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09 a 11 de setembro de 2015, Campus da UFRPE Dois Irmãos, Recife

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09 a 11 de setembro de 2015, Campus da UFRPE – Dois Irmãos, Recife

DOR EM ANIMAIS DE COMPANHIA Nilza Dutra ALVES1

RESUMO: Os animais de companhia tem sido considerado como membros das famílias e como tal os sentimentos desenvolvidos por esses animais são intensamente percebidos pelos seus guardiões, que acabam trazendo condições de desconforto familiar. As doenças desenvolvidas nestes animais, em sua maioria, apresentam como sintoma a dor, que precisa ser identificada e tratada. No entanto para isso é necessário que os profissionais tenham conhecimentos sobre o comportamento das espécies e ainda sobre os protocolos terapêuticos de acordo o tipo de dor. Devemos considerar que como profissionais Médicos Veterinários, somos promotores da ética, do bem-estar, somos responsáveis pelo alivio do sofrimento dos animais e de seus guardiões, desta forma o reconhecimento da dor e de suas diversas formas de tratamento é um dever moral, pois assim como os homens, sentem medo, solidão, monotonia e dor, os animais também sentem e muitas vezes, apresentam dificuldade de expressar essas sensações.

Palavras chaves: Dor, sofrimento, comportamento, cães, gatos.

Abstract: Pet animals has been considered as family members and as such the feelings developed by these animals are intensely perceived by their guardians, who have just bringing familiar discomfort conditions. The disease developed in these animals, mostly present as a symptom pain that needs to be identified and treated. However this requires that professionals have knowledge about the behavior of the species as well as on the therapeutic protocols according the type of pain. We must consider that as professional veterinarios, we are ethicists, welfare, are responsible for the relief of animal suffering and their guardians, so the recognition of pain and its various forms of treatment is a moral duty, as well as men, they feel fear, loneliness, monotony and pain the animals feel well and often have difficulty expressing those feelings.

Key words: Pain, suffering, behavior, dogs, cats.

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Docente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural do Semi-Árido

nilzadutra@yahoo.com.br

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Os animais de companhia tem sido considerado como membros das famílias (LUCAS, 2009) e como tal os sentimentos desenvolvidos por esses animais são intensamente percebidos pelos seus guardiões, que acabam trazendo condições de desconforto familiar. As doenças desenvolvidas nestes animais, em sua maioria, apresentam como sintoma a dor, que segundo a International Association for the study of Pain (IASP) é definida como “Uma experiência sensorial de aversão causada por uma lesão tecidual real ou potencial que provoca reações motoras e vegetativas de proteção, ocasionando uma aprendizagem de um comportamento de esquiva, podendo modificar o comportamento especifico da espécie, incluindo o comportamento social”. Essa é uma síndrome que induz a várias alterações fisiológicas podendo levar a morte. Observa-se que tem ocorrido um aumento no número de estudos sobre o reconhecimento, alívio e prevenção da dor em animais. No entanto, o seu reconhecimento é muito subjetivo, considerando que são necessário muitos estudos etológicos sobre esse assunto, já que o reconhecimento da dor passa por uma analise comportamental. O controle álgico é fundamental para a recuperação dos animais enfermos e consequente manutenção do bem-estar. Importante salientar que bem-estar significa condição de satisfação das necessidades, conscientes ou inconscientes, naturais ou psicossociais, implica na satisfação das necessidades biológicas (bem estar físico), das necessidades psicológicos (bem estar mental), das necessidades sociais (bem estar social), e não apenas satisfeitas todas essas necessidades, mas perfeitamente atendidas, como cita a Organização Mundial da Saúde.

Neste contexto dor e o bem estar animal, estão intrinsecamente ligados, pois não existe bem estar animal onde existe dor. Aliviar a dor e o sofrimento dos animais parece ainda, diante de algumas pessoas, futilidade, considerando que há ainda no mundo milhões de pessoas que sofrem, tem doenças incuráveis, passam fome, convivem com as guerras. As teorias de Garry Francione sobre a abolição da exploração animal, sugere que o massacre dos animais é também um ato do ser humano contra si próprio. Nós o praticamos porque estamos mergulhados em relações sociais que nos cegam. Enxergar nas outras espécies como seres que sentem e sofrem é um enorme passo para nos livrarmos das brutalidades que cometemos entre nós mesmos.

