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2ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos 1° Congresso Brasileiro de Avaliação de Impacto

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Associação Brasileira de Avaliação de Impacto

Este trabalho foi recebido pela Comissão Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor.

EFICÁCIA DOS PROGRAMAS AMBIENTAIS DECORRENTES DO LICENCIAMENTO

Elisângela Papst1 Luis E. Sánchez2 Resumo

A eficácia dos programas ambientais decorrentes do licenciamento ambiental ainda é insuficientemente analisada. Um estudo ex post sobre a implantação dos programas ambientais decorrentes do licenciamento de dois empreendimentos de transportes (uma rodovia e uma ferrovia) verificou que (i) a supervisão ambiental durante a etapa de construção é essencial para a implementação dos programas; (ii) os resultados da supervisão são utilizados para analisar conformidade, mas não para avaliar

desempenho ou eficácia; (iii) não há nenhuma forma de retroalimentação que permita que futuros Estudos de Impacto Ambiental (EIAs) e Planos (ou Projetos) Básicos Ambientais incorporem aquilo que possa ter sido bem ou mal sucedido na construção das obras de infraestrutura de transportes.

O estudo também permitiu constatar, no contexto atual, reduzidas possibilidades de melhoria tanto da parte do órgão ambiental quanto do empreendedor governamental. A rotatividade dos analistas do órgão licenciador, aliada à inexistência de mecanismos internos de captura do conhecimento adquirido na fase de acompanhamento faz com que seja pequena sua capacidade de aprendizagem organizacional. Da parte do empreendedor governamental, praticamente todos os trabalhos de planejamento e gestão ambiental são terceirizados, o que limita severamente sua capacidade de aprendizagem.

Dentre as recomendações decorrentes do estudo, destacam-se: (1) a elaboração, pelo empreendedor, de um relatório consolidado da implementação dos programas

ambientais, indicando não somente a conformidade com as condicionantes, mas também as boas práticas que poderiam ser replicadas e os programas cujos resultados ficaram aquém do esperado; (2) a elaboração, pelo órgão ambiental, de parecer técnico final avaliando a eficácia dos programas ambientais e os resultados de proteção ambiental alcançados.

Palavras-chave: gestão ambiental, eficácia, acompanhamento Introdução

No processo de avaliação de impacto ambiental, a etapa de acompanhamento frequentemente recebe menor atenção que as etapas de avaliação prévia (Dias e Sánchez, 2001; Gallardo e Sánchez, 2004; Morrison-Saunders, Baker e Arts, 2003). No entanto, a satisfatória implementação das medidas mitigadoras e demais ações de gestão são essenciais para que este processo atinja resultados demonstráveis de proteção ambiental.

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Tribunal de Contas da União 2

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Este trabalho foi recebido pela Comissão Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor.

Um estudo anterior do Tribunal de Contas da União (TCU, 2009) , ao analisar o processo de licenciamento ambiental federal para grandes projetos de infraestrutura, indagando se o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais

Renováveis (Ibama) avalia se os impactos ambientais negativos causados pelos empreendimentos são efetivamente mitigados, havia constatado que: (1) este órgão não avalia e acompanha sistematicamente os impactos e riscos ambientais das obras licenciadas (pg. 8); (2) “não possui padrões ou normas específicas dos procedimentos e critérios técnicos e metodológicos adotados no processo de licenciamento ambiental federal para cada tipologia de obra” (p. 31) e (3) não avalia os benefícios (ambientais, sociais ou econômicos) do licenciamento.

À luz desses achados anteriores, este estudo buscou verificar se tais

conclusões seriam confirmadas pelo exame detalhado de dois casos de licenciamento ambiental de obras de infraestrutura de transportes.

Métodos

Para o presente trabalho, foram selecionados, previamente, dois grandes projetos de infraestrutura para realização de estudo ex post sobre o licenciamento ambiental. A escolha dos casos foi feita mediante consulta ao Ibama, agência federal responsável, resultando na escolha de dois empreendimentos em fase adiantada de construção, cujo licenciamento fosse relativamente recente (ou seja, deva ter sido conduzido segundo procedimentos e critérios não muito diferentes daqueles atualmente empregados pelo Ibama).

