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Acordam do Tribunal da Relação do Porto

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Academic year: 2021

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_____________________________________________________________________ PN 294.021;Ap.: TC Marco de Canavezes;

Ap.e2: Companhia de Seguros Mundial Confiança, S. A.; Ap.a3:

_____________________________________________________________________

Acordam do Tribunal da Relação do Porto

1. A sentença recorrida condenou a Companhia de Seguros a pagar a uma indemnização de Pte.: 7.000.000$00, acrescida de juros d esde a citação, às

taxas legais; e de Pte. 750.000$00 com juros desde a data de sentença, pelos danos patrimoniais, primeiro, e não patrimoniais, depois, decorrentes do acidente de viação que o vitimou, sendo responsável um segurado da recorrente.

2. Concluiu a Ap.e:

a. É excessiva a indemnização de 7.000 c. atribuída ao A. pela IPP;

b. No apuramento da indemnização para tal tipo de dano patrimonial (lucro cessante para o futuro), o Tribunal recorrid o deveria ter tido em conta o critério dominante na Jurisprudência (designadamente desde Ac. STJ, 79.01.18, BMJ 283/275): o cálculo do capital a antecipar faz-se co m

recurso a tabelas financeiras;

c. Assim, consideradas a idade do A., 23 anos, o vencimento, (Pte. 54.450$00X14) + (11.11 0X11), o grau de IPP, 20%, e o juro à taxa de 5%, é equitativo fixar a indemnização em 3.100 c.;

d. Por isso, a sentença reco rrida violou o artº. 562º/2 e o artº. 566º C. C.;

e. Deve ser revogada e substituída por decisão de acordo com o que fica proposto.

3. Nas contra-alegações disse-se:

a. A recorrente, no sentido de fundamentar o ponto de vista que defende, invoca o Ac. STJ, 79.01.18;

1 Vistos:

Des. Ferreira de Sousa, Des. Paiva Gonçalves, 2 Adv: Dr..

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b. O julgador apoiou-se, contudo, na mais recente jurisprudência, e na esteira do Ac. STJ, 94.05.05, CJ/STJ, 94, II, bem mais adequ ada e

consentânea com a realidade actual4;

c. Deve ser mantida inteiramente a senten ça recorrida. 4. Ficou provado:

a. 94.11.28, 12:30 h., Marco de Canavezes, Rua Manuel Pereira Soares: embate em que foram intervenientes o veiculo de matrícula 1MCN-39- 83, pertencente ao A. e por este conduzido, e o veículo ligeiro de passageiros, matriculado 57-48-BR, pertencente a Sociedade Portuguesa de Leasing, S. A., conduzido por , com autorização no interesse e sob a direcção efectiva da dona;

b. O A. seguia na indicada Rua, e no sentido Marco/Baião, a velocidade não superior a 40 Km/h;

c. Imediatamente antes do embate, BR encontrava-se estacionado num parque de estacionamento situado ao lado direito da via, sentido Marco/Baião;

d. Nessa altura, a condutora de BR saiu, de marcha atrás daquele parque, sem ter primeiro deixado passar o veículo conduzido pelo A.;

e. E antes de iniciar a manobra aquela condutora não olhou para a estrada, mormente para o espaço da via por onde circulava o A.;

f. Asfaltada, plana e sem buracos, à data do emb ate;

g. O parque de onde a condutora de BR saía situa-se a certa de 70m de uma curva que dificulta a visibilidade para quem desse parque sai, e para quem circula no sentido do A.;

h. Do local do embate, o A. seguiu para H M Canavezes, de onde foi transferido para H S Porto, após prestação dos primeiros socorros;

i. À entrada nesta último Hospital, o A. apresentava contusão frontal no

joelho esquerdo e aí foi tratado mediante imobilização gessada, à qual se

seguiu mais tarde tratamento reabilitador de fisioterapia, durante cerca de

4 Excerto d a minuta: É por demais evidente que o pagamento de um determinado montante de capital

que se esgote aos 65 a nos, e em que na determinação do mesmo se não va lorem os aumento s salariais, as promoções profissionais e a inflação, em que se parte da p resunção de uma rentabilidade de 5%, só

pode lesar gravemente as lamentáveis vítimas de aciden tes de viação ;na situação dada, o julgador terá partido de uma taxa de juro de 4% e terá presumido u ma taxa de crescimen to do salário da ordem

dos 3,5%; tal critério vai de encontro à mais recente jurisprudência, na esteira do Ac. RC, 95.04.04, CJ, XX, 2/23.

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dois meses, na Clínica de Medicina Física e R eabilitação, Lda., Av. 25 de Abril, M. Canavezes;

j. Entretanto, porque subsistisse instabilidade ligamentar, o A. foi sujeito a intervenção cirúrgica efectuada pelos serviços clínicos da R., 95.09.08; ligamentoplastia;

k. O A. ficou então internado nesses serviços, durante cerca de oito dias, findos os quais regressou a casa para convalescer;

l. Algum tempo depois da intervenção referida, o A. iniciou novo tratamento de fisioterapia, diariamente, durante cerca de cinco meses;

m. O A. nasceu em 71.11.08,;

n. Trabalhava para Soc. Couto e Companhia, Sociedade de Construções, Lda, Fonte Nova, Freixo, M. Canavezes, ao serviço da qual exercia a profissão de pedreiro de segunda, auferindo uma remuneração líquida mensal

