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Academic year: 2021

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(1)

I ol anda A. S. Rodr i gues de Br i t o J ur i s t a

«And coul d I l ook upon her wi t hout compas s i on, s eei ng her puni s hment i n t he r ui n s he was , i n her pr of ound unf i t nes s f or t hi s ear t h on whi ch s he was pl aced, i n t he vani t y of s or r ow whi ch had become a mas t er mani a, l i ke t he vani t y of peni t ence, t he vani t y of r emor s e, t he vani t y of unwor t hi nes s , and ot her mons t r ous vani t i es t hat have been cur s es i n t hi s wor l d?»

CHARLES DI CKENS, Gr eat Expect at i ons .

Na Al egor i a da Caver na de Pl at ão, o mundo s ens í vel é apenas

apr eens í vel pel os s ent i dos enquant o o mundo i nt el i gí vel é s oment e

s us cet í vel de s er capt ado pel a r azão. Es t es doi s mundos s ur gem numa

r el ação de per manent e conf l i t ual i dade. Por ém, uma i dei a de

i nt er dependênci a af i gur a- s e s i mul t aneament e i nevi t ável . Na ver dade, o

mundo das s ombr as pr es s upõe a l uz do mundo das i dei as e a exi s t ênci a

da r eal i dade da l uz i mpl i ca neces s ar i ament e a s ombr a no mundo

s ens í vel 1 . Se t r ans pus er mos es t a met áf or a gr ega par a o conf r ont o ent r e

o Di r ei t o e a Real i dade compr eendemos não apenas que o Di r ei t o s e

pr oj et a na Real i dade s empr e que o j ui z s ubmet e o Di r ei t o aos f act os

(2)

A compaixão de Thémis

I ol anda A. S. Rodr i gues de Br i t o J ur i s t a

«And coul d I l ook upon her wi t hout compas s i on, s eei ng her puni s hment i n t he r ui n s he was , i n her pr of ound unf i t nes s f or t hi s ear t h on whi ch s he was pl aced, i n t he vani t y of s or r ow whi ch had become a mas t er mani a, l i ke t he vani t y of peni t ence, t he vani t y of r emor s e, t he vani t y of unwor t hi nes s , and ot her mons t r ous vani t i es t hat have been cur s es i n t hi s wor l d?»

CHARLES DI CKENS, Gr eat Expect at i ons .

Na Al egor i a da Caver na de Pl at ão, o mundo s ens í vel é apenas apr eens í vel pel os s ent i dos enquant o o mundo i nt el i gí vel é s oment e s us cet í vel de s er capt ado pel a r azão. Es t es doi s mundos s ur gem numa r el ação de per manent e conf l i t ual i dade. Por ém, uma i dei a de i nt er dependênci a af i gur a- s e s i mul t aneament e i nevi t ável . Na ver dade, o mundo das s ombr as pr es s upõe a l uz do mundo das i dei as e a exi s t ênci a da r eal i dade da l uz i mpl i ca neces s ar i ament e a s ombr a no mundo s ens í vel 1 . Se t r ans pus er mos es t a met áf or a gr ega par a o conf r ont o ent r e o Di r ei t o e a Real i dade compr eendemos não apenas que o Di r ei t o s e pr oj et a na Real i dade s empr e que o j ui z s ubmet e o Di r ei t o aos f act os

concr et os , como os f act os que ocor r em no mundo da vi da i nf l uenci am o mundo do Di r ei t o, nomeadament e des pol et ando al t er ações l egi s l at i vas .

Se bus car mos a es s ênci a do Di r ei t o depr es s a compr eendemos que, por

s e r adi car na nor mat i vi dade, f unda- s e em pr i ncí pi os de r aci onal i dade e

de abs t r ação. Di f er ent ement e, a Real i dade é i nf or mada pel a

f act ual i dade dos cas os da vi da, pel o que as emoções encont r am aqui o

s eu t er r eno pr ópr i o. Cons i der ando a di f er ent e es s ênci a, poder - s e- i a

pens ar que o pr oces s o j udi cat i vo cons i s t ent e na apl i cação das nor mas

j ur í di cas ao cas o concr et o, concr et i zado no pr of er i ment o da deci s ão

j udi ci al , s er i a t ão mat emát i co como um pr oces s o de r eação quí mi ca,

em que um r eagent e ( as nor mas j ur í di cas ) s er i a acr es cent ado a out r o

( os f act os ) des pol et ando aut omat i cament e a r eação ( a s ol ução do cas o) .

Todavi a, a ponder ação i ner ent e a qual quer deci s ão j ur í di ca af as t a uma

compar ação com uma r eação quí mi ca. Na ver dade, a deci s ão j udi ci al

gl obal ment e cons i der ada compr eende, por um l ado, a deci s ão s obr e a

mat ér i a de f act o, onde s ão det er mi nados os f act os cons i der ados

pr ovados e não pr ovados , e, por out r o l ado, a deci s ão s obr e a mat ér i a

de di r ei t o em que as nor mas j ur í di cas s ão i nt er pr et adas e apl i cadas ao

cas o concr et o. Nes t e s ent i do, o j ul gador , ao deci di r , t em de começar

por i mi s cui r - s e no mundo, apr eci ando a pr ova de acor do com as r egr as

da exper i ênci a e a s ua l i vr e convi cção ( ar t i go 127. º do Códi go de

Pr oces s o Penal ; ar t i go 655. º do Códi go de Pr oces s o Ci vi l ) par a

det er mi nar os f act os pr ovados e não pr ovados , s endo que apenas

pos t er i or ment e apl i ca o di r ei t o. A deci s ão j udi ci al nas ce, as s i m, de uma

i nt er ação ent r e a Real i dade e o mundo do Di r ei t o, i ncumbi ndo ao

j ul gador a t ar ef a de s ubs umi r um ao out r o. Des t ar t e, par a deci di r , o

(3)

j ul gador t em de ent r ar na “caver na dos f act os ” e apr eender es t a r eal i dade at r avés dos s ent i dos . Depoi s , t r azendo cons i go os f act os pr ovados , r egr es s a ao mundo do Di r ei t o e, bas eando- s e em pr i ncí pi os de r aci onal i dade j ur í di ca, admi ni s t r a j us t i ça ao cas o concr et o. Al i ás , nas pal avr as de Pl at ão, j ul gar é «r ecor dar - s e de um mundo i nt el i gí vel em que t odas as i dei as , que ent r am no j ul gament o, s ão des envol vi das numa i mut ável e i ndecomponí vel uni dade» 2 . Nes t e s ent i do, par ece- nos l egí t i mo per gunt ar : s er á a deci s ão j udi ci al um at o de pur a r aci onal i dade, emoci onal ment e neut r a? Ou poder á um s ent i ment o de compai xão i nf or mar o s ent i do da deci s ão j udi ci al ?

