A iniciativa do Palmeiras de atuar na última rodada do Brasileirão com a camisa da Chapecoense pode ser se- guida por outras equipes da Série A.
A diretoria de marketing de todos os clubes da elite do Brasileirão discute a possibilidade da homenagem.
Um dos empecilhos seria a capa- cidade de a Umbro, fornecedora da Chapecoense, confeccionar uniformes
para todas as equipes. Também é ne- cessário montar uma logística de distri- buição para os times.
Ciente da iniciativa, a Umbro divul- gou nota afirmando que tentará aten- der todos os pedidos. “Fomos pro- curados por clubes interessados em homenagear a Chape e estudamos, dentro da particularidade de cada um dos pedidos, como melhor atender
Clubes discutem jogar com camisa da Chapecoense
POR ADALBERTO LEISTER FILHO E DUDA LOPES
B O L E T I M
NÚMERO DO DIA
EDIÇÃO • 645 QUINTA-FEIRA, 1 DE DEZEMBRO DE 2016
A camisa da Chapecoense já foi usada por técnicos e
jogadores de outros times. Renato Gaúcho, do Grêmio, vestiu o uniforme da Umbro em coletiva.
Já o zagueiro Vilson, do Corinthians, se emocionou ao falar de seus antigos
companheiros de time.
O F E R E C I M E N T O
100mil
Pessoas são esperadas no velório coletivo armado
na Arena Condá para as vítimas do voo da Chapecoense que caiu
na Colômbia.
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PA U L I S TÃ O P O D E S E R A D I A D O
A Federação Paulista de Futebol já discute a possibilidade de adiar a primeira rodada do Paulistão 2017.
Com o acidente da Chapecoense, o Brasileirão terá mais uma rodada, o que atrasará as férias dos jogadores.
Para ter uma melhor preparação, a federação atrasaria o torneio.
O pedido partiu do Santos, que já anunciou que adiará a reapresentação do time. A federação prometeu estudar as mudanças.
T E M E R E S TA R Á E M V E L Ó R I O
O presidente de república Michel Temer estará presente no velório coletivo que acontecerá na Arena Condá, na próxima semana.
Segundo a “Folha de S.Paulo”, o político foi convencido por assessores que a presença do presidente seria indispensável na cerimônia.
O encontro ainda não tem data definida. A expectativa é que os corpos comecem a ser transferidos a partir de sexta-feira.
R E A L M A D R I D FA Z H O M E N A G E M
A onda de homenagens às vítimas do acidente na Colômbia continuam no futebol europeu.
Na quarta-feira, o Real Madrid entrou em campo para jogar pela Copa Del Rey. Ao pisar no gramado, todos os jogadores da equipe vestiam uma camisa com a frase “Somos Todos Chapecoense”.
Na terça-feira, a equipe espanhola já havia feito um minuto de silêncio antes do treinamento.
cada demanda”, afirmou a empresa.
Outro problema para que a iniciativa seja levada adiante seria a liberação dos parceiros comerciais dos clubes. O patrocínio máster da Caixa facilitaria a iniciativa, já que o banco estatal tem contrato com 13 times da Série A, incluindo a Chapecoense.
Autor da ideia, o Palmeiras conseguiu a liberação de seus par- ceiros comerciais. A Crefisa e a FAM, que pertencem ao mesmo grupo, abriram mão do espaço na camisa. Já a Adidas divulgou nota liberando todos os seus clubes a fazerem a homenagem que quiserem para a equipe de Chapecó.
“A Adidas está sensibilizada com o trágico ocorrido envolven- do o time da Chapecoense e entende que em um momento como esse, marcas e cores ficam em segundo plano”, afirmou a empresa em comunicado à Máquina do Esporte.
O posicionamento da Adidas abre a possibilidade de que ou- tros clubes que têm contrato com a marca possam usar a cami- sa da Chapecoense. É o caso de Coritiba, Flamengo, Palmeiras, Ponte Preta e Sport.
Estão fora desse grupo os clubes de Dryworld (Atlético-MG, Fluminense e Santa Cruz), Kappa (Santos), Lupo (América-MG e Figueirense), Nike (Corinthians e Internacional), Puma (Vitória), Topper (Botafogo) e Under Armour (São Paulo).
O Corinthians, por sua vez, não vê problemas em atuar de ver- de, algo inédito em sua história.
O gerente de marketing do clube, Gustavo Herbetta, diz que
o verde deixou de ser um tabu no clube. O site do Corinthians
postou mensagem de solidariedade à Chapecoense em uma
tela com fundo verde. “Houve vários elogios de torcedores ri-
vais. As pessoas estão enxergando o verde como cor da Chape-
coense, não nosso rival [Palmeiras]”, afirmou o executivo.
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Se serviu para alguma coisa, a tragé- dia da Chapecoense criou uma rede de solidariedade no mundo da bola.
