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CUANDO EL AMOR MUERE: COTEJO VISUAL COM MARIA LACERDA DE MOURA

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Academic year: 2021

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CUANDO EL AMOR MUERE: COTEJO VISUAL COM MARIA LACERDA DE MOURA Fernanda Grigolin [1] [2]

Resumo

Traduzir é uma ferramenta anarquista, bem como o ato de publicar. A natureza transnacional do anarquismo é um traço importante para compreender seu ideário e seus fluxos migratórios. E os periódicos sob perspectiva transnacional também eram uma motivação de expressão. Mulheres anarquistas como Juana Rouco e Maria Lacerda de Moura foram importantes publicadoras de periódicos. Maria Lacerda foi uma escritora e pensadora anarquista individualista que publicou mais de vinte livros e centenas de artigos. Muitos dos seus textos e livros foram publicados e traduzidos na Argentina, no Uruguai e na Espanha. As primeiras páginas de “Cuando el amor muere” (Revista Estudios, 1934), de Maria Lacerda de Moura, foram cotejadas visualmente com o textofonte “Quando o amor morre”, do livro Han Ryner e o Amor Plural (1933).

Palavras-chave: anarquismo; tradução; estudos da tradução; mulheres anarquistas.

1 Artista transdisciplinar, editora, tradutora, pesquisadora e doutora em Artes Visuais na Unicamp. Seu último trabalho é o livro Sou Aquela Mulher do Canto Esquerdo do Quadro, uma narrativa encarnada sobre mulheres anarquistas que viveram no Brasil, México e Argentina no século passado. Atua há 20 anos com publicações entre produção, edição, circulação e pesquisa. É parte da Tenda de Livros, desde 2014, e fez Jornal de Borda (2015- 2021). Já participou de festivais e exposições no Brasil e no exterior. Recebeu os seguintes prêmios: Funarte Marc Ferrez de Fotografia (2012), Proac Livro de Artista (2014), Proac Publicações (2015) e Proac Artes Visuais (2016). 2 Estudo e cotejo por Fernanda Grigolin e projeto gráfico por Caio César Paraguassu

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Quando o amor morre [3]

O verdadeiro amor não morre: renasce cada dia ou transforma-se, purifica-se numa forma ou manifestação mais alta, mais pura, talvez mais bela, mais profunda ou mais espiritualizada.

Mas, desde que apareçam, que saltem aos olhos as diferenças profundas entre dois temperamentos de indivíduos, desde que a afinidade não vá aos mais recônditos sentimentos, e às ideias mais gerais, parece irreconciliável esse grande amar entre dois seres, que não se conheciam bem, que se enganaram talvez.

Ficará, porém, a super-amizade e a doce recordação de mais uma ilusão bem viva ainda, transmutada na delicada intimidade de duas almas que continuam a se querer livremente, que se não esquecem, que se prodigializam alegrias de natureza também superior, nobres, duradouras.

Podem ser tão amigos, tão superamigos que se tornarão confidentes dos seus outros amores. Tornam-se verdadeiramente irmãos. Moram na mesma casa e podem dormir no mesmo quarto: os sentidos morreram de um para o outro. Sáo positivamente amigos. Cito o exemplo.

Mas vejamos Han Ryner:

“Sempre me feriu a tua carência de misticismo e o teu consentimento à mentira social.”

“Um Orfeu que sonhasse sonhos metafísicos e que, na vida, subisse até à sinceridade... eh! Pois bem, eu fugiria dele com medo de tomar no amor único.”

“Pus muito do meu coração em ti, de sorte que sempre a minha feroz independência se revoltou contra ti. Agora que teus defeitos me estão sempre presentes, agora que me fazem sofrer, agora que te não posso perdoar o haver tornado esse nobre Raymond cumplice das tuas mentiras: minha revolta está vitoriosa,”

“Em um mês, em um ano, não sei quando, quando chegar a te olhar com a mesma calma sorridente com que olho os outros homens, tornar-me-ei sensível às tuas superioridades e te não pedirei mais a perfeição. Então meu amor renascerá. Mas, o teu, sem dúvida, estará morto, sem ressurreição possível.”