Foram selecionados um trecho da rodovia BR-101 Sul e um trecho da ferrovia Transnordestina. A escolha desse trecho rodoviário, dentre vários que foram

licenciados recentemente, advém do fato de que se trata do primeiro empreendimento rodoviário federal em que foram contratados, pelo empreendedor, serviços de

supervisão ambiental. Portanto, o caso poderia representar as melhores práticas atualmente adotadas nesse tipo de empreendimento. No caso da ferrovia, o projeto foi concedido à iniciativa privada, o que poderia possibilitar a identificação de eventuais diferenças, em termos de gestão ambiental, em relação a projetos públicos.

Uma vez selecionados os casos, os procedimentos empregados foram:  solicitação de documentos ao Ibama

 exame dos 22 volumes do processo de licenciamento ambiental da rodovia BR-101 e dos 6 volumes do processo de licenciamento ambiental da ferrovia

 seleção dos documentos mais relevantes para análise detalhada e solicitação de documentos adicionais

 análise de documentos selecionados e preparação de uma cronologia do licenciamento ambiental

 inspeções de campo, precedidas de agendamento e seleção de locais a serem observados

 elaboração de lista de perguntas e entrevistas com representantes do Ibama, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e da empresa concessionária da ferrovia

 solicitação de documentos adicionais ao DNIT e à empresa concessionária da ferrovia

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Este trabalho foi recebido pela Comissão Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor.

 análise das evidências coletadas.

Os principais resultados obtidos são apresentados na próxima seção. Resultados

Rodovia BR-101 Sul

O licenciamento ambiental da duplicação do trecho de cerca de 348 km entre Florianópolis e Osório teve início em 1997, quando, após requerimento do

empreendedor, foram emitidos termos de referencia para o estudo de impacto ambiental (EIA), apresentado em 1999. Após análise, consulta pública e demais procedimentos, o Ibama emitiu licença prévia em 27 de abril de 2001, excluindo um lote que atravessa uma terra indígena. Após análise do projeto básico ambiental (PBA), a licença de instalação foi expedida em 25 de novembro de 2002, à qual se somaram diversas autorizações de supressão de vegetação e licenças ambientais estaduais para canteiros de obras e áreas de empréstimo. As obras foram iniciadas em dezembro de 2004 e não haviam sido concluídas até o término deste estudo.

Da análise de documentos, pôde-se constatar, dentre outros, que:

(a) A análise do EIA e a consulta pública resultaram em modificações de parte do traçado, como o contorno de Araranguá, que permitiu reduzir os incômodos no trecho urbano e um desvio realizado com a intenção de afastar a pista de uma pequena gruta. Ademais, a atuação do Ministério Público resultou em uma série de ações de compensação para uma comunidade quilombola que não havia sido identificada no EIA e cujo processo de reconhecimento foi realizado durante o andamento das obras.

(b) A fase de acompanhamento contou com ações do empreendedor (DNIT) e do órgão licenciador. De maneira pioneira em obras rodoviárias federais, foi contratada uma empresa para realizar serviços de supervisão ambiental, embora estes tenham sido iniciados apenas em março de 2005. As tarefas de supervisão incluíram, entre outras, visitas de campo, registro de não conformidades (denominadas

irregularidades) e emissão de relatórios.

(c) Por outro lado, o Ibama realizou diversas vistorias desde o início das obras, por equipes de analistas que foram se sucedendo ao longo do período de obras e registravam suas constatações em notas técnicas enviadas ao empreendedor e juntadas ao processo administrativo. A periodicidade das vistorias foi variável, tendo sido mais intensa durante o primeiro ano de obras. O principal objeto das vistorias era o atendimento às condicionantes da licença de instalação e a implementação dos programas descritos no PBA. Em caso de observação de irregularidades, o

empreendedor é notificado. Durante as vistorias, são realizadas reuniões técnicas para esclarecimento, orientação do empreendedor e para dirimir dúvidas.

Das entrevistas e inspeções de campo, pôde-se constatar os seguintes pontos relevantes para o objeto deste estudo:

(d) Todas as atividades de gerenciamento e supervisão são realizadas pela empresa supervisora, sem envolvimento direto do DNIT e de seus técnicos; isto inclui não somente as atividades de campo (supervisão ambiental de obras), mas também a

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Este trabalho foi recebido pela Comissão Cientifica e pertence aos anais do Congresso. O conteúdo do trabalho é de inteira responsabilidade do autor.

preparação de relatórios, o acompanhamento de vistorias e visitas, a realização de contatos com outros órgãos da administração federal, estadual ou municipal, assim como com os órgãos de controle externo, como o Ministério Público Federal e o acompanhamento de programas realizados por meio de convênios ou contratos com terceiros, como a pesquisa e o salvamento arqueológico.

