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THE LIBRARY THE UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA LOS ANGELES

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9261

C81%M8

(2)

THE

LIBRARY

OF

THE

UNIVERSITY

OF

CALIFÓRNIA

(3)

(^

^

Jaíi^t

(orteào

/

Joeiíja

ícroico

(4)
(5)
(6)
(7)
(8)

Em

Preparação:

(9)

cJai/ae

Cortesão

A

Morte

da

Águia

Poema

heróico

em

Vil

cantos

1910

Livraria Editora

GUIMARÃES

&

C.^

68,

Rua

de

S.

Roque,

70

Lisboa

(10)
(11)
(12)
(13)

CANTO

I

(14)
(15)

o

despertar

de

um

deus

Nasceu

a ÁguianaMontanha.

O

ninho foihórrida brenha

Numa

caverna exposta aos ventos,

Hirta e petrificada boca,

Por onde

uma

Sibila de voz rouca

Predizao

Mundo

os novossofrimentos.

-Átrio doCeu, assenta

numa

rocha,

Que

arranca da

Montanha

e desabrocha

Como

uma

flor

em

plena imensidade;

Do

pétreocalix,das entranhasvirjens,

Sái

um

perfumetal, que dávertijens.

(16)

12

O

DESPERTAR

DE

UM

DEUS

Nicho decatedral, abandonado,

E

penhascosobaldaquinoarmado,

Sem

que

um

pobresantinho aliseacoite;

Ou

dondefojealgum lijeiro santo

Tentado pelo Céu, e vôa tanto

Que

só recolhelá poralta noite.

Átrio do Ceu, pra que entre esaia o Dia

;

E' lá que aAurora se atavia

Para mostrarao

Mundo

o clarorosto;

Átrio do Azul quea

Madrugada

escolhe,

Também

ali se acolhe

O

derradeiro raio do Sol-posto.

De

tam alto,sublime, etéreo assento,

Com

que arrebatamento

O

olharagudo se estendiaao largo

:

Píncaros, vales, azulados, montes. . .

Líquidos horizontes. . .

O

volutuosoabraço do Mar-largo. . . !

Mal

aÁguianasceu.

Fitou logo a Montanha, o

Mar

e o

Ceu

:

(17)

A

Morte

da

Agu

a

13

Que

nuncao seu profundo coração

Sentiu Desejo, Dôr, ou

Comoção,

Que

envergonhasseaquele espaçoimenso.

Olhar d'um deus que acorda

De

tristee

humano

sonho, e que recorda

A

sua gloriosa, eterna Vida,

E

ao versua divina Creação, Dentro desiretinea

comoção

De

toda a imensidade comovida.

Abismos,onde as cataratassoam,

Vales emontes. Mar, nuvens que voam,

Ninguém

vosso desejo imenso acalma;

Nenhum

de vós, erguendoa

mesma

prece,

A

si

mesmo

ouaos outros seconhece:

osdeuses entendem a voss'alma.

Águiadivina,que entendeste o

Mundo,

Tu

viste

como

o

Céu

eraprofundo

E

o

Mar

inesgotável.

Que

tudo éVida etoda a vidaéLuta,

E, que arrancandoa cada coisa viva

(18)

14

O

DESPERTAR

DE UM

DEUS

Em

ti retinisteas forçasmais extranhas,

Tal a firmeza

duma

rocha bruta,

A

vontade tenaz d'arvorealtiva,

O

arranco vitorioso das montanhas

E

o ímpeto

dum

rio ou

dum

vulcão.

Ah

! quandoo abismo mais era insondável. Maisteu Desejo tinha de aflição,

Te

erguia o vôo, te crispava a garra

Num

supremo

transporte ;

Como

um

navio que ao soltar daamarra

Toma

o

rumo

da Morte,

Vira arobusta proaá imensidade

E

largatoda a velaáTempestade,

A

quantos ventosha do Sulao Norte,

Para que ao

menos

roto, espedaçado.

Algum

destroço, indaanimado Daqueleanceio etéreo,

sobre asaguas a boiar,

E

emfimpossa aportar

(19)

CANTO

II

(20)
(21)
(22)
(23)

Hino

á

Montanha

Ai! a

Montanha

! que sublime esforço

Lhe

agitao formidável dorso

E

faz que altíssima seeleve,

Rasgando

atodaalturao horizonte,

que lhe cinja a majestosa fronte

Um

diademapuríssimo de neve!

As

cúpulas^ as grimpas arrojadas.

Flechas eguais ás línguasdas espadas,

Agulhas,obeliscos,coruchéus

Vestiram-sedenítidasalvuras

E

sequiosos das alturas

(24)

20

Hino

á

Montanha

Montanha, arripiadafera hirsuta,

Inda raivosa

duma

antigaluta,

Tu

sufocaste^ derradeirogrito,

E

tu petrificaste, jestohorrendo

Da

Terratoda

em

fogo percorrendo

As

frijidasstepas do Infinito.

Passaramanos, séculos, edades,

E

semprechuvas, neves, tempestades, Granizos, avalanches, cataclismos

Foram

aqui rasgando, abrindo brechas.

