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ESSA EU RESPONDO
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBALEO EL CORREA PINTOZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
E s s a E u R e s p o n d o é uma seção de questionamentos e
casos reais, que nos chegam à redação, levantados por nossos leitores. As respostas serão dadas por um ou mais especialis-tas. As cartas devem ser acompanhadas do nome, por
exten-so, do Consulente e de seu endereço residencial - apenas
para que a redação possa estabelecer a realidade dos fatos, pois os nomes nem serão publicados, ou serão fictícios, a fim de ressalvar as justas sensibilidades humanas.
A correspondência deve ser enviada para: Revista "EDU-CAÇÃOEM DEBATE", Rua Waldery Uchoa, n.? 1, prédio 123, Departamento de Educação da UFC, Fortaleza, Ceará.
Eis algumas, às quais responde, hoje, o pedagogo e psi-cólogo Leonel Correa Pinto:
Q. I - AVALIAÇÃOESCOLAR: O P r o f e s s o r d e m in h a
f ilh a m a n d o u q u e a s a lu n a s f iz e s s e m d e t e r m
i-n a d o t r a b a lh o , p o r e q u ip e s d e d o is e le m e n t o s .
M in h a f ilh a f e z o t r a b a lh o ju n t o c o m m a is d u a s
c o le g a s .GFEDCBAO P r o f e s s o r e lo g io u o t r a b a lh o , m a s
d is s e q u e u m a d a s a lu n a s t e r ia d e d e ix a r a e q u
i-p e e le v a r zero.A s a lu n a s q u e e s c o lh e s s e m q u e m
s e r ia a zerada. M in h a f ilh a ir r it o u - s e e r e s p o n
-d e u q u e e le p o d ia m a r c a r z e r o a e la m e s m a c
d e ix a r a s o u t r a s d u a s e m p a z . F o izyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAo q u e o P r o
-f e s s o r f e z ( a p e s a r d e e la s e r b o a a lu n a n a e q u i-p e ) .
V o c ê s a c h a m ju s t a e s t a m a n e ir a d e a v a lia r ?
( S ô n ia , F o r t a le z a )
RESPOSTA: Não. Deve ter havido ressentimento à mis.. tura. Fazer um bom trabalho, a dois, ou a três, é sempre um trabalho de equipe. Mesmo que a aluna tenha resolvido cons-cientemente faltar às instruções do Professor, por capricho, o f e e d b a c k (corretivo) teria de ser outro, que não interferisse
no rendimento de uma disciplina. Se o zero foi atribuído
"porque a própria aluna o pediu malcriadamente", neste
caso, vale também a resposta: "Então, na próxima vez que minha filha pedir um dez, não deixe de lhe fazer a vontade! Está bem?"
Q. II - PARAPSICOLOGIA: REGRESSÃO ATÉ AO
ÚTERO: A s s is t i u lt im a m e n t e a u m C u r s o I n
-t e n s iv o d e P a r a p s ic o lo g ia , d a d o p o r u m f r a d e . . .
F o r a m f e it a s r e g r e s s õ e s c o m s e t e p e s s o a s n o
p a lc o , s o b a s v is t a s d e u m a s 3 0 0 p e s s o a s . V i
c o is a s e x t r a o r d in á r ia s . A r e g r e s s ã o a t in g iu a t é o
m o m e n t o d a c o n c e p ç ã o . . . e t a m b é m u m c a s o d o
n e t o s e n t ir e m o ç õ e s d o a v ô , n o s s e u s ú lt im o s
d e z a n o s d e v id a , v e ja q u e o n e t o a in d a n ã o e r a n a s c id o ! N u n c a v i c o is a ig u a l!
O s s u je it o s r e g r e d in d o . . . r e g r e d in d o a t é o a t o d a
c o n c e p ç ã o . V e ja o c a s o d e u m d o s r a p a z e s q u e
d iz ia n ã o t e r p a i: ( e m e s t a d o d e h ip n o s e ) c h e
-g a n d o a o m o m e n t o d a c o n c e p ç ã o , e le r e v e lo u
q u e o p a i, n o a t o s e x u a l ( d u r a n t e ) , e s t a v a c o m
o u t r a m u lh e r n a s u a m e n t e , a p r im e ir a n a m o
-r a d a , a q u e r e a lm e n t e a m a v a . A c o n c e p ç ã o f o r a
a p e n a s u m a d e s c a r g a f is io ló g ic a e n ã o u m a t o d e a m o r ! . . .
