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Aula 08 CONTRATOS AGRÁRIOS. DEFINIÇÃO DOS CONTRATOS AGRÁRIOS.

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CONTRATOS AGRÁRIOS.

DEFINIÇÃO DOS CONTRATOS AGRÁRIOS.

Os contratos agrários têm características que disciplinam a sua estrutura, não resultam tão-só de simples acordo de vontades, mas obedecem a normas obrigatórias e imperativas, tendo em vista o interesse coletivo.

Alfredo de Vasconcellos definiu da seguinte maneira essa modalidade de acordo: "Chama-se contrato agrário aquele que tem por objeto serviços referentes ao cultivo do solo, e sua produção, mediante um salário em moeda ou em frutos cultivados ou colhidos pelo locador" .

Em países estrangeiros se usa a expressão "contrato agrário" de forma ampla, como todo e qualquer contrato que tenha por objetivo a atividade agrária.

A propósito cabe mencionar a definição de Ramón Vicente Casanova, afirmando que tal conceito abrange "qualquer relação jurídica proveniente da agricultura" .

Não se usa a expressão "contrato agrícola" e sim "contrato agrário". O nome "rural" aparece nas espécies o termo genérico "contrato agrário", como arrendamento rural e parceria rural.

Os contratos agrários podem ser nominados e inominados, escritos e verbais.

Aula 08

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CONTRATOS AGRÁRIOS NOMINADOS E INOMINADOS

Os contratos agrários subordinam-se de modo geral às regras do direito comum, porém atualizadas pela especialização de interesses envolvidos. São regulados pelas normas gerais disciplinadoras dos contratos do direito comum, no que diz respeito ao acordo de vontades e ao objeto da lei (Lei nº 4.947, de 6-4- 1966).

Os contratos agrários se dividem em contratos típicos (Dec. nº 59.566, arts. 3º e 4º e atípicos (Dec. n. 59.566, art. 39).

Contratos típicos são os contratos agrários nominados, enquanto os atípicos são conhecidos como contratos agrários inominados, todos disciplinados pela legislação específica (Dec. nº. 59.566/66).

Os contratos agrários firmam-se tendo como contratante, de um lado:

a) O proprietário;

b) Ou quem detenha a posse;

c) Ou quem tenha a livre administração de um imóvel rural; do outro lado encontra-se a parte que vai exercer qualquer atividade agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista (Dec. n. 59.566, art. 1º );

Além do imóvel rural, pode ser objeto de parceria rural o próprio gado, isoladamente (Dec. nº 59.566, arts. 4º e 5º, II).

Os principais tipos de contratos agrários nominados são o arrendamento rural e a parceria rural.

Já os contratos agrários inominados afastam-se dos dois modelos comuns, de arrendamento rural e de parceria rural, mas também se sujeitam às normas aplicáveis a arrendatários e parceiros (Dec. nº 59.566, art. 39).

Nos contratos inominados as partes interessadas aproveitam o grau de flexibilidade existente em normas legais supletivas (também chamadas permissivas ou facultativas), submetendo-se no mais ao império das normas obrigatórias.

Como exemplo de contrato agrário inominado pode-se entender o roçado, pelo qual o ocupante entrega ao proprietário o resto das culturas, o restolho, como a palha do milho e do feijão cultivados, ou a maniva, ou ainda a casca da mandioca, quando se tratar de tal cultura. O roçado é, assim, um contrato inominado de direito agrário que se encontra em

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quase todas as propriedades do semi-árido nordestino .

Não se deve incluir a falsa parceria (Estatuto da Terra, art. 96, parágrafo único), que constitui um modelo diferente da parceria.

CONTRATOS AGRÁRIOS ESCRITOS OU VERBAIS

Os contratos agrários também podem ser dualizados em escritos ou verbais.

O contrato escrito prova por si próprio, sendo formalizado pela assinatura dos contratantes, ou, quando qualquer das partes for analfabeta ou não puder assinar, pela assinatura de pessoa a seu rogo e de 4 testemunhas idôneas (Dec. nº 59.566/66, art. 12, XI).

O contrato verbal pode ser provado por testemunhas, qualquer que seja o seu valor. A inexistência de contrato escrito não impede a incidência das leis agrárias especiais. Convém ainda salientar que a alienação do imóvel rural ou a instituição de ônus reais não elide a vigência do arrendamento ou da parceria. O adquirente ou o beneficiário fica sub-rogado nos direitos ou obrigações do alienante ou do instituidor do ônus (Estatuto da Terra, art. 92, § 5º; Dec. nº 59.566/66, art. 15).

O parceiro-outorgante e o parceiro-outorgado podem transformar o contrato de parceria em contrato de arrendamento, a qualquer tempo, porém é preciso o livre acordo de vontades (Dec. nº 59.566/ 66, art. 50).

CONTRATOS AGRÁRIOS ESCRITOS

Os contratos agrários escritos estão disciplinados pelo Regulamento do Estatuto da Terra - Decreto nº. 59.566, de 14 de novembro de 1966 -, em seu art. 12. O referido regulamento prescreve que "as partes poderão ajustar outras estipulações que julguem convenientes aos seus interesses, desde que não infrinjam o Estatuto da Terra, a Lei nº 4.947, de 6 de abril de 1966, e o presente Regulamento" (art. 12, parágrafo único).

Conforme o art. 12 do Decreto nº 59.566/66, os contratos agrários escritos deverão conter:

I - lugar e data da assinatura do contrato;

II - nome completo e endereço dos contratantes;

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registrado e data da constituição, se pessoa jurídica, e tipo e número de registro do documento de identidade, nacionalidade e estado civil, se pessoa física, e sua qualidade: proprietário, usufrutuário, usuário ou possuidor);

IV - característica do arrendatário ou do parceiro-outorgado (pessoa física ou conjunto familiar);

V - objeto do contrato (arrendamento ou parceria), tipo de atividade de exploração e destinação do imóvel ou dos bens;

VI - identificação do imóvel e número do seu registro no Cadastro de imóveis rurais do IBRA (constante do Recibo de Entrega da Declaração do Certificado de Cadastro e do Recibo do Imposto Territorial Rural);

VII - descrição da gleba (localização no imóvel, limites e confrontações e área em hectares e fração), enumeração das benfeitorias (inclusive edificações e instalações), dos equipamentos especiais, dos veículos, máquinas, implementos e animais de trabalho e, ainda, dos demais bens ou facilidades com que concorre o arrendador ou o parceiro-outorgante;

VIII - prazo de duração, preço do arrendamento ou condições de partilha dos frutos, produtos ou lucros havidos, com expressa menção dos modos, formas e épocas desse pagamento ou partilha;

IX - cláusulas obrigatórias com as condições enumeradas no art. 13 do presente Regulamento, nos arts. 93 a 96 do Estatuto da Terra e no art. 13 da Lei nº. 4.947, de 6 de abril de 1966;

X - foro do contrato;

XI - assinatura dos contratantes ou de pessoa a seu rogo e de quatro testemunhas idôneas, se analfabetos ou não puderem assinar.