O s ent i ment o de compai xão car act er i za o s er humano, compr eendendo- s e que cons t i t ua um val or comum a di f er ent es r el i gi ões , mer ecendo r ef er ênci a a pr ópr i a compai xão de Cr i s t o. No que t ange à nat ur eza humana compas s i va, é i nt er es s ant e r ef er i r a ar gument ação de Dal ai Lama: «[ a] s nos s as mãos es t ão f ei t as de t al manei r a que s ão boas par a abr açar mas não par a l ut ar . Se as mãos s e des t i nas s em es s enci al ment e à l ut a, es t es dedos magní f i cos não s er i am neces s ár i os . Por exempl o, s e os dedos per maneces s em es t endi dos , os pugi l i s t as não er am capazes de bat er com f or ça, por i s s o s ão obr i gados a f echar os punhos . Enf i m, cr ei o que i s s o s i gni f i ca que a nos s a es t r ut ur a f í s i ca de bas e cr i a um t i po de nat ur eza compas s i vo ou dóci l » 3 . Nat ur al ment e, mui t os poet as e es cr i t or es dei xar am- s e i ns pi r ar pel a i dei a de compai xão. É nomeadament e o cas o de Wi l l i am Shakes pear e que, em Rei Lear , evoca i mpl i ci t ament e a i dei a de compai xão us ando a per s onagem Edgar :

«When we our bet t er s s ee bear i ng our woes ,

We s car cel y t hi nk our mi s er i es our f oes .

(4)

j ul gador t em de ent r ar na “caver na dos f act os ” e apr eender es t a r eal i dade at r avés dos s ent i dos . Depoi s , t r azendo cons i go os f act os pr ovados , r egr es s a ao mundo do Di r ei t o e, bas eando- s e em pr i ncí pi os de r aci onal i dade j ur í di ca, admi ni s t r a j us t i ça ao cas o concr et o. Al i ás , nas pal avr as de Pl at ão, j ul gar é «r ecor dar - s e de um mundo i nt el i gí vel em que t odas as i dei as , que ent r am no j ul gament o, s ão des envol vi das numa i mut ável e i ndecomponí vel uni dade» 2 . Nes t e s ent i do, par ece- nos l egí t i mo per gunt ar : s er á a deci s ão j udi ci al um at o de pur a r aci onal i dade, emoci onal ment e neut r a? Ou poder á um s ent i ment o de compai xão i nf or mar o s ent i do da deci s ão j udi ci al ?

O s ent i ment o de compai xão car act er i za o s er humano, compr eendendo- s e que cons t i t ua um val or comum a di f er ent es r el i gi ões , mer ecendo r ef er ênci a a pr ópr i a compai xão de Cr i s t o. No que t ange à nat ur eza humana compas s i va, é i nt er es s ant e r ef er i r a ar gument ação de Dal ai Lama: «[ a] s nos s as mãos es t ão f ei t as de t al manei r a que s ão boas par a abr açar mas não par a l ut ar . Se as mãos s e des t i nas s em es s enci al ment e à l ut a, es t es dedos magní f i cos não s er i am neces s ár i os . Por exempl o, s e os dedos per maneces s em es t endi dos , os pugi l i s t as não er am capazes de bat er com f or ça, por i s s o s ão obr i gados a f echar os punhos . Enf i m, cr ei o que i s s o s i gni f i ca que a nos s a es t r ut ur a f í s i ca de bas e cr i a um t i po de nat ur eza compas s i vo ou dóci l » 3 . Nat ur al ment e, mui t os poet as e es cr i t or es dei xar am- s e i ns pi r ar pel a i dei a de compai xão. É nomeadament e o cas o de Wi l l i am Shakes pear e que, em Rei Lear , evoca i mpl i ci t ament e a i dei a de compai xão us ando a per s onagem Edgar :

«When we our bet t er s s ee bear i ng our woes , We s car cel y t hi nk our mi s er i es our f oes .

Who al one s uf f er s s uf f er s mos t i ’ t he mi nd, Leavi ng f r ee t hi ngs and happy s hows behi nd:

But t hen t he mi nd much s uf f er ance dot h o’ er s ki p, When gr i ef hat h mat es , and bear i ng f el l ows hi p.

How l i ght and por t abl e my pai n s eems now,

When t hat whi ch makes me bend makes t he ki ng bow

4

»

A i dei a de compai xão s ur ge i gual ment e em Fer nando Pes s oa, pel a voz de Ál var o de Campos :

«Meu pobr e ami go, não t enho compai xão que t e dar . A compai xão cus t a, s obr et udo s i ncer a, e em di as de chuva.

Quer o di zer : cus t a s ent i r em di as de chuva.

Si nt amos a chuva e dei xemos a ps i col ogi a par a out r a es péci e de céu»

5

.

A compai xão s ur ge, por ém, par t i cul ar ment e des enhada em A I ns us t ent ável Leveza do Ser de Mi l an Kunder a:

«Em t odas as l í nguas der i vadas do l at i m, a pal avr a compai xão f or ma- s e com o pr ef i xo «com» e a r ai z «pas s i o» que, na s ua or i gem, s i gni f i ca s of r i ment o ( …) , s i gni f i ca que ni nguém pode f i car i ndi f er ent e ao s of r i ment o de out r em; ou, de out r a manei r a: s ent e- s e s empr e s i mpat i a por quem s of r e. ( …) Nas l í nguas em que a pal avr a compai xão não s e f or ma com a r ai z «pas s i o = s of r i ment o» mas com o s ubs t ant i vo

«s ent i ment o», a pal avr a é empr egue mai s ou menos no mes mo s ent i do, mas di f i ci l ment e s e pode di zer que des i gna um s ent i ment o mau ou medí ocr e. A f or ça s ecr et a da s ua et i mol ogi a banha a pal avr a de uma out r a l uz e dá- l he um s ent i do mai s l at o: t er compai xão ( co- s ent i ment o) é poder vi ver com o out r o não s ó a s ua i nf el i ci dade mas s ent i r t ambém t odos os s eus out r os s ent i ment os : al egr i a, angús t i a, f el i ci dade, dor »

6

.

Sendo a compai xão um val or s ubj acent e à vi da em s oci edade, par ece-

nos l egí t i mo pr obl emat i zar s e a compai xão conf i gur a um val or

r econheci do pel o Di r ei t o. Se a r eal i zação da J us t i ça mat er i al é a

f i nal i dade úl t i ma do Di r ei t o, poder á f azer - s e j us t i ça s em compai xão?

(5)

Ou, pel o cont r ár i o, o cami nho da j us t i ça é o cami nho da compai xão das ví t i mas e dos i nf r at or es ?

*

Na génes e da vi da em s oci edade, a ví t i ma de um cr i me as s umi a o papel pr i nci pal das r eações puni t i vas , quer medi ant e a vi ngança, quer medi ant e a compens ação. Er a, as s i m, a pr ópr i a ví t i ma que deci di a como puni r o cr i mi nos o. No ent ant o, pos t er i or ment e, o Monar ca chama a s i o poder puni t i vo, s endo que, de f or ma pr ogr es s i va, o Es t ado acaba por monopol i zar o i us puni endi . Des t e modo, hodi er nament e, o Es t ado, at r avés dos s eus t r i bunai s , admi ni s t r a j us t i ça em nome do povo ( ar t i go 202. º , n. º 1, da Cons t i t ui ção da Repúbl i ca Por t ugues a) . Vi ncul ado pel a l ei e em cumpr i ment o de pr i ncí pi os j ur í di cos , como o pr i ncí pi o do cont r adi t ór i o, anal i s a as pr ovas da acus ação e da def es a e, de modo i mpar ci al e i ndependent e, di z de s ua j us t i ça.

