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Abordagens das políticas públicas para a inclusão das pessoas com deficiência no Brasil

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Academic year: 2021

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Abordagens das políticas públicas

para a inclusão das pessoas com

deficiência no Brasil

Márcia Leite Borges1

José Ricardo Caetano Costa2 Resumo

O presente artigo tem por objetivo apresentar as principais posturas de políticas públicas que podem ser adotadas pelo Estado, buscando identificar qual delas melhor se adapta ao modelo brasileiro. O método selecionado para o seu desenvolvimento foi a pesquisa bibliográfica contemplando estudos relevantes que tratam sobre assunto e instituições governamentais, buscando criar um breve cenário da realidade do Estado brasileiro com relação à situação das pessoas com deficiência. A partir dos dados e das políticas analisadas, é certo que não há, no caso das pessoas com deficiência, uma

política social ou baseada em direitos. O que tem ocorrido

é uma oscilação, nos últimos anos, entre uma abordagem

fragmentada à formulação de políticas e um modelo de política máxima. Contudo, a partir do governo de Michel Temer,

tem se configurado pelo início da política do laissez-faire, de diversas formas, onde o Estado tem se utilizando do artifício de revisão do percentual de pessoas com deficiência no país, para justificar a abrupta redução das políticas públicas. Tal abordagem tem se consolidado no governo de Jair Bolsonaro a partir de janeiro de 2019. Além disso, mesmo a legislação se dizendo trabalhar com o modelo biopsicossocial, existe a predominância do modelo médico quando da sua aplicação. Palavras-chave: Políticas públicas, Deficiência, Neoliberalismo.

1 Doutora em Ciência Política pela Universidade Federal Fluminense. 2 Doutor em Serviço Social pela PUCRS. Professor da FADIR/FURG. Lider do Grupo de Pesquisa-Ação CIDIJUS – Cidadania, Direitos e Justiça, da FADIR/FURG.

V

OL

UME I | NÚMERO 3 | JUL

-DEZ / 2 0 19 EDIÇ Ã O E XTRA RECEBIDO EM: 01/01/2020 ACEITO EM: 03/05/2020

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Public policy approaches for inclusion of disabled people in Brazil

Abstract

This article aims to present the main public policy stances that can be adopted by the State, seeking to identify which one best fits the Brazilian model. The method selected for its development was the bibliographic research contemplating relevant studies dealing with the subject and government institutions, seeking to create a brief scenario of the reality of the Brazilian State in relation to the situation of people with disabilities. From the data and policies analyzed, it is certain that there is no social or rights-based policy for persons with disabilities. What has been happening is an oscillation in recent years between a fragmented approach to policy making and a maximum policy model. However, since the government of Michel Temer, it has been shaped by the beginning of laissez-faire policy, in many ways, where the state has been using the artifice of revising the percentage of people with disabilities in the country, to justify the abrupt reduction. of public policies. Such an approach has been consolidated in Jair Bolsonaro’s government since January 2019. In addition, even though the legislation is said to work with the biopsychosocial model, there is a predominance of the medical model when applied.

Keywords: Public policies, Disability, Neoliberalism.

Enfoques de política pública para la inclusión de personas con

discapacidad en Brasil

Resúmen

Este artículo tiene como objetivo presentar las principales posturas de política pública que puede adoptar el Estado, buscando identificar cuál se ajusta mejor al modelo brasileño. El método seleccionado para su desarrollo fue la investigación bibliográfica que contemplaba estudios relevantes sobre el tema y las instituciones gubernamentales, buscando crear un breve escenario de la realidad del Estado brasileño en relación con la situación de las personas con discapacidad. A partir de los datos y las políticas analizadas, es cierto que no existe una política social o de derechos para las personas con discapacidad. Lo que ha estado sucediendo es una oscilación en los últimos años entre un enfoque fragmentado para la formulación de políticas y un modelo máximo de políticas. Sin embargo, desde el gobierno de Michel Temer, ha sido moldeado por el comienzo de la política de laissez-faire, en muchos sentidos, donde el estado ha estado utilizando el artificio de revisar el porcentaje de personas con discapacidad en el país, para justificar la reducción abrupta. de políticas públicas. Tal enfoque se ha consolidado en el gobierno de Jair Bolsonaro desde enero de 2019. Además, aunque la legislación afirma que funciona con el modelo biopsicosocial, hay un predominio del modelo médico cuando se aplica.