É de relembrar que o Decreto-Lei nº. 1.110, de 9 de julho de 1979, criou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) , extinguindo o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário (INDA) e o Grupo Executivo da Reforma Agrária (GERA) (DOU, 10 jul. 1970).

CLÁUSULAS OBRIGATÓRIAS NOS CONTRATOS AGRÁRIOS

Os contratos agrários representam interesses coletivos ou gerais da sociedade, com normas prefixadas legalmente e acima da vontade das partes contratantes.

São normas obrigatórias, imperativas e irrenunciáveis,

Por causa dessa determinação, nenhum acordo entre as partes pode vigorar caso venha a contrariar direta ou indiretamente tanto o espírito como a letra da lei, já que tal ofensa tomará nulo de pleno direito o contrato celebrado.

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Também não pode ocorrer renúncia a nenhum dos privilégios estatuídos em lei. A renúncia é inviável, e os atos assim praticados não terão eficácia; são equivalentes ao ato não praticado.

Convém aqui reproduzir o texto do art. 13 da Lei nº. 4.947/66 sobre tais contratos: "Art. 13. Os contratos agrários regulam-se pelos princípios gerais que regem os contratos de Direito comum, no que concerne ao acordo de vontade e ao objeto, observados os seguintes preceitos de Direito Agrário:

I - arts. 92, 93 e 94 da Lei nº. 4.504, de 30 de novembro de 1964, quanto ao uso ou posse temporária da terra;

II - arts. 95 e 96 da mesma Lei, no tocante ao arrendamento rural e à parceria agrícola, pecuária, agroindustrial e extrativa;

III - obrigatoriedade de cláusulas irrevogáveis, estabelecidas pelo IBRA, que visem à conservação de recursos naturais;

IV - proibição de renúncia, por parte do arrendatário ou do parceiro não-proprietário, de direitos ou vantagens estabelecidas em leis ou regulamentos;

V - proteção social e econômica aos arrendatários cultivadores diretos e pessoais.

ARRENDAMENTO RURAL

O arrendamento rural está bem conceituado pela própria legislação (Dec, nº. 59.566/66):

"Art. 3º Arrendamento rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural, parte ou partes do mesmo, incluindo, ou não, outros bens, benfeitorias e ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista, mediante certa retribuição ou aluguel, observados os limites percentuais da Lei".

Em determinados países, como na Venezuela, é considerado nulo o contrato de arrendamento rural se a extensão de terras não for superior à área mínima indispensável para o sustento da família .

Na Argentina o arrendamento rural se tipifica desde que se trate de cessão de uso e gozo de um prédio rústico e que o mesmo esteja destinado à exploração agropecuária em qualquer de suas especializações .

O cedente é chamado de arrendador, enquanto o arrendatário é a pessoa que recebe o prédio em aluguel ou arrendamento.

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O arrendador pode ser o proprietário, o usufrutuário, o usuário ou possuidor, enfim aquele que tenha a livre administração do imóvel rural. Na hipótese de ocorrer subarrendamento, o arrendatário original será classificado como arrendador, para todos os efeitos.

O arrendatário é a pessoa ou conjunto familiar representado pelo seu chefe.

O PREÇO DO ARRENDAMENTO

Diferença entre arrendamento e parceria.

Anotamos de início que o arrendamento e a parceria são contratos agrários típicos e nominados.

Esclarece a lição de Lourenço Mário Prunes, em seu Dicionário prático de arrendamento e parceria (São Paulo, Max Limonad, t.

1, p. 35-6): "O arrendamento ou locação exige remuneração certa, in natura ou in specie, pagamento alto ou módico, pouco importa, mas que será sempre entregue pelo arrendatário, sem que sofra reflexo de êxito ou malogro' da exploração ou das safras. Na parceria o lucro é sempre representado por uma cota ou percentual; ademais, o risco corre em comum para as duas partes.

No arrendamento o próprio locador recebe o preço contratado, tenha ou não o arrendatário realizado a safra. “Na parceria o proprietário parceiro pode receber muito, pouco e até nada receber, porque seu ganho se vincula às vantagens conseguidas pela outra parte”.

A distinção entre preço e pagamento é regra fundamental no contrato agrário do arrendamento.

O preço é considerado como aquele valor atribuído pelas partes à vantagem concedida ao arrendatário. O pagamento é simplesmente o cumprimento da obrigação proveniente do contrato.

No arrendamento o preço é sempre pago em dinheiro, visto que a contraprestação que o arrendatário entrega ao arrendador não se concretiza em frutos e produtos.

A quantia é convencionada em dinheiro e equivale ao aluguel da coisa arrendada. O preço em dinheiro, na verdade, integra o contrato agrário do arrendador.

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A renda dos contratos de arrendamento rural tem possibilidade de ser atualizada anualmente, na conformidade do contrato. Assim, o reajuste é facultativo e não obrigatório.

Quando as partes estipulam um preço único que deva vigorar durante todo o contrato, não é viável nenhum reajuste, exceto se o arrendatário concordar expressamente. Tal norma vale para os contratos escritos e para os verbais.

Todavia o aumento do preço do arrendamento, estabelecido dentro do índice de correção monetária específico, não deverá exceder o percentual do aumento do preço mínimo oficial do produto explorado, tomando como base aquele existente na época do contrato.

É de se reconhecer a multiplicidade de critérios existentes no País para a aferição do índice de correção monetária, com a dificuldade de que o INCRA fica inviabilizado, na prática, de estabelecer e divulgar tal índice de atualização. Assim sendo, assegura-se como critério mais prático a ser adotado o de reajustar o preço do arrendamento rural de acordo com o índice estabelecido para o aumento do ITR.

PARCERIA RURAL

Deve-se observar de início a nítida diferença entre parceria rural e arrendamento rural. Na parceria rural ocorre a partilha de vantagens (produtos, frutos ou lucro), bem como de riscos de caso fortuito e de força maior. Já no arrendamento rural efetiva-se o pagamento do aluguel, pouco importando o sucesso ou a desfortuna do arrendatário.

O Decreto nº. 59.566/66 assim define a parceria rural:

"Art. 42 Parceria rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso específico de imóvel rural, de parte ou partes do mesmo, incluindo, ou não, benfeitorias, outros bens e ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista; e ou lhe entrega animais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias-primas de origem animal, mediante partilha de riscos do caso fortuito e da força maior do empreendimento rural, e dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites percentuais da lei". (V., também, Estatuto da Terra, art. 96, VI.) São intervenientes: o cedente é o outorgante; a outra parte é o parceiro-outorgado, que recebe o imóvel ou animais. O parceiro-outorgado tanto pode ser a pessoa como o conjunto familiar. Nos casos em que o arrendatário é o conjunto familiar, a morte do seu chefe não provoca a extinção do contrato, desde que no dito conjunto exista outra pessoa devidamente qualificada que prossiga na execução da parceria (Dec. n. 59.566, art. 26, parágrafo único). Deve-se assinalar que, ainda quando no mesmo contrato existam avenças

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de arrendamento de parceria, serão elas celebradas como contratos distintos, regendo-se pelas normas estabelecidas no Estatuto da Terra, na Lei n. 4.947/66, e no Decreto n. 59.566/66 (art. 6º).