Alierguendo pontes e altasflechas

E

aqui, ali, alémcavando abismos.

Assim

aTerra, a Agoa, oFogo, os Ventos,

Todos

osbravos elementos.

Com

o cinzel eo estroda loucura

Deram-lheo rasgo, a inspiraçãosuprema,

O

ritmod'um bárbaro

poema

Ou

duma

desvairadaarquitetura.

Ah

!...

quem

de perto vissee penetrasse

O

atónitofulgor da pétreaface,

(25)

A

Morte da

Águia

21

Quem

ouvissepulsar-lhe o coração,

Soubesse quesublime

comoção

Perturba oseio da calada esfinje...?!

Eu

quando poisoo pé sobre a

Montanha

E

avisto o

Céu

eo

Mar

deerguida penha,

De

súbito estremeço,

Fico

mudo

de espanto, empalideço

E

logo grito,canto, choro erio,

Tremo

como

se

um

vento

me

abalasse.

Ou

a

Montanha

á volta

me

enviasse

O

seu calafriante desvario.

Ás

vezes no caóticotumulto

Dos

acidentesda

Montanha

Algum

arranca ovulto,

Projeta asombra extranha

Na

faucedoInfinito.

Em

torno anoiteescura;

o relâmpago fulgura

No

torvo Céu, onde não brilham astros;

E

um

navio

fantasma, a todo o pano,

Varrido pelo vento e pelo Oceano, Por Velas nuvens, píncaros por mastros.

(26)

^22 Hino

á

Montanha

E

naufraga por fimdesarvorado

Nalgum

abismoignoto

!

Ou

formidável catedral

Baqueia, treme^ abate-seafinal

Nas

torvas convulsões

dum

Terramoto!

Toda

a

Montanha

oscila defuror

Quando,

como

coléricofulgor

Da

pupilado Céu,

Algum

relâmpago ilumina o espaço,

Que

o raio atravessa-lhe oespinhaço

Como

um

agudoarpéu.

E

nessa luzlívida efria

O

leviaían

enorme

ondula,

E

numa

hórrida agonia

Tem

calafriosna medula!

Visionam-se batalhas

Sobreciclópicasmuralhas Entrehipogrifos e dragões;

Ou

nos inóspitos Calvários

Rochedos

Nazarenos solitários,

(27)

A

Morte da

Águia

23

Ha

rochas ajoelhadas,

Religiosamente concentradas

Á

beiradas encostas ;

Rochedos ojivais

Imploram de

mãos

postas ;

Punjentissimos ais,

Dilacerados gritos

Sam

os agudos coruchéus;

E

os abismosvoltados paraos

Céus

Estam

erguendoa almaaos infinitos.

Os

áridos granitos,

Rudes

fragas, plutónicas, curvadas

No

seu fervor de humildes consciências,

Com

seus cilícios d'urzes requeimadas,

Estam

cumprindo duras penitencias.

Sonhos de Deus, esboços doSublime,

Formas

da primitivacreação!

Continuamente vosoprime

A

dôrda imperfeição!

Montanha

! étam profundaa tuadôr,

Tam

grande o teu impulso redentor,

(28)

24

Hino

á

Montanha

Que

cada pesadissimo rochedo,

Inabalável^ taciturnoe quedo Tenta baterasasas!

E

tudo se debateetumultua

Com

um

tremendo esforço

sobreumano

Nessapetrificada Babilónia:

És

acarne sangrenta, rocha núa,

O

teu sossego

um

revolver insano,

O

teusilencio

uma

contínuainsónia.

Resto do

Caos

primitivo.

Encapelado

Oceano

De

tudo oque hatrajicamentevivo !

Ali

talvez a forja deVulcano

Onde

ébatidoo raiofulgurante;

Ali

talvez o pórticodo Inferno,

Onde

o génio deDante

Foi esculpiro desenganoeterno. Ali sedesagregam duras fráguas,

Roídas pelaságuas

De

persistente força corrosiva

;

(29)

A

Morte da

Águia

25

Jamaisolvidaram pelas planuras

A

ânsiaprimitiva.

A

rocha que sefunde esederrama

Em

terra, sedimento, escuralama

Vai daraiz áflor desabrochar,

E

aságuas que desceram das pendentes

Foram

quedas, ribeiros e torrentes,

Por

fimondasaltíssimasdo

Mar

!

Ali, emquanto nãoassola a Terra,

Nas

gargantas da serra

Ensaiaa

Tempestade

os grandescoros;

E

sobre os píncarosagrestes,

Vagabundos

celestes,

Vam

descansar emfim os meteoros

!

Ali

tudo o que égrande, forte, altivo:

A

Águia poisa, a

nuvem

pára,

O

ar épuroe vivo

O

Céu

é mais profundoe aluz maisclara

!

Cariátide do Céu, Atlas gigante.

(30)

26 Hino

á

Montanha

Que

heroismos,que assombros

Levantama nossa almadelirante,

Ao

vêrque degladias oInfinito

E

vem

o

Céu

poisar-tesobre os

hombros

!

Ás

vezes ilumina-seo teu dorso

No

gestotranscendenteda verdade,

Gesto queensina a religiãodo esforço

E

apontapara

um Céu

de Liberdade!