Nes t e cont ext o, i mpor t a começar por pr obl emat i zar s e a compai xão

pode as s umi r - s e como um el ement o pr es ent e no pr oces s o j udi ci al . De

al guma f or ma, podemos di zer que a J us t i ça Penal s e r eal i za cent r ando

o s eu f oco no agent e do cr i me, col ocando a ví t i ma como uma

per s onagem s ecundár i a, compr eendi da como um él an par a o

des encadeament o do pr oces s o penal , nomeadament e medi ant e o

exer cí ci o do di r ei t o de quei xa, maxi me em cr i mes par t i cul ar es e s emi -

públ i cos . Nes t a s enda, ouvem- s e os depoi ment os dos ar gui dos , das

ví t i mas e das t es t emunhas , anal i s am- s e as pr ovas e deci de- s e abs ol ver

ou condenar o ar gui do.

(6)

Ou, pel o cont r ár i o, o cami nho da j us t i ça é o cami nho da compai xão das ví t i mas e dos i nf r at or es ?

*

Na génes e da vi da em s oci edade, a ví t i ma de um cr i me as s umi a o papel pr i nci pal das r eações puni t i vas , quer medi ant e a vi ngança, quer medi ant e a compens ação. Er a, as s i m, a pr ópr i a ví t i ma que deci di a como puni r o cr i mi nos o. No ent ant o, pos t er i or ment e, o Monar ca chama a s i o poder puni t i vo, s endo que, de f or ma pr ogr es s i va, o Es t ado acaba por monopol i zar o i us puni endi . Des t e modo, hodi er nament e, o Es t ado, at r avés dos s eus t r i bunai s , admi ni s t r a j us t i ça em nome do povo ( ar t i go 202. º , n. º 1, da Cons t i t ui ção da Repúbl i ca Por t ugues a) . Vi ncul ado pel a l ei e em cumpr i ment o de pr i ncí pi os j ur í di cos , como o pr i ncí pi o do cont r adi t ór i o, anal i s a as pr ovas da acus ação e da def es a e, de modo i mpar ci al e i ndependent e, di z de s ua j us t i ça.

Nes t e cont ext o, i mpor t a começar por pr obl emat i zar s e a compai xão pode as s umi r - s e como um el ement o pr es ent e no pr oces s o j udi ci al . De al guma f or ma, podemos di zer que a J us t i ça Penal s e r eal i za cent r ando o s eu f oco no agent e do cr i me, col ocando a ví t i ma como uma per s onagem s ecundár i a, compr eendi da como um él an par a o des encadeament o do pr oces s o penal , nomeadament e medi ant e o exer cí ci o do di r ei t o de quei xa, maxi me em cr i mes par t i cul ar es e s emi - públ i cos . Nes t a s enda, ouvem- s e os depoi ment os dos ar gui dos , das ví t i mas e das t es t emunhas , anal i s am- s e as pr ovas e deci de- s e abs ol ver ou condenar o ar gui do.

No cas o de o t r i bunal pr of er i r um j uí zo abs ol ut ór i o, pode f azê- l o por cons i der ar que o ar gui do é i nocent e ou por cons i der ar que a pr ova pr oduzi da não é s uf i ci ent e par a af as t ar a pr es unção de i nocênci a ( ar t i go 32. º , n. º 2, da Cons t i t ui ção da Repúbl i ca Por t ugues a) . Nes t e cas o, apl i ca- s e o pr i ncí pi o i n dubi o pr o r eo , s egundo o qual s empr e que exi s t e uma dúvi da r azoável s obr e a cul pa do ar gui do deve es t e s er abs ol vi do. Na ver dade, ent r e condenar um i nocent e e abs ol ver um cul pado, o Di r ei t o pr ef er e es t a úl t i ma hi pót es e. E pode per gunt ar - s e:

não s er á es t e pr i ncí pi o um af l or ament o do r econheci ment o do val or da compai xão pel o Di r ei t o?

Por out r o l ado, podemos cont i nuar di zendo que mes mo quando condena o ar gui do, o j ul gador t em de obedecer a um conj unt o de pr i ncí pi os j ur í di cos , nomeadament e ao pr i ncí pi o da cul pa. Segundo es t e pr i ncí pi o, par a haver apl i cação de uma pena é neces s ár i o que o agent e t enha at uado com cul pa. Mas , al ém di s s o, a medi da da pena t em como l i mi t e máxi mo a cul pa, ou s ej a, a medi da da pena não pode s er s uper i or à medi da da cul pa. Es t á aqui obvi ament e pr es ent e uma i dei a de j us t i ça. O agent e comet eu um cr i me, t em que s er puni do, mas apenas o deve s er na medi da da cul pa, s al vaguar dando- s e s empr e a s ua di gni dade enquant o pes s oa humana. Não s er á i s t o t ambém uma mani f es t ação do val or da compai xão?

Al i ás , i mpor t a ai nda t r azer à col ação as pr ópr i as f i nal i dades das penas .

Ent r e nós , as penas pr os s eguem f i nal i dades pr event i vas , ao ar r epi o de

al gumas t endênci as mai or i t ar i ament e i nt er naci onai s de í ndol e

r et r i buci oni s t a. De um l ado, a f i nal i dade de pr evenção ger al , quer de

í ndol e negat i va, no s ent i do de di s s uadi r os pot enci ai s cr i mi nos os de

pr at i car o cr i me, quer pos i t i va, no s ent i do de r ef or çar a conf i ança da

(7)

comuni dade na val i dade da nor ma j ur í di ca vi ol ada e, do out r o l ado, a f i nal i dade de pr evenção es peci al de r es s oci al i zação, que par t e da i dei a de que o del i nquent e que pr at i cou um cr i me pode vi r a r ei nt egr ar - s e na s oci edade e paut ar a vi da de acor do com o di r ei t o.

Es t e é um pont o que s e nos ant ol ha i mpor t ant e. Nat ur al ment e, os s i s t emas j ur í di cos que cons agr am a pena de mor t e ou a pena de pr i s ão per pét ua par t em do pr i ncí pi o de que al guns cr i mes s ão de t al f or ma gr aves , como um homi cí di o, que não é pos s í vel es per ar que aquel es que os comet em pos s am vi r a dei xar de comet er cr i mes . Nes t e s ent i do, pr eveem a pena de mor t e e/ ou a pena de pr i s ão per pét ua. O Di r ei t o não l hes dá uma nova opor t uni dade.

No ent ant o, s e cons i der ar mos a exper i ênci a dos paí s es que não cons agr am a pena de mor t e nem a pena de pr i s ão per pét ua, ver i f i camos que há del i nquent es que não r ei nci dem em compor t ament os cr i mi nos os . As s i m, aquel e que comet e um cr i me é puni do, mas , depoi s de cumpr i r a pena, dá- s e- l he uma opor t uni dade de conduzi r a vi da de acor do com o Di r ei t o. Nes t a mat ér i a, na Eur opa, podemos s al i ent ar a i mpor t ânci a do Pr ot ocol o n. º 6 à Convenção par a a Pr ot eção dos Di r ei t os do Homem e das Li ber dades Fundament ai s Rel at i vo à Abol i ção da Pena de Mor t e, apr ovada no s ei o do Cons el ho da Eur opa.

Não s er á a abol i ção da pena de mor t e uma mani f es t ação de compai xão dos i nf r at or es 7 ?