A história do regime de parceria remonta ao mundo antigo. Preceituava o Código de Hammurabi que uma pessoa pode ceder a terra a outra, para que esta a explore, e, em contrapartida participa do rendimento.

Há também vestígios da parceria na antiga Grécia, ao tempo de Sólon, bem como no direito romano: o Codex XI de Constantino já conhecia o colonum partiarium, uma forma específica de arrendamento de prédios rústicos, sendo o pagamento feito mediante a entrega de parte da colheita. Pode-se também mencionar a parceria pecuária registrada na Bíblia (Gên. :XXX, 31-36), no caso em que pactuaram Jacó e Labão, este último entregando ao primeiro animais para que fossem criados, recebendo em troca uma cota-parte do produto. Em Portugal a parceria foi regulada pelas Ordenações Afonsínas (Liv. 4, Tít. 75), Manoelinas (Liv. 4, Tít. 60) e Filipinas (Liv.4, Tít. 44) .

No direito italiano a parceria tem o nome de mezzadria (v. CC italiano, arts. 2.763, 2.764,2.765 e 2.766, entre outros) .

PARTILHA DOS RENDIMENTOS NAS PARCERIAS RURAL

O Decreto nº. 59.566/66 (art. 35, I a V) determina que, "na partilha dos frutos da parceria, a cota do parceiro-outorgante não poderá ser superior a (art. 96, VI, do Estatuto da Terra):

I - 10% quando concorrer apenas com a terra nua;

II - 20% quando concorrer com a terra preparada e moradia;

III - 30%, caso concorra com o conjunto básico de benfeitorias, constituído especialmente de casa de moradia, galpões, banheiro para gado, cercas, valas ou currais, conforme o caso;

IV - 50%, caso concorra com a terra preparada e o conjunto

básico de benfeitorias enumeradas no inciso III, e mais o fornecimento de máquinas e implementos agrícolas, para atender aos tratos culturais, bem como as sementes e animais de tração e, no caso de parceria pecuária, com animais de cria em proporção superior a 50% do número total de cabeças objeto da parceria;

V-75%, nas zonas de pecuária ultra-extensiva, em que forem os animais de cria em proporção superior a 25% do rebanho onde se adotem a meação do leite e a comissão mínima de 5% por animal vendido.

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À evidência, quando no "contrato tiver sido convencionado um percentual inferior ao teto ou limite máximo permitido em lei, o parceiro-outorgante poderá combinar com o parceiro-outorgado o reajuste

da cota percentual até o limite máximo legal.

Destarte, se o parceiro-outorgante apenas concorrer com a terra nua e for contratada uma cota percentual de 7%, poderá elevá-la até 10%, que é o limite legal.

PARTILHA DE RENDIMENTOS NA PARCERIA PECUÁRIA

A legislação estabelece duas espécies de parceria pecuária: a primeira, quando uma pessoa cede a outra o imóvel rural para que nele seja exerci da atividade pecuária, e, assim, o proprietário possuidor cede o imóvel ao dono dos animais, que fica como tratador; a outra forma, mais ampla, ocorre quando a pessoa, parceiro-outorgado ou tratador, é a dona do imóvel rural e recebe de outra pessoa (parceiro-outorgante) animais para a atividade de pecuária.

Na chamada parceria pecuária padrão o parceiro-outorgante entra com os animais de sua propriedade, é o parceiro-proprietário do rebanho, enquanto o parceiro-outorgado é o criador e tratador, ficando com a guarda dos animais e com a obrigação de cuidar da cria, recria, invernagem ou engorda (Dec. nº. 59.566/66, art. 52, II). Tal atividade é realizada em pastagens de sua propriedade ou alugadas, a partilha de rendimentos apenas recaindo sobre os acrescidos (crias de animais, os próprios animais, nos casos de engorda, e sobre os seus produtos, como leite, lãs, peles, crinas). ]

Há também uma forma de prestador de serviços que se caracteriza como um contrato de sociedade, e não como uma parceria pecuária, naqueles casos em que o proprietário do rebanho o cede ao dono ou ao possuidor das pastagens, que deve tratar e engordar o dito rebanho, atribuindo-se ao tratador uma comissão ou percentagem pela venda.

Antônio Luiz Ribeiro Machado (Manual prático dos contratos agrários e pecuários, Revista dos Tribunais, 1971, p. 52) entende que no caso ocorre uma locação de pastagens.

Na parceria pecuária o seu objeto recai sobre animais, que devem ser tratados, engordados, pastoreados, para que produzam, e daí a necessidade da permanência dos ditos animais nas pastagens.

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os acrescidos são comuns e podem ser partilhados de modo correspondente.

É essa a razão pela qual o parceiro-outorgado, se vender o gado de parceria sem licença do outorgante, comete crime de apropriação indébita (RT, 139:515; Oswaldo e Silvia Opitz, Contratos agrários no Estatuto da Terra, Rio de Janeiro, 1971, p. 250).

DIVERSAS ESPÉCIES DE PARCERIA

A legislação agrária é mais abrangente, visto que enumera as seguintes parcerias, conforme o remanejamento do Decreto nº. 59.566/66, art. 52, I a V: parceria agrícola, parceria pecuária, parceria agroindustrial, parceria extrativa e parceria mista.

A parceria agrícola tem como suporte o imóvel rural e a exploração da atividade de produção vegetal.

A parceria pecuária não tem o imóvel como objeto de cessão, porém animais para cria, recria, invernagem ou engorda.

A parceria agroindustrial adiciona à cessão do uso do imóvel rural a cessão do uso de maquinaria e implementos visando à transformação do produto agrícola ou florestal.

A parceria extrativa se objetiva pela extração de produto agrícola, animal ou florestal. Enfim, a parceria mista abrange mais de uma das atividades de parceria. A legislação agrária manda ainda aplicar as regras do contrato de sociedade a todos os tipos de parceria (Estatuto da Terra, art. 96, VII; Dec. nº. 59.566/66, art. 34).

PRAZOS MÍNIMOS NO ARRENDAMENTO E NA PARCERIA

Os contratos agrários devem obedecer a prazos mínimos, em um sistema normativo tendo em vista amparar, sobretudo os arrendatários e os parceiros-outorgados, que, assim, podem fixar-se na terra por maior espaço de tempo, explorando de modo mais eficiente a agricultura ou a pecuária.

O Estatuto da Terra não estatui prazos máximos para os contratos agrários, porém estabelece prazos mínimos, e, sendo observados tais prazos, outros, maiores, poderão ser fixados pelos contratantes.

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13, II) são os seguintes:

a) três anos para os contratos em que ocorra atividade de exploração de lavoura temporária e/ou de pecuária de pequeno e médio porte, ou em todos os casos de parceria (a lavoura temporária é aquela cujo ciclo desde o plantio à colheita se efetiva no período do ano agrícola, como arroz, feijão, milho, amendoim, algodão, soja, aveia etc.);

b) cinco anos nos casos de arrendamento em que ocorra atividade de exploração de lavoura permanente e/ou de pecuária de grande porte parceria para cria, recria, engorda ou extração de matérias-primas de origem animal (a lavoura permanente é a que exige vários anos para cumprir seu ciclo vegetativo, como a cana-de-açúcar, o café, as frutas cítricas etc.);

c) sete anos nos casos de exploração florestal, ou seja, quando a árvore é plantada e também cuidada pelo agricultor até que esteja em condições de exploração comercial (eucaliptos, pinheiros ete.).