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SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO; 2 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA; 3

RETROCESSO NA UTILIZAÇÃO DO CONCEITO DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA PELO IBGE EM 2018; 4 PENSANDO A REALIDADE DA POLÍTICA PÚBLICA NO BRASIL; 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS; REFERÊNCIAS.

1 INTRODUÇÃO

O Estado deve assumir o papel de protagonista na inclusão socioeconômica das pessoas com deficiência, personificadas na forma de políticas públicas. O conceito de política pública não é uno. Contudo, mesmo seguindo por abordagens diferentes, eles adotam uma perspectiva ampla, não se limitando apenas a observar os elementos que constituem a sociedade de forma separada, mas isso não significa que sua importância seja subestimada.

Na questão, quanto à forma como são elaboradas as políticas públicas, diversos são os autores que tratam e descrevem os passos essenciais no caminho de sua elaboração. Contudo, primeiramente é preciso compreender que tanto as ações estatais como as suas omissões, representam, em grande parte, as percepções da sociedade quanto às questões da deficiência. Por esta razão, o presente artigo tem por objetivo apresentar as principais posturas de políticas públicas que podem ser adotadas pelo Estado, buscando identificar qual delas melhor de adapta ao modelo brasileiro. A estratégia metodológica utilizada foi uma pesquisa bibliográfica entre os autores relevantes que tratam sobre o assunto e com as principais instituições governamentais, criando um breve cenário da realidade brasileira com relação à situação das pessoas com deficiência e às políticas públicas.

O trabalho está dividido em três tópicos. O primeiro tópico trata das políticas públicas trazendo as abordagens relacionadas ao tratamento que o Estado dá às questões das pessoas com deficiência, de acordo com Drake. O segundo tópico, apresenta uma discussão a respeito do retrocesso do conceito de pessoa com deficiência, a partir da revisão do Indicador de Pessoas com Deficiência feita pelo IBGE em 2018, que reduziu o percentual de 23,9% para 6,9% de pessoas com deficiência no Brasil. O terceiro tópico traz o resultado da implementação de algumas ações do Estado com relação à deficiência.

2 POLÍTICAS PÚBLICAS E AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Para entender as políticas públicas é necessária a identificação de “quem participa da política, como as decisões do governo são tomadas, quem mais se beneficia com essas decisões” (LASWELL, 2005, p. 03). Elas “são uma das resultantes da atividade política: compreendem o conjunto das decisões e ações relativas à alocação imperativa de valores envolvendo bens públicos” (RUA, 1998, p. 19), sendo

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que sua formulação abarca inúmeras ações até ser finalmente implementada. Para Cochran et. al. (2011) as políticas públicas são:

[...] um conjunto de ações do governo que inclui, mas não se limita a, leis e é definido em termos de um objetivo ou propósito comum. [...] Fazer política requer escolher entre metas e alternativas, e escolha sempre envolve intenção [...] A política pública [...] está basicamente enraizada na lei, na autoridade e na coerção associada à lei (COCHRAN, 2011, p. 1-2).

Di Giovanni (2009, p. 4-5), conceitua a política pública como “uma forma contemporânea de exercício do poder nas sociedades democráticas”, sendo um espaço de relação entre o Estado e a Sociedade Civil. É imprescindível lembrar que as políticas públicas são “públicas” (não privadas ou apenas coletivas), sendo que essa dimensão “é dada não pelo tamanho do agregado social sobre o qual incidem, mas pelo seu caráter ‘imperativo’ [...] são decisões e ações revestidas da autoridade soberana do poder público” (RUA, 1998, p. 2).

Outra definição muito disseminada é a apresentada por Souza (2006), que compreende a política pública como “o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação [...] e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações” (SOUZA, 2006, p. 26). Nos termos desta investigação, o conceito de política pública utilizado teve a junção entre a definição elaborado por Souza (2006) com aquela apresentada por Dye (1984, p. 3) que define a política pública como “o que os governos escolhem fazer ou não fazer”. Ou seja, é a ação do Estado referindo-se aos seus interesses e estratégias, mas não só isso, ela é ultrapassada abrangendo também a sua omissão sobre determinados assuntos ou problemáticas.