Heróis! unji as almasde beleza

E

erguei dali na luz e na grandeza

Destroçosfeitos por

um

deuscruel:

Os

broqueis dos ciclopesrevoltados,

Armas

partidas d'anjosdespenhados

(31)

CANTO

IH

(32)
(33)
(34)
(35)

A

Árvore

Trájica

No

píncaro maisalto da

Montanha

A

Árvorecrescera de tal sorte,

Como

nunca se viu serratamanha,

Nem

crescer outraÁrvore maisforte.

Ali, dessa

Montanha

erguida a prumo,

Onde

o frescor da vida eratam escasso,

A

Tempestade

decedia o

rumo

(36)

32

A

Árvore

Trájica

Lonjedas mais elivre doescarcéu,

Que

uma

floresta

murmura

produz,

A

Árvore embebia-se no Céu, Afogava-se toda

em

plena luz.

Isoladanoagreste e duro serro,

Tendo

porcimaoCéu,por baixo oabismo.

Era

como

os profetas no desterro

Abrasados defé e misticismo.

Tinha o tronco torcido

como

um

dorso,

Cada

forteraiz,

um

duroflanco;

Toda

vibrante

dum

heróico esforço,

Toda

ajitada

dum

supremo

arranco.

Cada

torcidoramo, longo braço,

Erguia-seconvulso para o alto.

Como

quem

tenta erguer-se pelo espaço

Ou

tomar

um

reduto pelo assalto.

Assim, desdea raizaofino tope,

Brandido

como

a língua

duma

espada.

Havia o salto heróico

dum

ciclope.

(37)

A

Morte da

Águia

35

Nos

ramos tinha roscas reluzentes,

Altasarrancas a silvar injúrias;

Lembrava

a copa, atrança de serpentes

A

cabeleira trájicadas Fúrias

.

Folhas bebendoa luza grandessorvos

Pelataçado

Céu

a trasbordar,

Tam

negras,taminquietas,

como

os corvos,

Quando

pairam

com

fome

sobre o ar.

Via-se o Sol a dar-lherepelões,

A

Terra a conserva-laindamais presa.

Penetrava d'angustia os corações.

Chegava

a ser sinistra de grandeza; Assim, alguém quefoi sepulto

em

vida,

A

meio corpofora, se corcova

E

põea força toda na saída^

Louco

por se arrancar á horrívelcova!

De

noite projectava a sombra escura

Em

plena fauce lôbregado

Empíreo

;

E

viam-se-lhe gestos de loucura,

(38)

54

A

Árvore

Trájica

E, quandonessaabobadapelájica

Galopavam

os ventos infinitos,

Aqueladesvairadaárvoretrájica

Alucinada, alegre, dava gritos.

Se, naceleste, na profundaesfera,

Erguendoosbraçoshirtos

como

osmastros,

Caíaa noite, vinhaa Primavera,

Vestindo-a toda

com

as flores dos astros.

E

toucadade sois ela ajoelhava.

Sacerdote do Azul, árabecrente.

Naquelatorre audaz, feita de lava,

Abrindo osbraços para a luzdo Oriente.

Falas ardentes dos heróisde

Homero

E

tu, oh ! almatrájica de Esquilo,

Paraque possa interroga-la, quero

(39)

A

Morte

da

Águia

35

«Hérculesvejetal,

em

quefaçanha

E

temerária empresate empenhaste,

Que

ao píncaromais altoda

Montanha

O

teu robustocorpoabalançaste...?!»

«Que

hidra,quemonstro,ouOnfalete eleva,

Te

obriga a suportar todo o pavor

E

desoladasolidãodatreva.

Que

raiva, que desejo, ou quefuror...? !»

«Ou

seja que, até nós,

venham

contigo

Novas

tormentas, novo Adamastor...? !

E

que

em

silencio sofraso castigo

De

rebeldia e desvairado

amor

...?!» «Suspendei por

momento

afúria louca

(Se

me

podeis ouvir e sefalais)

Tornai maisbrandaa endurecida boca,

Abri os rudes lábios vejetais.»

«E

olhai, que tendo formae corpo vário,

Podemos

ser irmãos pelo tormento: Eu,

como

vós, sou duro e solitário

(40)

56

A

Árvore

Trájica

Então (ainda tremo deconta-lo)

Torceu-se mais na trájica atitude,

Correu-atoda

um

temerosoabalo,

Mais alto ergueu ainda ocorpo rude, E,abrindo os braços ríjidos

em

cruz.

Falou; ea sua clara vozdizia:

«Eu

sou a crente mística da Luz

Eternamente anciosa pelo Dia.»

«Nasci do mais informe eescuro lodo ;

Mas, ponhao Sol

em

mim

beijosfelizes,

Estremece-me evibra o corpo todo

Até ao mais profundo dasraízes.»

«Posto que viva na mais altaserra,

É

certo que nasci do lodo vil

;

É

semprecela estreita

a largaTerra,

(41)

A

Morte

da

Águia

37

«Não

ha robustotronco poraltivo

Que

a cúspidemais livre se arrojasse,

Mas

quanto maisa Vidaintensavivo,

Tanto deparoa

Morte

facea face.»