Convém esclarecer o que se deve entender por pecuária de pequeno porte, de médio porte e de grande porte.

A pecuária de pequeno porte é classificada pelo INCRA como hortigranjeira, tal como a apicultura, a piscicultura, a avicultura, a cunicultura.

A pecuária de médio porte abrange os suínos, os caprinos e os ovinos. A pecuária de grande porte engloba o gado vacum, bufalino, eqüino e asinino.

Quando o contrato é por tempo indeterminado, presume-se que seja pelo prazo mínimo de 3 anos, tanto no arrendamento rural: (Estatuto da Terra, art. 95, lI, e Dec. n. 59.566/66), como também no que diz respeito à parceria (Estatuto da Terra, art. 96, I, e Dec. n. 59.566/66).

Justifica-se um prazo mínimo, sobretudo para se evitar o mau uso da terra . Cabe afinal salientar que os contratos de arrendamento e de parceria, sempre que tiverem por objeto a agricultura, terminarão depois de ultimadas as colheitas (Estatuto da Terra, arts. 95, I, e 96, I; Dec, nº. 59.566/66, art. 21, § 12). Quando se trata de arrendamento e de parceria para fins de pecuária, os prazos findarão "após a parição dos rebanhos ou depois da safra de animais de abate" (Dec. nº. 59.566/66, art. 21, § 12). Por safra de animais de abate entende-se o período oficialmente determinado para a matança ou o adotado pelos usos e costumes da região (Dec. nº. 59.566/66, art. 21, § 22).

FALSA PARCERIA OU CONTRATO DE TRABALHO RURAL

A falsa parceria como um contrato de trabalho rural distingue se nitidamente da autêntica parceria.

Aldon Taglialegna salienta a situação dos hipossuficientes na zona rural: falso parceiro, tarefeiro, colono, agregado, empreiteiro etc.

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de parceria economicamente expressiva. Em muitos países se assemelham tais trabalhadores agrícolas aos trabalhadores subordinados, não somente em face do direito individual como perante o direito coletivo do trabalho .

Fernando Pereira Sodero assim se expressa : "Falsa parceria. - Em algumas áreas rurais do país, entende-se ou dá-se o nome de 'parceria' a um contrato de trabalho rural, no qual o trabalhador percebe salário, parte em dinheiro e parte percentual na lavoura cultivada ou gado tratado. Nesse mesmo caso, a direção dos trabalhos e o custeio e conseqüente risco do empreendimento são de inteira e exclusiva responsabilidade do proprietário do imóvel rural.

Ora, pelo conceito de parceria, verifica-se, sem sobra de dúvida, que esta forma não se aplica à sociedade 'sui generis' assim denominada. É um contrato individual de trabalho.

CLÁUSULAS OBRIGATÓRIAS NOS CONTRATOS AGRÁRIOS PREVISTASNO DECRETO N, 59.566, DE 14-11-1966

Além das normas do Estatuto da Terra e da Lei nº. 4.947 de 1966, o Decreto nº. 59.566, de 14 de novembro de 1966, especifica com mais detalhes as regras obrigatórias, imperativas e irrenunciáveis a que as partes devem obedecer no contrato agrário, não podendo renunciar explicitamente. São elas:

I - conservação dos recursos naturais segundo as normas obrigatórias estabelecidas pelo INCRA;

II - prazos mínimos determinados pela legislação agrária;

III - disposições do Código Florestal e do seu regulamento alusivas à proteção das áreas com floresta e ao reflorestamento;

IV - práticas agrícolas conforme a legislação própria, disciplinando a agricultura em zonas 'típicas, sendo que a inobservância de tais práticas constitui causa para rescisão do contrato agrário;

V - preço do arrendamento, com sua fixação em dinheiro ou no equivalente em frutos e produtos na forma da lei;

VI - partilha dos frutos nas parcerias;

VII - renovação ou prorrogação do contrato, esclarecendo se ocorrerão automaticamente ou dependerão de notificação, com a previsão de alterar ou não o preço do arrendamento ou das condições da partilha dos frutos nas parcerias;

VIII - causa de extinção ou rescisão contratual;

IX - direito e forma de indenização quanto às benfeitorias realizadas, de acordo com o contrato agrário;

X - obrigações quanto aos danos substanciais provocados pelo parceiro-outorgado por práticas predatórias na área de exploração ou nas benfeitorias, instalações e equipamentos

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especiais, veículos, máquinas, implementos ou ferramentas a ele cedidos;

XI - proteção social e econômica dos arrendatários e parceiros-outorgados com observância das seguintes normas:

a) concordância do arrendador ou do parceiro-outorgante à solicitação de crédito rural feita pelos arrendatários ou parceiros-outorgados (art. 13, V, da Lei nº. 4.947, de 6-4-1966);

b) cumprimento das proibições fixadas no art. 93 do Estatuto da Terra, a saber: - prestação de serviço gratuito pelo arrendatário ou parceiro outorgado;

- exclusividade da venda dos frutos ou produtos ao arrendador ou ao parceiro-outorgante;

- obrigatoriedade do beneficiamento da produção em estabelecimento determinado pelo arrendador ou pelo parceiro-outorgante;

- obrigatoriedade da aquisição de gêneros e utilidades em armazéns ou barracões determinados pelo arrendador ou pelo parceiro outorgante;

- aceitação, pelo parceiro-outorgado, do pagamento de sua parte em ordens, vales, borós, ou qualquer outra forma regional substitutiva da moeda;

c) direito e oportunidade de dispor dos frutos ou produtos repartidos, da seguinte forma (art. 96, do Estatuto da Terra):

- nenhuma das partes poderá dispor dos frutos ou produtos havidos antes de efetuada a partilha, devendo o parceiro-outorgado avisar o parceiro-outorgante, com a necessária antecedência, sobre a data em que iniciará a colheita ou repartição dos produtos pecuários;

- ao parceiro-outorgado será garantido o direito de dispor livremente dos frutos e produtos que lhe cabem por força do contrato;

- em nenhum caso será dado em pagamento ao credor do cedente ou do parceiro-outorgado o produto da parceria antes de efetuada a partilha.

PRORROGAÇÃO E RENOVAÇÃO DOS CONTRATOS AGRÁRIOS

Trata-se de institutos diversos, ambos previstos no Estatuto da Terra e no seu Regulamento.

A prorrogação decorre de caso acidental, de fenômeno momentâneo (Estatuto da Terra, arts. 95, I, e 96, I; Dec. nº. 59.566/66, arts. 21, § 12, e 44).

Eis abaixo os casos de prorrogação:

a) os prazos de arrendamento terminarão sempre depois de ultimada a colheita, porém se houver retardamento da colheita por motivo

de força maior, tais prazos serão considerados como prorrogados, nas mesmas condições, até sua ultimação;

b) o prazo dos contratos de parceria, desde que não convencionado pelas partes, será no mínimo de 3 anos, assegurado ao parceiro o direito à conclusão da colheita pendente, nas

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mesmas condições do estabelecido para o arrendamento.

