Educação Patrimonial e Arqueologia no Vale do Macacu Programa de Capacitação para o ensino de Arqueologia Cachoeiras de Macacu – Turma 1
Colégio Estadual Maria Zulmira Tôrres
Educação Patrimonial e Arqueologia: uma proposta metodológica para o Ensino Médio
Autores:
João Ricardo Assis: professor de Biologia;
Renata Carvalho Braga: professora de Geografia;
Valeria Pereira: professora de História;
Jorge Medina: Mestre Griô local;
Denílson Siqueira: Fotografia e filmagem.
Apresentação:
A Educação Patrimonial é um componente fundamental no processo de identidade local para os alunos do Município de Cachoeiras de Macacu. O projeto apresentado visa proporcionar uma extensão no processo de multiplicação do ensino de Arqueologia e suas potencialidades profissionais e acadêmicas para os alunos do Ensino Médio em nosso município. Essa perspectiva gera uma abordagem interdisciplinar que a Arqueologia como poucas Ciências pode oferecer, sendo somada ao escasso universo profissional que o município oferece aos seus alunos saídos do ensino médio.
O município de Cachoeiras de Macacu, sempre foi conhecido pelos seus vastos recursos naturais, pelas suas abundantes bacias hidrográficas e generosa oferta de água e biodiversidade. Comemorando seus 334 anos, finalmente estamos diante de uma possibilidade concreta de valoração de seu também rico patrimônio Histórico e Arqueológico. Essa proposta
ações didáticas para alunos do Ensino Médio das escolas públicas. Essas ações são resultado da Capacitação em Arqueologia dos docentes promovida pelo Programa de Educação Patrimonial, onde o objetivo é oferecer um enfoque pedagógico adequado ao entendimento teórico e prático para alunos do ensino médio, fechando então assim o ciclo de multiplicação dos conhecimentos em arqueologia e da divulgação dos resultados das pesquisas feitas na região.
Atividades:
O que é Arqueologia? Quais são suas praticas e significados? Que relação a Arqueologia tem com nosso presente? Essas questões irão nortear o projeto que se subdivide em etapas teóricas e praticas visando reproduzir o trabalho, pesquisa, técnicas e sistematização de dados realizados ao longo de uma pesquisa arqueológica.
Objetivo Geral:
Oportunizar a alunos do Colégio Estadual Maria Zulmira Torres vivenciarem o trabalho em Arqueologia, permitindo a valoração da história local e o entendimento interdisciplinar que essa prática oferece.
Objetivos específicos:
- Visitações em centros de pesquisa em Arqueologia (Casa da Pedra);
- realização de atividades simuladas de pesquisa na escola;
- quantificação dos resultados e desenvolvimento de técnicas instrumentais de identificação e restauração de artefatos;
- atividade de campo identificando potencialidades arqueológicas locais ainda não exploradas;
- elaboração de relatório com os resultados e fomentação de novos grupos de trabalho.
Metodologia:
1. Seleção e capacitação dos alunos do projeto: serão selecionados por critério de disponibilidade de tempo e interesse do aluno 12 estudantes do ensino médio que formarão grupos de trabalho (GTs). A divisão de trabalho formará duplas para:
- demarcação;
- escavação;
- registro / desenhos / fotografias ; - resgate / limpeza;
- restauração / acondicionamento;
- identificação / relatórios.
2. Os professores responsáveis pelo projeto irão realizar uma capacitação em arqueologia com base nos conhecimentos adquiridos ao longo do Programa de Capacitação para o ensino de Arqueologia e utilizando o Kit Pedagógico fornecido pelo Programa.
3. Visitação orientada ao Museu Nacional e a Casa da Pedra, com intuito de oportunizar os alunos a vivenciarem os diversos ambientes de pesquisa interdisciplinares que a Arqueologia dispõe.
