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Análise da Coexistência de Sorotipos de Dengue

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Academic year: 2021

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An´

alise da Coexistˆ

encia de Sorotipos de Dengue

Thomas Nogueira Vilches †

, Claudia Pio Ferreira,

Depto. de Bioestat´ıstica, IBB, UNESP 18618-970 - Botucatu, SP

E-mail: thomas−vilches@ibb.unesp.br, pio@ibb.unesp.br

Resumo: Apresenta-se um modelo compartimental para dengue levando em considera¸c˜ao a popula¸c˜ao humana, a popula¸c˜ao de mosquitos e dois sorotipos do v´ırus circulando entre as popu-la¸c˜oes. A seguir comenta-se as an´alises para um caso particular do modelo, apresentadas em [1]. Por fim mostra-se os resultados das simula¸c˜oes para diferentes conjuntos de prˆametros do modelo.

Palavras-chave: Epidemiologia, Simula¸c˜ao

A Dengue ´e uma doen¸ca transmitida atrav´es de um vetor, sendo o mosquito Aedes aegypti o principal deles. Existem quatro sorotipos do v´ırus circulando entre as popula¸c˜oes, sendo que a infec¸c˜ao por um sorotipo produz uma imunidade permanente ao mesmo, mas aparentemente com rela¸c˜ao aos outros sorotipos a imunidade ´e tempor´aria [1]. Sabe-se que o controle do vetor, a imunidade e o ambiente podem atuar sobre a dissemina¸c˜ao da doen¸ca, e infec¸c˜oes secund´arias aumentam a probabilidade da pessoa desenvolver um quadro de dengue hemorr´agica. Neste caso, o n´umero de casos fatais pode ser menor que 1% se houver tratamento e exceder 20% na absten¸c˜ao do mesmo [2].

Na Am´erica do Sul e do Norte h´a a ocorrˆencia de todos os sorotipos do v´ırus da Dengue. Em particular, no Brasil j´a existem os quatro sorotipos, e somos respons´aveis por 60% dos casos de Dengue no mundo, e 80% na Am´erica do Sul. Sendo assim, o Brasil participa do Programa de Combate `a Dengue. Infelizmente, muitos fatores levam o programa a n˜ao ser t˜ao eficaz, por exemplo, a capacidade adaptativa do vetor, a insuficiˆencia de tecnologia para o controle, a for¸ca de transmiss˜ao do v´ırus, a existˆencia de quatro sorotipos, o desenvolvimento de resistˆencia por parte do vetor e outros [3]. Assim ´e muito importante estudar a dinˆamica da transmiss˜ao da dengue e como se d´a a intera¸c˜ao entre os sorotipos de v´ırus existentes.

O objetivo desde trabalho ´e apresentar um modelo te´orico que seja capaz de descrever a dinˆamica da doen¸ca e estudar atrav´es de uma abordagem anal´ıtica e num´erica quais as condi¸c˜oes necess´arias para permanˆencia ou desaparecimento de um determinado sorotipo. Para tanto foi proposto a divis˜ao da popula¸c˜ao humana e do vetor nas seguintes classes: sejam S os indiv´ıduos suscet´ıveis, I1 os indiv´ıduos infectados pelo primeiro sorotipo do vetor, I2 os infectados pelo

segundo sorotipo do vetor, R1 os recuperados do primeiro tipo da doen¸ca, R2 os recuperados do

segundo tipo da doen¸ca, I12 os indiv´ıduos que se recuperaram do primeiro sorotipo de v´ırus e se

infectaram com o segundo, I21 os indiv´ıduos que se recuperaram do segundo sorotipo de v´ırus e

se infectaram com o primeiro, e R s˜ao os indiv´ıduos que se recuperaram dos dois sorotipos do v´ırus. Na popula¸c˜ao de vetor VS, VI1 e VI2 s˜ao os vetores suscet´ıveis, infectados pelo primeiro

sorotipo e infectados pelo segundo sorotipo, respectivamente. O modelo compartimental proposto ´e apresentado na Figura 1.

FAPESP 2009/15098-0FAPESP 2013/01552-7

(2)

S

I

I

R

R

R

I

I

1 1 1 2 2 21 2

V

V

V

S I2 1 λ λ 1 2 γ γ I λ λ 2 1 1 2 γ 2 γ 1 δ V V V V I1 I1 I2 I2 (I1+ I21) δ(I2+ I21) φ µ µ µ µ µ µ µ µm µ µm µm+α µ σ σ1 2 + + + +α α β β

Figura 1: Diagrama de compartimentos para o modelo proposto.