Quanto à renovação dos contratos agrários (Estatuto da Terra, arts. 95, IV e V, e 96, lI; Dec. nº. 59.566/66, art. 22 e parágrafos), configuram-se as seguintes hipóteses:

a) O arrendatário terá preferência à renovação do arrendamento em igualdade de condições com estranhos, porém o proprietário, até 6 meses antes do vencimento do contrato, deverá fazer-lhe a competente notificação da nova proposta de arrendamento; não se verificando a notificação, o contrato considerar-se-á automaticamente renovado, desde que o locatário, nos 30 dias seguintes, não manifeste a sua desistência ou formule nova proposta, mediante simples registro de suas declarações no competente Registro de Títulos e Documentos;

b) Tais direitos acima mencionados não terão prevalência se, no prazo de 6 meses antes do vencimento do contrato agrário, o proprietário, por via de notificação, declarar sua intenção de retomar o imóvel para explorá-lo diretamente ou através de descendente seu;

c) Nos contratos de parceria, expirado o prazo, se o proprietário não quiser explorar diretamente a terra por conta própria, o parceiro, em igualdade de condições com estranhos, terá preferência para firmar novo contrato de parceria.

Assim, a falta de notificação do arrendador ou parceiro-outorgante, até 06 (seis) meses antes do vencimento do contrato, torná-lo automaticamente renovado. Entretanto, o arrendatário ou parceiro-outorgado, se não quiser continuar no imóvel, poderá denunciá-lo nos 30 (trinta) dias subseqüentes, isto é, 05 (cinco) meses antes do vencimento do respectivo contrato.

Resumindo, podem ser mencionadas as seguintes hipóteses legais quanto ao vencimento do prazo de um contrato agrário:

01) O proprietário não quer mais explorar diretamente o imóvel nem recebe oferta de terceiros, com melhores condições. Em tal caso ocorrerá a renovação contratual automática.

02) Existe uma proposta de terceiro interessado no arrendamento ou na parceria, oferecendo melhores condições. Nesta hipótese é exigida a notificação prévia do arrendatário ou do parceiro-trabalhador, para que tome conhecimento da proposta e possa exercer o direito de preferência.

03) O proprietário quer o imóvel para exploração direta, e então há a possibilidade de sua retomada.

No que concerne à renovação automática do contrato de arrendamento, não ocorrerá se o arrendatário, nos 30 (trinta) dias seguintes ao término do prazo para notificação,

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manifestar desistência do contrato ou formular nova proposta.

PREFERÊNCIA OU PREEMPÇÃO NOS CASOS DE ALIENAÇÃO DE IMÓVEL ARRENDADO

O direito de preferência ou preempção é matéria largamente estudada no direito civil, cabendo, sobretudo relembrar a valiosa obra de Pontes de Miranda, o grande tratadista da matéria .

O direito de preempção é o direito a intrometer-se no contrato de compra e venda em que uma terceira pessoa é ou vai ser compradora, é o direito de inserir-se em vez do terceiro.

Assim sendo, o arrendatário ou o parceiro-outorgado tem preferência na alienação do imóvel arrendado.

DIREITO DE PREFERÊNCIA À RENOVAÇÃO DO CONTRATO AGRÁRIO

Tanto o arrendatário como o parceiro-outorgado têm direito de preferência à renovação do contrato agrário. Estando a terminar o contrato e surgindo uma terceira pessoa interessada na mesma gleba que ofereça melhores condições, deverão ser informados o arrendatário e o parceiro-outorgado.

Tal informação deverá ser feita mediante notificação instruída com cópia autêntica da proposta nova, até 6 meses antes do vencimento do contrato (arts. 95, IV, e 96, II, do Estatuto da Terra; Dec. nº. 59.566/66, art. 22).

O arrendatário e o parceiro-outorgado têm, pois, preferência na renovação do contrato, ocorrendo igualdade de condições. Caso não aceitem as novas condições da proposta deverão entregar o imóvel, expirado o prazo do contrato, a fim de evitar o despejo compulsório.

O arrendatário e o parceiro-outorgado deverão encaminhar nova proposta acompanhando a do proponente dentro do prazo de 30 dias do vencimento do contrato.

Devem ser também examinados os efeitos jurídicos do silêncio. O silêncio equivale a uma desistência, não se renovando o contrato.

SUBARRENDAMENTO

Assim como nas locações urbanas, em que é possível a sublocação, também no subarrendamento de imóveis rurais há essa possibilidade, desde que com o consentimento

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expresso do proprietário, locador, possuidor, arrendante.

O Estatuto da Terra é bem claro: "sem expresso consentimento do proprietário é vedado o subarrendamento" (art. 95, VI).

Vejamos algumas definições:

“Subarrendamento é o contrato pelo qual o arrendatário transfere a outrem, no todo ou em parte, os direitos e obrigações do seu contrato de arrendamento" (Dec. nº. 59.566/66 art. 32, § 12).

O subarrendador é o arrendatário que transfere em locação o imóvel arrendado. Tem o subarrendador seus direitos equiparados aos do arrendador, como também as mesmas obrigações (Dec. nº. 59.566/66 art. 32, § 32).

Já o subarrendatário é a pessoa que subloca o imóvel arrendado. Nas ações de despejo do imóvel rural, o subarrendatário é litisconsorte passivo necessário naqueles casos de ações ajuizadas pelo arrendador contra o arrendatário, devendo ser citado o subarrendador, sob pena de nulidade processual (RT, 495:228).

Entretanto, como o subarrendatário não tem em face do arrendador uma relação ex locato, visto que tal relação é com o subarrendador, a ação de despejo deve ser ajuizada contra o arrendatário e não contra o subarrendatário, exceto nos casos em que o arrendatário abandona o imóvel, deixando-o com o subarrendatário, que então assume legitimação passiva no processo.

EXTINÇÃO DOS CONTRATOS AGRÁRIOS

Causas de extinção dos contratos agrários

Os contratos agrários, do mesmo modo que se formam pela concordância das partes, que se prorrogam ou renovam também se extinguem, conforme determina o art. 26 do Decreto nº. 59.566, de 14 de novembro de 1966.

Preceitua o dito artigo:

Art. 26. O arrendamento se extingue:

I- pelo término do prazo do contrato e do de sua renovação;

É normal tal extinção; termina o contrato pelo prazo nele fixado ou na sua renovação. II - pela retomada;

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A retomada é outra causa de extinção do contrato; ocorre quando o arrendador ou o parceiro-outorgante pede o imóvel para explorá-lo diretamente, seja para cultivo direto e pessoal, seja por intermédio de descendente (Dec. nº. 59.566/66, art. 22, § 29).

Para tal fim, a retomada está condicionada a uma prévia notificação ao arrendatário ou parceiro-outorgado, até 6 meses antes do vencimento do respectivo contrato (Dec. nº. 59.566/66, art. 22, § 2º).

Não sendo feita a notificação com essa antecedência, o contrato se renovará automaticamente, ficando assim vedada a pretensão à retomada do prédio (art. 22, § 1º).

