1
PROSTATITE
2
PROSTATITE
CONTEÚDO: LEANDRO MARCHETTI BRUNO
CURADORIA: NATÁLIA VERDIAL
3
SUMÁRIO
QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO ... 4 ETIOLOGIA E TRATAMENTO ... 5 REFERÊNCIAS ... 7
4
QUADRO CLÍNICO E
DIAGNÓSTICO
A próstata é uma glândula localizada pró-xima à bexiga (distal) e envolve parte da uretra. Este conhecimento básico de ana-tomia é de fundamental importância para entender as implicações da inflamação e infecção da glândula, a prostatite.
O perfil de paciente acometido é geral-mente entre os 20 e 40 anos de idade e possui relação direta com a vida sexual ativa. Mas deve-se atentar a essa possibi-lidade em qualquer faixa etária.
O quadro clínico apresenta de sintomas mais genéricos relacionados ao quadro in-feccioso sem identificar claramente o foco da doença, como febre e queda do estado geral, por exemplo. Mas também pode acompanhar sintomas mais específicos como a dor perineal ou retal que sugerem um pouco mais a localização da doença. Todavia, estes não são sintomas obrigató-rios e muitas vezes passam despercebi-dos. Isso ocorre muito em função da co-mum presença de sintomas irritativos uri-nários, que podem até mesmo incluir re-tenção urinária e hematúria. Estes sinais e sintomas usualmente levam à tendência do paciente procurar emergência e ser tra-tado como simples infecção urinária, sem uma anamnese e exame físico adequados.
O exame urológico é de extrema importân-cia neste paciente, em espeimportân-cial um bom exame digital retal (o tão conhecido “toque retal”). Ele faz parte do exame físico uroló-gico e pode dar informações importantes sobre o quadro do paciente. Não obrigato-riamente, mas comumente, o exame pode demonstrar uma próstata quente e de con-sistência diminuída, mais amolecida (sinais flogísticos mesmo) e pode, possivelmente, apresentar área de flutuação. Este é um si-nal de alarme importante, pois sugere a presença de abscesso. Nestes casos, a conduta deve ser agressiva e rápida. Mas, atenção, o toque não deve ser brusco, não deve funcionar como “massagem prostá-tica” pois pode causar dor e elevação do PSA em excesso.
É verdade que o PSA já é comumente en-contrado em valores elevados nos pacien-tes com prostatite. Por esta razão, não só o exame digital retal, mas toda anamnese e exame físico devem ser minuciosos e muito bem feitos para não gerar fator de confusão com um diagnóstico de câncer de próstata, por exemplo. Além do PSA ele-vado, a própria ressonância de próstata pode confundir o diagnóstico, uma vez que os sinais da infecção podem ser semelhan-tes ás alterações causadas pelo carcinoma prostático. O tratamento adequado do pa-ciente pode reduzir o PSA em até 30% (o que não é esperado em caso de câncer, por exemplo).
5 Além do câncer de próstata, existem
ou-tros diagnósticos diferenciais que devem ser aventados em um quadro suspeito de prostatite. Conforme já discutido, o quadro infeccioso, aliado a sintomas urinários, pode simular uma infecção do trato uriná-rio infeuriná-rior. Casos de trauma podem apre-sentar sintomatologia semelhante (a histó-ria bem colhida vai ser fundamental na di-ferenciação). E hiperplasia prostática é outro diagnóstico importante, especial-mente no paciente mais velho, a partir dos 50 anos.
Vale ressaltar a importância da relação en-tre prostatite com infecção urinária. Esta última é etiologia frequente nas emergên-cias e ambulatórios gerais e de especiali-dade. Pacientes do sexo masculino com quadros de ITU de repetição devem sem-pre ser investigados, em especial os mais jovens. É comum ao homem apresentar etiologia para a ITU como, por exemplo, a hiperplasia prostática benigna e os cál-culos urinários. Mas também deve ser in-vestigada a hipótese de prostatite, pois essa, ainda hoje, é uma patologia de difícil diagnóstico.