E em termos de equa¸c˜oes diferenciais pode ser escrito como: dS dt = µ − λ1VI1S− λ2VI2S− µS, dI1 dt = λ1VI1− (µ + γ1)I1, dI2 dt = λ2VI2− (µ + γ2)I2, dR1 dt = γ1I1− σλ2VI2R1− µR1, dR2 dt = γ2I2− σλ1VI1R2− µR2, (1) dI12 dt = σλ2VI2R1− (γ2+ µ + β)I12, dI21 dt = σλ1VI1R2− (γ1+ µ + β)I21, dR dt = γ2I12+ γ1I21− µR, dVS dt = φ − δ1(I1+ I21)VS− δ2(I2+ I12)VS− (µm+ α)VS, dVI1 dt = δ1(I1+ I21)VS− (µm+ α)VI1, dVI2 dt = δ2(I2+ I12)VS− (µm+ α)VI2,

nas quais os indiv´ıduos suscet´ıveis s˜ao infectados a uma taxa λ1e λ2 pelos sorotipos de v´ırus um

e dois, respectivamente; os infectados de cada sorotipo se recuperam a taxas γ1 e γ2, formando

assim os compartimentos R1 e R2. Estes podem ser infectados pelo outro sorotipo de v´ırus,

sendo que a primeira infec¸c˜ao pode ou n˜ao facilitar a segunda infec¸c˜ao, parˆametro σ. Estes infectados secund´arios se recuperam `as taxas γ1 e γ2, formando assim o compartimento R. O

parˆametro β, nas classes I12 e I21, corresponde `a taxa de mortalidade adicional causada pela

doen¸ca.

Os parˆametros relacionados ao vetor s˜ao φ que ´e uma taxa de reposi¸c˜ao, δ1 e δ2 que s˜ao as

(3)

parˆametro relacionado `as tentativas de controle da popula¸c˜ao de mosquitos, como por exemplo a fiscaliza¸c˜ao de residˆencias e com´ercios.

Os intervalos dos parˆametros se encontram na Tabela 1 [3].

Tabela 1: Parˆametros utilizados no modelo, significado e valores adotados nas simula¸c˜oes [3].

Parˆametro Significado Valores

µ taxa de natalidade/mortalidade humana 10−4− 10−5dia−1 λ taxa de transmiss˜ao entre o vetor VI e os humanos S 0,70-1 dia−1 γ taxa de recupera¸c˜ao dos humanos 0,080-0,25 dia−1

φ taxa de oviposi¸c˜ao 0,01-1.0 dia−1

δ taxa de transmiss˜ao entre o vetor Vse od humano I 0,6-0,9 dia−1

µm taxa de mortalidade do vetor 0,02-0,09 dia−1

α taxa de controle 0-1 dia−1

β taxa de mortalidade causada pela infec¸c˜ao secund´aria 0,01-0,2 dias−1

σ influˆencia da imunidade cruzada a determinar

As solu¸c˜oes de equil´ıbrio do sistema (1) podem ser encontradas igualando as equa¸c˜oes diferenciais a zero, sendo estas:

1. ausˆencia do vetor e dos v´ırus dada por E0 = (1, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0),

2. ausˆencia dos v´ırus dada por E1 = (1, 0, 0, 0, 0, 0, 0, 0, µ φ

m+α,0, 0),

3. ausˆencia do v´ırus do tipo 2 dada por E2 = (S∗, I1∗,0, R∗1,0, 0, 0, VI1∗,0),

4. ausˆencia do v´ırus do tipo 1 dada por E3 = (S∗,0, I2∗,0, R∗2,0, 0, 0, VI2∗),

5. coexistˆencia das popula¸c˜oes dada por E4 = (S∗, I1∗, I2∗, R∗1, R∗2, I12∗ , I21∗ , VI1∗, VI2∗).

A dinˆamica da dengue numa popula¸c˜ao em que h´a ocorrˆencia de apenas um sorotipo j´a foi an´alisada em [4], onde obteve-se:

S∗= µ(M L + M 2 i) λiδiL− λiM Gµ+ µ (M L + M2Gλi) , Ii∗ = λiµδiL− M Gµ 2λ i GλiδiL− M G2λiµ+ µ (M L + M2Gλi) , Ri∗= λiδiL− M Gµλi GλiδiL− M G2λiµ+ µ (M L + M2Gλi) , Vs∗= GφδiLλi− M G 2φλ iµ+ µGφ(M L + M2Gλi) λiδi2Lµ− M Gδiλiµ2+ M GλiδiL− M2G2µλi+ M Gµ (M L + M2Gλi) , VIi∗ = δiL− M Gµ M L− M2 i , e M = µm+ α, Gi = µ + γi e Li= φλiµ, para i = {1, 2}.