No ent ant o, uma dúvi da pode emer gi r : compai xão dos i nf r at or es ? E as

ví t i mas ? Não s ão el as as úni cas a mer ecer compai xão por par t e da

J us t i ça? I ndubi t avel ment e, as ví t i mas s ão aquel as que mer ecem mai or

compai xão por par t e da s oci edade. A comuni dade em ger al

compadece- s e das ví t i mas , mas nem s empr e s e compadece dos que

(8)

comuni dade na val i dade da nor ma j ur í di ca vi ol ada e, do out r o l ado, a f i nal i dade de pr evenção es peci al de r es s oci al i zação, que par t e da i dei a de que o del i nquent e que pr at i cou um cr i me pode vi r a r ei nt egr ar - s e na s oci edade e paut ar a vi da de acor do com o di r ei t o.

Es t e é um pont o que s e nos ant ol ha i mpor t ant e. Nat ur al ment e, os s i s t emas j ur í di cos que cons agr am a pena de mor t e ou a pena de pr i s ão per pét ua par t em do pr i ncí pi o de que al guns cr i mes s ão de t al f or ma gr aves , como um homi cí di o, que não é pos s í vel es per ar que aquel es que os comet em pos s am vi r a dei xar de comet er cr i mes . Nes t e s ent i do, pr eveem a pena de mor t e e/ ou a pena de pr i s ão per pét ua. O Di r ei t o não l hes dá uma nova opor t uni dade.

No ent ant o, s e cons i der ar mos a exper i ênci a dos paí s es que não cons agr am a pena de mor t e nem a pena de pr i s ão per pét ua, ver i f i camos que há del i nquent es que não r ei nci dem em compor t ament os cr i mi nos os . As s i m, aquel e que comet e um cr i me é puni do, mas , depoi s de cumpr i r a pena, dá- s e- l he uma opor t uni dade de conduzi r a vi da de acor do com o Di r ei t o. Nes t a mat ér i a, na Eur opa, podemos s al i ent ar a i mpor t ânci a do Pr ot ocol o n. º 6 à Convenção par a a Pr ot eção dos Di r ei t os do Homem e das Li ber dades Fundament ai s Rel at i vo à Abol i ção da Pena de Mor t e, apr ovada no s ei o do Cons el ho da Eur opa.

Não s er á a abol i ção da pena de mor t e uma mani f es t ação de compai xão dos i nf r at or es 7 ?

No ent ant o, uma dúvi da pode emer gi r : compai xão dos i nf r at or es ? E as ví t i mas ? Não s ão el as as úni cas a mer ecer compai xão por par t e da J us t i ça? I ndubi t avel ment e, as ví t i mas s ão aquel as que mer ecem mai or compai xão por par t e da s oci edade. A comuni dade em ger al compadece- s e das ví t i mas , mas nem s empr e s e compadece dos que

pr at i cam um cr i me. Event ual ment e, podemos di zer que ai nda bem que as s i m é, pr eci s ament e por que, aos ol hos da comuni dade, os acus ados de um cr i me s ão t endenci al ment e cul pados e i s s o s i gni f i ca que a comuni dade es t á do l ado do Di r ei t o, r ej ei t ando o que não é conf or me o Di r ei t o, o que é “t or t o”.

Todavi a, nes t e ens ej o, i mpor t a s al i ent ar a per t i nênci a da per s pet i va de Enr i co Al t avi l l a quando pos t ul a que o «cr i me cr i a um conf l i t o ent r e o s eu aut or e a s oci edade; mas , not e- s e bem, a f amí l i a humana t em i nt er es s e em que o cul pado s ej a puni do, não em que s e cr i e um r es pons ável , par a que, neces s ar i ament e, de um cr i me der i ve a apl i cação de uma pena, e des ej a, por t ant o, que s e evi t e, com a condenação de um i nocent e, a per pet r ação de um cr i me ai nda mai s gr ave» 8 .

Embor a s ej a cer t o que a s oci edade s e compadece das ví t i mas , não podemos es per ar que o j ul gador s e compadeça das ví t i mas com a mes ma emot i vi dade. Des de l ogo, por que exi s t em mui t as ár eas ci nzent as . Nem s empr e a pes s oa que s e apr es ent a como ví t i ma no pr oces s o penal o é na r eal i dade e nem s empr e quem s ur ge no pr oces s o como acus ado da pr át i ca de um cr i me o pr at i cou na r eal i dade. Al ém di s s o, es per a- s e que mes mo aquel e que pr at i cou o cr i me s ej a condenado numa pena j us t a. Nes t a s enda, podemos r ecor dar O Pr oces s o de Fr anz Kaf ka, em que o per s onagem pr i nci pal , K. , é i nes per adament e pr es o, s endo depoi s s ubmet i do a um l ongo pr oces s o, des conhecendo a acus ação que l he é i mput ada:

«- Per gunt ou- me V. Ex. ª , s enhor j ui z de i ns t r ução, s e eu s ou pi nt or da

cons t r ução ci vi l . Es s a per gunt a, ou mel hor di zendo, a af i r mação

per empt ór i a de Vos s a Excel ênci a, poi s na ver dade V. Ex. ª não f ez

qual quer per gunt a, é bem r evel ador a do géner o de pr oces s o que cont r a

mi m é pl ei t eado. Poder á V. Ex. ª obj ect ar que não s e t r at a de pr oces s o

(9)

al gum e t er á i mens a r azão, poi s , s ó na medi da em que eu o r econheça como pr oces s o, el e s er á t al . No ent ant o, por agor a e de cer t o modo por compai xão, admi t o a s ua exi s t ênci a. De f act o, s ó por compai xão s e pode r epar ar nel e. Não di go que es t ej amos per ant e um pr oces s o t r at ado à t oa, mas gos t ar i a de of er ecer es t a expr es s ão à medi t ação de V. Ex. ª »

9

.

Em t odo o cas o, a ques t ão mant ém- s e: dever á Thémi s , a deus a da J us t i ça, s er i mune a s ent i ment os de compai xão das ví t i mas ? Ou, pel o cont r ár i o, apenas poder á admi ni s t r ar j us t i ça s e f or compas s i va?

Se nos debr uçar mos s obr e a l egi s l ação penal vi gent e, podemos encont r ar al guns af l or ament os da i dei a de compai xão. Des de l ogo, ao cr i mi nal i zar o homi cí di o por at ent ar cont r a o bem j ur í di co mai s i mpor t ant e, a vi da, o l egi s l ador penal cons i der ou que s e o agent e t i ver at uado por compai xão da ví t i ma ( ar t i go 133. º do Códi go Penal ) , a pena abs t r at ament e apl i cável é menos gr ave do que aquel a que é apl i cável ao homi cí di o s i mpl es .

Nes t a s enda, podemos s al i ent ar o Acór dão do Supr emo Tr i bunal de J us t i ça de 27 de J unho de 2012, quando pos t ul ou que a

«compr eens í vel emoção vi ol ent a, a compai xão, o des es per o ou um

mot i vo de r el evant e val or s oci al ou mor al cons t i t uem cl áus ul as

r edut or as da cul pa ou cl áus ul as de pr i vi l egi ament o, t r aduzi ndo es t ados

de af ect o vi vi dos pel o agent e, ou caus as de at enuação es peci al da pena

do homi cí di o. ( …) No es f or ço de compr eens ão da emoção é i mper at i vo

o es t abel eci ment o de uma r el ação ent r e o af ect o e as s uas caus as ou

mot i vos , poi s , par a s e ent ender uma emoção t em de s e ent ender as

r el ações que l he der am or i gem, t endo em at enção o s uj ei t o que a s ent i u

e o cont ext o em que s e ver i f i cou a at i t ude, em or dem a per ceber o

es t ado de es pí r i t o, o conf l i t o es pi r i t ual , a s i t uação ps í qui ca que l eva o

agent e ao cr i me» 10 .

