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Sumário. A exigência da interdisciplinaridade na construção do conhecimento e na prática social

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Academic year: 2022

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Sumário

Apresentação

Jeanete Liasch Martins de Sá ... 7

A exigência da interdisciplinaridade na construção do conhecimento e na prática social

Antônio Joaquim Severino ... 13

Da interdisciplinaridade constitutiva do serviço social à ação interdisciplinar no ensino e na extensão

Jeanete Liasch Martins de Sá ... 37

Interdisciplinaridade na pesquisa: travessia e encontro

Edna Maria Goulart Joazeiro ... 63

A prática interdisciplinar no estágio supervisionado:

a experiência do serviço de acolhimento em família acolhedora — SAPECA

Jane Valente ... 95

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6 JEANETE LIASCH MARTINS DE SÁ (Org.)

Interdisciplinaridade: a experiência do Grupo de Estudos

“Sistema Prisional, Direitos Humanos e Sociedade”

Maria Virginia Righetti Fernandes Camilo

Camilla Marcondes Massaro ... 129

A intervenção do serviço social e a interdisciplinaridade no Tribunal de Justiça de São Paulo

Fabiana Aparecida de Carvalho ... 159 Sobre os autores ... 181

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Apresentação

Trinta anos se passaram desde a primeira edição do livro Serviço Social e Interdisciplinaridade: dos fundamentos filosóficos à prática interdisciplinar no ensino, pesquisa e extensão. Várias edições se sucederam e a temática continuou despertando o interesse, o que demonstra a necessidade de se continuar pensando as disciplinas em sua reciprocidade e interação, desta feita, com o lançamento de uma obra diferente, que leva o mesmo título básico, mas busca atualizar e aprofundar a questão num novo momento histórico.

O conhecimento hoje, cada vez mais, deve ser capaz de apreender as partes e a totalidade, os problemas locais inser- tos no contexto global, no conjunto. Disciplinas fragmentadas, pulverizadas não dão conta de explicar e intervir num mundo complexo. Há que se fortalecer, portanto, as relações mútuas entre elas, colocando em evidência a indissociabilidade entre o múltiplo e o uno, as partes e o todo, a diversidade e a unidade.

Isto implica na interdisciplinaridade e na transdisciplinari- dade, que se complementam, no sentido de se buscar e analisar o que está entre, através e além das disciplinas.

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8 JEANETE LIASCH MARTINS DE SÁ (Org.)

A inter e a transdisciplinaridade são hoje requisitos básicos para a formação profissional do assistente social e sua intervenção, tendo em vista o compromisso ético da profissão com a liberda- de, democracia, cidadania, justiça e igualdade social, dimensões essas carregadas de valores que perpassam as disciplinas.

É importante destacar que o Serviço Social, enquanto profis- são, se consolidou nos últimos anos, com conquistas teóricas ex- pressivas e uma prática com ganhos evidentes em todas as áreas.

Na formação profissional, as Diretrizes Curriculares da ABEPSS para os Cursos de Serviço Social (2002) apontam clara- mente para uma “capacitação teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa”, no sentido do trato rigoroso da questão social e de suas particularidades na realidade social, no trabalho e na ética, em uma perspectiva ontológica, crítica e dialética.

Propõem ainda eixos transversais e destacam a necessidade da interdisciplinaridade no projeto de formação profissional, de modo a romper com a visão formalista do currículo.

Em que pesem tais diretrizes, muitas Escolas de Serviço Social acabam por adotar uma postura crítica em relação à so- ciedade, porém, ainda mantém um currículo organizado pela justaposição de disciplinas, sem conseguir modificar o caráter conservador do ensino. Falta-lhes a dimensão inter e transdis- ciplinar, que trabalhe os valores, a exigência ética e os desafios políticos na direção do projeto profissional. Sem isso, corre-se o risco de atribuir a determinadas disciplinas a “virtude” de promoverem, por si só, a capacitação para um agir profissional competente do ponto de vista teórico, técnico e político. Em decorrência, a formação resulta em uma somatória de conheci- mentos cuja interconexão fica a cargo do próprio aluno.

A extensão, por sua vez, tem importância ímpar na pro- moção das ações inter e transdisciplinares, enquanto processo

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socioeducativo, cultural, científico e político. Nela, o projeto profissional ganha um espaço significativo, numa via de mão dupla: proporcionando interação transformadora entre a acade- mia e o meio social imediato, articulando, ampliando o ensino, ao mesmo tempo em que o realimenta.

De forma indissociável do ensino e da extensão, a pesquisa ocupa, na formação e na ação profissional, papel significativo de articulação da teoria com dados da realidade e de mediação teórico-prática. Adensa conceitos, explicita e trabalha contra- dições, sistematiza e articula dados, busca novas perspectivas.

Abre inúmeras possibilidades de investigações inter e transdis- ciplinares, facilitadas pela transversalidade que lhe é peculiar.

Outro elemento fundamental, na busca de transposição dos conteúdos da sala de aula e de aproximação com uma realidade específica, corresponde ao estágio supervisionado — espaço privilegiado para uma visão e atuação inter e transdisciplinar.

Aluno/estagiário, supervisor acadêmico e supervisor de campo constituem, de acordo com a sabedoria milenar, o “cordão de três dobras, difícil de se quebrar”, tão necessário para o fortaleci- mento da formação profissional vinculada ao projeto profissional e societário.