«Oh

! queaflição,quehorror, ficarsósinho.

Todo

afogado

em

treva pela noite,

Emquanto

o vento passa

em

redemoinho,

Despedaçando

em mim

o aéreo açoite. .. !»

«Os meus

irmãosdo bosque, seanoitece,

Buscam-se

com

a longa ramaria,

Povo

que pelotatose conhece,

E

fazem unsaos outros companhia.»

«

Mas

eu, se a noite cái, tremo de

medo

;

E

como

em

pedras durastoco.

Começo

a empedernir, volto a rochedo,

Fíco-meinerte e solitário bloco.»

«Só

quando

rompe

o Sol de

madrugada

De

novocorre

em mim

a seivaquente

E

o tronco, feitopedra rejelada,

(42)

38

A

Árvore

Trájica

«E

eu que doclaro Sol eda

Luz

vivo,

Alargoa imensa copa

em

plenagraça,

Sôfrego beboa luz, alegre ealtivo,

Sou

único a beber na minhataça.»

«Sim, escolhi o píncaro mais alto,

Enraizei-me, quieta e recolhida;

E

quanto mais

me

afundo, mais

me

exalto,

Mais

em mim

bate o coraçãoda Vida.»

«Aqui trazemmaisímpetoas rajadas.

Mais podeo raiorápido ferir-me;

Não vem

cantar-me as aves nas ramadas

E

astrepadeiras

tremem

de florir-me;»

«Sou por duros trabalhoscombatida

Desta

Montanha

na elevadaaresta,

Mas

vale mais

uma

hora destaVida

Que

toda avossa vidada Floresta.»

«Que

brilheo raio e sopre o ventoforte. .

xMais o

meu

livre coração seexpande;

Quanto

mais perto da fecunda Morte, Tanto maissinto

como

a Vida égrande.»

(43)

A

Morte da

Águia

39

«Maisluz!... que o

meu

espíritoveloz

Vôo

mais livreemais sublime ensaia ;

Sou

como

um

rio que nãotenhafoz,

Como um

Oceano

que nãotenha praia.»

«Mais luz!...

Eu

sonho, eu sinto paraalém

Uma

outraVida superiorá minha:

Formas, espíritos,visões .. .?

Alguém

Que num

País mais lúcido caminha.

«Ha

outra,indamaisVida.

Eu bem

nasinto,

E

tam real quequasi

me

incomoda.

Estendo as mãos, pergunto por instinto:

«Quem

fala,

quem

palpita á minha roda?»

«Desejo éjá princípio d'outraVida,

O

Tempo

uma

cegueirada Matéria.. .

Vou

seraLuz, a

Alma

comovida,

Espírito,Princípio, Essência etérea!...»

«Ardo, deliro, anceio!... Luz emfim!..

.

Sam

labaredas os

meus

ramos nús;

Ha

fogo a crepitar dentro de mim..

.

(44)

40

A

Árvore

Trájica

Disse. Vi ondular-lhe a copa a

prumo

;

Figurou atirar-sea

um

precipício

;

Súbitoardeu, foi chama, depoisfumo,

A

névoa espiritual

dum

sacrifício.

Eu

fiquei sóe

mudo

sobre ocume.

Que

erguia a frontesolitária e rasa,

E,

como

a pedra d'ara, onde houve lume„

(45)

CANTO

IV

(46)
(47)

A

Vida

heróica

A

Águia

o génio dasmontanhas

Ardia

numa

febre de heroísmos

;

Brotára-lhedas férvidas entranhas,

Erao grito deangústiados abismos.

Ia poisar nascristas alterosas

Com

atitudesmagestosas

Duma

estátua

em

soberbos pedestais

;

E

quando as azasnegras sealargavam

As

remíjesagudasfaiscavam,

(48)

44

A

Vida heróica

Que

heróica aparição.

Quando

surgia vigorosa,ardente,

Na

cúspidedo

monte

!

Despedia desi o súbito clarão

Dos

astros no Oriente,

Quando

rasgam as

brumas

do horizonte ;

Ave

de preza,

Que

filaeque arrebata

Com

verdadeiro

amor

aoperigo

;

Duma

estirpe real que adoraa luta aceza

Tem

júbiloscruéisemquanto mata,

Canta sobre ocadáver doinimigo. Palpita-lhenorude e altivo porte.

Todo

talhado

em

formasduras,

A

enerjia suprema

duma

raça;

Brilham-lhe as penas ríjidas eescuras,

Envolvendo-lheo peito alto e forte

Numa

ardente couraça.

Salta-lhe ocoração novasto peito.

Cárcere estreito

(49)

A

Morte

da

Águia

45

Indode encontroao ríjidobroquel,

Como

numa

cavernao irado tropel

Dos

vagalhões do Mar.

Se

via as outrasÁguiasna amplidão,

Sulcandotodo o

Céu num

vôoforte,

Cheio de majestadeede harmonia,

Pulava-lhedefúria o coração,

E

atirava

num

súbitotransporte

Arrebatados gritosdealegria.