Quando se trata da construção das políticas, esta envolve “formas de exercício de poder político, [...] a distribuição e redistribuição de poder, o papel do conflito social nos processos de decisão, a repartição de custos e benefícios sociais” (TEIXEIRA, 2002, p. 2). Elas são elaboradas em meio a um ambiente de conflito caracterizado por “relações de poder, extremamente problemáticas, entre atores do Estado e da sociedade, entre agências intersetoriais, entre os poderes do Estado, entre o nível nacional e níveis subnacionais, entre comunidade política e burocracia” (RUA, 2014, p. 36). O Estado aqui é apresentado como “um sistema político - administrativo, cujas atividades se desenvolvem em diferentes níveis, envolvendo diferentes atores e quadros de regras” (RODRIGUES, 2017, p. 17).

A análise destas políticas é uma atividade política e social, que se desenrola através da junção de conhecimentos provenientes de diversas áreas de estudo, com o intuito de analisar e buscar a solução dos problemas apresentados pelas políticas. Tal processo, envolve uma grande quantidade de atividades que estão relacionadas com a apreciação das causas e consequências da ação do governo (DAGNINO, 2004).

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As políticas públicas podem ser classificadas de acordo com a sua natureza ou seu grau de intervenção. Em consonância com o afirmado anteriormente, podemos distinguir entre “estruturais” que objetivam afetar relações estruturais como o rendimento, e a propriedade; e políticas “conjunturais ou emergenciais” que visam abrandar situações problemáticas emergenciais (TEIXEIRA, 2002).

É, ainda admissível, classificar as políticas de acordo com a abrangência dos resultados, sendo possível políticas “universais” que abrangem todos os indivíduos, sem distinção de grupos; “segmentais” quando direcionadas a determinados segmentos da população identificados com base num determinado fator, como a idade e o gênero; políticas “fragmentadas” quando direcionadas a determinados grupos sociais dentro dos diversos segmentos da população (TEIXEIRA, 2002).

Lowi (1972), desenvolveu uma importante tipologia de política pública, afirmando que esta pode assumir quatro formatos, tendo em conta os seus impactos nos beneficiários destas políticas: políticas distributivas, políticas constitutivas, políticas regulatórias e políticas redistributivas. As políticas distributivas correspondem às decisões que o governo toma privilegiando determinados grupos sociais ou regiões e cujos impactos são individuais e não universais. As políticas regulatórias são formuladas com o intuito de criar normas, envolvendo burocracia e grupos de interesse. As políticas constitutivas lidam com procedimentos (SOUZA, 2006). Já as políticas redistributivas caracterizam-se por atingirem um “maior número de pessoas e imporem perdas concretas e no curto prazo para certos grupos sociais, e ganhos incertos e futuro para outros; são, em geral, as políticas sociais” (SOUZA, 2006, p. 29).

As políticas públicas destinadas às pessoas com deficiência são essencialmente estruturais, segmentais e redistributivas, pois como apresentado acima, destinam-se a um determinado grupo social (no caso, as pessoas com deficiência) e buscam compensar as perdas concretas e possibilitar ganhos futuros, que seriam incertos sem estas políticas. Segundo Drake (1999), o Estado pode seguir cinco tipos de abordagens em relação às políticas públicas, com relação especificamente às pessoas com deficiência: o modelo de política negativa, o modelo de política do laissez-faire, a abordagem fragmentada à formulação de políticas, o modelo de política máxima e o modelo de política social ou baseada em direitos.

O primeiro modelo é o de política negativa, muito utilizado no decorrer da história, quando os Estados negavam efetivamente os direitos das pessoas com deficiência. Neste modelo as políticas públicas são projetadas para ignorar as problemáticas relacionadas à incapacidade, a institucionalização e até mesmo se desfazer do suposto “problema” que pode ser a deficiência. Pode-se claramente exemplificar este modelo através das ações realizadas durante a Segunda Guerra Mundial pelos Nazistas que ou realizaram o genocídio ou à exclusão das pessoas com incapacidade do convívio social colocando-as em instituições.