(10)

al gum e t er á i mens a r azão, poi s , s ó na medi da em que eu o r econheça como pr oces s o, el e s er á t al . No ent ant o, por agor a e de cer t o modo por compai xão, admi t o a s ua exi s t ênci a. De f act o, s ó por compai xão s e pode r epar ar nel e. Não di go que es t ej amos per ant e um pr oces s o t r at ado à t oa, mas gos t ar i a de of er ecer es t a expr es s ão à medi t ação de V. Ex. ª »

9

.

Em t odo o cas o, a ques t ão mant ém- s e: dever á Thémi s , a deus a da J us t i ça, s er i mune a s ent i ment os de compai xão das ví t i mas ? Ou, pel o cont r ár i o, apenas poder á admi ni s t r ar j us t i ça s e f or compas s i va?

Se nos debr uçar mos s obr e a l egi s l ação penal vi gent e, podemos encont r ar al guns af l or ament os da i dei a de compai xão. Des de l ogo, ao cr i mi nal i zar o homi cí di o por at ent ar cont r a o bem j ur í di co mai s i mpor t ant e, a vi da, o l egi s l ador penal cons i der ou que s e o agent e t i ver at uado por compai xão da ví t i ma ( ar t i go 133. º do Códi go Penal ) , a pena abs t r at ament e apl i cável é menos gr ave do que aquel a que é apl i cável ao homi cí di o s i mpl es .

Nes t a s enda, podemos s al i ent ar o Acór dão do Supr emo Tr i bunal de J us t i ça de 27 de J unho de 2012, quando pos t ul ou que a

«compr eens í vel emoção vi ol ent a, a compai xão, o des es per o ou um mot i vo de r el evant e val or s oci al ou mor al cons t i t uem cl áus ul as r edut or as da cul pa ou cl áus ul as de pr i vi l egi ament o, t r aduzi ndo es t ados de af ect o vi vi dos pel o agent e, ou caus as de at enuação es peci al da pena do homi cí di o. ( …) No es f or ço de compr eens ão da emoção é i mper at i vo o es t abel eci ment o de uma r el ação ent r e o af ect o e as s uas caus as ou mot i vos , poi s , par a s e ent ender uma emoção t em de s e ent ender as r el ações que l he der am or i gem, t endo em at enção o s uj ei t o que a s ent i u e o cont ext o em que s e ver i f i cou a at i t ude, em or dem a per ceber o es t ado de es pí r i t o, o conf l i t o es pi r i t ual , a s i t uação ps í qui ca que l eva o agent e ao cr i me» 10 .

Conf or me s al i ent a Fi guei r edo Di as , nes t a i ncr i mi nação podem i ncl ui r - s e mui t os cas os de eut anás i a, compr eendi da como um «auxí l i o médi co à mor t e de um paci ent e j á i ncur s o num pr oces s o de s of r i ment o cr uel e que, s egundo o es t ado dos conheci ment os da medi ci na e um f undado j uí zo de pr ognos e médi ca, conduzi r á i nevi t avel ment e à mor t e; auxí l i o médi co que pr evi s i vel ment e det er mi nar á um encur t ament o do per í odo de vi da do mor i bundo». Nes t e âmbi t o, i mpor t a di s t i ngui r ent r e a eut anás i a pas s i va e at i va. Na pr i mei r a, o médi co r enunci a a medi das s us cet í vei s de cons er var ou de pr ol ongar a vi da de doent es em es t ado des es per ado ( v. g. pes s oas em coma pr of undo e i r r ever s í vel ) , nomeadament e des l i gando um apar el ho de r eani mação.

Di f er ent ement e, a eut anás i a at i va cons i s t e na ut i l i zação de mei os des t i nados a poupar o mor i bundo a dor es e a s of r i ment os quando é pr evi s í vel um encur t ament o event ual e não mui t o s ens í vel do per í odo de vi da como cons equênci a l at er al i ndes ej ada ( eut anás i a at i va i ndi r et a) ou num encur t ament o at i vo i nt enci onal ou neces s ár i o do per í odo de vi da do paci ent e ( eut anás i a at i va di r et a) – v. g. admi ni s t r ação de uma i nj eção l et al 11 .

A eut anás i a, t ão bem r et r at ada em Mar Adent r o de Pedr o Al modóvar ,

conf i gur a uma condut a cr i mi nal ment e r el evant e, mas o l egi s l ador penal

por t uguês não dei xou de at ender à ci r cuns t ânci a de poder em s er cr i mes

comet i dos por compai xão da ví t i ma e, por t ant o, pr evê em abs t r at o

uma mol dur a penal menos gr avos a. A eut anás i a é um dos pr obl emas

mai s compl exos em que o cr uzament o da compai xão com o Di r ei t o é

mai s evi dent e. E é uma ques t ão f r at ur ant e i ncl us i vament e por que é

pr eci s ament e a compai xão da ví t i ma, compr eendi da como um es t ado

(11)

de af et o l i gado à s ol i dar i edade ou à compar t i ci pação no s of r i ment o de out r a pes s oa, a mot i var a vi ol ação da nor ma e do Di r ei t o 12 .

*

Não há mui t o t empo, emer gi u no pal co puni t i vo um novo i deal de

J us t i ça Penal : a J us t i ça Res t aur at i va. Sem dei xar de s e pr eocupar com o

del i nquent e, f az i nci di r o s eu f oco, de novo, s obr e a ví t i ma, que

r ecuper a a s ua voz. As s i m, r es t abel ece- s e a i dei a de medi ação penal ,

compr eendi da como a t ent at i va de encont r ar , ant es ou dur ant e o

pr oces s o penal , uma s ol ução negoci ada ent r e a ví t i ma e o aut or da

i nf r ação, medi ada por uma pes s oa compet ent e. Embor a s endo cer t o

que não s e apl i ca a t odos os t i pos de cr i mes , não pode dei xar de

cons i der ar - s e que s e t r at a de um model o mai s vocaci onado par a

r epar ar o mal caus ado pel a pr át i ca do cr i me. Com ef ei t o, mui t as vezes ,

o pr ópr i o j ul gament o é penos o par a a ví t i ma e nem s empr e a

condenação do acus ado numa pena r es t abel ece a ví t i ma no es t ado em

que s e encont r ava s e o mal não t i ves s e s i do comet i do. Se uma pes s oa é

al vo de uma acus ação f al s a por par t e de out r a pes s oa, s e é di f amada, a

condenação do agent e numa pena pode não s er s uf i ci ent e. J á s e o

i nf r at or compr eender a gr avi dade da s ua at uação, compr eender o mal

que caus ou, s e pedi r des cul pas , s e s e r et r at ar e s e f or r epos t a

s oci al ment e a ver dade, ent ão a ví t i ma poder á mai s f aci l ment e

encont r ar a s ua paz j ur í di ca 13 . As s i m, podemos r ef l et i r s e a

i nt enci onal i dade da J us t i ça Res t aur at i va não vai i gual ment e ao

encont r o de uma i dei a de compai xão das ví t i mas 14 .

