Diagrama de Nyquist
Paulo Roberto Brero de Campos
0.1 Introdu¸c˜ao
A an´alise de Nyquist ´e um m´etodo de resposta em frequˆencia essencialmente gr´afico para determinar a estabilidade relativa e absoluta de um sistema de controle em malha fechada.
0.2 Qual o objetivo do m´etodo de Nyquist?
O objetivo do diagrama de Nyquist ´e fazer uma varredura no semiplano direito, utilizando um contorno fechado, para verificar se h´a p´olos em malha fechada no semiplano direito.
Para fazer a varredura escolhe-se um percurso fechado, como mostrado na figura 1:
Figura 1: Percurso fechado no plano s
1. O percurso come¸ca no ponto ae vai para o ponto b, no eixos=jω. Isto ´e, varia¸c˜ao de jω= 0 at´e jω =∞.
2. O percurso do ponto b para o ponto c e para o ponto d, ´e feita com um c´ırculo de raio infinito: s= lim
R→∞Re(jθ), −900 ≤θ ≤900.
3. O percurso final vai do ponto d para o ponto e, no eixo s =jω. Isto ´e, varia¸c˜ao de jω =−∞at´e jω= 0.
Estes valores da vari´avelSs˜ao substitu´ıdos na fun¸c˜ao de transferˆenciaG(s)H(s), gerando um percurso fechado no plano G(s)H(s).
Exemplo: Dada a fun¸c˜ao de transferˆencia GH(s) = s+11 , o mapeamento do semiplano direito do plano S resulta no percurso mostrado na figura 2. Note que a regi˜ao de limR→∞Rejθ
´
e mapeada no ponto b0, c0, d0.
Figura 2: Percurso fechado no plano GH(s)
Figura 3: Percurso fechado no plano s
Se houver alguma singularidade (p´olo ou zero) no trajeto, ela deve ser evitada. Faz-se um desvio contornando a singularidade com um raio tendendo a zero, como mostrado na figura 3.
O percurso fechado no plano s resulta em um percurso fechado equivalente no plano GH(s), isto ´e, o percurso no plano s ´e mapeado no plano GH(s).
0.3 No que se baseia o crit´erio de Nyquist?
Veja o seguinte exemplo, na figura 4:
Figura 4: a) Percurso fechado no plano s; b) Percurso fechado no plano F(s)=GH(s) Ser´a feito um percurso fechado no plano S ao redor do p´olo s=-2, mostrado em (a) na
figura 4. Atrav´es desta trajet´oria no plano s, obt´em-se a trajet´oria no plano F(s), mostrado em (b) na figura 4. Note que o percurso F(s) engloba a origem dos eixos.
Um contorno fechado no plano P(s) ´e dito fazerN envolvimentos positivosda origem se uma linha radial, tra¸cada da origem a um ponto sobre a curva P(s), est´a no sentido dos ponteiros do rel´ogio (SP) por 360 N graus, percorrendo completamente o percurso fechado, como mostrado na figura 5. Se o percurso ´e percorrido no sentido contr´ario dos ponteiros do rel´ogio(SI), ´e obtido um envolvimento negativo.
Figura 5: Um envolvimento da origem no Plano P(s)
O n´umero total de envolvimentos N ´e igual aos envolvimentos SP menos os envolvimentos Si.
Se a origem estiver envolvida: N >0.
Se a origem n˜ao estiver envolvida: N ≤0.
0.4 Diferen¸ca entre os planos GH(s) e 1 + GH(s)
O desenho do gr´afico no plano (1+GH(s)) ´e o mesmo que o desenho do gr´afico deGH(s), apenas deslocado de 1.
A an´alise no planoGH(s) verifica se h´a envolvimento da origem. No plano (1 +GH(s)), verifica-se se h´a envolvimento do ponto (−1,0j).
Figura 6: Comparando GH(s) e (1+GH(s))
A compara¸c˜ao da fun¸c˜aoG(s) = 1/(s+ 1) no plano G(s) e no plano (1+G(s)) ´e mostrada na figura 7
Figura 7: Comparando GH(s) e (1+GH(s))
Dada uma fun¸c˜ao 1+GH(s), ao percorrer um contorno fechado no plano s, os p´olos/zeros externos a este contorno ter˜ao defasamento zero. Os p´olos zeros dentro do contorno ter˜ao defasamento 2π, como mostrado na figura 8.
Figura 8: Fase dentro e fora do contorno C
Este contorno fechado no plano s corresponde a um contorno fechado no plano 1+GH(s).
Quando o contorno de 1+GH(s) engloba a origem, como mostrado em (b) da figura 4, significa que o contorno no plano s envolveu um p´olo.
0.5 Princ´ıpio do argumento ou teorema de Cauchy
Seja P o n´umero de p´olos e z o n´umero de zeros de 1 +GH(s) envolvidos por Γ.
Como para cada zero envolvido o vetor 1 +GH(s) sofre uma rota¸c˜ao de (−2π) em torno da origem do plano 1 +GH(s) (sentido dos ponteiros do rel´ogio).
Como para cada p´olo envolvido o vetor 1 +GH(s) sofre uma rota¸c˜ao de (+2π) em torno da origem do plano 1 +GH(s) (sentido contr´ario dos ponteiros do rel´ogio).