O segundo modelo é denominado de política do laissez-faire, e tem como base a participação mínima do Estado na resolução das problemáticas envolvidas na vida das pessoas com deficiência. De acordo com Nobre (2014, s. p.) no “Estado do

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Laissez Faire” totalmente inconcebível que se obrigasse as empresas a contratarem

um determinado grupo de pessoas como política pública para a sua inclusão social”, ou seja, nesta premissa, as pessoas com deficiência não teriam apoio em forma de ações estatais para competirem em igualdade de condições em uma sociedade projetada para pessoas sem deficiência (DRAKE, 1999).A China é um bom exemplo deste modelo, tendo em vista a falta de tolerância com as pessoas que se diferem fisicamente ou cognitivamente dos chamados “tipos ideais”. Em 2008, foi aprovada uma lei que proíbe a discriminação de pessoas com deficiência na China e neste mesmo ano ocorreu a realização dos Jogos Paraolímpicos em Pequim. Com estes acontecimentos, criou-se uma expectativa sobre a mudança de percepção do Estado e da sociedade quanto as pessoas com deficiência. No entanto, o que aconteceu foi a retirada dos mendigos, entre eles pessoas com deficiência, dos locais públicos durante o evento “para não manchar o rosto da capital.

Mas então, qual a diferença do modelo de política negativa para o modelo

Laissez Faire? A diferença está, principalmente, na intenção do governo, no primeiro

modelo as pessoas com deficiência são tratadas de forma diferente, o governo assume uma postura negativa, com ações desumanas em relação a elas. Já no segundo modelo, o Estado não executa ação alguma, negligenciando as demandas das pessoas com deficiência, impossibilitando que as desvantagens criadas pelas barreiras arquitetônicas, ambientais, físicas e sociais, sejam superadas obstruindo a participação efetiva destas pessoas em sociedade.

Um terceiro modelo é a abordagem fragmentada à formulação de políticas, onde o Estado reconhece a ineficiência da institucionalização das pessoas com deficiência, voltando-se, então para políticas que possibilitassem sua “integração” na sociedade. Deve ficar claro que, “por ‘sociedade’ entende-se o ambiente social e físico construído por e para uma população essencialmente sem deficiência” (DRAKE, 1999, p. 40) e que a deficiência ainda é entendida como uma questão individual e medicalizada, não relacionando à construção da sociedade, ou seja, o Estado dá uma pequena “resposta à incapacidade, mas apenas de maneira relutante e aleatória, talvez sendo provocada à ação como resultado de pressão e circunstância, e não por qualquer desejo de construir e implementar uma coerente e cuidadosamente planejada estratégia (DRAKE, 1999, p. 35). Neste modelo qualquer tipo de resposta a deficiência é fragmentado, sendo promovidas por várias instâncias governamentais, não havendo articulação, nem diálogo entre si, tornando sua implementação difícil e o seu resultado pouco eficiente, comprometendo sua efetividade.

No modelo de política máxima o Estado busca reconhecer e atender de forma integrada o que acredita ser desvantagens provenientes da deficiência gerada pela incapacidade individual, porém “o foco permanece na necessidade de mudanças na fisiologia dos indivíduos com deficiência, e a resposta envolve a construção e a manutenção de rede de serviços paliativos” (DRAJE, 1999, p. 36). Como consequência, “mesmo os serviços destinados a integrar pessoas com deficiência começam identificando-os e rotulando-os, [...], segregando-os (conceitualmente, se

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não espiritualmente) da sociedade em geral” (Drake, 1999, p. 36). A Suécia pode ser colocada como exemplo de país que executa este modelo.

O último modelo é o de política social ou baseada em direitos, ao contrário dos modelos anteriores, o Estado aborda a deficiência como uma questão social onde o ambiente da sociedade foi construído por uma população essencialmente sem deficiência” para “pessoas sem deficiência” e por esta razão ele tem a obrigação de construir ações que garantam a construção da cidadania e da adaptação da sociedade em moldes de acessibilidade a todos. Somente um modelo de política que garanta direitos iguais e igualdade de oportunidades para pessoas com deficiência pode afirmar e garantir sua cidadania. (DRAKE, 1999, p. 36), porém, nem sempre “há compatibilidade entre as intervenções e declarações de vontade e as ações desenvolvidas” (TEIXEIRA, 2002, p. 2). Os Estados Unidos são, ao menos na teoria, um bom exemplo do modelo de políticas baseadas em direitos para as pessoas com deficiência.