ETIOLOGIA E TRATAMENTO
A prostatite possui mais de uma etiologia possível, mas em geral, a tendência é pen-sar sempre em infecção de forma geral. O
quadro infeccioso pode afetar a próstata por duas vias mais comuns. São elas a via ascendente e a via hematogênica. Além destes fatores, pode ser também uma complicação relacionada a uma uretrite, daí a importância de avaliar o padrão de vida sexual do paciente e colher uma boa história bem como realizar um exame físico adequado, em busca de corrimento uretral, por exemplo.
A prostatite possui, ainda, papel impor-tante na gênese das infecções do trato uri-nário inferior dos pacientes masculinos a partir da 5ª década de vida. Não é comum paciente do sexo masculino apresentar ITU, devido ao maior comprimento uretral em relação às mulheres. Nesta faixa etária, pensar em um paciente retencionista uri-nário crônico por conta de hiperplasia prostática benigna não é o raciocínio mais realista, uma vez que a prevalência nesta idade é baixa. Especialmente em casos de ITU de repetição, deve ser aventada hipó-tese de prostatite, que não responderá ao esquema terapêutico habitual da infecção urinária simples.
Outra causa possível etiológica é a tuber-culose. A história clínica do paciente é muito importante neste momento e a anamnese deve ser dirigida, em busca de diagnóstico prévio, contato com pacientes infectados ou sintomas suspeitos como tosse crônica por exemplo. A prostatite
6 ocorre por via hematogênica do bacilo e é
etiologia particularmente importante em alguns pacientes em tratamento de câncer de bexiga, que recebem instilação intrave-sical de BCG. Estes pacientes podem senvolver prostatite granulomatosa e de-vem estar orientados a procurar atendi-mento quando apresentarem sintomas suspeitos.
Os agentes etiológicos mais comuns da prostatite aguda são as mesmas bactérias da infecção urinária, logicamente. Relem-brando, as principais são E. coli, Proteus, Klebsiella, mas também Enterobacter, Pseudomonas e Serratia. Em casos de prostatite crônica, devemos pensar em in-fecção causada por enterococcus. E nos pacientes jovens deve-se sempre pensar em etiologia gonocócica, principalmente ao decidir uma terapia antibiótica (não es-quecer de tratar gonorréia).
Vale conhecer, também, a chamada pros-tatodínia. Esta afecção prostática é uma in-flamação, porém sem infecção bacteriana. Estudos sugerem que estes casos não apresentem infecção ou ainda não se con-seguiu detectar. A prostatite crônica pode cursar com hematorpermia e geralmente não vem acompanhada de febre.
O tratamento depende da característica da infecção, se aguda ou crônica. Nos casos de prostatite aguda, está indicada antibio-ticoterapia por pelo menos 2 semanas e é preconizado uso de quinolonas, como o tão conhecido ciprofloxacino. Alguns ca-sos requerem internação e antibioticotera-pia venosa. Em geral, são internados os ca-sos com maior queda do estado geral, la-boratório mais comprometido e aqueles com obstrução urinária.
Os casos de prostatite crônica devem ser tratados por período mais longo, sendo in-dicada antibioticoterapia por pelo menos 3 semanas, podendo estender por até 12 se-manas. Além do uso de quinolonas, a as-sociação de sulfametoxazol com trimeto-prima também apresenta bons resultados. Os pacientes com abscesso prostático de-vem ser submetidos a drenagem além da antibioticoterapia venosa. Este procedi-mento pode ser realizado por via endoscó-pica urinária (transuretral), percutânea (por radiointervenção) ou mesmo transretal. A ressonância e o exame digital retal auxi-liam na programação mais adequada.
7
@jalekoacademicos Jaleko Acadêmicos @grupoJaleko
REFERÊNCIAS
JUNIOR, A. N.; FILHO, M.Z.; REIS, R.B.R. Urologia Fundamental. Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). São Paulo: PlanMark, 2010.
WEIN, A. J.; CAMPELL-WALSH. Urology. 11a ed. Rio de Jalneiro: GEN Guanabara Koogan, 2020
Guidelines AUA 2020. American Urological Association.