(12)

de af et o l i gado à s ol i dar i edade ou à compar t i ci pação no s of r i ment o de out r a pes s oa, a mot i var a vi ol ação da nor ma e do Di r ei t o 12 .

*

Não há mui t o t empo, emer gi u no pal co puni t i vo um novo i deal de J us t i ça Penal : a J us t i ça Res t aur at i va. Sem dei xar de s e pr eocupar com o del i nquent e, f az i nci di r o s eu f oco, de novo, s obr e a ví t i ma, que r ecuper a a s ua voz. As s i m, r es t abel ece- s e a i dei a de medi ação penal , compr eendi da como a t ent at i va de encont r ar , ant es ou dur ant e o pr oces s o penal , uma s ol ução negoci ada ent r e a ví t i ma e o aut or da i nf r ação, medi ada por uma pes s oa compet ent e. Embor a s endo cer t o que não s e apl i ca a t odos os t i pos de cr i mes , não pode dei xar de cons i der ar - s e que s e t r at a de um model o mai s vocaci onado par a r epar ar o mal caus ado pel a pr át i ca do cr i me. Com ef ei t o, mui t as vezes , o pr ópr i o j ul gament o é penos o par a a ví t i ma e nem s empr e a condenação do acus ado numa pena r es t abel ece a ví t i ma no es t ado em que s e encont r ava s e o mal não t i ves s e s i do comet i do. Se uma pes s oa é al vo de uma acus ação f al s a por par t e de out r a pes s oa, s e é di f amada, a condenação do agent e numa pena pode não s er s uf i ci ent e. J á s e o i nf r at or compr eender a gr avi dade da s ua at uação, compr eender o mal que caus ou, s e pedi r des cul pas , s e s e r et r at ar e s e f or r epos t a s oci al ment e a ver dade, ent ão a ví t i ma poder á mai s f aci l ment e encont r ar a s ua paz j ur í di ca 13 . As s i m, podemos r ef l et i r s e a i nt enci onal i dade da J us t i ça Res t aur at i va não vai i gual ment e ao encont r o de uma i dei a de compai xão das ví t i mas 14 .

Por ém, al ém do pr oces s o penal , out r as ár eas do Di r ei t o s ão i gual ment e pr opens as a s ent i ment os de compai xão. A t í t ul o exempl i f i cat i vo, s er á o cas o do pr oces s o l abor al , poi s uma s i t uação de des pedi ment o de uma t r abal hador a, com f i l hos , pode s us ci t ar s ent i ment os de compai xão. Do mes mo modo, no cont ext o de um pr oces s o em que s e di s cut a a r es pons abi l i dade ci vi l da companhi a de s egur os , pode des encadear - s e um s ent i ment o de compai xão da ví t i ma de um aci dent e de vi ação, que f i cou a padecer de i ncapaci dade, que a t or na dependent e de t er cei r as pes s oas .

No ent ant o, uma das mat ér i as que s us ci t a mai s s ent i ment os de compai xão é o Di r ei t o de Famí l i a, s obr et udo no que r es pei t a aos menor es . Na ver dade, os menor es s ão mui t as vezes ut i l i zados como i ns t r ument os de di s put a e chant agem em pr oces s os de di vór ci o. Na pr át i ca, quant as vezes o i nt er es s e s uper i or da cr i ança não é des cur ado pel os pr ópr i os pai s des avi ndos , des pol et ando i nevi t avel ment e s ent i ment os de compai xão. Do mes mo modo, não podemos es quecer a compai xão da mãe ou do pai que, por vezes , s e veem pr i vados pel o out r o pr ogeni t or de exer cer os di r ei t os par ent ai s e, as s i m, f i cam pr i vados de s er em pai s ou de s er em mães .

*

O Tr i bunal Eur opeu dos Di r ei t os Humanos t em f r equent ement e

r ecor r i do à i dei a de compai xão na s ua at i vi dade de dens i f i cação

i nt er pr et at i va da Convenção Eur opei a dos Di r ei t os Humanos ,

i nf l uenci ando de f or ma det er mi nant e o s ent i do da deci s ão. De f or ma

par adi gmát i ca, a i dei a de compai xão s ur ge no cas o D. v. The Uni t ed

(13)

Ki ngdom ( 1997) . Nes t e ar es t o, o Tr i bunal pos t ul ou que os es t r angei r os que cumpr i r am as s uas s ent enças de pr i s ão e es t ão s uj ei t os a expul s ão não podem, em pr i ncí pi o, r ei vi ndi car qual quer di r ei t o de per manecer no t er r i t ór i o de um Es t ado Cont r at ant e, a f i m de cont i nuar a benef i ci ar de as s i s t ênci a médi ca, s oci al ou de out r as f or mas de as s i s t ênci a f or neci das pel o Es t ado dur ant e a s ua es t adi a na pr i s ão. No ent ant o, at endendo às ci r cuns t ânci as mui t o exceci onai s do cas o concr et o e dadas as cons i der ações humani t ár i as i mper i os as em j ogo, o Tr i bunal concl ui u que a expul s ão do es t r angei r o em caus a vi ol ar i a o ar t i go 3 º da Convenção, que es t at ui que n i nguém pode s er s ubmet i do a t or t ur as , nem a penas ou t r at ament os des umanos ou degr adant es 15 .

Mer ece ai nda r ef er ênci a a opi ni ão di s s i dent e do J ui z Mar t ens no cas o Gül v. Swi t zer l and ( 1996) , por t er mani f es t ado expr es s ament e a s ua compai xão por um cas al de or i gem t ur ca, que al egava vi ol ação do di r ei t o ao r es pei t o pel a vi da f ami l i ar ( ar t i go 8. º da Convenção) , com bas e no f act o de as aut or i dades s uí ças não aut or i zar em a r es i dênci a do s eu f i l ho menor na Suí ça. O pai er a por t ador de def i ci ênci a adqui r i da e a mãe, que s of r i a de epi l eps i a, t i nha s of r i do um gr ave aci dent e que a t or nou dependent e de as s i s t ênci a médi ca na Suí ça, par a onde t i nham emi gr ado com vi s t a à obt enção de as i l o pol í t i co 16 .

Em s ent i do conver gent e, a As s embl ei a Ger al das Nações Uni das

apr ovou, em 29 de Novembr o de 1985, a Decl ar ação dos Pr i ncí pi os

Bás i cos de J us t i ça Rel at i vos às Ví t i mas da Cr i mi nal i dade e de Abus o de

Poder , com bas e na convi cção de que as ví t i mas devem s er t r at adas

com compai xão e r es pei t o pel a s ua di gni dade, cons i der ando o enor me

des gas t e f í s i co, f i nancei r o e emoci onal que pr ovoca nas ví t i mas .