Igualmente ocorre extinção parcial do contrato nos casos de retomada parcial, pela morte do arrendador ou parceiro-outorgante, e, com a realização da partilha do imóvel, somente um dos herdeiros, ou alguns deles, exercer o direito de retomada (Dec. nº. 59.566/66, art. 23).

Na parte que resta, fica o arrendatário ou parceiro-outorgado com direito à renovação do contrato, caso lhe convenha (art. 23).

III - pela aquisição da gleba arrendada, pelo arrendatário;

O arrendatário, tendo adquirido a gleba arrendada, ocupa tanto a posição de arrendatário como a de arrendador, o que também acontece com a parceria, gerando a figura jurídica da confusão, que é um

meio de extinguir as obrigações.

Acentua M. L Carvalho de Mendonça: "O acordo das vontades que opera o contrato, do mesmo modo o destrói; nihil tam naturale est quam eo genere quidque dissolvere quo colligatum est" .

Também pela rescisão se opera a extinção dos contratos. Todavia a rescisão não resulta do acordo de vontades, mas da discordância ou contrariedade de vontades.

O Estatuto da Terra (art. 92, § 69) e o seu Regulamento (art. 27) mencionam duas causas que dão lugar à rescisão do contrato agrário: o inadimplemento das obrigações assumidas por qualquer das partes; a inobservância de cláusula asseguradora dos recursos naturais

(Dec. nº. 59.566/66, art. 13, II, c).

Determina a lei que a parte inadimplente, que provocou a rescisão, fica obrigada a ressarcir as perdas e danos causados à outra parte.

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As perdas e danos levam a uma indenização. Esclarece Silvio Rodrigues: "Indenizar significa tomar indene, isto é, reparar prejuízo

porventura sofrido. De modo que, em regra, não deve o prejudicado experimentar lucro na indenização' .

As perdas e danos abrangem o damnus emergens, o dano emergente, ou seja, o que a pessoa realmente perdeu e também o lucrum cessans (lucro cessante), isto é, O que a pessoa razoavelmente deixou de lucrar. As perdas e danos, assim, têm um conceito de amplitude.

Agostinho Alvim esclarece : Com respeito ao dano emergente, "é possível estabelecer, com precisão, o desfalque do nosso patrimônio, sem que as indagações se perturbem por penetrar no terreno hipotético. Mas, com relação ao lucro cessante, o mesmo já não se dá".

Nesta última hipótese, o juiz deve colher as informações necessárias para decidir. Não se deve confundir a rescisão com a declaração 'de nulidade, ou anulabilidade do ato jurídico; esta nasce com o próprio ato jurídico ou não existe, enquanto a rescisão resulta de um acontecimento posterior à formação do ato jurídico.

A rescisão pressupõe um contrato inicialmente válido e ainda uma lesão ou prejuízo pecuniário para alguém .

Discute a doutrina sobre se a ação de rescisão é procedimento prévio, que só depois do seu julgamento favorável levaria ao despejo, ou se a faculdade de rescindir autoriza despejo imediato.

Paulo Torminn Borges adota esta última interpretação, preferindo a linha da economia processual, com uma só ação, desde que a causa da rescisão seja também prevista como causa do despejos .

V - pela resolução ou extinção do direito do arrendador;

Os contratos agrários também se extinguem pela resolução ou extinção do direito do arrendador ou parceiro-outorgante.

Quando estes últimos são titulares da propriedade do bem dado em arrendamento ou parceria, aplicam-se na espécie os arts. 647 e 648 do Código Civil. Tais artigos concernem aos casos de propriedade resolúvel.

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título da sua constituição, encerra o princípio, que a tem de extinguir, realizada a condição resolutória, ou advindo O termo extintivo, seja por força de declaração da vontade, seja por determinação da lei" .

Freqüentemente a legislação confunde a palavra "resolução" com "rescisão", como observa Pérez Liana'. Isso provoca uma anarquia terminológica, conspirando contra a clareza dos textos.

Palavra "resolução" significa "a extinção do contrato em virtude de uma estipulação expressa ou implícita em seu conteúdo".

Variam os efeitos de tais fatos. "Na ocorrência de força maior, da qual resulte a perda total do objeto do contrato, este se terá por rescindido, não respondendo qualquer dos contratantes por perdas e danos. Todavia, se ocorrer perda parcial, repartir-se-ão os prejuízos havidos, na proporção estabelecida para cada contratante" (Dec. nº. 59.566/66, art. 36).

É o seguinte no arrendamento, os riscos do empreendimento correm por conta do arrendatário, o arrendador só recolhe o preço. Assim, as vantagens e riscos são do arrendatário.

Na parceria, os efeitos são diferentes, pois se trata de um contrato de espírito societário, partilhando-se as vantagens e riscos entre parceiro-outorgante e parceiro-outorgado.

VII - por sentença judicial irrecorrível;

Quando se trata de sentença judicial irrecorrível, isto é, da qual não dependa mais recurso, sendo imutável e inimpugnável, também ocorre à extinção do arrendamento ou da parceria.

VIII - pela perda do imóvel rural;

A perda, na conceituação da legislação agrária, tem um sentido restrito; significa o perecimento do imóvel. Em resumo, a perda referida na legislação agrária não equivale à alienação, que é um modo de se perder a propriedade imóvel.

IX - pela desapropriação, parcial ou total, do imóvel rural;

No caso de desapropriação parcial, fica assegurado ao arrendatário, como também ao parceiro-outorgado, o direito à redução proporcional da renda ou o de rescindir o contrato (Dec. nº. 59.566/66 art. 30).

O Regulamento só fala em arrendatário, mas tal direito também se estende ao parceiro-outorgado.

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X - por qualquer outra causa prevista em lei.

Entre as outras causas previstas em lei figura principalmente a morte do arrendatário. A morte do arrendatário extingue o arrendamento.

Uma única exceção está prevista pela lei: "Nos casos em que o arrendatário é o conjunto familiar, a morte do seu chefe não é causa da extinção do contrato, havendo naquele conjunto outra pessoa devidamente qualificada que prossiga na execução do mesmo" (Dec. nº. 59.566/66, art. 26, parágrafo único).

Morte do proprietário do imóvel rural

A morte do proprietário do imóvel rural nem sempre provoca a extinção do contrato agrário. Quando o contrato agrário for fixado por prazo indeterminado, sua vigência só cessará se os herdeiros fizerem uso do direito de retomada.

Mas se o contrato for por prazo determinado, tanto o arrendatário como o parceiro-outorgado têm direito à renovação contratual, se os herdeiros não se interessarem na retomada do imóvel (RT, 293:414).

O nu-proprietário também não está obrigado a conservar o arrendamento contratado pelo usufrutuário por período que vai além do usufruto. Porém não pode obter a devolução da coisa por ação de imissão de posse caso tenha tomado parte no contrato como procurador do usufrutuário falecido e até então beneficiário (RT, 180:680).

Venda do imóvel rural

A venda do imóvel rural não interrompe os contratos agrários, ficando o adquirente, ou o beneficiário, sub-rogado nos direitos e obrigações do alienante ou do instituidor do ônus, o contrato continuando a ter vigência até que se esgote o prazo contratual (Estatuto da Terra, art. 92, § 5º; Dec. nº. 59.566/66, art. 15).

