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(1)

Maria Carolina Foss

A

NÁLISE

J

URÍDICA DA

P

ROMOÇÃO DA

I

NOVAÇÃO

TECNOLÓGICA NO SETOR BRASILEIRO DE TECNOLOGIAS

DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Dissertação de Mestrado

Orientador: Prof. Dr. Newton Silveira

Universidade de São Paulo

Faculdade de Direito

(2)

ANÁLISE JURÍDICA DA PROMOÇÃO DA INOVAÇÃO

TECNOLÓGICA NO SETOR BRASILEIRO DE TECNOLOGIAS

DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Dissertação

depositada

como

requisito parcial para obtenção de

título de Mestre em Direito, em

conformidade com Regimento da

Pós-Graduação da USP, Resolução

nº 5473/2008, Portaria

CPG-FDUSP nº 5/2011 e Resolução

FD/PÓS nº 1/2002.

Universidade de São Paulo

Faculdade de Direito

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FOSS, Maria Carolina. Análise jurídica da promoção da inovação tecnológica no setor brasileiro da tecnologia da informação e comunicação. Maria Carolina Foss. São Paulo: [s.n.], 2013, 173 pp.

Orientador: Prof. Dr. Newton Silveira Área de concentração: Direito Comercial Pós-graduação stricto sensu Mestrado em Direito

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Banca Examinadora:

_________________________________

_________________________________

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indústria brasileira. O setor de tecnologias da informação e comunicação (TICs) é um importante celeiro de novas tecnologias e suas criações intelectuais são passíveis de proteção pelas normas de propriedade industrial (e.g. patentes), direitos autorais (e.g. software) e segredo de negócio ou industrial. No Brasil, o setor de TICs, anteriormente designado setor de informática, obteve tratamento prioritário nos programas governamentais de incentivo ao desenvolvimento tecnológico nacional. Contudo, as empresas brasileiras de TICs ainda não são consideradas inovadoras em comparação à concorrência estrangeira. A Lei nº 10.973/2004, também conhecida como Lei de Inovação, dispõe sobre instrumentos jurídicos para a articulação de interesses do setor privado e das Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) que são órgãos e entidades da administração pública com a missão de executar atividades de pesquisas básica e aplicada, seja de caráter científico ou com a finalidade de desenvolvimento de novas tecnologias. A hipótese de pesquisa desta dissertação é de que os acordos celebrados entre as ICTs e o setor privado estão concentrados nos objetos da transferência de tecnologia ou no licenciamento de uso de criações desenvolvidas pela ICT, que limitados ao regime do direito público, não são eficazes para promoção da inovação tecnológica no setor de TICs. Esta dissertação propõe: (i) analisar o arcabouço normativo do Sistema Nacional da Inovação Tecnológica; (ii) analisar os programas governamentais de estímulo ao desenvolvimento tecnológico do setor de informática brasileiro; (iii) examinar o papel da proteção da propriedade intelectual do software na promoção da inovação tecnológica; (iv) investigar as deficiências na articulação dos interesses de ICT e setor privado, conforme os instrumentos jurídicos previstos na Lei de Inovação; e (v) sugerir proposições para contornar os problemas identificados. Utilizou-se uma metodologia segmentada no estudo normativo das leis aplicáveis ao Sistema Nacional da Inovação Tecnológica e à proteção da propriedade intelectual do software e na análise dos arranjos jurídicos enunciados na Lei de Inovação, a partir dos resultados da Pesquisa de Inovação Tecnológica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PINTEC 2008/IBGE) e das informações das ICTs, consolidadas pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelos próprios Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) das ICTs selecionadas nesta pesquisa (sendo elas, USP, UNICAMP, UFMG e UFRJ) cujos dados disponíveis apresentaram semelhança entre si. Concluiu-se com a comprovação da hipótese de que os instrumentos jurídicos utilizados por ICT e empresários são ineficazes para promoção da inovação tecnológica no setor de TICs. Por fim, destacou-se o conhecimento como o desafio para promover o processo inovador no setor brasileiro de TICs. Dentro do propósito do aproveitamento do conhecimento acumulado nas ICTs, a ampliação do conceito de ICT para incorporar as instituições privadas, como previsto nos Projetos de Lei do “Código Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação” nº 2.177/2011 e nº 619/2011 em tramitação no Congresso Nacional, assim como a participação de capital privado na reformulação da figura da sociedade de propósito específico, prevista no art. 5º da Lei de Inovação, são possíveis soluções para contornar os problemas identificados nesta dissertação.