(14)

Ki ngdom ( 1997) . Nes t e ar es t o, o Tr i bunal pos t ul ou que os es t r angei r os que cumpr i r am as s uas s ent enças de pr i s ão e es t ão s uj ei t os a expul s ão não podem, em pr i ncí pi o, r ei vi ndi car qual quer di r ei t o de per manecer no t er r i t ór i o de um Es t ado Cont r at ant e, a f i m de cont i nuar a benef i ci ar de as s i s t ênci a médi ca, s oci al ou de out r as f or mas de as s i s t ênci a f or neci das pel o Es t ado dur ant e a s ua es t adi a na pr i s ão. No ent ant o, at endendo às ci r cuns t ânci as mui t o exceci onai s do cas o concr et o e dadas as cons i der ações humani t ár i as i mper i os as em j ogo, o Tr i bunal concl ui u que a expul s ão do es t r angei r o em caus a vi ol ar i a o ar t i go 3 º da Convenção, que es t at ui que n i nguém pode s er s ubmet i do a t or t ur as , nem a penas ou t r at ament os des umanos ou degr adant es 15 .

Mer ece ai nda r ef er ênci a a opi ni ão di s s i dent e do J ui z Mar t ens no cas o Gül v. Swi t zer l and ( 1996) , por t er mani f es t ado expr es s ament e a s ua compai xão por um cas al de or i gem t ur ca, que al egava vi ol ação do di r ei t o ao r es pei t o pel a vi da f ami l i ar ( ar t i go 8. º da Convenção) , com bas e no f act o de as aut or i dades s uí ças não aut or i zar em a r es i dênci a do s eu f i l ho menor na Suí ça. O pai er a por t ador de def i ci ênci a adqui r i da e a mãe, que s of r i a de epi l eps i a, t i nha s of r i do um gr ave aci dent e que a t or nou dependent e de as s i s t ênci a médi ca na Suí ça, par a onde t i nham emi gr ado com vi s t a à obt enção de as i l o pol í t i co 16 .

Em s ent i do conver gent e, a As s embl ei a Ger al das Nações Uni das apr ovou, em 29 de Novembr o de 1985, a Decl ar ação dos Pr i ncí pi os Bás i cos de J us t i ça Rel at i vos às Ví t i mas da Cr i mi nal i dade e de Abus o de Poder , com bas e na convi cção de que as ví t i mas devem s er t r at adas com compai xão e r es pei t o pel a s ua di gni dade, cons i der ando o enor me des gas t e f í s i co, f i nancei r o e emoci onal que pr ovoca nas ví t i mas .

Ent ão vol t emos ao i ní ci o: s er á que o Di r ei t o e a compai xão podem coexi s t i r num mes mo t er r i t ór i o? Ou s er á que as s uas di f er ent es nat ur ezas os t or nam i ncompat í vei s ? Se o Di r ei t o é r azão e a compai xão é emoção, por vent ur a s omos t ent ados a pens ar que onde vi ve um não pode vi ver o out r o. Mas s er á que é pos s í vel s er mos compas s i vos s em s er mos j us t os ? E s er á que é pos s í vel s er mos j us t os s em s er mos compas s i vos ? Par ece- nos que não. Thémi s deve s er compas s i va. Por ém, par a deci di r com equi dade e i mpar ci al i dade, não pode abr açar as ví t i mas no s eu col o e, as s i m, di zer de s ua j us t i ça.

De ol hos vendados , Thémi s dever á admi ni s t r ar j us t i ça compadecendo-

s e equi t at i vament e das dor es das ví t i mas e dos acus ados . Em bus ca da

J us t i ça, per cor r endo o cami nho da r aci onal i dade j ur í di ca, Thémi s t er á

s empr e que exper i enci ar s ent i ment os de compai xão…

(15)

1 | Cf . Pl at ão, A Repúbl i ca ( t r ad. Eduar do Menezes ) , São Paul o: Li vr ar i a Expos i ção do Li vr o, s . d. , Li vr o Sét i mo, p. 191- 218.

2 | Apud Enr i co Al t avi l l a, Ps i col ogi a J udi ci ár i a, Vol ume I I ( Per s onagens do Pr oces s o Penal ) , Coi mbr a: Al medi na, 2003, p. 484.

3 | Cf . Dal ai Lama, O Poder da Compai xão: Ens i nament os Cr uci ai s do Budi s mo, Li s boa: Li vr os e Lei t ur as , 1999, p. 57.

4 | Cf . Wi l l i am Shakes pear e, Ki ng Lear, London and Gl as gow: Col l i ns ’ Cl ear - Type Pr es s , s . d. , Act I I I . , Scene 6, p. 89.

5 | Cf . Ál var o de Campos , Poes i a ( ed. Ter es a Ri t a Lopes ) , Li s boa: As s í r i o & Al vi m, 2002, p. 419.

6 | Cf . Mi l an Kunder a, A I ns us t ent ável Leveza do Ser, Li s boa: Publ i cações Dom Qui xot e, 1983, p.

24- 25.

7 | Numa per s pet i va r el i gi os a, cf . Moni ca Kos t i el ney, «Deat h penal t y s ympos i um: under s t andi ng j us t i ce wi t h cl ar i t y, ci vi l i t y, and compas s i on by r ef l ect i ng on s el ect ed bi bl i cal pas s ages and Cat hol i c Chur ch t eachi ngs on t he deat h penal t y», Thomas M. Cool ey Law Revi ew, n. º 13 ( 1996) , p. 967- 976; Dami en P. Hor i gan, «Of Compas s i on and Capi t al Puni s hment : A Buddhi s t

Per s pect i ve on t he Deat h Penal t y», The Amer i can J our nal of J ur i s prudence, vol . 41, n. º 1, 1996, 271- 288. Na j ur i s pr udênci a do Tr i bunal Eur opeu dos Di r ei t os Humanos , cf . o cas o Vi nt er and Ot her s v. t he Uni t ed Ki ngdom ( 2013) , em que o t r i bunal r ecor r e a uma i dei a de compai xão par a def ender que a condenação numa pena de pr i s ão per pét ua cons t i t ui um t r at ament o des umano e degr adant e, cons i der ando que não t êm qual quer es per ança de l i ber t ação. I n:

«ht t p: / / hudoc. echr . coe. i nt / s i t es / f r a/ pages / s ear ch. aspx?i =001- 122664#{ "i t emi d": [ "001 12266 4"] } ».

8 | Cf . Enr i co Al t avi l l a, I bi dem, p. 9.

9 | Cf . Fr anz Kaf ka, O Pr oces s o ( t r adução: Ger vás i o Ál var o) , Li s boa: Edi ção ‘ Li vr os do Br as i l », s . d. , p. 46- 47.

10 | I n: «www. dgs i . pt ».

11 | Cf . Fi guei r edo Di as , ar t i go 131. º , i n: Fi guei r edo Di as ( di r . ) , Coment ár i o Coni mbr i cens e do Códi go Penal , Par t e Es peci al , Tomo I , Coi mbr a: Coi mbr a Edi t or a, 1999, p. 11- 15; I dem, ar t i go 133. º , I bi dem, p. 52.

12 | Cf . Andr ew Gr ubb, «Eut hanas i a i n Engl and - A Law Lacki ng Compas s i on?», Eur opean J our nal of Heal t h Law, 8, 2001, p. 89- 93.

13 | Cf . J ónat as Machado, Li ber dade de Expr es s ão: Di mens ões Cons t i t uci onai s da Es f er a Públ i ca no Si s t ema Soci al , Coi mbr a: Coi mbr a Edi t or a, 2002, p. 773; J ónat as Machado/ I ol anda Rodr i gues de Br i t o, Cur s o de Di r ei t o da Comuni cação Soci al , Li s boa: Wol t er s Kl uwer , 2013, p. 130 e s egui nt es .