Conclui-se que a varia¸c˜ao de fase resultante 6 1 +GH(s), ou seja, o n´umero de vezes que a origem do plano 1 + GH(s) ´e envolvida indica a diferen¸ca entre o n´umero de p´olos e o n´umero de zeros envolvidos pelo contorno Γ.
6 1 +GH(s) = 2π(z−p) N =Z−P
onde, N= ´e o n´umero de envolvimentos da origem; e Z e P s˜ao os p´olos e zeros envolvidos pelo contorno no plano S, que s˜ao os zeros e p´olos da fun¸c˜ao 1+GH(s).
Lembrando que F(s) = 1+GHG , ent˜ao os zeros de 1 +GH(s) s˜ao os p´olos da fun¸c˜ao de transferˆencia em malha fechada. E os p´olos de 1 +GH(s) s˜ao conhecidos, pois s˜ao os p´olos de GH(s).
0.6 Crit´erio de estabilidade de Nyquist
Os diagramas de 1+GH(s) e GH(s) s˜ao iguais, apenas deslocados de uma unidade. Ent˜ao em vez de verificar se o ponto 0 no plano 1+GH(s) foi envolvido pelo contorno, verifica-se o ponto -1 no plano GH(s).
Assim, o crit´erio de Nyquist j´a ´e enunciado para o plano GH(s).
Crit´erio de Nyquist: Uma condi¸c˜ao necess´aria e suficiente para a estabilidade em malha fechada de um sistema definido por GH(s) ´e que:
Z =N+P = 0
Ou seja, que N = −P ≤ 0, onde N ´e igual ao n´umero de envolvimento do ponto -1 no plano GH(s) e P corresponde ao n´umero de p´olos inst´aveis de GH(s).
0.7 Exemplos
Considere o sistema G(s) = s(s+1)1 . O percurso a ser seguido no plano S ´e mostrado na figura 3.
Inicia-se pelo caminho ab: faz-se s = jω para 0 < w < ∞. A fun¸c˜ao de transferˆencia pode ser escrita como:
GH(jω) = 1
jω(jω+ 1) = 1 ω√
ω2+ 1
6 −900−tan−1ω (1)
Para os valores extremos, tem-se:
lims→0GH(jω) = ∞6 −900 lim
s→∞GH(jω) = 06 −1800 (2)
Na medida que ω cresce no intervalo 0 < ω < ∞, a magnitude de GH decresce de ∞ a 0 e a fase decresce de−90 a −180.
O caminho de ´e o espelho de ab.
O caminho bcd ´e mapeado na origem.
Para o caminho ef a, busca-se evitar o p´olo, fazendo um c´ırculo de raio tendendo a zero:
s= limρ→0ρejθ para −90≤θ ≤90
ρ→0limGH(ρejθ) = lim
ρ→0
1
ρejθ(ρejθ+1) = lim
ρ→0
1
ρejθ =∞e−jθ =∞6 −θ (3) O caminho ef a´e mapeado em um semic´ırculo de raio infinito.
Figura 9: Contorno fechado no plano GH
0.8 Defini¸c˜oes
Um contorno fechado em um plano complexo ´e uma curva cont´ınua come¸cando e termi- nando no mesmo ponto.
Figura 10: Contorno fechado
Todos os pontos `a direita de um contorno enquanto ele percorre uma determinada dire¸c˜ao s˜ao ditos serem envolvidos por ele.
Um contorno no sentido dos ponteiros do rel´ogio ´e definido como sendo positivo.
Figura 11: Envolvimento do contorno
Figura 12: Dire¸c˜ao do contorno
Na figura 13 s˜ao mostrados alguns mapeamentos dos contornos do plano s para o plano F(s) = s+1s−1. Se o contorno no plano s envolve o p´olo de F(s), h´a um envolvimento da origem no plano F(s) no sentido anti-hor´ario. Se o contorno no plano s envolve o zero de F(s), h´a um envolvimento da origem do plano F(s) no sentido hor´ario. Se o contorno no plano s envolve tanto o zero como o p´olo, ou se o contorno n˜ao envolve nem o zero nem o p´olo, ent˜ao n˜ao h´a envolvimento da origem do plano F(s) pelo lugar geom´etrico de F(s). No plano s, um ponto percorre um contorno no sentido hor´ario.
Exemplo
Uma certa fun¸c˜ao de transferˆencia P(s) ´e conhecida como tendo um zero no semi-plano direito do plano-s, e este zero ´e envolvido pelo contorno do plano-s mapeado no plano P(s), como mostrado na figura 14. Os pontos s1, s2, s3 e P(s1), P(s1), P(s1) determinam a dire¸c˜ao dos seus respectivos contornos. A regi˜ao sombreada `a direita do contorno no plano-P(s) indica que N ≤ 0, desde que a origem n˜ao est´a na regi˜ao sombreada. Mas, claramente o contorno P(s) envolve a origem uma vez na dire¸c˜ao contr´aria dos ponteiros do rel´ogio.
Ent˜ao N = −1. Ent˜ao o n´umero de p´olos de P(s) envolvidos pelo contorno no plano-s ´e P =Z−N = 1−(−1) = 2.
Figura 13: Dire¸c˜ao do contorno
Figura 14: Exemplo