Q u e d iz e m o s E d u c a d o r e s a is t o ? P a r e c e u m b o m t e m a p a r a s e t r a t a r !
( N a g ir a , M a n a u s )
172GFEDCBAR E V . E D U C . E M D E B A T E - F O R T . , V . 3 _ . 0 3 _ P \ G . 1 7 1 - 1 7 8 1 9 7 ~
RESPOSTA: Pelas suas expressões, vejo que ficou em-polgada, entusiasmada de espanto. A ciência não deve perder esta capacidade de pasmar diante do cosmos, mas os cien-tistas tomam sempre algumas precauções. A atmosfera de embriaguez não é favorável ao descortino da verdade. A ver-dade ultrapassa o frêmito dos sentidos e do magnetismo pes-soal. Nas experiências parapsicológicas, o que falta é o con-trole de certas variáveis, a fim de tornar evidente a interpre-tação dos resultados.
A regressão "até o ato da concepção", como se observa?
Pelo que op a c ie n t e (o que sofre a experiência) diz? Ninguém
nega que o rapaz tivesse dito isso, durante a regressão. Nega--se que ele estivesse descrevendo algo acontecendo no ato. Temos duas interpretações:
(1) especulativamente, ou fantasticamente, poderíamos
constituir uma teoria admitindo a regressão de cada ente,
não somente até o ato da concepção, mas até o Ser Primor-dial, tomado como Consciência Absoluta. Se o teórico é dualis-ta, por que parar na existência?
(2) Na prática científica existe um princípio dito
eco-nômico, moderador de nossas interpretações: o que pode ser
explicado por um princípio de ordem próxima, inferior ou
menos complexa, para que subordíná-lo ao misticismo
lon-gínquo e inacessível?
No caso do rapaz traumatizado, O ) por ser fruto de
"uma descarga fisiológica", tudo é fantasia e "encucação". A concepção se realiza, com segurança, ao nível biológico, mais
certamente num útero, que numa proveta de laboratório.
Não vamos agora imaginar o "trauma" do jovem, como oriun-do da situação oriun-do esperma tozóide (coitadinho! ), forçaoriun-do a fecundar um óvulo a quem não ama! O jovem é sabedor d
que seu pai não lhe quer bem, por outras vias qu nã
"contemplar isso no ato da concepção". Ele fantasiou, l i l( I .
ou ouviu dizer, etc. e, no estado regressivo, revela o in \ ld lt.1l,
c o m o s e estivesse lá, no fato. Em vez de fazer-lh crt r IlC 1\
"fatalidade", o que o jovem precisa é de ser encorajado a abençoar o seu pai, com os possíveis defeitos e tudo o mais.
O espermatozóide não tem culpa nenhuma do seu trauma.
Do ponto de vista intra-uterino, o amor por esta mulher ou
pela outra, é que desengatilhou a explosão de espermatozóide e fertilizou o óvulo, dentre 300 milhões de possibilidades e
fez resultar o jovem, que atualmente se queixa que não tem
pai.
Era mais simples que o frade parapsicólogo ensinasse o seuZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp a c ie n t e a se recusar de ser vítima e a dizer "Pai nosso,
que estás no Céu! Santificado seja o Teu Nome ... !"
Q. IIr - HOMOSSEXUALISMO E "ASSUMISMO": M
i-n h a f ilh a t e m 18 a n o s . D e s c o b r i q u e a n d a c o m
a m o r e s p r o ib id o s ( lé s b ic a s ) . J á f o i a p s iq u ia t r a e
a p s ic ó lo g o . E le s lh e d iz e m q u e assuma e p r o n
-t o ! P a r a e le s é t u d o m u it o s im p le s . N ã o m e c o n
-f o r m o c o m is s o . Q u e d e v o f a z e r ? Q u e d e v o d iz e r
p a r a a ju d a r m in h a f ilh a ? V o c ê s t ê m q u e m e r e s
-p o n d e r , p a r a m e a ju d a r e m t a m b é m a m im .