Foi emocionante ouvir a torcida do Liverpool cantar “You’ll Never Walk Alone” seguido de um minuto de si- lêncio antes do jogo. Ao homenagear a Chape, clube lembra seus próprios mortos em Hillsborough.
O minuto de silêncio pelas vítimas de Chapecó também disse muito ao Torino. O time prestou homenagem aos 19 jogadores mortos na Colôm- bia, lembrando seus 18 atletas vitima-
dos em acidente aéreo há 70 anos.
Emocionante também foi a home- nagem do Atlético Nacional. Rivais em campo, brasileiros e colombianos se tornaram parceiros na dor.
No Paraguai, o Libertad colocou seu elenco à disposição da Chapecoense.
Da Argentina, Racing e Huracán decidiram colocar o escudo da Chape na camisa em seu próximo jogo.
Por aqui, clubes podem promover ação inédita de jogarem todos com o uniforme verde e branco.
Por outro lado, de onde menos se
espera é que não sai nada mesmo. A CBF mostrou absoluta falta de sensi- bilidade ao exigir que a Chapecoense enfrente o Atlético-MG na última ro- dada do Nacional. Não há clima al- gum para esse jogo.
Já a Conmebol mostra mais uma vez sua inércia. Diante do pedido do Atlé- tico Nacional para que o título da Sul- -Americana seja dado à Chapecoense, a entidade respondeu apenas com si- lêncio. Ensurdecedor.
‘Força, Chape’ traz um alento ao mundo da bola
Em solidariedade ao momento vivido pela Chapecoense, 13 mil pessoas se tornaram só- cias-torcedoras do clube nas últimas 24 horas.
Em comparação, segundo o Movimento por um Futebol Melhor, o time mantinha apenas 5 mil associados antes do acidente que matou a maior parte do elenco da equipe.
“Estamos tendo problemas de navegação no site, tamanha demanda e está acontecendo tudo tão rápido, que ainda não paramos para ver melhor o que está acontecendo”, comen- tou Andrei Copetti, que tem gerenciado o ma- rketing da Chapecoense no momento, ao jor- nal “O Estado de S. Paulo”.
Andrei Copetti, por sinal, reassumiu o ma-
rketing do clube após o acidente. O dirigente mantinha o cargo de diretor do departamento da equipe, mas saiu no início deste ano após ter algumas divergências com patrocinadores.
No entanto, após a tragédia desta semana, Ivan Tozzo, agora presidente da Chapecoense, fez o convite para Copetti.
Não foi só no sócio-torcedor que a Chape- coense teve um significativo crescimento. Na página do Facebook, por exemplo, o clube chegou a 2 milhões de seguidores. Foram 1,7 milhão de novos internautas desde o acidente.
“Tudo isso mostra o quanto o fato chocou o mundo, mas também como somos queridos.
Isso é emocionante”, afirmou Copetti.
Chapecoense ganha 13 mil sócios- torcedores após tragédia
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POR REDAÇÃO
O P I N I Ã O
POR ADALBERTO LEISTER FILHO diretor de conteúdo da Máquina do Esporte
A decisão da Copa Sul-Amer- icana foi cancelada, mas os está- dios estiveram lotados da mesma maneira. Na quarta-feira, dia que seria o primeiro jogo entre Chapecoense e Atlético Nacional, Chapecó e Medellín pararam para lembrar as vítimas do acidente e acabaram reunindo milhares de pessoas em suas arenas.
Na Arena Condá, em Chapecó, houve uma missa pelas vítimas.
Cerca de 20 mil pessoas lotaram as arquibancadas do estádio, e os torcedores entoaram cânticos em homenagem aos jogadores e comissão técnica. Nomes como o goleiro Danilo e o técnico Caio Jr foram lembrados pelos pre- sentes, que também cantaram “É campeão” para o time.
Em Medellín, uma cerimônia com uma série de homenagens foi montada no estádio Atanasio Gi-
rardot. Foram 45 mil pessoas nas arquibancadas e mais uma mul- tidão nos arredores da arena que não conseguiu entrar. Faixas pela arena remetiam aos brasileiros e à união entre os dois países.
Diversas autoridades discur- saram no local, como o presidente do Atlético Nacional e o presi- dente da Conmebol. Sob lágrimas, o ministro das relações exteriores José Serra agradeceu os presentes e o povo colombiano por todo o apoio e carinho recebido.
Houve dois fatores em comum entre as duas cidades, além do sentimento de solidariedade às vítimas. O primeiro foi o minuto de silêncio realizado às 21h45, quando começaria a final da Sul- Americana. Ambas as arenas ficar- am sem voz no mesmo momento.
O outro fator foi o canto “Que escutem, em todo continente, sempre recordaremos, a campeã Chapecoense”, criado pelos colom- bianos, abraçado pelos brasileiros.
POR ADALBERTO LEISTER FILHO E DUDA LOPES