de Pte. 54.450$00, durante catorze meses por ano, acrescida de um subsídio de alimentação de Pte. 105$00, por cada dia de trabalho e durante onze meses;

o. O A. vivia e vive com a mulher, que é doméstica, e tem um filho menor;

p. O casal não possuía, nem possui, outros meios de subsistência para além dos provenientes do trabalho do A.;

q. Do embate resultou para o A. uma atrofia muscular e demandou-lhe IPP 20%;

r. O A., no exercício da actividade profissional que tem deve fazer esforços que interferem com o joelho esquerdo lesado, e sempre exerceu unicamente a profissão de pedreiro, única que domina com bom nível de qualidade e desempenho;

s. O A. tem a antiga sexta classe da escolaridade;

t. Sofreu e continua a sofrer devido à atrofia muscular de que padece, à intervenção cirúrgica que efectuou e aos tratamentos;

u. Sofreu incómodo ao ficar impossibilitado significativamente de passear

e de visitar familiares e amigos durante, pelo menos, um ano; ficou abalado física e psicolo gicamente;

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v. Hoje o A. é um cidadão mais triste que anteriormente, por não poder jogar à bola e dan çar, quase por completo, mas até à data do sinistro jogava à bola frequentemente;

w. Pouco antes do embate, o A. sofreu um acidente numa obra onde se encontrava a trabalhar, ao cair de um andaime, e na altura em qu e sucedeu o embate dirigia-se ao H. M. Canavezes com a finalidade de receber tratamento

por causa da queda mencionada;

x. E em consequência da queda na obra, o A. sofreu um ferimento no membro inferior esquerdo, o mesmo membro afectado com o acidente de que aqui se trata;

y. A responsabilidade civil pelo pagamento de danos causados a terceiros em virtude de acidente ocorrido com a viatura de matrícula 57-48-B R encontrava-se transferida para a R ., através de contrato de seguro, titulado pela AP6747162.

5. A sentença recorrida para cálculo da indemnização devida pela perda de ganho

correspondente à diminuição da capacidade laboral do sinistrado utilizou a tabela financeira: N (1 + i) – 1 C = —————————- x P N (1 + i) x i

em que C corresponde ao capital a depositar no primeiro ano, P à prestação a pagar no primeiro ano, i à taxa de juro, e N ao tempo provável de vida activa: para o cálculo da prestação P, atende-se ao rendimento anual calculado que o A. auferia à data do acidente e à incapacidade d e que o mesmo ficou a padecer;

assim, tendo por referência estes vectores: (Pte. 54.450$00 x 14) + (Pte. 11.110$00 x 11) x 20% = Pte. 176.902$00; e quanto ao tempo prov ável de vida activa... o limite a ter em conta, para efeito de cálculo, deve ser o de setenta anos: logo, 47 anos de vida activa do sinistrado.

Por outro lado, a taxa de juro considerada foi aquela que corresponde à taxa de juro real líquida, obtida através da fórmula

1 + r i = ————- - 1

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1 + K

sendo r a taxa de juro nominal líquida das aplicações financeiras e K a taxa anual de crescimento de P.

Deste modo, face à actual taxa de inflação e à média corrente da remuneração das aplicações financeiras foi imputado 7% a r e 4% para K, obtido assim o resultado = 0,002988.

Recorrendo à formula apresentada e aos factores enunciados foi encontrada a quantia de Pte. 7.410.400$00..., havendo no entanto de ser tido em conta que a formula não ultrapassa a condição de mero instrumento de trabalho, coincidindo este resultado com o valor máximo a atribuir como indemnização pela diminuição da capacidade de ganho. Neste enquadramento, considera ndo

o facto de se não ter provado que a IPP sofrida pelo A. de alguma forma o impeça de exercer a concreta actividade profissional por ele efectivamente

exercida, apenas se tendo apurado que no trabalho tem de fazer esforços a interferirem com o joelho lesado, o Tribunal entendeu equitativa, justa e

adequada a indemnização de Pte. 7.000.000$00, pelos danos futuros

traduzidos na perda de capacidade de ganho.

6. É esta e só esta a verba que foi questionada: o recurso está pronto para julgamento.

7. A recorrente questiona apenas, e sem apresentar razões de fundo, que não discorreu na minuta da apelação, o modelo matemático de referência ao cálculo da indemnização.

Contudo, apresentando-se bem construída e justificada a fórmula, numa elegante proposta e demonstr ação, depois levada ao prudente discurso sentencial, não nos restam elementos de crítica fundada daquilo que ficou decidido acerca da indemnização pela perda do ganho futuro, correspondente à IPP sofrida pelo Ap.o.

Acresce que no plano do mero senso comum, considerada a capacidade de satisfação que proporciona a quantia arbitrada, e nos tempos que correm, para mais destinando-se ao longo prazo de vigência, parece inquestionavelmente

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deficite motor, influente no plano de um competir profissional que o mundo, a sociedade, p ermite, estimula e afinal exige.

De todo o modo, o juízo favorável a manter a decisão de primeira instância advém, sem dúvida, de não ter sido sequer intentada a demonstração do err o da tabela financeira utilizada, e em favorecimento de outra, apenas mais

conveniente ao interesse metálico da Ap.e.

Convencemo-nos por conseguinte do d emérito do recurso.

8. Atento o exposto, vistos os artigos 562º/2 e 566º C. C., decidem manter a recorrida.

Referências

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