“Não se faz o que se quer: mesmo os perigos que distinguimos de longe não são todos evitáveis”

3 “Quando o amor morre”, do livro Han Ryner e o Amor Plural (1933): texto fonte. Apenas as primeiras páginas do texto foram cotejadas e estudadas visualmente aqui.

(3)

Cuando el amor muere [4]

El verdadero amor no muere: renace todos los días o se transforma, purifícase en una forma o manifestación más elevada, más pura, quizá más bella, más profunda o más espiritualizada.

Pero, tan pronto como saltan a la vista, aparecen al exterior las diferencias profundas entre dos temperamentos de individuos; desde el instante mismo en que la afinidad no llega hasta los más recónditos sentimientos e ideas generales, parece irreconciliable, en nuestro estadio de civilización, ese gran amor entre dos seres que no se conocían lo suficiente y se engañaban, tal vez de buena fe.

En su lugar, sin embargo, puede existir la superamistad, la dulce recordación de una ilusión todavía vivaz, transmutada en la delicada intimidad de dos almas que continúan queriéndose, libremente, que no se odian, que se proporcionan mutuas alegrías también de naturaleza superior, nobles, duraderas.

Y pueden incluso llegar a ser tan amigos, tan superamigos, que se confíen, uno a otro, las excelsitudes de sus demás amores.

Veamos lo que a este respecto dice Han Ryner:

“Siempre me hirió tu carencia de misticismo y tu consentimiento a la mentira social.” “Un Orfeo que soñase teorías metafísicas y que, en la vida, las convirtiese en realidades... Sí, te lo aseguro, huiría de él por temor a caer en el amor único.”

“Puse gran parte de mi corazón en ti, de suerte que siempre mi feroz independencia rebelóse contra ti. Ahora que tengo constantemente ante mi vista todos tus defectos; ahora que sufro de ellos y que no puedo perdonarte haber trocado a ese noble

Raimundo en cómplice de tus mentiras, mi rebelión es victoriosa.”

“Dentro de un mes o dentro de un año, no sé cuándo, si llego a poder mirarte con la misma calma sonriente con que miro a los demás hombres, habré de tornarme sensible a tus superioridades y ya no te pediré la perfección absoluta. Entonces renacerá mi amor. Pero el tuyo, indudablemente, habrá muerto en absoluto, sin resurrección posible.”

“No podemos hacer cuanto queremos: incluso aquellos peligros que distinguimos desde lejos no son todos ellos evitables”

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O verdadeiro amor não morre: renasce cada dia ou transforma-se, purifica-se numa forma ou manifestação mais alta, mais pura, talvez mais bela, mais profunda ou mais espiritualizada.

Mas, desde que apareçam, que saltem aos olhos as diferenças profundas entre dois temperamentos de indivíduos, desde que a afinidade não vá aos mais recônditos sentimentos, e às ideias mais gerais, parece irreconciliável esse grande amar entre dois seres, que não se conheciam bem, que se enganaram talvez.

Ficará, porém, a super-amizade e a doce recordação de mais uma ilusão bem viva ainda, transmutada na delicada intimidade de duas almas que continuam a se querer livremente, que se não esquecem, que se prodigializam alegrias de natureza também superior, nobres, duradouras.

El verdadero amor no muere: renace todos los días o se transforma, purifícase en una forma o manifestación más elevada, más pura, quizá más bella, más profunda o más espiritualizada.

Pero, tan pronto como saltan a la vista, aparecen al exterior las diferencias profundas entre dos temperamentos de individuos; desde el instante mismo en que la afinidad no llega hasta los más recónditos sentimientos e ideas generales, parece irreconciliable, en nuestro estadio de civilización, ese gran amor entre dos seres que no se conocían

l o suficiente y se engañaban, tal vez de buena fe.