Além de existir, a legislação está afinada com as demandas das pessoas com deficiência, porque ela é fruto de suas reivindicações. Além disso, a sociedade está se posicionando a favor da capacidade e da inclusão das pessoas com deficiência e aos poucos estão sendo refutados os estigmas que durante muito tempo estiveram presentes no dia-a-dia. É claro que, é difícil encontrar um Estado com um modelo puro de política, o hibridismo se faz presente, dando ênfase a um ou outro modelo de política.

3 RETROCESSO NA UTILIZAÇÃO DO CONCEITO DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA PELO IBGE EM 2018

Em 2015, foi sancionada a Lei nº 13.146, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, que trouxe o conceito de pessoa com deficiência, tendo como base a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que ocorreu em 2006 e foi ratificada pelo Brasil, em 2008. Segundo este Estatuto, pessoa com deficiência é “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas” (BRASIL, 2015, Art. 2º).3

A referida Lei, ainda, apresenta que a avaliação da deficiência deve seguir o modelo biopsicossocial, a ser realizada por equipe interdisciplinar, onde devem ser considerados os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; a limitação no desempenho de atividades; e a restrição de participação (BRASIL, 2015, Art. 2º, § 1º). Ou seja, a abordagem biopsicossocial, realiza uma junção do modelo médico (em sua perspectiva biológica)

3 Para uma análise da aplicação da perícia biopsicossocial noa benefícios previdenciários ver Costa (2018) e Mauss e Costa, 2018.

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com o modelo social (na perspectiva da deficiência como construída social e política) (BORGES, 2019).

Pensando no conceito de pessoa com deficiência e na adoção pela legislação do modelo biopsicossocial, um tópico de extrema relevância é questionar a revisão do percentual de pessoas com deficiência na população, pelo IBGE, em 2018, apresentada na publicação “Panorama Nacional e Internacional da Produção de Indicadores Sociais”. Na revisão, em questão, o percentual de pessoas com deficiência seria, não os 23,9% apresentados pelo Censo realizado em 2010, mas, sim 6,9% da população. A justificativa para tal reanálise do indicador de pessoas com deficiência, apresentada em 2010, foi a de que, na ocasião, entraram no cálculo todas as pessoas que responderam ter ao menos “alguma dificuldade”, ter “muita dificuldade” ou “não consegue de modo algum” em relação à deficiência visual, auditiva, motora. A reanálise foi realizada retirando do cálculo do indicador os indivíduos que responderam possuir “alguma dificuldade” (IBGE, 2018).

Abstrair os indivíduos que responderam ter ao menos “alguma dificuldade” pode ser considerado, no mínimo, um contrassenso, tendo em conta que os recenseadores do IBGE, em 2010, tinham como instrução assinalar a resposta “sim, tem alguma dificuldade” para deficiência visual a “pessoa que se [...] [declarasse] com alguma dificuldade permanente para enxergar, mesmo com o uso de óculos ou lentes de contato” (IBGE, 2018, p. 151); na deficiência auditiva a “pessoa que se [...] [declarasse] com alguma dificuldade para ouvir, mesmo com o uso de aparelho auditivo” (2018, p. 151); deficiência motora a “pessoa que se [...] [declarasse] com alguma dificuldade de caminhar e/ou subir degraus sem ajuda de outra pessoa, mesmo com o uso de prótese ou aparelho auxiliar” (2018, p. 151). As características apresentadas nestas respostas se enquadram no conceito de pessoa com deficiência, de forma muito clara, sem precisar de nenhum desconforto para enquadrá-las na definição legal.

Na situação de deficiência mental ou intelectual, a construção do indicador de pessoa com deficiência, em 2010, já apresentava sérios problemas, pois a seguinte pergunta era realizada: “Tem alguma deficiência mental/intelectual permanente que limite as suas atividades habituais, como trabalhar, ir à escola, brincar etc.?” (IBGE, 2018, p. 151). A resposta era “sim”, quando “[...] [fosse] declarada a existência de deficiência mental permanente que [...] [dificultasse] a realização de atividades diárias” (IBGE, 2018, p. 151). O grande problema é que, naquele momento, a resposta “não” era assinalada “mesmo quando a pessoa [...] [possuísse] perturbações ou doenças mentais, tais como: autismo, neurose, esquizofrenia e psicose” (2018, p. 151).