( M a d e le in e , F o r t a le z a )
RESPOSTA: Senhora Madeleine, respire fundo e
des-canse um pouco de sua angústia, enquanto tentamos uma
resposta.
(1) Na vida pessoal, como no espaço entre as estrelas,
há um p nto, para lá do qual o retorno se torna improvável, senão impossível.
(2) Não sabemos se é o caso de sua filha. Se dispõe de
recur financeiros, insista para que consulte um psiquiatra
ou pGFEDCBAi 1 go clínico, especialista experimentado (e que não
sej I mesmo homossexual). Talvez ele possa ajudar sua
filh ,em lguns aspectos, por exemplo, no aspecto
psicosso-cíal profissional. A gente fica perplexo, pois esses jovens,
em g r 1, tendem a se inutilizarem para a sociedade, entram
174 R i v. E D U C . EM DEBATE - FORT., V . 3 - N.O 3 - P Á G . 1 7 1 - 1 7 8 1 9 7 9
pelo caminho dos tóxicos, e nada conseguem realizar,
fracas-sando profissionalmente. ,
(3) Se não puder consultar o especialista, deixe prá Ia. O tempo de ajudar a sua filha já passou, ao que parece ..A ela
cabe, agora, o restante da "viagem". Mas a gente deixa as
portas abertas, para se um dia quiser voltar ...
(4) Não precisa se conformar. Ela pode e deve saber ~~e
a Senhora não se conforma. "Eu não me conformo - d:na
eu à minha filha - mas a vida é sua. Você faz sua~ opçoes.
E nem vou-lhe pedir que vá para bem longe de mim, para que eu não sofra. Eu devo ter feito algo errado e pago por isso. Se algum dia você estiver "numa pior", volte para o que
é seu. .
(5) Sim, eu diria o que precede ~ minha fIlha, mas ~em "assumir" no sentido que anda por ai: vaga~undo as~umIdo, ladrão assumido, pederasta assumido, burgues assumido,
.ca-nalha assumido, homossexual assumido, ditador assumido,
etecetera assumido!
Nestes casos, é mais digno n ã o a s s u m ir , não se
;onfor-formar com certas coisas. .. até podermos transforma-Ias. É
preciso ter coragem para admitir que algo andou errado
conosco. .
"Assumir" quer dizer optar, decidir, chamar a SI a r~s-ponsabilidade perante os homen~ e ~ Fac~-de-Deus. Assumir,
sem olhar o q u e , sem ir até a essencia de ~I mesmo, se~ lev.ar
em conta o ser que se é, é ridículo e a mais descarada
racio-nalização", descoberta por alguns, a :im. de dar um ar ho-nesto a seus desmandos e a sua ígnorâncía.
Dizem certos: eu sou assim mesmo; este é o meu modo de ser vocês têm de me aceitar como eu sou!
Há um equívoco em tudo isto. É Martin Buber quem
des-venda a ambigüidade, dizendo-nos que há o ser-egótico e o
ser-pessoa:
"O egótico toma consciência de si como u~
e~te--que-é-assim e não-de-outro-modo. A pessoa dIZ: Eu
sou", o egótico diz: "eu sou-assim". "Conhec -t .\
ti mesmo" para a pessoa significa: conhece-t m )
3 0 3 p ' 1 7 1 1 7 K 1 '1 7 '1
ser; para o egótico: "conhece o teu modo de ser".ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
( E u e T u , p. 74).
Não se trata, pois, de dizer eu sou assim e PT Saudações.
Trata-se de ver se o m e u m o d o coincide com o Ser
Huma-no Originário. E o "humaHuma-no originário" é a eterna
transcen-dência, a evolução para o possível.
(6) O que deve d iz e r para ajudar sua filha? O dizer
deve acompanhar sempre o fazer e isto, desde a infância.