En su lugar, sin embargo, puede existir la superamistad, la dulce recordación de una

ilusión todavía vivaz, transmutada en la delicada intimidad de dos almas que continúan queriéndose, libremente, que no se odian, que se proporcionan mutuas alegrías también de naturaleza superior, nobles, duraderas.

Y pueden incluso llegar a ser tan amigos, tan superamigos, que se confíen, uno a otro, las excelsitudes de sus demás amores.

Quando o amor morre [5]

Cuando el amor muere

Maria Lacerda de Mourda

María Lacerda de Moura

(5)

Mas vejamos Han Ryner:

“Sempre me feriu a tua carência de misticismo e o teu consentimento à mentira social.”

“Um Orfeu que sonhasse sonhos metafísicos e que, na vida, subisse até à sinceridade... eh! Pois bem, eu fugiria dele com medo de tomar no amor único.”

“Pus muito do meu coração em ti, de sorte que sempre a minha feroz independência se revoltou contra ti. Agora que teus defeitos me estão sempre presentes, agora que me fazem sofrer, agora que te não posso perdoar o haver tornado esse nobre

Raymond cumplice das tuas mentiras: minha revolta está vitoriosa,”

“Em um mês, em um ano, não sei quando, quando chegar a te olhar com a mesma calma sorridente com que olho os outros homens, tornar-me-ei sensível às tuas superioridades e te não pedirei mais a perfeição. Então meu amor renascerá. Mas, o teu, sem dúvida, estará morto, sem ressurreição possível.”

“Não se faz o que se quer: mesmo os perigos que distinguimos de longe não são todos evitáveis”

Veamos lo que a este respecto dice Han Ryner:

Sí, te lo aseguro, huiría de él por temor a caer en el amor único.”

“Puse gran parte de mi corazón en ti, de suerte que siempre mi feroz independencia rebelóse contra ti. Ahora que tengo constantemente ante mi vista todos tus defectos; ahora que sufro de ellos y que no puedo perdonarte haber trocado a ese noble

Raimundo en cómplice de tus mentiras, mi rebelión es victoriosa.”

“Dentro de un mes o dentro de un año, no sé cuándo, si llego a poder mirarte con la misma calma sonriente con que miro a los demás hombres, habré de tornarme sensible a tus superioridades y ya no te pediré la perfección absoluta. Entonces renacerá mi amor. Pero el tuyo, indudablemente, habrá muerto en absoluto, sin resurrección posible.”

»No podemos hacer cuanto queremos: incluso aquellos peligros que distinguimos desde lejos no son todos ellos evitables»

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Agora o cotejo sobreposto

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Quando o amor morre

O verdadeiro amor não morre: renasce cada dia ou transforma-se, purifica-se numa forma ou manifestação mais alta, mais pura, talvez mais bela, mais profunda ou mais espiritualizada.

Mas, desde que apareçam, que saltem aos olhos as diferenças profundas entre dois temperamentos de indivíduos, desde que a afinidade não vá aos mais recônditos sentimentos, e às ideias mais gerais, parece irreconciliável esse grande amar entre dois seres, que não se conheciam bem, que se enganaram talvez.

Ficará, porém, a super-amizade e a doce recordação de mais uma ilusão bem viva ainda, transmutada na delicada intimidade de duas almas que continuam a se querer livremente, que se não esquecem, que se prodigializam alegrias de natureza também superior, nobres, duradouras.

Podem ser tão amigos, tão superamigos que se tornarão confidentes dos seus outros amores. Tornam-se verdadeiramente irmãos. Moram na mesma casa e podem dormir no mesmo quarto: os sentidos morreram de um para o outro. Sáo positivamente amigos. Cito o exemplo.

