tecnológica, que passa pelos recursos humanos, pelo desenvolvimento de doutrina de proteção de ativos e de estruturas, pela operacionalização de sistemas de segurança da informação e pelo incentivo à produção nacional no setor de defesa cibernética.

- DEFESA ANTIAÉREA, cujo objetivo é capacitar a Força Terrestre (F Ter) para defender as estruturas terrestres do País de ameaças provenientes do espaço, tem por finalidade reequipar as OM de Artilharia Antiaérea do EB, pela aquisição de novos armamentos, modernização dos existentes, desenvolvimento de itens específicos, realizados pela Indústria Nacional de Defesa, e realizar a capacitação de pessoal e a implantação de um Sistema Logístico Integrado.

- RECOP (Recuperação da Capacidade Operacional da F Ter), trata-se da explicitação das necessidades para dotar as unidades operacionais de material de emprego militar imprescindível ao seu emprego operacional, no intuito de atender às exigências constitucionais de defesa da Pátria, às

operações de Garantia da Lei e da Ordem e às missões atribuídas ao

Ministério da Defesa. (Revista Verde Oliva, 2013, grifo nosso)

O emprego das Forças Armadas nas ações de garantia da lei e da ordem durante os Grandes Eventos, em consonância com os protocolos assinados, demonstraram à comunidade internacional a capacidade do Poder Nacional, em envidar esforços para assegurar a realização de todos os eventos planejados, permitindo uma sensação de segurança tanto para os brasileiros quanto para os turistas estrangeiros.

Outro aspecto que foi verificado trata-se do investimento feito pelo Governo Federal, particularmente no Campo Militar, quando da aquisição de meios de emprego militar ou de produtos que atendesse às necessidades levantadas pelas Forças, possibilitando o incremento da Base de Indústria de Defesa.

3.2 GARANTIA DA LEI E DA ORDEM NA SEGURANÇA PÚBLICA

De 2013 até março do corrente ano, as Forças Armadas foram acionadas a cooperar com a segurança pública para garantia da lei e da ordem, em vários Estados do país, sendo caracterizado o esgotamento ou a insuficiência dos órgãos de segurança pública para se contrapor a organizações criminosas.

(33)

Os atores das ações de violência são caracterizados por grupos armados, terroristas, milícias e organizações criminosas. Estes grupos veem no conflito a única maneira de alcançar seus objetivos e utilizam violentas e criminosas ações, que perduram por um longo período, buscando atingir

um controle coercitivo sobre a população, acuar as autoridades de segurança e defesa, e desmoralizar poder político (Governos Federal e Estadual). (SILVA, 2017, grifo nosso)

A variedade e a frequência desse emprego têm sido motivo de discussão nos mais diversos ambientes da sociedade, de casas de família a rodas de amigos, pela imprensa ou em foros de discussão pública, entre parlamentares e juristas, enfim um tema palpitante e de grande sensibilidade, pois afeta diretamente a população, particularmente das grandes cidades.

A ocupação das Forças Armadas no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, por 14 meses (5 de abril de 2014 e 30 de junho de 2015), foi a mais extensa Op GLO realizada e por esse motivo uma das mais discutidas e estudadas sobre o tema.

Os protocolos de entendimento entre os Governos Federal e Estadual estabeleciam, entre outros objetivos, a participação das Forças Armadas no intuito de proporcionar as condições necessárias para a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) na Maré.

[...] a ocupação da Maré pelo Exército, baseada em um protocolo assinado entre os governos Estadual e Federal, significou um “pedido de socorro”, uma vez que as ações no campo da Segurança pública estavam sendo crescentemente questionadas pela imprensa e pela população, de modo geral. Foi, portanto, a alternativa encontrada pelo Governador para dar conta de um processo que estava saindo do controle, em relação ao crescente número de eventos envolvendo a polícia e integrantes de Grupos Criminosos Armados (GCAs), à época. (SILVA, 2017, p. 20)

A disputa de território entre as facções criminosas e a atuação da Polícia Militar para estabelecer a ordem tem causado sérios prejuízos aos cidadãos moradores do Complexo da Maré.

A vida cotidiana nas favelas da Maré tem sido marcada, historicamente, pelo atravessamento de violências que conformam uma paisagem na qual estão presentes quatro Grupos Criminosos Armados (GCAs) existentes no Rio de Janeiro: Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando (TC), Amigos dos Amigos (ADA) e a Milícia. Em que pese às especificidades de cada um desses Grupos - já que a forma de lidarem entre si, com a polícia e com os moradores é diferenciada - os conflitos entre eles criaram um processo complexo em torno do direito de ir e vir, dentre outros limites impostos no cotidiano. Além disso, contribuiu para desenvolver no imaginário da cidade

(34)

a representação da Maré como um dos locais mais perigosos, no Rio de Janeiro, o que se tornou um argumento para a inibição da garantia de outros direitos dos moradores locais, como, por exemplo, o de terem Segurança Pública. Além de dificultarem a livre circulação em toda região da Maré, os conflitos e as tensões derivadas do processo de “guerra às drogas” criam constrangimentos para que os moradores possam se manifestar de forma pública sobre as violações que sofrem ou assistem. (SILVA, 2017, p. 16)

A busca por assegurar a cidadania, por intermédio dos direitos fundamentais do cidadão estabelecidos na Constituição Federal Brasileira, em vigor, possibilitando as condições mínimas de funcionamento de escolas, postos médicos, transporte etc, tornou-se o grande desafio para as Forças Armadas no Complexo da Maré.

Para o estabelecimento da lei e da ordem, o Estado faz valer dos instrumentos que o legitimam na busca de preservar o direito coletivo em detrimento do direito individual. Para Luz (2015).

A administração pública incumbe-se da tarefa de repelir comportamentos antissociais e cabe a ela promover a cada cidadão uma vida que o possa proporcionar maior satisfação e aproveitamentos, sem que prejudique ou lesione direitos de outros indivíduos. Com limites impostos à discricionariedade pretende-se vedar qualquer manifestação de arbitrariedade por parte do agente administrativo. O interesse da administração não é retirar os direitos individuais com as medidas administrativas referentes ao poder de polícia, observada a ordem jurídica de Estado Democrático de Direito, pelo que se aplicarão os princípios da necessidade, proporcionalidade, eficácia e razoabilidade.

As ações desencadeadas pela Força de Pacificação, denominada Operação São Francisco, tinham por finalidade a preservação (restabelecimento) da ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, visando contribuir para a paz social. Foi realizado patrulhamento ostensivo, revistas a veículos e pessoas, realização de prisões em flagrante, estabelecimento de postos de bloqueio e o cumprimento de mandados de busca e apreensão na área de operações, conforme nota à imprensa do Exército, divulgada na página da internet de DefesaNet Agência de Notícias Ltda.

As metas estipuladas para esta Operação foram atingidas pela retomada da área enquadrada e pela perda da liberdade de ação das organizações criminosas. Não há espaço na comunidade que não seja patrulhado, o uso ostensivo de armas diminuiu e o comércio ilegal de entorpecentes teve uma forte redução. Destaca-se o apoio da população, que deixou de ser explorada de forma impune pelo crime e passou a se beneficiar da crescente presença do Estado, sob a forma de melhorias nas áreas sociais. Desde o início da operação foram realizadas mais de 65.000 ações, 583 prisões, 228 apreensões de menores por cometimento de atos infracionais e 1.234 apreensões de drogas, armas, munições, veículos, motos e materiais

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