Um

desejo

sem

fim^

um

contínuo transporte

Lhe

dilatava o coração;

Na

sua veemente exaltação

Desafiava

com

despresoa Morte.

Viviaa Vidatrájica eprofunda.

Heróica, aventureira, vagabunda,

Rasgando

sempre espaços novos,

E

ignorando asfronteiras

Que

dividem os povos.

Percorreu as lonjínquascordilheiras.

(50)

46

A

Vida heróica

Lançando

em

cadaserra

Os

seus gritosde guerra

Bárbaros, percucientes, terebrantes.

Carne

que a

chama

fúljidaconsome,

Quando

sentiaa fome,

Partia das altíssimas arestas.

Abria asasas sobrea rocha escassa

E, corsário doAzul, partiaácaça

Dos

animais bravios dasflorestas.

Se

viaa presa, os seus instintos

Erguiam-secoléricos, famintos,

E

despedia lume peloolhar;

E

com

os olhosfitossobre a presa

A

devora-laco a pupila acesa

Descia de vagar.

Mas

ei-la que searroja de repente, Vertijinosamente,

(51)

A

Morte

da

Águia

47

E

cai CO as asas encolhidas

E

as garras estendidas,

Fendendo,abrindo o ar

num

silvoagudo.

Rápidaflecha

em

direituraá meta,

Ei-Iaque abala,corre e se arremessa,

Desaba

sobre a presaejá lhe espeta,

Lhe

finca ecrava as garrasnacabeça.

Depois, tintade sangue e olhos

em

brasa.

Erguia a presa, desfraldando aasa,

Ia poisa-lasobre asaltas penhas

;

E,ébria

duma

divina crueldade,

Atirava o seu canto áImensidade

(52)
(53)

CANTO

V

(54)
(55)
(56)
(57)

o

Canto

das Águias

«A

vida dosheróis

Faz-nos luzir os olhos coruscantes

Com

a firmêsarude dos diamantes

E

obrilho ardentee fúljidodos sóis.:*'

«Nósfitamos o Sol

sem

que osseusraios

Ceguem,

fulminem maisque onossoolhar.

.

Nunca

temos vertijens,

nem

desmaios,

Abrindoa nossaasa resoluta

Pelas rejiõesaltíssimas doar.

(58)

54

O

Canto

das Águias

«Astros ardendo no zenith,

Tal

como

o abismo, o Céu, o livreespaço,

Nossosdesejos nuncatem limite;

Desprezamos

a órbitatraçada

:

o armais livre é-nosescasso

E

a trégua por mais doceé-nos pesada

!

E

acada passo

Desejosmais profundos

Erguem-se

em

nós gritantesd'ansiedade,

Consumindo

na

chama

novos mundos,

Indo até ondevai a

Tempestade

«Que

tumultuosoearrebatado anseio!.

.

Em

nós toda a vontade satisfeita

Tem

um

sabor amargo. .

.

Trazemos

a rugirdentrodoseio

Duma

contínuafúria insatisfeita

O

coração raivosodo

Mar

largo!»

«Se afomee asede toda se levanta,

A

onda dosdesejos nos inunda

(59)

A

Morte da

Águia

55

Que

vem

docoração para a garganta,

E

é tam profunda

Que

nos sufoca osgritos !»

«É

tanta, é tanta, que não cabe

em

nós,

E

dentro do

mar

íntimo, disperso

Cada

ondaemotivaganha voz

E

anseia aVida plena doUniverso.»

«Para alem, paraalém!...

Ó

cumes

solitários,

Somos

asvossas sentinelas,

É

este o nosso toque declarim;

Andamos

pelo Azul

como

os corsários:

Abrir as asas é soltaras velas

Pelo Mar-fóra, pelo

Céu

sem

fim.»

«Paraalém, para alem, fúriadoimenso,

Fogo

que nos abrasas. .. !

Raiam

aurorasde desejo intenso

Vibram

heróicas tubas de alegria

Quando

abrimosasasas

(60)

56

O

Canto

das Águias

«A

guerra a guerra, a luta,a vida forte;

Só ama

aVida

quem

desprezaa

Morte

;

Não

ha desastrequeo valor nos quebre

;

Em

frentedo mais válido inimigo

Ou

quandomais nos

ameaça

o perigo

Sobe

atéao delírioa nossa febre!»

«Soltai os halalis, clarins da glória;

Voemos

todas nas regiões empíreas

Á

busca do triunfo eda vitória,

Como

acoorte aladadas Walkírias.»

«Paraalem,paraalem...!

nomaisalto

cume

A

nossa carne, ébria degoso,

Encontra a neve e ofrio

Pra que se apague mais o eterno lume

Que

nos devorao coração sequioso,

Como

as searas no estio.»

«Ciclones, tempestades, furacões

Quando

cinjisno Vosso largo açoite

As

trémulasflorestas pelanoite,

(61)

A

Morte

da

Águia

57

«Apunhalar ocoração da Treva,

Logo

a purpúrea

chama

Da

vidaardente

em

nós se eleva,

E

num

incêndio súbitoateado

Valor, nobreza, audácia, intrepidez,

Tudo

que ha de profundo

em

nós se inflama

E

deixa o peito imenso dilatado

De

fúria, deloucura e de embriaguez!»