Já os espaços ocupacionais do Serviço Social no cotidiano da atuação profissional, sejam tradicionais ou emergentes, vão demandar do ensino, da pesquisa e da extensão, a problemati- zação de suas expressões, bem como ações articuladas, com a contribuição das mais variadas disciplinas e profissões.

Um dos espaços sócio-ocupacionais do Serviço Social, que tem se ampliado significativamente, decorre da crescente judi- cialização no Brasil, com rebatimento nas políticas sociais e na questão social. Caracterizado pela contradição entre o controle do Estado e a afirmação e defesa dos direitos humanos e do

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10 JEANETE LIASCH MARTINS DE SÁ (Org.)

direito à proteção social dos cidadãos, solicita cada vez mais a atuação do Serviço Social em interação com outros profissionais, seja no Judiciário, Defensoria Pública, Ministério Público ou nos Sistemas Prisional e de Segurança.

Diante desses grandes desafios, procurou-se coletar e socia- lizar experiências interdisciplinares consideradas bem-sucedidas no ensino, extensão, pesquisa, estágio supervisionado, grupos de estudo e na ação profissional, a partir de fundamentos filosófi- cos da interdisciplinaridade, abordados pelo professor Antônio Joaquim Severino no primeiro capítulo desta coletânea, na di- mensão axiológica e epistêmica de construção do conhecimento, passando também pelo etnoconhecimento e a interculturalidade.

Na sequência, a questão interdisciplinar no ensino e na ex- tensão é por nós analisada com base na experiência da Faculdade de Serviço Social da PUC-Campinas, que, em mais de trinta anos, entre situações favoráveis e por vezes adversas, tem buscado trabalhar a inter e a transdisciplinaridade com base em modelos de organização curricular, seja por áreas de conhecimento ou modulação integrativa.

Digna de nota e compartilhamento é a experiência de pesqui- sa inter e transdisciplinar que extrapola a dimensão local e regio- nal em direção a Universidades e Centros de Pesquisa europeus, mais especificamente da França, além do estudo multicêntrico Brasil, França e Argélia. O capítulo, de autoria da Profa. Edna Maria Goulart Joazeiro, demonstra que o Serviço Social vem sendo reconhecido, cientificamente, em grandes centros de pesquisa, por profissionais da própria área ou de áreas afins diversas e sua produção teórica tem se tornado robusta e expressiva.

Como trabalho inédito, divulgado internacionalmente, o Ser- viço de Acolhimento em Família Acolhedora — o SAPECA — é apresentado como campo de estágio supervisionado da Faculda- de de Serviço Social na PUC-Campinas, desde a sua origem, pela

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assistente social Jane Valente. Por ali passam não só estagiários de Serviço Social como também de Psicologia e Pedagogia, aten- dendo crianças e adolescentes afastados da família, através de medida protetiva, colocados em famílias acolhedoras em caráter provisório, enquanto se dá atenção especial à família de origem buscando o retorno da criança, de forma protegida.

A outra experiência relatada pelas professoras Maria Virginia Righetti Fernandes Camilo e Camilla Marcondes Massaro cor- responde ao cotidiano dos serviços e à práxis dos movimentos e das lutas sociais em defesa dos direitos humanos — espaço significativo para a formação profissional, que deixa à mostra as expressões da violência do sistema prisional e da sociedade brasileira. Esse fator levou a PUC-Campinas, em convênio com o Ministério Público Federal a organizar o Grupo de Estudos

“Sistema Prisional, Direitos Humanos e Sociedade”, através da Faculdade de Serviço Social e Faculdade de Ciências Sociais, numa perspectiva interdisciplinar, agregando professores e alunos.

Ainda no campo sociojurídico, desta feita junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo — e a partir de uma análise criteriosa do serviço social e do judiciário num contexto de crise estrutural, o capítulo seguinte, de autoria da professora Fabiana Aparecida de Carvalho, ressalta o papel do serviço social, bem como a ne- cessidade, os limites e as possibilidades de uma intervenção de natureza interdisciplinar, ocorrendo principalmente com as áreas que lhe são mais próximas — a psicologia e o direito.

Entre o projeto ético-político profissional, a realidade da formação e da intervenção do Serviço Social, há uma distância significativa a ser superada, especialmente no que concerne à organização curricular que vem se apresentando de forma fragmentada e desarticulada, como reflexo da divisão histórica das atividades humanas, imposta pelo modelo industrial. Essa fragmentação é perceptível em todas as dimensões da vida. As

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12 JEANETE LIASCH MARTINS DE SÁ (Org.)

relações sociais acabam por reproduzir as relações de produção da sociedade capitalista, reforçadas pelo projeto de sociedade neoliberal.

Por outro lado, as práticas sociais cotidianas nesse mundo contemporâneo exigem uma formação cada vez mais crítica para o enfrentamento das contradições e a transformação.

O desafio está posto e exige que os profissionais, seja na área do ensino, seja na prática profissional enfrentem rupturas cognitivas, perceptivas e atitudinais e isso passa pela inter e transdisciplinaridade. A tempo e horas cabe a célebre frase de Fernando Pessoa: Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser.

Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?

Jeanete Liasch Martins de Sá

Campinas, verão de 2019

Referências

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