DIREITOS E DEVERES DAS PARTES CONTRATANTES NOS CONTRATOS AGRÍCOLAS.

Deveres dos arrendadores e dos parceiros-outorgantes: O Regulamento o Estatuto da Terra tem normas obrigatórias disciplinadoras dos deveres dos arrendadores (ou arrendantes), que também se aplicam aos parceiros-outorgantes, nos termos do art. 48 do dito Regulamento.

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Art. 40. O arrendador é obrigado:

I - a entregar ao arrendatário o imóvel rural objeto do contrato, na data estabelecida ou segundo os usos e costumes da região;

II - a garantir ao arrendatário o uso e gozo do imóvel arrendado, durante todo o prazo do contrato (art. 92, § 1º, do Estatuto da Terra);

III- a fazer no imóvel, durante a vigência do contrato, as obras e reparos necessários; IV - a pagar as taxas, impostos, foros e toda e qualquer contribuição que incida ou venha incidir sobre o imóvel rural arrendado, se de outro modo não houver convencionado.

Apreciemos alguns poucos tópicos da matéria posta, cujos termos são bastante claros. O arrendador está obrigado a entregar o imóvel ao arrendatário, que dele usufruirá no prazo do contrato. Ao arrendatário incumbe fazer as benfeitorias necessárias para conservar o imóvel e permitir o seu uso adequado. Os encargos fiscais do imóvel rural são da responsabilidade do proprietário rural, caso não exista acordo em contrário.

É que a lei faculta às partes o acordo contratual para que todos os tributos ou parte deles, recaindo sobre a gleba arrendada, sejam pagos pelo arrendatário ou pelo parceiro-outorgado.

Cabe também mencionar mais um dever dos parceiros-outorgantes, conforme o § 1º do art. 48 do Regulamento do Estatuto da Terra, verbis: "Além das obrigações enumeradas no art. 40, o parceiro-outorgante assegurará ao parceiro-outorgado que residir no imóvel rural, e para atender ao uso exclusivo da família deste, casa de moradia higiênica e área suficiente para horta e criação de animais de pequeno porte (art. 96, IV, do Estatuto da Terra)".

Deveres dos arrendatários e dos parceiros-outorgados.

Outro artigo do Regulamento do Estatuto da Terra enumera os deveres dos arrendatários e dos parceiros-outorgados, a saber:

''Art. 41. O arrendatário é obrigado:

I - a pagar pontualmente o preço do arrendamento, pelo modo, nos prazos e locais ajustados;

II - a usar o imóvel rural, conforme o convencionado, ou presumido, e a tratá-la com o mesmo cuidado como se fosse seu, não podendo mudar sua destinação contratual;

III - a levar ao conhecimento do arrendador, imediatamente, qualquer ameaça ou ato de turbação ou esbulho que contra a sua posse vier a sofrer, e, ainda, de qualquer fato do qual resulte a necessidade da execução de obras e reparos indispensáveis à garantia do uso do imóvel rural;

(22)

IV - a fazer no imóvel, durante a vigência do contrato, as benfeitorias úteis e necessárias, salvo convenção em contrário;

V - a devolver o imóvel, ao término do contrato, tal como o recebeu, com seus acessórios, salvo as deteriorações naturais ao uso regular. O arrendatário será responsável por qualquer prejuízo resultante do uso predatório, culposo ou doloso, quer em relação à área cultivada, quer em relação às benfeitorias, equipamentos, máquinas, instrumentos de trabalho e quaisquer outros bens a ele cedidos pelo arrendador.

Vejamos algumas rápidas considerações a respeito.

Quanto ao inciso I, pagamento pontual do preço do arrendamento, note-se que nas parcerias o pagamento se resolve com a partilha dos frutos ou dos rebanhos.

No que diz respeito ao inciso II, o uso convencionado é o expressamente estipulado pelas partes contratantes, ao passo que o uso presumido se refere àqueles usos e costumes agrários próprios da região. O arrendatário ou parceiro-outorgado deve explorar o imóvel pela forma praticada na região.

As ameaças de esbulho ou turbação ou os reparos indispensáveis devem ser levados imediatamente ao conhecimento do arrendador ou do parceiro-outorgante. Quanto às benfeitorias úteis e necessárias, devem ser feitas, exceto havendo acordo em contrário.

Enfim, o último inciso proíbe o uso predatório, que causa dano, quer seja doloso, quer seja culposo. Outros deveres estão agregados pelo art. 44 do Regulamento: "O arrendatário que sai, extinto ou rescindido o contrato, permitirá ao que entra a prática dos atos necessários à realização dos trabalhos preparatórios para o ano seguinte. Da mesma forma, o que entra permitirá ao que sai todos os meios indispensáveis à ultimação da colheita, de acordo com os usos e costumes do lugar".

Os dispositivos acima comentados têm também aplicação às parcerias, nos termos do art. 48 do Regulamento.

Direitos dos arrendadores e dos parceiros-outorgantes

Os direitos dos arrendadores e dos parceiros-outorgantes correspondem evidentemente aos deveres dos arrendatários e dos parceiros-outorgados.

Afinal, assinale-se o teor do art. 42 do Decreto nº. 59.566/66, estatuindo que "o arrendador poderá se opor a cortes ou podas, se danosos aos fins florestais ou agrícolas a que se destina a gleba objetos do contrato”.

(23)

INCRA é a sigla do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, autarquia federal vinculada ao Ministério da Agricultura, com sede na Capital do País.

Foi criado pelo Decreto-Lei nº. 1.110, de 9 de julho de 1970, para assumir as atribuições, competências, direitos e responsabilidades do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (INDA) e do Grupo Executivo da Reforma Agrária (GERA), que foram extintos pelo citado decreto.

O CERTIFICADO DE CADASTRO

O imóvel rural necessita de ser cadastrado para que possa gozar das garantias e privilégios estatuídos pelo Código Agrário e seu Regulamento quanto aos contratos agrários.

Daí provém o certificado de cadastro resultante do registro do imóvel no Cadastro de Imóveis Rurais do INCRA.

Este se identifica com o recibo da entrega de uma declaração de propriedade do imóvel rural e também no recibo do ITR.

Cabe mencionar, a propósito, a Lei nº. 4.947, de 6 de abril de 1966, dispondo sobre o sistema de organização e funcionamento do IBRA, que continua tendo validade, embora com a substituição do IBRA pelo INCRA.

"Art. 22. A partir de 1º de janeiro de 1967, somente mediante apresentação do Certificado de Cadastro, expedido pelo IBRA e previsto na Lei nº. 4.504, de 30 de novembro de 1964, poderá o proprietário de qualquer imóvel rural pleitear as facilidades proporcionadas pelos órgãos federais de administração centralizada ou descentralizada, ou por empresas de economia mista de que a União possua a maioria das ações, e, bem assim, obter inscrição, aprovação e registro de projetos de colonização particular, no IBRA ou no INDA, ou aprovação de projetos de loteamento.