Na maior parte do século XX, os médicos veterinários foram mal preparados, em termos de educação e ideologia, para tratar da dor animal, da mesma forma que o controle da dor não foi historicamente uma propriedade para os clínicos humanos. Na realidade a teoria e a pratica moral relativa aos animais foi ignorada durante grande parte da história da humanidade, sendo a crueldade imposta, e a dor e o sofrimento deliberado. Porém, a imposição da sociedade e o comprimento de leis de proteção dos animais têm feito com que sejam adotadas medidas de controle da dor e reduzido o sofrimento dos animais.

No inicio do século XXI, acumulou-se um grande conjunto de conhecimentos básicos e de critérios neuroanatômicos e neurofisiológicos do homem e dos animais, assim como a compreensão

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da fisiologia da dor. Dessa forma, a dor não controlada não é apenas, moralmente problemática, mas ela é biologicamente prejudicial. Afeta numerosos aspectos da saúde física, portanto prejudica a saúde e o bem estar dos animais e pode até mesmo, se for grave o suficiente, provocar a morte.

Na verdade pouco se sabe sobre dor e sofrimento dos animais, portanto muitas vezes a dor não é identificada e por sua vez não é tratada. Verifica-se que nos últimos anos têm aumentado o número de estudos sobre o reconhecimento, alívio e prevenção da dor nos animais (HELLEBREKERS, 2002). A dor é uma experiência individual, e o quanto dessa experiência se traduz em um comportamento observável e mensurável depende de vários fatores. O consenso entre os pesquisadores que usam métodos para aferir a dor é que a observação comportamental é uma ferramenta útil para distinguir entre a ausência de dor e dor moderada ou grave. Sabe-se que as estruturas anatômicas e os mecanismos neurofisiológicos na percepção da dor são semelhantes no homem e nos animais, sendo razoável admitir que um estímulo que é doloroso para uma pessoa poderá induzir respostas comportamentais semelhantes nos animais (THURMON, 1999).

Tem-se que os proprietários dos animais de companhia estão preocupados com a dor e o bem-estar de seus animais, já que em muitas vezes referem sobre a possibilidade da dor, no entanto muito tem-se que trabalhar esse assunto no meio médico veterinário. Borges et al., 2013, em um estudo sobre o ensino da dor e do bem-estar nas universidades brasileiras verificou que quando foi colocado a palavra-chave "dor" 83% das ocorrências estavam relacionadas a aspectos fisiológicos, farmacológicos, patológicos e anestésicos da dor. Outro dado relevante neste estudo, é que, entre as 22 ementas analisadas, 10 (45%) não mencionam o termo "dor". Desta forma, percebe-se que o ensino da dor ainda é limitado e que, na maioria das vezes, restringe-se aos aspectos fisiológicos, patológicos, farmacológicos e anestésicos. Os resultados sugerem uma possibilidade de aprimoramento quanto à formação dos médicos veterinários em relação à relevância da dor para o bem-estar animal, de maneira a promover reflexão e busca de melhorias pelos futuros profissionais. O ensino específico de dor utiliza, em média, somente 15,2% da carga horária total das disciplinas que estão relacionadas à dor animal. Main (2010) afirmou que os currículos do curso de medicina veterinária encontram-se atualmente sob pressão contínua, de políticos, das expectativas dos estudantes e das exigências comerciais, para a inclusão de questões de bem-estar animal. Entre os assuntos a serem incluídos, a preocupação com o ensino da dor animal desponta como muito relevante. A tendência provável, dessa forma, é que essa porcentagem aumente no decorrer dos anos também no Brasil.