(e) Algumas mudanças importantes de projeto, consideradas necessárias por razões técnicas, foram analisadas pelo Ibama e resultaram em ganhos ambientais. Um exemplo é a travessia de uma área de várzea onde havia sido projetado um aterro; constatadas as dificuldades técnicas decorrentes da grande espessura de solos moles com resistência insuficiente para suportar as solicitações, o aterro foi substituído por uma via elevada, o que propiciou a manutenção dos fluxos hídricos durante os períodos de cheia, que teriam sido afetados pela presença do aterro, mesmo com a instalação de drenos.

(f) Relatórios relativos a supressão de vegetação e plantios compensatórios por intervenções em áreas de preservação permanente são analisados por técnicos do Ibama, sendo os resultados da análise registrados no processo. O mesmo não ocorre, porém, para os relatórios de acompanhamento, os quais seriam apenas considerados quando da análise dos pedidos de licença de operação.

Ferrovia Transnordestina

O trecho de Missão Velha (CE) a Salgueiro (PE) na ferrovia Transnordestina, com 96 km, foi o primeiro a ser licenciado, embora seja parte de um projeto cuja extensão total seja de 637 km. O processo de licenciamento teve início em outubro de 2003 e o EIA foi apresentado em dezembro de 2004. Em setembro de 2005 foi

expedida a licença prévia, seguida, em abril de 2006, da licença de instalação. A ferrovia foi concedida à iniciativa privada, ainda em 2006, que se encarregou da construção. Diferentemente do caso da rodovia, o Ministério Público não atuou.

Da análise de documentos, entrevistas e inspeções de campo, destaca-se: (a) A supervisão ambiental também foi adotada como ferramenta de

acompanhamento. Uma empresa especializada foi contratada e relatórios periódicos foram preparados. Tais relatório informam que a supervisão ambiental é executada por meio de "vistorias da obra", e comunicação, à empreiteira, de "inconformidades", além de "acompanhamento diário da obra". Entretanto, assim como ocorreu com a rodovia, a obra foi iniciada antes da contratação da equipe de supervisão.

(b) O Ibama também realizou vistorias durante a etapa de obras, mas com frequência muito menor que no caso da rodovia. Procedimentos similares foram usados. Em contraste com o caso da rodovia, as vistorias foram motivadas mais para fins de emissão de autorizações de supressão de vegetação do que para verificar a conformidade das obras com as condicionantes da licença de instalação. De qualquer forma, irregularidades foram constatadas e a empresa autuada já no início das obras, quando ainda não atuava a equipe de supervisão.

(c) O Ibama não avalia os relatórios periódicos sobre o cumprimento dos programas ambientais, nem emite pareceres; segundo apurado nas entrevistas, os técnicos do Ibama tomam conhecimento e leem os relatórios e os utilizam para

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planejar vistorias. Os relatórios também são utilizados por ocasião da renovação da licença de instalação ou para emissão da licença de operação.

(d) Nem o Ibama, nem o empreendedor, nem tampouco a equipe de supervisão ambiental avaliam a eficácia dos programas integrantes do Plano Básico Ambiental Somente o atendimento às condicionantes é demonstrado pelo empreendedor e analisado pelo Ibama. A falta desta avaliação representa uma não conformidade com as atividades de supervisão ambiental, tais como descritas no PBA, que serviriam para "avaliar a eficiência" dos programas ambientais.

(e) Os impactos cumulativos decorrentes de outros empreendimentos colocalizados, inclusive licenciados pelo Ibama, não são levados em conta no licenciamento.

Discussão

Instrumentos de acompanhamento

Nos dois casos estudados, a implantação dos projetos é acompanhada pelo empreendedor e pelo órgão licenciador. O acompanhamento por parte do Ibama é feito mediante:

- vistorias

- recebimento de relatórios de acompanhamento emitidos pelo empreendedor ou empresa por ele contratada

- análise de solicitações associadas ou decorrentes do processo de

licenciamento, como emissão de autorização de supressão de vegetação; solicitações de autorização para modificações de projeto erenovação de licença de instalação

- atendimento a demandas externas, em particular as oriundas do Ministério Público Federal.

O acompanhamento por parte do empreendedor é feito mediante: - supervisão ambiental das obras

- monitoramento ambiental

- gerenciamento da implantação dos programas descritos no PBA e das condicionantes licenças e das autorizações de supressão de vegetação.

