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O tempo no Livro XI das Confissões de Santo Agostinho

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Academic year: 2021

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O tempo no Livro XI das Confissões de Santo Agostinho

Felipe da Costa*

Nadir Antônio Pichler**

Resumo: Este artigo objetiva a demonstrar a teoria do tempo de Agos- tinho presente no livro XI de suas Confissões, a qual foi desenvolvida a partir dos questionamentos dos maniqueus sobre a criação do cosmos.

Para o filósofo somente podemos dizer que passado, presente e futuro existem enquanto forem tempo presente, ou seja, o presente das coisas passadas, o presente das presentes e o presente das coisas futuras. Estes três modos existem em nosso espírito, sendo que o tempo é uma exten- são do próprio espírito e é nele que realizamos a sua medida através da impressão que as coisas deixam gravadas no momento em que passam.

Palavras chave: Tempo. Memória. Espírito.

* Graduado em Filosofia (LP) pela Universidade de Passo Fundo em 2016.

** Doutor em Filosofia e professor do curso de Filosofia da Universidade de Passo Fundo.

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Considerações iniciais

É comum ouvirmos expressões do tipo: “O tempo não passa”, “O tempo passou voando e eu nem percebi”, “Depois de tanto tempo faça isso ou aquilo”, “Parece que faz muito tempo desde a última vez que o vi”, dificilmente damos um passo além do senso comum para nos perguntarmos o que realmente é o tempo e qual sua natureza. Santo Agostinho viu-se impelido a tratar da questão do tempo ao enfrentar as objeções de seus adversários filosóficos, os maniqueus, que criticando a narrativa da criação descrita no livro bíblico do Gênesis questionavam:

o que fazia Deus antes da criação do céu e da terra? Por que, de repen- te, surgiu nele a vontade de criar? Se a vontade de criar a terra antes não existia nele, pode ser ele realmente eterno? Quanto tempo se passou sem que Deus nada criasse? E é ao buscar respostas a estas objeções que Agostinho chegará a pergunta que norteará suas investigações no livro XI da obra Confissões: O que é o tempo? Se ninguém me perguntar eu sei; se alguém me perguntar então já não sei.

O presente artigo terá como texto base o livro XI da obra Con- fissões de Santo Agostinho. Em um primeiro momento abordaremos a concepção de passado, presente e futuro, depois apresentaremos a in- vestigação de Agostino sobre como podemos medir o tempo e por fim apresentaremos a terminologia final a que nosso filósofo chega a cerca do tempo.

Passado, presente e futuro

Santo Agostinho chegará à temática da criação no livro XI das Confissões após buscar responder a objeção levantada pelos maniqueus acerca da criação, a saber, o que fazia Deus antes de criar o céu e a terra?

Porque absteve-se de criar a terra por vários séculos? Pode haver nele real eternidade uma vez que parece surgir nele uma vontade a qual não tinha antes? (Conf., XI, 10, 12). A essas primeiras questões nosso filósofo responde que “[...] a vontade de Deus não é uma criatura; é anterior a toda criatura, pois nada seria criado se antes não existisse a vontade do criador” (Conf., XI, 10, 12), sendo assim Deus é o supremo princípio do cosmos e “Antes de criar o céu e a terra, Deus não fazia nada” (Conf., XI,

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12, 14). Com relação a questão de por que Ele se absteve de criar por vá- rios séculos, o filósofo pondera que não poderiam ter se passado vários séculos sem que Deus nada fizesse, pois, o próprio tempo foi criado por Ele e assim não poderia haver tempo antes da criação do tempo (Conf., XI, 13, 15).