O diagnóstico de dor deverá ser baseado no exame físico e na avaliação do comportamento animal. Além disso, algumas analises laboratórios contribuem para analise da dor. A detecção da dor nos animais pode ser muito difícil, principalmente se o profissional não tiver um apurado conhecimento sobre o comportamento da espécie. Assim sendo, pode-se estabelecer sinais de dor por meio da observação de alterações de comportamento, nível de atividade, qualidade do sono,

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expressão facial, preocupação com a área traumatizada, vocalização, postura, parâmetros cardiorrespiratórios e ingestão de alimentos e água (HELLYER, 1999).

A dor ainda é tratada de forma inadequada em todo o mundo, tanto na medicina (DAUDT et al., 1998) como na medicina veterinária, porém é necessário que a dor seja identificada e tratada. Para tanto, faz-se necessário que os profissionais da saúde tenham conhecimentos básicos sobre a fisiologia da dor e a farmacologia dos analgésicos, além da capacitação para reconhecimento do quadro álgico (BASSANEZI; OLIVEIRA FILHO, 2006). O tratamento inadequado da dor, principalmente no período pós-operatório, poderá promover o desencadeamento de dor crônica (BREIVIK; STUBHAUG, 2008).

A dor induz à mudança de comportamento, incluindo comportamento social, que pode ser específico a cada animal ou espécie. O paradigma moderno da dor sustenta que ela é uma experiência multidimensional. É importante considerar que embora o limiar da percepção da dor pareça ser constante interespécies, a real tolerância de um estímulo doloroso pode variar amplamente dentro de uma mesma espécie, podendo alguns animais tolerar um nível mais elevado de dor que os outros. Devido à sua natureza subjetiva, é difícil quantificar a dor. Além disso, em comparação com os seres humanos, a avaliação da dor em animais é mais complexa e subjetiva, devido à incapacidade dos animais comunicarem verbalmente sua dor.

A dor pode ser descrita de acordo com o local de origem em dor somática originada na pele, músculos, ossos e outros tecidos; dor visceral que origina-se nos órgãos internos, como trato gastrintestinal, trato respiratório, dentre outros e dor neuropática originada no sistema nervoso, manifestando-se como uma desordem de processamento da atividade neuronal. Ainda de acordo com sua intensidade e duração podem ser divididas em dor aguda e crônica. A dor aguda é útil e cumpre uma função de preservação, pode causar sofrimento e gerar grande limitação funcional. Esta associada aos sinais físicos do sistema nervoso autônomo, como taquicardia, hipertensão, ansiedade, sudorese, agitação psicomotora, dilatação da pupila e palidez, tem a função de alerta, vem em seguida a uma lesão tecidual, é rápida, permite ao indivíduo evitar lesões graves e apresenta uma terapêutica eficiente. A dor crônica gera acentuado estresse, é inútil e incapacitante, não apresenta tratamento eficiente, causa sofrimento e gera limitação funcional, especialmente de longa duração e com componente central dominante.

Na maioria das vezes a dor crônica está associada com alterações graves das vias de condução fisiológica normal que originam a hiperalgesia e alodinia, ou espasmos espontâneos. Leva os pacientes a mudanças emocionais e vegetativas. Os sinais são mudanças no comportamento e disposição funcional, depressão, perda da libido, perda de peso, interferência no sono. Do ponto de vista orgânico a dor crônica pode envolver estruturas somáticas (dor nociceptiva) ou sistema nervoso periférico e central ou ambos, dor neuropática. A dor neuropática tem sintomas diversos e etiologias variadas incluindo câncer, artrite, doenças vasculares, entre

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outros. É circundada por variadas síndromes, no entanto, tem em comum a presença de hiperalgesia e/ou alodinia, dor espontânea e paraestesia. Os pacientes com esse tipo de dor parecem não responder aos opióides.