Na fase de acompanhamento, não foram constatadas manifestações ou solicitações originadas de organizações da sociedade civil. Foi verificado um único caso de manifestação de uma prefeitura, na rodovia. A sociedade civil, ativa durante a fase de avaliação prévia, principalmente no caso da rodovia, não se envolveu durante as obras de construção.

O acompanhamento dos casos estudados

Embora não haja orientações ou diretrizes dos órgãos ambientais para a etapa de acompanhamento, a prática brasileira tem sido, resumidamente: (1) o EIA

apresenta um plano de monitoramento e um conjunto de medidas mitigadoras,

compensatórias e outras; (2) após emissão da licença prévia, o empreendedor prepara um PBA detalhando as medidas descritas no EIA (eventualmente acrescidas de outras decorrentes da análise dos órgãos ambientais); (3) a licença de instalação estabelece a obrigatoriedade de implementação de todos os programas descritos no PBA e de

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apresentação de relatórios periódicos; (4) procedimentos similares são adotados para a licença de operação.

Visando contextualizar os casos estudados e identificar possíveis diferenças entre eles, foi adotada uma estrutura de análise baseada nos “Princípios internacionais de boa prática para acompanhamento em avaliação de impacto ambiental”. Estes princípios (Marshall, Arts e Morrison-Saunders, 2005) foram propostos por um grupo de especialistas da IAIA – International Association for Impact Assessment, após a realização de uma série de seminários entre 2000 e 2004, durante as reuniões anuais dessa entidade, cujos resultados foram sintetizados por Arts, Caldwell e Morrison-Saunders (2001) e Morrison-Morrison-Saunders, Baker e Arts (2003).

Uma versão simplificada dos princípios é mostrada no Quadro 1, com observações resumidas sobre cada um dos casos estudados. A coluna “quesitos” é uma adaptação ou “tradução” dos princípios aos termos da legislação e à prática brasileira.

Quadro 1

Princípios de Boa Prática de Acompanhamento Ambiental

princípio quesitos comentários

1. Acompanhamento é essencial para

determinar os resultados da AIA

definição das ações para minimizar impactos adversos e maximizar os positivos

programas descritos no EIA e no PBA; monitoramento e

acompanhamento são obrigatórios

2. Transparência e abertura no acompanhamento

todos os interessados têm direito a ser informados

relatórios de acompanhamento não são públicos

3. Compromisso com o acompanhamento

requisitos para

acompanhamento devem estar presentes no EIA

o EIA EIA apresentou lista de programas ambientais, mas é “esquecido” e somente o PBA é verificado 4. A responsabilidade primária pelo acompanhamento cabe ao empreendedor

empreendedor deve ser responsável pela mitigação de impactos adversos e

comunicação dos resultados do acompanhamento

a legislação brasileira é clara a respeito

5. O regulador deve garantir que o acompanhamento seja implementado

cabe ao órgão ambiental determinar as tarefas de acompanhamento e verificar seu cumprimento

Ibama acompanhou a etapa de construção em ambos os casos, mediante vistorias e recebimento de relatórios

6. O público deve ser envolvido no

acompanhamento

no mínimo o público deve ser informado dos resultados; idealmente, deveria participar da formulação e

implementação dos programas

No caso da rodovia, website tem um resumo dos programas ambientais e folder foi distribuído ao público; no caso da ferrovia, não foram obtidas evidências de envolvimento do público; em ambos os casos, modificações de projeto foram feitas após a LP (e após as audiências públicas)

7. As partes devem cooperar para o acompanhamento

acompanhamento terá melhores resultados quando houver entendimento comum quanto a procedimentos ou métodos

houve conflitos após a emissão da LI, com atuação do Ministério Público no caso da BR 101 Sul

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8. Acompanhamento deve ser apropriado ao contexto social

procedimentos devem ser adaptados ao contexto legal, administrativo e sociocultural

as vistorias do Ibama são mais frequentes na rodovia, o caso que demanda maiores cuidados

9. Acompanhamento deve considerar efeitos cumulativos e sustentabilidade identificar impactos cumulativos

os projetos e respectivos programas ambientais são tratados

individualmente, sem considerar efeitos cumulativos

10. Acompanhamento deve ser

implementado no devido tempo, ser adaptativo e orientado para ações

as ações devem ser eficazes para atingir as metas dos programas

a legislação per- no caso da ferrovia, obra começou sem supervisão ambiental; o acompanhamento por parte do Ibama foi ativo e detectou descumprimento da legislação; na rodovia, não houve adap-tação de programas; monitoramento de águas foi suspenso por término de contrato