Entretanto o Decreto nº. 59.566/66, que regulamenta o Estatuto da Terra, ao mesmo tempo em que assegura a obrigatoriedade do certificado do registro, prescreve o seguinte (art. 9º),

DECLARAÇÃO DOS ARRENDANTES E DOS PARCEIROS RURAIS

Os arrendantes e os parceiros rurais devem prestar declarações ao INCRA sobre "a forma do contrato, se por instrumento público ou particular, data, local de assinatura e respectivo registro e demais informações.

(24)

Através de tal declaração o INCRA mantém o controle dos contratos agrários em todo o território nacional (Dec. n. 59.566/66, art. 10).

A previsão de que o IBRA (agora INCRA) não pudesse exercer essas múltiplas funções, até o prazo legal estabelecido, levou à prescrição do § 32 do art. 76:

"Aos que, até 12 de janeiro de 1968, não tiverem apresentado a declaração de arrendatário ou de parceiro, poderão fazê-lo na própria instituição financeira onde for solicitado o crédito rural" (Dec. nº. 59.566/66).

PAGAMENTO DE TAXA PARA FORNECIMENTO DO CERTIFICADO DE USO TEMPORÁRIO.

Arrendatários e parceiros-outorgados poderão obter um certificado de uso temporário concedido pelo INCRA mediante o pagamento de uma taxa.

Tal certificado contém as indicações fundamentais da ficha cadastral fornecida anteriormente ao INCRA.

Cabe ao INCRA confrontar as declarações dos arrendatários e dos parceiros diante das informações do proprietário do imóvel. Caso não atendam às normas da legislação agrária, as partes estão sujeitas às sanções penalidades previstas no próprio Decreto nº. 59.566/66 (art. 79, § 12):

a) aos arrendantes ou parceiros-outorgantes, a perda de condições para classificação de seus imóveis como empresa rural;

b) aos arrendatários ou aos parceiros-outorgados, a cassação do Certificado de Uso Temporário.

Tais penalidades persistem até o cumprimento das exigências requeridas.

ASSISTÊNCIA JURÍDICA AOS ARRENDATÁRIOS E PARCEIROS

O Regulamento do Estatuto da Terra, em seu art. 78, prevê a assistência jurídica aos arrendatários e parceiros, da seguinte maneira: "O IBRA poderá manter convênios com as Federações de Agricultura, os Sindicatos e as Federações de Trabalhadores na Agricultura, para possibilitar aos arrendatários e parceiros assistência jurídica, na defesa de seus interesses decorrentes dos contratos de uso temporário da terra".

É de lembrar que os promotores públicos já têm competência para patrocinar causas de interesse dos pobres nos meios rurais e urbanos, onde não existam órgãos para prestar assistência, tanto nas ações de acidentes do trabalho (Lei nº. 6.195, de 19-12-1974, e seu Regulamento, Dec. nº. 76.022/75) como nas questões trabalhistas (Dec.-Lei nº. 7.934, de

(25)

4-9-1945).

FISCALIZAÇÃO DOS CONTRATOS AGRÁRIOS

O INCRA não tem uma organização apropriada e dinâmica para a fiscalização dos contratos agrários, razão pela qual pode instrumentalizar convênios com as Prefeituras municipais, que agirão como intermediárias entre o INCRA e as partes em litígio ou reclamantes.

USO FRAUDULENTO DE DOCUMENTO OU CERTIFICADO FORNECIDO PELO INCRA

O uso fraudulento de certificado de cadastro, certificado de uso temporário, ou qualquer outro documento, expedido pelo INCRA, comprovando a propriedade rural ou direitos que lhe são relativos, constitui crime.

O crime é de ação pública, e a pena é severa. É o que está previsto no art. 19 da Lei nº. 4.497/66 - "reclusão de 2 a 6 anos", aumentando- se a pena de sexta parte quando o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo.

A RETOMADA DO IMÓVEL RURAL ARRENDADO

O arrendador pode exercer o direito de retomada do imóvel cedido em arrendamento, seja para si, seja para descendente seu, visando à exploração direta e pessoal.

Alguns requisitos são exigidos para a legalidade do direito de retomada:

1) o proprietário deve declarar a sua intenção de retomar o imóvel para explorá-lo diretamente, ou para cultivo direto e pessoal.

Entende-se por exploração direta aquela em que o beneficiário da exploração assume os riscos do empreendimento, custeando as despesas necessárias; por cultivo direto e pessoal entende-se a exploração direta na qual o proprietário, o arrendatário ou o parceiro, e seu conjunto familiar, residindo no imóvel e vivendo em mútua dependência, utilizam assalariados em número que não ultrapassa o número de membros ativos de tal conjunto familiar (arts. 7º e 8º do Dec. nº. 59.566/66);

2) o contrato agrícola deve estar para se vencer;

3) o arrendador deve fazer uma notificação ao arrendatário da sua intenção de retomada do imóvel, no prazo de 6 meses antes do vencimento do contrato.

(26)

A Lei nº 4.947/66, em seu art. 13, esclarece acerca dos princípios que devem ser observados em sede de contratos agrários.

Os contratos agrários obedecem a princípios peculiares e também àqueles que norteiam os contratos em geral. Com efeito, verifica-se que há uma preocupação com o homem que trabalha a terra e com a conservação dos recursos naturais. Daí se pode concluir que tais princípios são os seguintes.

a) Autonomia da vontade;

b) Força vinculante, refletido na máxima pacta sunt servanda;

c) Relatividade das convenções;

d) Proteção de quem trabalha a terra;

e) Conservação dos recursos naturais e proteção do meio ambiente.

FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE NOS CONTRATOS AGRÁRIOS

O art. 421 do CCB/2002 assim vaticina: "A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato."

A consagração da função social dos contratos retrata a preocupação com os efeitos exógenos do contrato. Hoje, existe uma tutela interna e outra externa do direito obrigacional.

A externa é consubstanciada por meio da interpretação funcionalizada dos contratos. Não devemos olvidar que o Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64) também tratou acerca do atendimento à função social da propriedade pelos imóveis rurais, quando eles obedecem, simultaneamente, aos critérios estabelecidos pelo art. 2º, § 1º.

Concluímos então que um dos instrumentos de que o Estado se utiliza para atingir a função social da propriedade é a utilização dos contratos agrários de forma correta.

Nessa ordem de ideias os contratos agrários constituem meios indiretos de intervenção do Estado na busca da função social da propriedade, eis que a especialização na disciplina de muitos de seus aspectos estruturais e funcionais cria condições para que, também nas relações privadas que neles se materializam, estejam presentes os princípios solidaristas compreendidos no princípio geral da função social.

Há de se ressaltar que a função social da propriedade é um princípio maior, sob o qual se compreendem diversos fins, constituindo uma soma complexa. Não basta tornar a terra produtiva, ou distribuí-la garantindo o acesso à terra. Além disso, é preciso tutelar as relações que tenham por objeto o solo, garantindo proteção às partes menos favorecidas,

(27)

a proteção ambienta!, o uso racional dos recursos, a proteção e resguardo das normas trabalhistas, porque na conquista de todos esses objetivos é que se assegura a efetividade da função social da propriedade.

Referências

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