Como pode ser observado, não foram consideradas no cálculo do indicador de pessoa com deficiência, e nem se tem o real número, naquele momento, das pessoas com autismo, esquizofrenia, psicose, entre outras. Somente em 2012, por exemplo, o autista foi considerado “pessoa com deficiência” (Lei 12.764/2012) e, de fato, implementada para estes e para os demais não considerados no censo de 2010, a partir do Estatuto da Pessoa com Deficiência, em 2015.

A abstração destes indivíduos, inicialmente em 2010, restringindo àquelas com perturbações e doenças mentais, e posteriormente, em 2018, com a revisão do

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indicador retirando as pessoas com “alguma dificuldade” da conta, é uma forma descarada de restringir as ações governamentais para a inclusão e melhoria na qualidade de vida das pessoas com deficiência no Brasil.

4 PENSANDO A REALIDADE DA POLÍTICA PÚBLICA NO BRASIL

De acordo com o Censo do IBGE (2010), 23,9% da população brasileira tem algum tipo de deficiência. Quando constatado que um percentual tão alto da sociedade pertence a esse grupo, seria lógico pensar que o Estado trabalharia na elaborar ações que os contemplasse e melhorasse a sua qualidade de vida. A revisão do indicador de pessoa com deficiência realizado pelo IBGE, em 2018, consegue demonstrar, claramente, as intenções do Estado brasileiro e auxilia no enquadramento da realidade brasileira em um dos tipos das abordagens nas ações estatais descritas por Drake (1999) sobre às questões da deficiência.

Uma problemática que pode ser analisada é a acessibilidade no transporte público do país, tendo em vista possibilitar, em grande medida, o direito de ir e vir das pessoas com deficiência. De acordo com o Decreto 5.296/2004 que regulamenta a Lei 10.098/2000 “a frota de veículos de transporte coletivo rodoviário e a infraestrutura dos serviços deste transporte deverão estar totalmente acessíveis no prazo máximo de cento e vinte meses a contar da data de publicação deste Decreto” (BRASIL, 2004, Art. 38, § 3º). Ou seja, até o ano de 2014 o transporte deveria ser totalmente acessível às pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida. Nesse sentido, o IBGE, em 2017, realizou a Pesquisa de Informações Básicas Municipais realizada pelo, apresentou o cenário nacional no quesito “acessibilidade da frota de transporte público”.

Gráfico 1 - Brasil: acessibilidade da frota de transporte público dos municípios

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O percentual de acessibilidade da frota de transporte nos municípios brasileiros, demonstrado no gráfico acima, deixa clara a falta de preocupação com a legislação e a falta de respeito com as pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida. Dos 1679 municípios que possuem o serviço de transporte coletivo interno apenas 197 municípios contavam com sua frota totalmente adaptada (11,7%), 820 tinham sua frota parcialmente adaptada (48,8%) e o total de 662 municípios não possuíam frotas com adaptação alguma (39,5%) (IBGE, 2017).

Outra questão tem relação com o aumento do percentual de eleitores com alguma deficiência no ano de 2018. Atualmente, são portadores de título eleitoral 940.630 pessoas com deficiência. Entretanto, apenas 10% das sessões eleitorais são adaptadas (TSE, 2018).

Mas o que dizer de um Estado que se coloca como agente fiscalizador da ação privada, mas que não cumpre a legislação? Este é o caso do Estado brasileiro em relação as vagas destinadas às pessoas com deficiência. Segundo o Ministério do trabalho e emprego (2017), a administração pública foi o setor que menos preencheu as vagas destinadas às pessoas com deficiência. Os números apresentados pela RAIS de 2017 demonstram que, de um total de 21.800 vagas, apenas 11% foram preenchidas (MTE, 2017).

Além disso, as políticas públicas que objetivam a inclusão e acessibilidade da pessoa com deficiência na sociedade tem oscilado muito, e os investimentos para este fim, sofreram no último ano uma queda abrupta. Neste sentido, buscou-se informações sobre como está a implementação do Programa Viver Sem Limites. Este programa foi implementado como uma ação estratégica que buscava promover, educação, saúde, acessibilidade e inclusão social em benefício das pessoas com deficiência. Porém, o gráfico 2 demonstra a redução gastos governamentais com o programa a partir de 2018.