«Paraalem,paraalem!...

Ó

cumes

d'altosmontes

Estaisabrindo os largos horizontes

Aos

nossos valorosos corações!

Quando

aNoite no

Céu

mais secondensa,

Sobe

defúria a nossa vida intensa

E

vamos-lhe arrancar constelações!»

«Quando

a alma dos fracosdesfalece.

(62)

58

O

Canto

das Águias

Como

ocorcel da

Morte

a toda a brida,

Dá-noso raio ofogo dodelírio,

E

em

nosso peitoresplandece

(63)

CANTO

VI

(64)
(65)
(66)
(67)

A

Tempestade

Cáifogo e cinza.

O

Céu

éturvo e baço;

Veste esse manto imenso

um

deus oculto,

Que

dançae rodopia sobre o espaço ;

Agora

num

alíjerotumulto,

Logo

em

ondulaçõesvertijinosas,

(68)

64

A

Tempestade

Relâmpagos de formas vaporosas,

Que

brilham para logo seapagar

Na

primeiraespiral das nebulosas.

O

célere, invisível voltear

Dos

pésdivinostam de leve pisa Aflora, palpa, acaricia o ar.

Como

uma

pluma que levantaa briza;

E, apezardisso, oprimee esmagao Mundo,

Que

um

silêncio de

chumbo

imobiliza

Num

meditarextático e profundo.

O

taciturno espírito dos montes,

O

indizível espetro quedelira

(69)

A Morte

da

Águia

65

Aos

maisfundos abismosse retira;

Agora

pára, espera, escuta a

medo

E

de tam quieto e

mudo

nem

respira.

De

lonje, cadatácitoarvoredo

Na

inércia teatral das verdescomas.

Lembra

a mullierde Lotli, igneo rochedo,

A

predizero incêndio dasSodomas.

O

bailadodivinojá

vem

perto

E

o vultovelozmente arrebatado Mostra-seás vezes quasi a descoberto

;

O

Mundo, como

um

peito sufocado,

Em

aflitivas convulsõesd'horrôr,

(70)

66

A

Tempestade

Mas

poucoa pouco

um

gélido terror

Esfria o Céu, transtorna a face á Terra,

Perturba-lhe afeição, muda-lhe acôr,

E,

como

alguém que

um

pesadeloaterra.

Ou

louco, ouvisionário, ou epilético,

Assim árvore, nuvem, altaserra

Tem

o semblante lívidoe patético.

Como

se nas mais hórridas posturas

Tudo

caísse

em

sono cataléptico

Num

hospitalimenso de loucuras.

Emquanto

os brutos animaisferozes,

Buscam

de

medo

as negras espessuras,

Os

alciòes, gaivotas, e albatrozes,

As

aladas sibilasda tormenta,

(71)

A

Morte da

Águia

67

E

numa

extranha exaltação violenta,

Que

as ergue, as arrebata, asprecipita,

A

poucoe pouco a suavoz aumenta

Em

furiosa, halucinadagrita,

Tam

cheiade visões ede presájios.

Como

se foraa revoada aflita

Dos

derradeiros gritosnosnaufrájios.

Anjosanunciadores.

Espíritosalados e videntes,

Messias, Visionários, Percursores,

Ei-los que passam lívidos^ trementes.

Pisando toda aTerraa largos passos

E

deixando no pórastosardentes

(72)

68

A

Tempestade

Ei-los abrindo á frente outros espaços,

Com

afUriado Mar, quandoiracundo,

Rebenta osdiques todos

em

pedaços;

Ei-losmais lonje, além, ao largo, ao fundo

Envoltosjá nas brumas domistério,

Erguendo

em

peso, arrebatando o

Mundo;

E

logocheios

dum

esforço etéreo

Aceleram-lhe o giroaté lhe dar

O

primitivoresplendor sidério.

Ei-los que pairam,

voam

acantar

Coa

voz halucinada dosProfetas,

Tam

forte que o seu écoé secular

;

Ou

dandovida e falaásformas quietas

E

erguendo-seás visões originárias

(73)

A

Morte

da

Águia

Ei-los:

seguem

as vias solitárias.. .

Já lhes desponta a luzdo Diaeterno

Sobre

as divinasfrontes visionárias,

'Spalha-se á roda o seu clarão interno

E

assim iluminados,

como Dante

Vão

a todos os círculosdo Inferno

Mostrar o Paraíso inda distante.

Ha

quanto, ha quanto tempo que os heróis

De

noite afiam gládios epunhais,

Laminasd'aço arir, bélicos sóis;

Lobos

famintos, fúrias,canibais

Maisdoidos, mais raivosos, maiscruéis,

(74)

70

A

Tempestade

Já, sobreopeitoosríjidosbroqueis,

A

custo

doma

a hoste maisaltiva

O

piafarinquietodos corcéis.

Ha

quanto,

um

mar

de raiva corrosiva,

Rujee encastela as ululantes vagas

E

quasi atinjeagora a

maré

viva.