A an´alise de estabilidade de cada ponto de equil´ıbrio pode ser feita atrav´es da matriz Jaco-biana do sistema, dada por:

J=        ∂f∗ 1 ∂N1 ∂f∗ 1 ∂N2 · · · ∂f∗ 1 ∂Ni ∂f∗ 2 ∂N1 ∂f∗ 2 ∂N2 · · · ∂f∗ 2 ∂Ni .. . ... . .. ... ∂f∗ i ∂N1 ∂f∗ i ∂N2 · · · ∂f∗ i ∂Ni        ,

(4)

na qual ∂fi∗

∂Ni s˜ao as derivadas parciais de cada equa¸c˜ao em fun¸c˜ao de cada vari´avel calculadas no

ponto de equil´ıbrio em que deseja-se verificar a estabilidade. Se a parte real de algum autovalor da matriz jacobiana for positivo ent˜ao o ponto ´e inst´avel, do contr´ario ´e dito est´avel.

Assim obteve-se o parˆametro adimensional Ri =

λiδiφ

M2G i

,

que representa a taxa de reprodu¸c˜ao basal de cada sorotipo do v´ırus quando n˜ao h´a coexistˆencia, e mede o esfor¸co necess´ario para que n˜ao haja v´ırus circulando na popula¸c˜ao, i.e. Ri<1.

No caso em que temos dois v´ırus circulando na popula¸c˜ao, ponto E5, a an´alise de estabilidade

´e dificil devido a complexidade do sistema de equa¸c˜oes. Em [1] o problema ´e resolvido para o caso particular em que β = α = 0 e φ = µm, ou seja, as popula¸c˜oes de humanos e de mosquitos

s˜ao constantes. Tais considera¸c˜oes permitem simplificar o sistema proposto 11x11 a um sistema 9x9.

Figura 2 mostra a dinˆamica temporal das popula¸c˜oes de humanos e v´ırus infectados para o caso em que h´a dois sorotipos circulando. Fez-se a integra¸c˜ao num´erica pelo m´etodo de Runge-Kutta de quarta ordem. Para o conjunto de parˆametros utilizado, observa-se uma dinˆamica oscilat´oria amortecida que tende a um ponto de equil´ıbrio est´avel que representa a coexistˆencia das popula¸c˜oes.

0 10 20 30 40 50 Tempo (anos) 0 0,005 0,01 Infectados tipo 1 0 10 20 30 40 50 Tempo(anos) 0 0,01 0,02

Vetor infectado tipo 1

0 10 20 30 40 50 Tempo(anos) 0 0,005 0,01 Infectados tipo 2 0 10 20 30 40 50 Tempo (anos) 0 0,02 0,04

Vetor infectado tipo 2

(a) (b)

(d) (c)

Figura 2: (a) Propor¸c˜ao de indiv´ıduos humanos infectados pelo sorotipo 1 em fun¸c˜ao do tempo. (b) Propor¸c˜ao de mosquitos infectados pelo sorotipo 1 em fun¸c˜ao do tempo. (c) Propor¸c˜ao de indiv´ıduos humanos infectados pelo sorotipo 2 em fun¸c˜ao do tempo. (d) Propor¸c˜ao de indiv´ıduos humanos infectados pelo sorotipo 1 em fun¸c˜ao do tempo. Utilizando os parˆametros µ = 0, 00004; γ1 = 0, 06; γ2 = 0, 04; λ1= 0, 4; λ2= 0, 3; δ1= 0, 3; δ2= 0, 4; φ = 0, 8; µm= 0, 302 [3], β = 0, 001 [2] e α = 0 todos em dias−1, e σ = 1, 0.

O trabalho encontra-se em fase inicial de desenvolvimento, e conclus˜oes parciais sobre as condi¸c˜oes de equil´ıbrio e estabilidade do ponto E4, e sobre sobre a influˆencia dos parˆametros σ

(5)

Referˆ

encias

[1] L. Esteva, C. Vargas, Coexistence of different serotypes of dengue virus,Journal of Mathe-matical Biology 46(1): 31-47, 2003.

[2] G. Chowell, P. Diaz-Duenas, J.C. Miller, A. Alcazar-Velazco, J.M. Hyman, P.W. Fenimore, C. Castillo-Chavez, Estimation of the reproduction number of dengue fever from spatial epidemic data, Mathematical Biosciences 208: 571-589, 2007.

[3] S.T.R. Pinho, C.P. Ferreira, L. Esteva, F.R. Barreto, V.C. Morato e Silva e M.G.L. Teix-eira, Modelling the dynamics of dengue real epidemics. Philosophical Transactions - Royal Society. Mathematical, Physical and Engineering Sciences 368: 1-15, 2010.

[4] T.N. Vilches, ”Modelos Matem´aticos e Computacionais em Dengue”, Trabalho de Con-clus˜ao de Curso, IBB-UNESP, 2012.

Referências

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