Ser-se pessoalmente definido como homem ou mulher é uma
condição adulta, tanto para o matrimônio como para aque-las profissões que lidam com o desenvolvimento das crianças (como a Pedagogia, por exemplo). Quando um jovem tem
18 anos ... já organizou "a seu modo" a percepção do mundo.
das coisas e das pessoas; o sentir já foi comprometido no per-ceber; e os processos mentais já foram demasiado "raciona-lizados", de sorte que se torna difícil dizer alguma coisa que o ajude a mudar. Todavia, na família, nas escolas e nas
igre-jas, eu tentaria explicar c in c o r a z õ e s p a r a n ã o a s s u m ir (isto
é, não admitir para mim como autêntico) tal estado:
a) Lutar por seu aperfeiçoamento é condição humana, digna e decente. A ninguém é lícito parar a meio caminho de sua evolução afetiva, ou psicossexual. "Às vezes, dá-me
von-tade de me suicidar (dizia um jovem de 15 anos) - mas não
é matar o meu corpo, não, é matar o meu espírito e desistir de tudo".
b) O a s s u m id o rejeita meia humanidade, isto é, os dois
bilhões que compõem o outro sexo. Dizem alguns: mas, no outro mundo não há sexos. Está escrito que "nem os homens
se darão às mulheres, e nem as mulheres, aos homens".GFEDCBAÉ
verdade, mas também está escrito que, lá, todos vivem "como os anjos de Deus"!
c) "Mas eu não vejo a outra como mulher: para mim ela é homem, e me dá tudo o que me falta: amor, carinho,
proteção" - dizia-me Beralice. As palavras de Beralice
men-cionam, a um só tempo, a causa e o efeito do seu lesbianismo. Causa: carência de amor, carinho e proteção desde menina. Efeito: alteração de seu modo de sentir e de receber, a tal
176 R I V . Fn . 1 M DI,IIATE - FORT., V. 3 - N . O 3 - P,\G.171-178 1979
ponto que vê alucinadamente "para mim, ela é ele". Não é
mais a realidade do tipo "pão, pão, queijo, queijo"; mas sim: "eu te vejo como eu preciso, tu me dás proteção, por isto, tu és homem para mim".
d) O a s s u m id o toma o prazer, mas rejeita o amor. O
amor heterossexual - mesmo quando não dá filhos - é
ge-rativo, ao menos potencialmente. (Ser-potencial é uma forma de ser). O amor é uma síntese de prazer, dever e criação. O amor lésbico é como energia despolarizada: sem capacidade
de discriminar e atrair ao mesmo tempo.
e) A degenerescência (a viciação, o abandono do
traba-lho, a dependência do tóxico) ronda sempre o a s s u m id o . Isto
se explica, a meu ver, pela sexualidade homogênea, igual-a--igual, facilmente sujeita à saciedade, à saturação, ao tédio, ao embotamento.
Para haver excitação, no amor, há a dinâmica do agra-do-ao-desagrado, do prazer-ao-dever. No prazer homossexual é preciso aumentar as doses de estímulo, alterar o limiar de consciência, "forçar a barra", pois que a dinâmica se
estabe-lece entre prazer-e-mais-prazer-ou menos-prazer. Isto tudo,
porém, tal como uma embriaguez constante, não prepara
nada bem o organismo para o trabalho e para seu funciona-mento nas diversas missões do cotidiano.
Por fim, Senhora Madeleine, tenha a certeza de que este assunto é delicado e complexo não somente para a senhora, mas para todos nós, especialistas inclusive. Tudo o que atrás dizemos é teórico, quer dizer, serve mais para o futuro (para prevenir) do que para o passado ou o presente (ou seja, para remediar).
R e s u m in d o : diga todo o seu pensamento de não
assu-mir à sua filha. Se puder, escolha e consulte um especialista nestes assuntos, para ao menos ajudá-Ia a salvar as aptidões intelectuais. E, sobretudo, não desespere de sua filha e lhe
mantenha sempre aberta a porta do acolhimento como
pes-soa. Ela, como todo o mundo, precisará se aperfeiçoar até ... se encontrar em plenitude, como ser. E se não conseguir?
-É o que é.