Dos

peitosretalhados por milchagas

Ás

bocas

más

de risos instantâneos

Afluem maldições, gritos epragas.

Ao

calor tropical dafebre, os craneos

Erguem

no escuro aselvadas visões ;

Escancaram-se ocultos subterrâneos

;

E

os Quasimodos, cheiosdealeijões,

Desorbitando as lúcidas pupilas,

(75)

A

Morte da

Águia

71

Entãoretumbao canto das Sibilas

Num

eco que de monteamonte vai

:

«A

pé,a pé, heróis! cerraias filas,

Erguei os braçosválidos, cantai

!

Abri vosso estandarte ao ventoforte,

Agora

avante, áfrente, eia, abalai... !

Á

Luta, á Guerra,áTempestade,áMorte...!»

De

súbito, deitandoforao véu.

No

aujedo bailanterodopio,

O

dançador divino larga o Céu.

Que

nunca vistagraçae novobrio

Lhe

faz pairar, correr, zunir a

prumo

(76)

72

A

Tempestade

É

elaa Tempestade... ! Ergue-se

um

fumo

De

cúmulos, o pó quese alevanta

Á

roda, á frente, a indicar-lhe o

rumo

.. .

É

ela a

Tempestade

... ! Baila ecanta!

E

todoo

Mundo,

á sua vistae voz.

Acorda de repenteese levanta ;

E

em

febre, amor, delírio ou

medo

atroz.

Formando

amais demente multidão.

Tudo vem

vê-la

em

seu girar veloz.

Das

espirais do aéreo turbilhão

Já se entrevê arápidafigura,

Feita de vento,fogo e exaltação.

Matéria que o delíriotransfigura

Seu

corpo agoraétodo espiritual,

(77)

A

Morte

da

Águia

73

Tam

alta se nosmostra queafinal,

Posto queo vulto

enorme

esteja perto,

E

quási a arrebatar-nos naespiral.

Nosso

aturdido olhar não sabeaocerto,

Se

alguma parte,

membro

ou formaetérea

Ficará côas estrelasencoberto.

Figura anímica, espetral, aérea,

Que

os olhos d'alma só

podem

fitar,

E

nuncaos olhos baços da Matéria

;

Éter divino, que penetra oar,

Hálito, fluido, emanaçãodivina.

Assim domina aTerra, o

Céu

eo Mar;

Carne

de fogo, efogo de neblina,

Olhossóde relâmpago eclarão

(78)

74

A

Tempestade

Pé, que de malpisar é furacão,

Braço,

como

ode Júpiter tonante,

ígneofeixede raios traz na

mão

;

Voz, de que ouvimos só o eco distante,

E

apezar dissotodo o

Mundo

abala

Num

trovejarcontínuo eretumbante;

E

olhai aflor que oseu cabelo engala

Rosa

dos Ventos, rosa de delírio,

Que

um

perfume de espanto e

Dôr

exala.

Rosa

de assolação edeMartírio

Cujas pétalas

sam

detal altura.

Que

abraçame penetram todo oEmpíreo.. . !

Oh!

quesublime e trájica figura,

Que

faz horror,sendo adivina Graça,

E

espalha atreva, quando maisfulgura

(79)

A

Morte

da

Águia

75

Ai! quehorrivel deserto onde ela passa,

Onde

só pairaagora o

fumo

denso

Da

Morte, daMiséria eda Desgraça. ..

!

É

queondetocao seu bailado imenso,

Tudo

elaarranca e de seguida arrasta.

Em

seu aéreoturbilhão suspenso..

.

;

Nem

milcidades que o tufão devasta,

Nem

Mar

eTerra, súbito varrida..

.

Incêndios, Morte, horror. .. nada lhe basta;

Acossa, estuga a lívida corrida,

quea rocha tenaz se faz

em

pó,

E

o pócorcel defogo a todaa brida.

E

acada voltada terrívelmó,

A

cadaregodo

medonho

arado,

(80)

76

A

Tempestade

A

cadanovocírculo enroscado,

Que

os olhos quasi arrancadefita-lo

E

empolgao pensamentoarrebatado;

A

cada novo embate e novo abalo

Daquelaformidávelcatapulta,

Que

o

mesmo

sanguegela de escutal-o.

Maiso delíriodo bailadoavulta.

Mais

a espiral se alargae rodopia

E

maiso alegre deusbailando exulta.

E, noauje dafrenética alegria,

Ébrio de Graça ede sublimeEncanto,

Em

si

mesmo

seafunda ese extasia,

(81)

A

Morte

da

Águia

77

«Cósmico e primitivoTurbilhão,

Sou quem

fecundao Caos, dandoorijem

A

toda a Creação.»

«Mundos, formas evidasse diríjem

A

meu

seio, palpando a escuridade.

Cegos

pela vertijem.»

«E

Nebulosa, Génio ou Tempestade,

Minha

espiral fecundadora ondeia

E

enrosca aImensidade;»

«Vôa, delira, zune, arde e volteia

E

átomos, mundos, almas, leissupremas

Meu

atritoincendeia,»

«Para depois nas contorsõesextremas Lançar aoseio livredo Universo

(82)

78

A

Tempestade

«O

Universo é

um

grande

Mar

disperso,

Cheio de redemoinhos

menos

fundos

Em

meu

vórticeimerso;

»

«Abismos,

Céus

e pélagos profundos,

Onde

o

meu

torvelinhovai gerando

O

equilíbriodos Mundos.»