Respondidas estas primeiras objeções, o filósofo passa a observar como o tempo parece ser um tema muito familiar e que todos enten- demos quando dele falamos, mas, ao buscar refletir de maneira mais aprofundada sobre a questão, Agostinho a coloca de maneira aporética

“[...] o que é o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; porém se quero explicá-lo a quem me pergunta, então não sei” (Conf., XI, 14, 17) e segue falando das três maneiras como abordamos o tempo, passado, presente e futuro, questionando a possibilidade de sua existência. Nas palavras do próprio Agostinho,

[...] não existiria um tempo passado, se nada passasse; e não exis- tiria um tempo futuro, se nada devesse vir; e não haveria o tempo presente se nada existisse. De que modo existem esses dois tem- pos – passado e futuro, – uma vez que o passado não mais existe e o futuro ainda não existe? E quanto ao presente, se permane- cesse sempre presente e não se tornasse passado, não seria mais tempo, mas eternidade. Portanto se o presente, para ser tempo, deve tornar-se passado, como poderemos dizer que existe, uma vez que a sua razão de ser é a mesma pela qual deixará de existir?

(Conf., XI, 14, 17).

Mesmo frente a referida dificuldade, Agostinho aponta para o fato de dizermos que um tempo é longo, mas como podemos medir passado e futuro uma vez que o primeiro não existe mais e o segundo ainda não veio? Desta forma, segundo nosso filósofo seria melhor dizer, foi longo aquele tempo quando falamos do passado e será longo aquele tempo quando falamos do futuro. Contudo, o passado é longo enquanto tempo passado ou quando era presente? Na ótica agostiniana, o passado já não existe mais, então somente podemos dizer que foi longo enquanto era tempo presente (Conf., XI, 15, 18).

Após chegar a ideia de que o passado e o futuro só podem ser longos enquanto existirem como tempo presente, Agostinho passa a verificar se o tempo presente pode ser longo a partir da análise de um período de cem anos. Podem ser os cem anos presentes? Não, pois quando o primeiro é

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presente todos os outros ainda serão futuros. E se estamos no segundo ano, o primeiro é passado e todos os restantes são futuros e ainda não existem. O mesmo acontece com todos os demais anos. Assim, cem anos não podem ser presentes (Conf., XI, 15, 19). Mas poderá um desses anos que está transitando ser realmente presente? Um ano não pode ser todo ele presente, pois “[...] o ano é feito de doze meses; quando um deles está em curso, é presente, enquanto os outros são passados ou futuros”

(Conf., XI, 15, 19). Nosso filósofo explica que nem mesmo o mês pode ser presente, pois quando o primeiro dia for presente, todos os outros se- rão futuros; se estivermos no segundo dia, este será presente, o anterior passado e todos os outros serão futuros, assim somente o dia pode ser presente (Conf., XI, 15, 19).

Deste modo, para o bispo de Hipona, “[...] o tempo presente, o úni- co que pensávamos poder chamar longo, está reduzido apenas ao espaço de um só dia” (Conf., XI, 15, 20). Porém, se analisarmos atentamente a duração do dia veremos que não pode ser toda ela presente, pois o dia é composto de vinte e quatro horas, das quais a primeira será presente e todas as demais serão futuras, se estivermos em alguma hora inter- mediária esta será presente e as outras serão futuras e passadas (Conf., XI, 15, 20). Utilizando este mesmo raciocínio, nem mesmo um minuto pode ser todo ele presente e o tempo presente não pode ser denominado longo. Nas palavras do próprio filósofo,

[...] se pudermos conceber um espaço de tempo que não seja sus- cetível de ser dividido em minúsculas partes de momentos, só a este podemos chamar tempo presente. Esse, porém, passa tão velozmente do futuro ao passado que não tem nenhuma dura- ção. Se tivesse alguma duração, dividir-se-ia em passado e fu- turo. Logo, o tempo presente não tem extensão alguma. (Conf., XI, 15, 20).

Prosseguindo sua análise do tempo no livro XI das Confissões, o filósofo interroga como poderíamos falar do passado se este não existis- se? Ou como poderiam ser realizadas previsões do futuro se ele também não existisse? (Conf., XI, 17, 22). Onde quer que estejam situados o futu- ro e o passado, aí somente podem ser presentes, do contrário ainda não existiriam. Para o bispo de Hipona, quando contamos algum aconteci- mento passado verdadeiro, nós o tiramos da memória, mas não os fatos

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em si, “[...] e sim as palavras que exprimem as imagens que os próprios fatos, passando pelos sentidos, deixam impressas no espírito” (Conf., XI, 18, 23). Para exemplificar tal tese, Agostinho relembra de sua infância e pondera que ela já não existe mais, mas a imagem dela, quando re- lembrada em uma conversa, é vista no presente porque está ainda na memória (Conf., XI, 18, 23).