11. Acompanhamento deve promover a aprendizagem contínua para melhorar práticas futuras

devem haver mecanismos para retroalimentação ativa para o processo de AIA

nem Ibama nem empreendedores estão atentos para melhoria e aprendizado para futuros projetos

12 Deve haver divisão clara de papéis, tarefas e

responsabilidades

os papéis e respon-sabilidades devem ser definidos de

antemão

relação com outros órgãos federais foi motivo de atraso nas obras

13. Acompanhamento deve ser orientado para objetivos e metas

definir objetivos do acompanhamento

Objetivos são definidos em termos vagos; metas dos programas do PBA não são claras e não tem indicadores de resultados

14. Acompanhamento deve ser apropriado para cada caso

ações devem ser

proporcionais à importância dos impactos ambientais

Os programas ambientais, em princípio, devem abordar os impactos significativos

15. Devem ser

estabelecidos critérios de desempenho

informação e resultados que possam ser mensuráveis e avaliados em relação a critérios claros

Não é preocupação do Ibama; avaliação de desempenho está ausente

16. Acompanhamento deve ocorrer durante todo o período de vida do empreendimento

construção, operação e desativação

Ambos os projetos foram avaliados em fase de implantação

17. Recursos

suficientes devem ser alocados

os agentes envolvidos devem dispor de recursos para o acompanhamento

Ibama não tem recursos humanos suficientes para acompanhamento de todas as obras; na rodovia, o DNIT alocou recursos somente conforme demandas do Ibama ou judiciais; na ferrovia, os programas são executados com recursos do empreendedor

Analisando os enunciados de síntese apresentados no Quadro 1, observa-se grande aderência aos princípios, as maiores divergências são relacionadas aos princípios (6), (9), (11) e (15).

Avaliação de eficácia

Este estudo verificou, em ambos os casos, que não existe (e nem há previsão) de que, ao final do período de construção, seja preparado algum relatório de avaliação dos programas ambientais em termos de resultados de proteção ambiental alcançados

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ou de melhoria das condições socioeconômicas das comunidades afetadas. No caso da ferrovia, a licença de instalação estipula que o empreendedor deve apresentar um “relatório final consolidado”, mas, em não havendo instrução ou diretriz para o

conteúdo desse relatório, o mais provável é que esse documento retome ou resuma os vários relatórios periódicos apresentados durante a construção, tendo conteúdo

descritivo e não analítico. No caso da rodovia, há a exigência de que seja avaliada a eficácia somente das passagens de fauna, o que tampouco havia sido demonstrado até o término do presente estudo.

Conclusões

Com o estudo de dois casos, foi possível verificar que o Ibama realizou um trabalho intenso de acompanhamento dos projetos que obtiveram suas licenças de instalação. Os processos do Ibama, os relatórios de andamento e os demais

documentos reúnem grande quantidade de informações sobre o empreendimento e seus impactos. A informação somente é útil na medida em que conhecimento e competência permitem utilizá-la de forma pertinente. Este estudo constatou que informação e conhecimento gerados em cada caso são utilizados somente para decisões relativas ao próprio caso, com pouca repercussão nas demais atividades de licenciamento conduzidas pelo Ibama.

Nota-se que o EIA é “esquecido” após a concessão da licença prévia e o documento de referência, tanto para o Ibama quanto para o empreendedor passa a ser o plano (ou projeto) básico ambiental. Assim, não há nenhuma forma de

retroalimentação que permita que futuros EIAs (e mesmo os próprios PBAs)

incorporem aquilo que possa ter sido bem ou mal sucedido na construção das obras de infraestrutura de transportes.

O próprio trabalho de supervisão ambiental também está muito atrelado ao objetivo de atender à legislação e às condicionantes, com pouca atenção a

oportunidades de melhoria contínua e sem preocupação com avaliação de

desempenho. A pouca participação da sociedade civil e a restrita atuação do Ministério Público após a concessão das licenças pode ser um fator que concorra para que a supervisão ambiental seja pouco explorada em suas oportunidades de melhoria de desempenho ambiental da obra (Costa e Sánchez, 2010).