«Tudo

quanto ao redor voudevastando,

Mais

em meu

seio lúcidoconcentro

E

vou purificando;

»

«Exalto,elevo, arrasto para dentro

Até quea

Alma

universalconsiga,

Pois trago

Deus

no centro.»

«Cósmica força, heriditária, antiga.

Eu

sou aqueleforte eeterno laço.

(83)

A

Morte da

Águia

79

«Vindea mim,vinde a

mim

por todo oEspaço

E

atirai-vos detodo ocoração

Ao meu

fecundo abraço!»

«A

mim, ao Fogo, á Vida, aoTurbilhão

!

morre

quem

tem

medo

á própria Vida

;

Nunca

o queexpira a arderde exaltação

(84)
(85)

In

CANTO

VII

(86)
(87)

A

Morte

da

Águia

Mal

a Águiadivinaouviu ocanto,

Que

uniaa

Morte

á Vidae que do Empireo

Nos

infinitos valesreboava,

Ergueram-se-lheas asas por encanto,

Porquea espiral de fogo ede delírio

Para oseio da

Luz

a arrebatava.

Sentiu correr-lhe osangue de roldão.

Como

se cadaartéria fosse o leito

Dum

riocaudaloso

;

E

o largo, intumecido coração

Batia-lhede encontroaoforte peito,

(88)

84

A

Morte da

Águia

Bateuãsasas

como

um

largoaçoite

A

fustigar ainda a

Tempestade

Para que o Turbilhão fossemais forte

;

E

aoafundar-se nessa imensa Noite

Sentiu, último

dom

da divindade,

A

alegria da Morte.

Alegriada

Morte

!

A

derradeira

Dos

que

numa

agonia dolorida

Fitamos olhos

num

país sidério,

A

última alegria ea primeira

Dos

que ao despedaçara própria Vida

Despedaçam

as portas do Mistério.

Alegria da

Morte

! amais ardente

De

todosquantos

buscam

aVerdade,

De

todos os que

morrem

por

amar

:

Dos

que olhamo Destino tam de frente,

Que

pondoa vidatoda na vontade,

Obrigam-no a parar

!

Alegriado Sol

em

pleno ocaso,

Que

aocair parao Mar,

(89)

A

Morte

da

Águia

85

Sabe

que dentrode

bem

curto prazo

De

novoha-de raiar

E

aquecertoda a Terra !

Outro

Mazeppa

no corcel

em

fuga,

Buscando

a glóriana miséria extrema

Numa

carreira alada edesabrida,

Que

a noite, as feras eo pavor estuga.

Poisnão ha sombra queo corcelnão tema,

Nem

façacorrer mais a toda a brida,

AssimaÁguia vôaarrebatada,

Assim devora abismos derepente

E

como

sombra lívidaperpassa.

Até que nomais alto da abalada

Um

raiofulje, abrindo

um

sulco ardente

E

em

plenoTurbilhão a despedaça.

O

coraçãoda Águiafoi queimado,

Fez-se

um

clarãoda mais divina esperança.

Que

espalhando-se

em

todaaimensidade

Foi abraçar o

Céu

de lado a lado

Num

arco-iris, o arco da Aliança,

(90)

86

A

Morte

da

Águia

Os

Lázaros do sonho irrealisado,

Os

que

morrem

á míngoa deventura

E

nunca ouviramcantos devitória,

Acordam

vendoo

Céu

illuminado,

Sentem

abrir-se a antigasepultura

E

surjem de repente

em

plena glória. Aleluia! Aleluia! grita o

Mundo

E

logo a Terraatiradas entranhas

Tesoiros milsepultos

;

Emquanto

doprofundo,

Do

recôndito seio das montanhas

Correm

á luzos mananciaisocultos.

Das

esquecidas

mas

leais sementes

No

regaçoamantíssimo dos montes

Uma

Floresta triunfal se eleva

(91)

A

Morte

da

Águia

87

Ha

flôr's mais rescendentes,

Nascem

mais vivas e abundantesfontes

E

os astros incendeiam maisa Treva

!

S. João do

Campo, Setembro

de 1908 e

(92)
(93)

índice

o

despertarde

um

deus 9

Hino á

Montanha

15

A

Árvoretrájica 27

A

Vidaheróica 41

O

Canto dasÁguias 49

A

Tempestade

59

(94)
(95)

Erratas

Pag.

12,

onde

selê

Píncaros, vales, azulados, montes ,

deve lêr-se

Píncaros, vales, azuladosmontes.

Pag.

76, onde selê

Em

seuaéreo turbilhão suspenso

develêr-se

(96)
(97)

Acabado

de

imprimir

AOS

17

DE Dezembro de

1909

NA

Imprensa

LiBANio

DA

Silva,

rua

das Gáveas,

29

e

31

(98)
(99)
(100)
(101)
(102)

UNIVERSITY

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LosAngeles

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