Tratando acerca das previsões do futuro, Santo Agostinho diz não saber se esta mesma lógica pode ser utilizada, pois realizamos predições do tempo futuro e estas são presentes, mas o ato previsto ainda não exis- te porque é futuro. Somente no momento em que começarmos a realiza- -lo este será presente (Conf., XI, 18, 23). Na visão agostiniana, somente podemos ver o que existe no momento presente, assim não podemos ver o futuro, deste modo quando falamos que vemos o futuro, não vemos os próprios acontecimentos, mas suas causas ou sinais (Conf., XI, 18, 24).

Assim, “[...] não se trata do futuro, mas do presente, do qual é tirada a predição de um futuro concebido na mente” (Conf., XI, 18, 24). Agosti- nho apresenta-nos um exemplo didático para que possamos entender a referida tese, segundo ele (Conf., XI, 18, 24) ao vermos a aurora é possível dizer que o sol irá nascer, mas o sol não é futuro, pois já existe, mas sim o seu surgimento que ainda não se realizou. Todavia, se não tivéssemos no espírito uma imagem do nascimento do sol, não nos seria possível realizar a previsão. A aurora e sua imagem não são o nascer do sol, são fatos presentes que vemos e nos servem para que possamos predizer um acontecimento futuro. Assim, o futuro ainda não existe, mas podemos realizar previsões sobre ele por meio dos fatos presentes.

Do exposto até aqui, Santo Agostinho chega à conclusão de que não é apropriado falar em passado, presente e futuro, uma vez que, como refe- rimos acima, passado e futuro somente existem quando são presentes. É a partir da ideia de que o tempo somente existe enquanto tempo presente que nosso filósofo chega a uma nova terminologia a esse respeito:

Seria talvez mais justo dizer que os tempos são três, isto é, o pre- sente dos fatos passados, o presente dos fatos presentes, o presente dos fatos futuros. E estes três tempos estão na mente e não os vejo em outro lugar. O presente do passado é a memória. O presente do presente é a visão. O presente do futuro é a espera. Se me é permitido falar assim, direi que vejo e admito três tempos, e três tempos existem. (Conf., XI, 20, 26, grifo nosso).

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Como podemos medir o tempo?

Os tempos, para Agostinho, somente existem enquanto são pre- sentes, mas, apesar disso, pondera ele, ainda medimos os tempos e di- zemos que uns são maiores, duplos ou triplos. Para o bispo de Hipona (Conf., XI, 21, 27), medimos o tempo enquanto ele passa, mas, quando já tiver passado não mais haverá o que medir. Nesse viés, parece ao filóso- fo (Conf., XI, 21, 27) que o tempo parte do futuro que ainda não existe, passando pelo presente que não tem extensão, para depois mergulhar no passado que não mais existe. Isto a ele parece problemático, pois se afirmamos que há espaços de tempo maiores, menores ou de igual du- ração, estamos falando de algum espaço onde é possível medir o tempo.

Mas onde poderíamos medi-lo? Evidentemente, não podemos medir o tempo no futuro, pois este ainda não existe. Não poderemos medi-lo no presente, pois este não tem extensão. E por fim não é possível medi-lo no passado, pois este já não existe mais (Conf., XI, 21, 27).

Em sua reflexão sobre como podemos medir o tempo, Agostinho expressa sua discordância com relação a tese defendida por alguns pen- sadores antigos, de que o tempo é o movimento dos astros, como o sol, a lua e as estrelas. Segundo o filósofo (Conf., XI, 23, 30), o tempo não é o movimento dos astros, fazendo referência a história do Antigo Testa- mento em que Josué orou e o sol parou, mas ainda o tempo continuou a correr até que a batalha travada por ele fosse concluída. Poderia então o tempo ser o movimento de todos os corpos (Conf., XI, 23, 29)?