As evidências coletadas durante o estudo reforçam a recomendação anterior do TCU de que o Ibama “crie um relatório consolidado para avaliação (ex post) dos impactos mitigados e não mitigados e das boas práticas observadas do licenciamento com base no desempenho ambiental do empreendimento autorizado pelo Ibama”.

Outras recomendações decorrentes do estudo são:

1. Ao final de uma obra, o empreendedor deveria preparar um relatório

consolidado da implementação dos programas ambientais, cujo conteúdo, de cunho tanto descritivo quanto analítico, deveria evidenciar a experiência adquirida, as boas práticas que poderiam ser replicadas e os programas cujos resultados ficaram aquém do esperado. Naturalmente, os objetivos e o

conteúdo mínimo de tal relatório deveriam ser explicitados aos

empreendedores e sua qualidade deveria também ser controlada pelo Ibama, sob pena de transformar-se em mera exigência burocrática.

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2. Estes relatórios finais consolidados seriam armazenados em um repositório eletrônico devidamente indexado e que permitisse fácil localização e consulta. A indexação não deveria ser feita apenas pelo número do processo ou tipo de obra, mas incluir diversas palavras-chave (e.g. passagens de fauna,

reassentamento, resgate de epífitas) que permitam pesquisa para futuros licenciamentos.

3. Adicionalmente, o próprio órgão ambiental poderia preparar um parecer técnico final que avalie a eficácia dos programas ambientais e os resultados de

proteção ambiental alcançados.

4. Com base nesses relatórios e na experiência de seus próprios analistas, o órgão ambiental poderia destacar boas práticas, medidas mitigadoras, estratégias de monitoramento e procedimentos que possam ser adotados ou adaptados em futuros licenciamentos, inclusive na preparação de futuros EIAs. 5. Para tal, é fundamental que o órgão ambiental determine que os programas

ambientais integrantes dos PBAs tenham objetivos claramente definidos e metas devidamente estabelecidas, com indicadores mensuráveis que possam ser utilizados para avaliar a eficácia de cada programa ambiental.

Por outro lado, o Ibama também deveria se preparar para tratar de questões que atualmente não são devidamente abordadas no processo de licenciamento e que, embora não fizessem parte do objetivo principal deste estudo, também foram

observadas. Trata-se, em especial, da questão dos impactos cumulativos e sinérgicos, cuja análise é requerida nos termos da Resolução Conama 1/86.

Quanto ao empreendedor governamental, nestes casos representado pelo DNIT, é particularmente importante a constatação que todas as atividades de gerenciamento ambiental são terceirizadas. Esta política limita severamente as possibilidades de aprendizagem organizacional e pode levar à repetição de

deficiências tanto dos estudos que subsidiam o licenciamento ambiental quanto dos projetos de engenharia que são submetidos para avaliação de impactos ambientais, tornando o licenciamento pouco eficiente e pouco eficaz. Embora o órgão ambiental tenha um papel central no aprimoramento do licenciamento ambiental, os avanços dependem, em larga medida, da postura adotada pelos empreendedores privados e governamentais.

Referências

Arts, J.; Caldwell, P.; Morrison-Saunders, A. Environmental impact assessment follow-up: good practice and future directions – findings from a workshop at the IAIA 2000 conference. Impact Assessment and Project Appraisal 20(4): 229-304, 2005.

Costa, R. M.; Sánchez, L. E. O Papel da Supervisão Ambiental em Obras Rodoviárias. In: 1.ª Conferência da REDE de Língua Portuguesa de Avaliação de Impactos, Lisboa, 2010.

Dias, E.G.C.S.; Sánchez, L. E. Deficiências na implementação de projetos submetidos à avaliação de impacto ambiental no Estado de São Paulo. Revista de Direito Ambiental 23: 163-204, 2001.

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Gallardo, A.L.C.F.; Sánchez, L. E. Follow-up of a road building scheme in a fragile environment. Environmental Impact Assessment Review, 24: 47-58, 2004. Morrison-Saunders, A.; Baker, J.; Arts, J. Lessons from Practice: Towards

Successful Follow-up. Impact Assessment and Project Appraisal 21(1): 43-56, 2003

Marshall, R.; Arts, J.; Morrison-Saunders, A. International principles for best practice EIA follow-up. Impact Assessment and Project Appraisal 23(3): 175-181, 2005.

TCU. Relatório de Levantamento de Auditoria – Fiscobras 2009, TC 009.362/2009-4, 2009.

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