4. Realização de atividades simuladas que reproduzam todas as etapas da pesquisa em Arqueologia observadas. Essas atividades serão:
Mini sítio arqueológico: identificação, demarcação, escavação em um sítio arqueológico simulado no pátio do colégio. (prática 1 e2)
Reconhecendo artefatos: Utilizando cerâmicas do dia a dia, os alunos procederão à caracterização das mesmas, com pinturas rupestres para a
Mapeamento cartográfico, fotográfico pictórico, etc. Essa etapa busca reproduzir todos as principais etapas documentais do trabalho arqueológico. O objetivo é buscar com a maior fidelidade possível os procedimentos de documentação e sistematização dos dados obtidos em uma escavação. Será utilizado material do Programa para essa etapa.
Restauração e recriação do ambiente arqueológico: Os alunos procederão às etapas de restauração de artefatos e estabelecimento de uma linha histórica que interligam os sítios e a cidade.
Visitação as regiões da cidade com potencial arqueológico. Os alunos visitaram os sítios arqueológicos onde se fazem pesquisa na região e também regiões ainda não exploradas pelo Programa, devidamente acompanhadas pelos professores e convidados do Projeto.
Cronograma:
AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO
Seleção e
capacitação teórica.
Visitação ao M.N. e Casa da Pedra.
Montagem do Sítio didático.
Escavação do sítio didático.
Escavação do sítio didático.
Restauração / identificação.
Restauração / identificação / visitação a área local.
Avaliação:
Ao longo das atividades propostas os alunos serão avaliados em seu desempenho individual e também em grupo. Os objetivos são prescritos durante as praticas que visão uma reprodução o mais fiel do trabalho interdisciplinar em Arqueologia e seus desdobramentos.
Resultados esperados:
Como foi explicitado anteriormente a proposta desse projeto é apresentar uma alternativa metodológica que complemente o Programa de capacitação para o ensino de Arqueologia.
Propondo uma abordagem exeqüível de atividades na escola e estimulando a partir da observação, estudo e prática o trabalho em Arqueologia. Os grupos de trabalho constituirão relatórios e uma infinidade de informações que ajudara na aproximação por parte dos alunos ao universo da pesquisa e extensão e pelo ensino/pesquisa em arqueologia, a ultrapassar o distanciamento do ensino básico.
Prática 1:
Identificando ferramentas de trabalho:
O objetivo dessa atividade é apresentar aos alunos os materiais de uso em uma pesquisa arqueológica, suas finalidades e formas de manuseio. Os materiais a serem apresentados são:
Metro (1x);
Trena (1x);
Rolo Barbante (1x);
Papel quadriculado (resma);
Nível de bolha (1x);
Borrifador (1x);
Peneiras (2x fina-grossa);
Formulários e etiquetas (100x cada);
Sacos zip (100x);
Fita crepe (1x);
Régua 1m (1x);
Pranchetas (2x);
GPS (1x).
Prática 2:
Construção de um sítio arqueológico didático:
O objetivo dessa atividade é oferecer aos alunos a oportunidade de simular a atuação em um sítio arqueológico. Serão utilizados materiais atuais como: cerâmicas, carvão, sementes, materiais líticos diversos tipos de sedimento, que serão escavados pelos alunos, procurando ao longo do processo, reproduzir as técnicas e cuidados em uma pesquisa arqueológica real.
Ao longo das atividades procura-se enfatizar as 3 principais etapas de um trabalho de investigação arqueológica:
Prospecção: coleta de informações locais incluindo relatos orais, fotográficos, documentais, etc.
Escavação: utilização cuidadosa das ferramentas de escavação. Registro dos materiais encontrados e associar os artefatos ao contexto histórico.
Estudo e divulgação dos dados obtidos: sistematização dos dados e incorporação dos registros arqueológicos ao acervo histórico da região.
Material:
2 caibros com 2m de comprimento, 2 caibros com 1m de comprimento, 10cm de altura;
Compensado 2,20/1,60m (1x);
Potes guache grande (branco, azul, vermelho, amarelo), (1x cada);
Pinceis para guache, tamanhos variados (10x);
Pregos e barbante;
Lona plástica preta 3m;
1m3 de areia, 1m3 de argila, 1m3 de saibro;
Seixos rolados de rio;
4 cerâmicas (tigela, pote, prato, moringa);
Madeiras, carvão e cinzas;
Sementes;
Ossos e conchas.