Gráfico 2 - Brasil: evolução histórica dos gastos com o programa viver sem limites 2014/2017

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O ano de 2017 teve o maior volume de gastos com o programa, correspondendo a um total de R$ 605.911.098,48. A partir daí, a queda foi drástica. Em 2018, os gastos foram de R$ 67.645.711,57. Na tentativa de verificar a manutenção, ou a redução dos gastos com o programa identificou-se os quatro primeiros meses do ano de 2017 e 2018 para comparar ao volume gasto nos quatro meses de 2019 (gráfico 3).

Gráfico 3 - Brasil: gastos com o programa viver sem limite nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril, 2017, 2018 e 2019

Fonte: Brasil, 2019.

A diferença entre os gastos governamentais realizados nos quatro primeiros meses dos três anos analisados (2017, 2018 e 2019) é abrupta, como pode ser identificado no gráfico 3. Enquanto os gastos dos meses analisados ficaram em torno de R$ 227.761.982,00 em 2017, em 2018 caem para R$ 23.946.581,88 e em 2019 somam apenas R$ 3.011.505,32 e não tem expectativa de superar a cifra de R$ 15.000.00,00 mantendo este patamar de gastos.

A redução brusca no Programa Viver Sem Limites, cuja profissionalização das pessoas com deficiência era um dos grandes objetivos, demonstra o desinteresse governamental na inclusão nestes últimos 16 meses. O Interesse em inclusão que se iniciou, de forma efetiva, a partir de 2011 com o início do programa, aparentemente não se manteve e os investimentos que já foram escassos no governo de Michel Temer está praticamente sendo extinguido no governo de Jair Bolsonaro, empossado em janeiro de 2019.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo do presente trabalho, buscou-se apresentar as principais posturas de políticas públicas destinadas às pessoas com deficiência, segundo Drake (1999), que

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podem ser adotadas pelo Estado, identificando qual delas melhor de adapta ao modelo brasileiro. Analisando os dados coletados, é certo que não há uma política social ou baseada em direitos. A ação estatal tem oscilado, nos últimos anos, entre uma abordagem fragmentada à formulação de políticas e um modelo de política máxima, ou seja, mesmo a legislação se dizendo trabalhar com o modelo biopsicossocial, existe a predominância do modelo médico quando da sua aplicação.

Contudo, a partir do governo de Michel Temer, como pode ser observado a partir dos dados apresentados sobre o “Programa Viver sem Limites”, tem se configurado o início da política do laissez-faire, de diversas formas. Tal abordagem está se consolidando no governo do presidente Jair Bolsonaro. É possível pensar que o Estado tem utilizando, como um dos artifícios para justificar a abrupta redução das políticas públicas, a revisão do indicador de pessoas com deficiência utilizado pelo IBGE, no Censo em 2010.

O novo cálculo do indicador, apresentado em 2018, pelo IBGE, maquiou um grande percentual de pessoas com deficiência, abstraindo, do censo de 2010, aqueles indivíduos que afirmaram ter “alguma dificuldade” visual, auditiva ou física, mesmo com a utilização de próteses ou equipamentos auxiliares. Esta revisão é, no mínimo, um contrassenso, tendo em conta que grande parte das pessoas com deficiência mental/intelectual não foram contabilizadas em 2010, por exemplo os autistas. Uma revisão coerente empregando o modelo biopsicossocial, tenderia a incrementar o percentual de pessoas com deficiência na população brasileira, o que, em tese, pressionaria a construção e implementação de ações estatais voltadas a esse público. Então, a redução, de forma artificial, do número de pessoas com deficiência, deturpando o conceito legal de pessoa com deficiência, pode ser uma cortina de fumaça para o descaso do governo para com as pessoas com deficiência no país. REFERÊNCIAS

BORGES, M.L. Inclusão Socioeconômica das Pessoas com Deficiência: as políticas públicas de inclusão através do mercado de trabalho. (tese de doutorado). Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense – UFF, 2019.

BRASIL. Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas

que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências, 2004. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5296.htm. Acesso em: 10 dez. 2019.

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BRASIL. Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, 2012. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12764.htm. Acesso em: 10 dez. 2019.

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