14 | Cf . Far i a Cos t a, «Di ver s ão ( des j udi ci ar i zação) e medi ação: que r umos ?», Separ at a do Bol et i m da Facul dade de Di r ei t o da Uni ver s i dade de Coi mbr a, 1985; Amado Fer r ei r a, J us t i ça

Res t aur at i va: nat ur eza, f i nal i dades e i ns t r ument os , Coi mbr a: Coi mbr a Edi t or a, 2006. Cf . ai nda Lei n. º 21/ 2007, de 12 de J unho.

15 | I n: «ht t p: / / hudoc. echr . coe. i nt / s i t es / f r a/ pages / s ear ch. as px?i =001- 58035# { "i t emi d": [ "001- 58035"] } ».

16 | O cas al pr et endi a aut or i zação par a que o f i l ho que t i nha f i cado na Tur qui a s e j unt as s e aos

pai s na Suí ça, cons i der ando que as aut or i dades s uí ças def endi am que a mãe não t i nha condi ções

par a obt er os t r at ament os médi cos de que pr eci s ava na Tur qui a. Todavi a, o Tr i bunal cons i der ou

(16)

1 | Cf . Pl at ão, A Repúbl i ca ( t r ad. Eduar do Menezes ) , São Paul o: Li vr ar i a Expos i ção do Li vr o, s . d. , Li vr o Sét i mo, p. 191- 218.

2 | Apud Enr i co Al t avi l l a, Ps i col ogi a J udi ci ár i a, Vol ume I I ( Per s onagens do Pr oces s o Penal ) , Coi mbr a: Al medi na, 2003, p. 484.

3 | Cf . Dal ai Lama, O Poder da Compai xão: Ens i nament os Cr uci ai s do Budi s mo, Li s boa: Li vr os e Lei t ur as , 1999, p. 57.

4 | Cf . Wi l l i am Shakes pear e, Ki ng Lear, London and Gl as gow: Col l i ns ’ Cl ear - Type Pr es s , s . d. , Act I I I . , Scene 6, p. 89.

5 | Cf . Ál var o de Campos , Poes i a ( ed. Ter es a Ri t a Lopes ) , Li s boa: As s í r i o & Al vi m, 2002, p. 419.

6 | Cf . Mi l an Kunder a, A I ns us t ent ável Leveza do Ser, Li s boa: Publ i cações Dom Qui xot e, 1983, p.

24- 25.

7 | Numa per s pet i va r el i gi os a, cf . Moni ca Kos t i el ney, «Deat h penal t y s ympos i um: under s t andi ng j us t i ce wi t h cl ar i t y, ci vi l i t y, and compas s i on by r ef l ect i ng on s el ect ed bi bl i cal pas s ages and Cat hol i c Chur ch t eachi ngs on t he deat h penal t y», Thomas M. Cool ey Law Revi ew, n. º 13 ( 1996) , p. 967- 976; Dami en P. Hor i gan, «Of Compas s i on and Capi t al Puni s hment : A Buddhi s t

Per s pect i ve on t he Deat h Penal t y», The Amer i can J our nal of J ur i s prudence, vol . 41, n. º 1, 1996, 271- 288. Na j ur i s pr udênci a do Tr i bunal Eur opeu dos Di r ei t os Humanos , cf . o cas o Vi nt er and Ot her s v. t he Uni t ed Ki ngdom ( 2013) , em que o t r i bunal r ecor r e a uma i dei a de compai xão par a def ender que a condenação numa pena de pr i s ão per pét ua cons t i t ui um t r at ament o des umano e degr adant e, cons i der ando que não t êm qual quer es per ança de l i ber t ação. I n:

«ht t p: / / hudoc. echr . coe. i nt / s i t es / f r a/ pages / s ear ch. aspx?i =001- 122664#{ "i t emi d": [ "001 12266 4"] } ».

8 | Cf . Enr i co Al t avi l l a, I bi dem, p. 9.

9 | Cf . Fr anz Kaf ka, O Pr oces s o ( t r adução: Ger vás i o Ál var o) , Li s boa: Edi ção ‘ Li vr os do Br as i l », s . d. , p. 46- 47.

10 | I n: «www. dgs i . pt ».

11 | Cf . Fi guei r edo Di as , ar t i go 131. º , i n: Fi guei r edo Di as ( di r . ) , Coment ár i o Coni mbr i cens e do Códi go Penal , Par t e Es peci al , Tomo I , Coi mbr a: Coi mbr a Edi t or a, 1999, p. 11- 15; I dem, ar t i go 133. º , I bi dem, p. 52.

12 | Cf . Andr ew Gr ubb, «Eut hanas i a i n Engl and - A Law Lacki ng Compas s i on?», Eur opean J our nal of Heal t h Law, 8, 2001, p. 89- 93.

13 | Cf . J ónat as Machado, Li ber dade de Expr es s ão: Di mens ões Cons t i t uci onai s da Es f er a Públ i ca no Si s t ema Soci al , Coi mbr a: Coi mbr a Edi t or a, 2002, p. 773; J ónat as Machado/ I ol anda Rodr i gues de Br i t o, Cur s o de Di r ei t o da Comuni cação Soci al , Li s boa: Wol t er s Kl uwer , 2013, p. 130 e s egui nt es .

14 | Cf . Far i a Cos t a, «Di ver s ão ( des j udi ci ar i zação) e medi ação: que r umos ?», Separ at a do Bol et i m da Facul dade de Di r ei t o da Uni ver s i dade de Coi mbr a, 1985; Amado Fer r ei r a, J us t i ça

Res t aur at i va: nat ur eza, f i nal i dades e i ns t r ument os , Coi mbr a: Coi mbr a Edi t or a, 2006. Cf . ai nda Lei n. º 21/ 2007, de 12 de J unho.

15 | I n: «ht t p: / / hudoc. echr . coe. i nt / s i t es / f r a/ pages / s ear ch. as px?i =001- 58035# { "i t emi d": [ "001- 58035"] } ».

16 | O cas al pr et endi a aut or i zação par a que o f i l ho que t i nha f i cado na Tur qui a s e j unt as s e aos pai s na Suí ça, cons i der ando que as aut or i dades s uí ças def endi am que a mãe não t i nha condi ções par a obt er os t r at ament os médi cos de que pr eci s ava na Tur qui a. Todavi a, o Tr i bunal cons i der ou

que não t i nha havi do vi ol ação do di r ei t o ao r es pei t o pel a vi da f ami l i ar por que não exi s t i a nenhuma r azão vál i da par a que a f amí l i a não pudes s e r egr es s ar à Tur qui a e, as s i m, r euni r aí a f amí l i a, nomeadament e por que a mãe j á t i nha f ei t o al gumas vi agens par a a Tur qui a. Nes t e s ent i do, o Tr i bunal concl ui u que não havi a vi ol ação do ar t i go 8. º , na ver t ent e de r es pei t o pel a vi da f ami l i ar . I n: «ht t p: / / hudoc. echr . coe. i nt / s i t es / eng/ pages / s ear ch. as px?i =001- 57975#{ "i t emi d":

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