O tempo também não é, para Santo Agostinho, o movimento dos corpos, pois estes só podem se mover no tempo. É possível que mensu- remos o tempo em que um corpo permaneceu em movimento quando o observamos do início ao fim, no entanto somente poderemos dizer que o tempo em que permaneceu em movimento foi longo ou curto quando o compararmos com o tempo de movimento de outros corpos. Medi- mos também o repouso de um corpo, comparando com o tempo em que esteve em movimento, ou com o tempo de repouso de outros corpos, deste modo o tempo não pode ser o movimento dos corpos (Conf., XI, 24, 31). Como bem explica Gilson (2010, p. 366) “[...] o movimento de um corpo é essencialmente seu deslocamento entre dois pontos situados no espaço; ora, esse deslocamento espacial permanece o mesmo, qualquer que seja o tempo gasto pelo corpo para efetuá-lo”.

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Após concluir que o tempo não pode ser o movimento dos corpos, o filósofo passa a se questionar como pode medir com o tempo o período em que um corpo se põe em movimento e não pode da mesma maneira medir o tempo. Questiona Agostinho (Conf., XI, 26, 33) “Seria possível medir a duração do movimento de um corpo, e quanto o corpo demora para chegar de um lugar a outro, sem medir o tempo em que se move”?

Como medimos o tempo? É possível medi-lo comparando um espaço mais longo com um espaço mais breve de tempo como fazemos com um pedaço de madeira (Conf., XI, 26, 33)? Desta mesma forma Agostinho utiliza como exemplo a extensão dos versos de um poema. Conforme ele (Conf., XI, 26, 33), medimos um poema pelo seu número de versos;

o tamanho dos veros pelo número de pés; o tamanho dos pés com o das sílabas e o das sílabas longas comparadas com as breves. Segundo o filósofo (Conf., XI, 26, 33), dizemos que um poema é longo porque é composto por tantos versos; que os versos são longos, porque são com- postos de tantos pés; que os pés são longos porque são compostos de tantas sílabas; que uma sílaba é longa porque é o dobro de uma sílaba breve. No entanto, ainda assim, Agostinho acredita que não chegamos a resposta de como podemos medir o tempo, segundo ele,

[...] nem desse modo chegamos a noção exata da medida do tem- po, porque pode suceder que um verso breve, recitado lentamen- te, dure mais tempo que um verso mais longo recitado apressa- damente. O mesmo acontece a um poema, a um pé ou a uma sílaba. Daí concluo que o tempo nada mais é do que extensão.

Mas extensão de que? Ignoro. Seria surpreendente, se não fosse a extensão da própria alma. (Conf., XI, 26, 33, grifo nosso).

Agostinho (Con f., XI, 27, 34) busca através da analogia com a voz resolver a questão sobre como medimos o tempo. Ele convida-nos a imaginar a voz que é emitida por um corpo. Essa voz começa a soar, soa e continua a vibrar, depois para, e vem o silêncio e ela não existe mais.

Antes de soar, ela era futura e não podia ser mediada e assim que cessar, não poderá ser medida, pois é passada e não existe mais. Também não podia ser medida enquanto era presente, pois o presente não tem exten- são e nem mesmo poderia ser medida no momento em que soava, nós medimos os intervalos de seu início até o seu fim, assim não pode ser medida a voz que ainda não terminou. Desta mesma forma não podemos

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medir os intervalos de tempo, pois não medimos o que ainda não existe, nem o que não tem extensão e tão pouco o que já não existe mais.