Tratar a dor é um dever moral e ético, essa traz graves efeitos negativos nos sistemas cardiopulmonar, gastrointestinal, neuroendócrino e imunológico; além disso, os proprietários adquirem mais segurança e confiança. O tratamento da dor proporciona qualidade de vida para o animal e o proprietário, além de prevenir alterações comportamentais importantes. Atualmente existem vários protocolos terapêuticos que objetivam propiciar o alívio da dor e restaurar as funções órgão afetado. São utilizadas modalidades terapêuticas desde a clínica à cirúrgica. Os medicamentos analgésicos utilizados são os analgésicos narcóticos, antagonistas narcóticos, anestésicos locais, anticonvulsivantes, antidepressivos triciclicos e medicamentos antiinflamatórios não-esteróides e esteroidais. A administração de medicações analgésicas baseia-se numa “escada analgésica”. O primeiro a usado um analgésico não opióide e um antiinflamatório não-hormonal. Depois um opióide fraco é somado e em seguida um opióide forte. A acupuntura é uma modalidade terapêutica que pode ter aplicação na dor.

Porém, a terapêutica das dores neuropáticas é um desafio e para essas tem sido utilizada terapia múltipla. Os principais instrumentos terapêuticos são constituídos de cirurgia descompressiva, anticonvulsivantes (carbamazepina, ácido valpróico, fenitoína, a vigabatrina, gabapentina e lamotrigina,), bloqueio simpático, antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, imipramina ou notriptilina) e fenotiazínicos. É provável que o conceito de “analgesia multimodal balanceada” proporcione o alívio mais abrangente. A analgesia profilática é um importante aspecto a se considerar nas cirurgias eletivas. Essa minimiza o desenvolvimento de hipersensibilidade periférica e do Sistema Nervoso Central em resposta à dor e previne a hiperalgesia e a alodinia.

Podemos concluir que como profissionais Médicos Veterinários, somos promotores da ética, do bem-estar, somos responsáveis pelo alivio do sofrimento dos animais e de seus guardiões, desta forma o reconhecimento da dor e de suas diversas formas de tratamento é um dever moral, pois assim como os homens, sentem medo, solidão, monotonia e dor, os animais também sentem e muitas vezes, apresentam dificuldade de expressar essas sensações.

REFERÊNCIAS

ALENCAR, L.P. CARACTERIZAÇÃO DOS PROPRIETÁRIOS DE CÃES E GATOS NO

MUNICÍPIO DE MOSSORÓ, RIO GRANDE DO NORTE. Monografia apresentada a

Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, Departamento de Ciências Animais para obtenção do título de Médico Veterinário. 2009 . 52 P

BASSANEZI, B. S. B.; OLIVEIRA FILHO, A. G. Analgesia Pós-Operatória. Revista do

Colégio Brasileiro de Cirúrgia. 33(2):116-22, 2006.

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BORGES, T.D.; SANS, E.C.O.; BRAGA, J.S.; MACHADO, M.F.; MOLENTO, C.F.M. Ensino de bem-estar e dor animal em cursos de medicina veterinária no Brasil. Arquivos Brasileiro de

Medicina Veterinária e Zootecnia. vol. 65, nº1, Belo Horizonte, 2013.

BREIVIK, H.; STUBHAUG, A. Management of acute postoperative pain: still a long wal to go!.

Pain. 2008. 137. 233-4.

DAUDT, A. W.; HADLICH, E.; FACIN, M. A.; APRATO, R. M. S.; PEREIRA, R. P.

Opióides no manejo da dor — uso correto ou subestimado? Dados de um hospital

universitário. Revista da Assossiação Médica do Brasil. 1998; 44(2): 106-10.

HELLEBREKERS, L. J. Dor em Animais. São Paulo: Manole, 2002. p. 69-79.

HELLYER P.W. Minimizing postoperative discomfort in dogs and cats. Veterinary Medicine, n.3, p.259–265, 1999.

MAIN, D.C.J. Evolution of animal-welfare education for veterinary students. Journal Veterinary Medicin Educative. v.37, p.30-35, 2010.

THURMON, J. C.; TRANQUILI, W. J.; BENSON, G. J. Perioperative pain and its management. Essencials of Small Animal. Anesth Analg. 1999; p.28-60.

Referências

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