Montagem:
O sítio didático será montado no pátio da escola Maria Zulmira Torres, em um local a céu aberto cimentado. Ele apresenta 3 camadas estratigráficas, caracterizando um ambiente fluvial, com a seguinte configuração:
.1ª camada superior: solo tabatinga, com cerâmicas pré-coloniais e cerâmicas coloniais, lentes de fogueira, madeiras; representa camada mais recente indicando área de contato, com indício colonial.
.2ª camada intermediária: solo argiloso, com materiais líticos, cerâmicas pré-coloniais, lentes de fogueira e madeiras; representa camada intermediária, com ocupação indígena já consolidada e indícios de atividade agrícola de ceramistas pré coloniais.
.3ª camada inferior: solo arenoso e seixos, com materiais líticos lascados e polidos, cochas, e lentes de fogueira; representa camada mais antiga, paleorestinga com indícios de ocupação
obs: após a conclusão das atividades, os materiais e sedimentos serão reutilizados para construção de canteiros para plantio de hortaliças.
Prática 3:
Restauração / identificação:
Os materiais a serem inseridos no Sítio didático serão preparados pelos alunos que receberão informações sobre técnicas de talhe e instrumentos produzidos: Percussão direta, percussão indireta e técnica de polimento. O material cerâmico será previamente pintado pelas crianças do ensino fundamental em uma atividade paralela a esse projeto. Os motivos das pinturas (figura) obedecerão a pesquisa de colonização indígena na região da bacia do Macacu. A equipe de restauração / identificação utilizará os recursos do Programa de Capacitação para o ensino de Arqueologia para a identificação do material coletado na simulação, presentes nas mídias e folhetos explicativos e kits pedagógicos. Os alunos também procederão pesquisa em sites especializados e resultados de pesquisas desenvolvidas em cerâmicas pré coloniais e coloniais no vale do Macacu.
Material:
Escovas (2x);
Balde / bacia (1x cada);
Plástico bolha (5m);
Fita crepe (2x);
Cola cascorez (1x);
Pinceis / trincha (2x cada);
Gabarito circular (4x);
Fichas de catalogação / identificação (resma);
Régua 30 cm (1x);
Paquímetro (1x);
Lupas (5x);
Lupa binocular (1x);
Pinças (5x);
Recipientes de coleta (bacias retangulares) (5x);
Bloco de papel canson A3 (1x);
Régua 20cm, transferidor, compasso (1x cada);
Máquina fotográfica digital (1x);
Tripé para máquina fotográfica (1x);
Estante metálica (1x).
Referencias bibliográficas:
- AMADOR, Elmo da Silva, Baia de Guanabara e Ecossistemas Periféricos: Homem e Natureza. Rio de Janeiro: E. S. Amador, 1997.
- Kit didático: Programa de Capacitação para o ensino de Arqueologia. Educação Patrimonial e Arqueologia no Vale do Macacu – Cachoeiras de Macacu, 2013.
- Lorêdo, Wanda Martins. Manual de conservação em arqueologia de campo. – Rio de Janeiro: IPHAN. Departamento de proteção, 1994.
- Rubinger, Marcos Magalhães. Pintura rupestre: algo mais do que arte pré-histórica. – Belo Horizonte: Interlivros, 1979.
- Serviço Educativo do Museu D. Diogo de Sousa. - Núcleo correspondente no Museu:
Laboratório de Restauro. Oficina Ludico-Pedagógica relacionada: O aprendiz de arqueólogo (Ensino Pré-escolar; 1º, 2º e 3º CEB). Em: http://mdds.imc-ip.pt/pt- PT/RecursosEdu/Informa/ContentDetail.aspx?id=970
- Sítio na Internet: http://arqueologiadigital.com/