Voltando ao exemplo das sílabas, nosso filósofo (Conf., XI, 27, 35) nota que pode medir as sílabas longas em comparação com as breves no momento em que soam, e assim pode ver por meio dos sentidos que a sílaba longa contém duas vezes a breve. No entanto, se a sílaba breve for pronunciada primeiro e em seguida a longa, como utilizá-la para medir a longa? E como poderemos medi-las se ainda forem presentes? Somente podemos medir os intervalos desde seu início até seu fim no momento em que já tiverem sessado. Mas, também não nos será possível medir após o momento em que já tiverem passado. Assim, Agostinho (Conf., XI, 27, 35) elucida “[...] Já não meço as sílabas, porque não mais existem;

meço alguma coisa delas que permanece gravada na minha memória”.

Ao final do livro XI das Confissões Agostinho conclui que a medida do tempo é realizada no espírito. Diz ele: “Meço, enquanto está presente, a impressão que as coisas gravam em ti no momento em que passam, e que permanece mesmo depois de passadas, e não as coisas que passa- ram para que a impressão se reproduzisse” (Conf., XI, 27, 36). Confor- me Gilson (2010, p. 368) “a impressão que as coisas transitórias deixam em nós sobrevive a essas coisas mesmas e, ao nos permitir compará-las, torna possível para nós uma certa medida dos intervalos delas”. Ainda utilizando o exemplo da voz, o Doutor de Hipona explica que quando medimos os silêncios e dizemos que duraram tanto tempo quanto dura uma fala, nós concentramos nosso pensamento na duração da voz como se ainda ressoasse e mesmo sem usar a voz, percorremos com o pensa- mento todo o tipo de poemas, discursos e todo o tipo de medidas e mo- vimentos e determinamos a relação destes entre si, como se estivéssemos usando a voz.

Expectativa, atenção e lembrança

Após chegar à conclusão de que o tempo existe em nosso espírito e que é nele que o medimos, Agostinho (Conf. XI, 28, 37) busca explicar que o futuro só se consome e que o passado só aumenta devido a pre- sença de três momentos no espírito, os quais são a expectativa, a atenção e a lembrança. O futuro ainda não existe, mas existe já no espírito a

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expectativa do futuro. O passado já não existe mais, mas existe no espí- rito a lembrança do passado. O presente não tem extensão, no entanto a atenção perdura e diante dela continua a retirar-se o que era presente. Vi- sando a exemplificar esta atividade do espírito, nosso filósofo fala sobre o ato de recitar uma canção que já conhecemos:

Se estou para recitar uma canção que conheço, antes de come- çar, já minha expectativa se estende a toda ela. Mas, assim que começo, tudo o que vou destacando e entregando ao passado vai se estendendo ao longo da memória. Assim, a minha atividade volta-se para a lembrança da parte já recitada e para a expecta- tiva da parte ainda a recitar; a minha atenção, porém, está pre- sente: por seu intermédio, o futuro torna-se passado. E quanto mais avança o ato tanto mais se abrevia a espera e se prolonga a lembrança, até que esta fica totalmente consumida, quando o ato, totalmente acabado, passa inteiramente para o domínio da memória. (Conf., XI, 28, 37).

Considerações finais

Para Agostinho somente podemos dizer que passado, presente e fu- turo existem enquanto forem tempo presente, ou seja, o presente das coisas passadas, o presente das presentes e o presente das coisas futuras.

Estes três modos de conceber o tempo existem em nosso espírito, de modo que o pensador pondera ser o tempo uma extensão do próprio espírito e é nele que realizamos a medida do tempo através da impres- são que as coisas deixam gravada no momento em que passam. O tempo futuro ainda não existe, mas existe em nosso espírito a expectativa do futuro, o passado já não mais existe, mas existe no espírito a lembrança que os fatos deixaram gravados e o presente não tem extensão, mas por meio da atenção é possível verificar a passagem do futuro ao passado.

Referências

AGOSTINHO. Confissões. Trad. Maria Luiza Jardim Amarante.

São Paulo: Paulus, 1997.

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GILSON, Étienne. Introdução ao pensamento de Santo Agostinho.

2. ed. São Paulo: Paulus, 2010.

MATTHEWS, Gareth B. Santo Agostinho: a vida e as ideias de um filósofo adiante de seu tempo. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro:

Jorge Zahar, 2007.

Referências

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