Mas vejamos Han Ryner:

“Sempre me feriu a tua carência de misticismo e o teu consentimento à mentira social.” “Um Orfeu que sonhasse sonhos metafísicos e que, na vida, subisse até à sinceridade... eh! Pois bem, eu fugiria dele com medo de tomar no amor único.”

“Pus muito do meu coração em ti, de sorte que sempre a minha feroz independência se revoltou contra ti. Agora que teus defeitos me estão sempre presentes, agora que me fazem sofrer, agora que te não posso perdoar o haver tornado esse nobre Raymond cumplice das tuas mentiras: minha revolta está vitoriosa,”

“Em um mês, em um ano, não sei quando, quando chegar a te olhar com a mesma calma sorridente com que olho os outros homens, tornar-me-ei sensível às tuas superioridades e te não pedirei mais a perfeição. Então meu amor renascerá. Mas, o teu, sem dúvida, estará morto, sem ressurreição possível.”

“Não se faz o que se quer: mesmo os perigos que distinguimos de longe não são todos evitáveis”

Cuando el amor muere

El verdadero amor no muere: renace todos los días o se transforma, purifícase en una forma o manifestación más elevada, más pura, quizá más bella, más profunda o más espiritualizada.

Pero, tan pronto como saltan a la vista, aparecen al exterior las diferencias profundas entre dos temperamentos de individuos; desde el instante mismo en que la afinidad no llega hasta los más recónditos sentimientos e ideas generales, parece irreconciliable, en nuestro estadio de civilización, ese gran amor entre dos seres que no se conocían lo suficiente y se engañaban, tal vez de buena fe.

En su lugar, sin embargo, puede existir la superamistad, la dulce recordación de una ilusión todavía vivaz, transmutada en la delicada intimidad de dos almas que continúan queriéndose, libremente, que no se odian, que se proporcionan mutuas alegrías también de naturaleza superior, nobles, duraderas.

Y pueden incluso llegar a ser tan amigos, tan superamigos, que se confíen, uno a otro, las excelsitudes de sus demás amores.

Veamos lo que a este respecto dice Han Ryner:

“Siempre me hirió tu carencia de misticismo y tu consentimiento a la mentira social.”

“Un Orfeo que soñase teorías metafísicas y que, en la vida, las convirtiese en realidades... Sí, te lo aseguro, huiría de él por temor a caer en el amor único.”

“Puse gran parte de mi corazón en ti, de suerte que siempre mi feroz independencia rebelóse contra ti. Ahora que tengo constantemente ante mi vista todos tus defectos; ahora que sufro de ellos y que no puedo perdonarte haber trocado a ese noble

Raimundo en cómplice de tus mentiras, mi rebelión es victoriosa.”

“Dentro de un mes o dentro de un año, no sé cuándo, si llego a poder mirarte con la misma calma sonriente con que miro a los demás hombres, habré de tornarme sensible a tus superioridades y ya no te pediré la perfección absoluta. Entonces renacerá mi amor. Pero el tuyo, indudablemente, habrá muerto en absoluto, sin resurrección posible.”

»No podemos hacer cuanto queremos: incluso aquellos peligros que distinguimos desde lejos no son todos ellos evitables»

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Referências

LIMA, Nabylla Fiori de. Maria Lacerda de Moura na revista Estudios (1930-36): Anarquismo Individualista e Filosofia da Natureza. Curtiba, 2016. 167f. Dissertação (Mestrado na linha Tecnologia e Trabalho) - Programa de Pós-Graduação em Technologia, Univer-sidade Federal Tecnológica do Paraná.

MOURA, Maria Lacerda de. A Mulher é uma Degenerada. São Paulo, Tenda de Livros, 2018.

________. Cuando el amor muere. Estudios, Valencia, n. 127,p. 24-25, mar.1934. ________. Han Ryner e o Amor Plural. São Paulo, Gráfica e Editora Unitas, 1933.

Referências

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