(6)

The promotion of technological innovation is a challenge for the increase of competitiveness of the Brazilian industry. The information and communication technologies (ICT) industry is an important source of new technologies and its intellectual creations may be protected under industrial property rights (e.g. patents), copyrights (e.g. software) and trade secret or industry secret laws. In Brazil the ICT industry, previously known as the computer industry, received a priority treatment in the national governmental incentive programs for the development of technology. However, Brazilian ICT companies are not considered innovative in comparison with their foreign competitors. The Brazilian Law #10,973/2004, also known as Brazilian Innovation Law, establishes legal means for the orchestration of interests of the private sector and those of Scientific and Technological Institutions (STIs), which are agencies and public entities whose dedicated to basic and applied research, whether having scientific purpose or aiming at the creation of new technologies. This research hypothesis is that the agreements entered by the STIs and the private sector aim technology transfers or the license of use of the STIs’ creations and

those agreement governed by public law are not effective for the promotion of technological innovation in the ICT industry. This study proposes to: (i) review the legal framework of the National System of Innovation; (ii) analyze the governmental programs created to stimulate the technological development of the Brazilian computer industry; (iii) review the role of the intellectual property protection of software for the promotion of technological innovation; (iv) inquire the deficiencies in the articulation of the interests of STI and private sector according to the agreements provided on the Brazilian Innovation Law and (v) suggest alternatives to overcome the identified problems. A segmented methodology was used in the exam of the laws applicable to the National System of Innovation and the laws of intellectual property protection of the software and the analysis of the agreements entered under the Brazilian Innovation Law provisions, considering the results of the Research of Technological Innovation of the Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PINTEC 2008/IBGE) and the STIs’ consolidated information by

the Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) and also with the Centers of Innovation Technology (NITs) of the STIs studied in this masters dissertation (which are,

USP, UNICAMP, UFMG and UFRJ) whose available data were similar. The study’s

conclusion confirms the hypothesis that the agreements entered by STIs and private companies are ineffective to stimulate the technological innovation in the ICT industry. Lastly the knowledge was highlighted as a challenge to promote the innovative process in

the Brazilian ICT sector. Within the purpose of using the STIs’ accumulated knowledge, expanding the concept of STIs to incorporate private institutions, as provided into the Legislative Bill of the National Code of Science and Technological Innovation #2,177/2011 and #619/2011 in discussion in the National Congress, as well as the participation of private capital in reformulating the concept of the special purpose vehicle provided under Article 5 of Brazilian Innovation Law are possible solutions to overcome the problems identified in this study.

(7)

ANPEI Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras

BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social C&T Ciência e Tecnologia

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPRE Coordenação de Atividades de Processamento Eletrônico CF/1988 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 CGEE Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CPqD Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Telebrás

CT IT Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola

FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FNDCT Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico FUNTTEL Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações

GATT General Agreement on Tarifs and Trade / Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICTs Instituições de Ciência e Tecnologia

IFES Instituições Federais de Ensino Superior INMETRO Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade INOVA Agência de Inovação da Unicamp

INPI Instituto Nacional de Propriedade Industrial

ISIC International Standard Industrial Classification of all Economic Activities LPI Lei de Propriedade Industrial – Lei n° 9.279/1996

MCTI Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação MDIC Ministério Desenvolvimento Indústria e Comércio MEC Ministério da Educação

NESTI Grupo de Especialistas Nacionais em Ciência e Tecnologia NITs Núcleos de Inovação Tecnológica

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Cooperação Econômica Europeia OMC Organização Mundial do Comércio P&D Pesquisa e Desenvolvimento

P&D&I Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

PBDCT Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico PDP Política de Desenvolvimento Produtivo

PIB Produto Interno Bruto

PITCE Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior PINTEC Pesquisa de Inovação Tecnológica

PLANIN Plano Nacional de Informática e Automação PND Plano Nacional de Desenvolvimento

R&D Research and Experimental Development RFB Receita Federal do Brasil

RHAE Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas SBPC Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

SEI Secretaria Especial de Informática SIBRATEC Sistema Brasileiro de Tecnologia TI Tecnologia da informação

TICs Tecnologias da informação e da comunicação

TRIPS Trade Related Aspects of Intellectual Property Rights / Acordo sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio TPP Inovações Tecnológicas em Produtos e Processos

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNICAMP Universidade de Campinas

(9)

INTRODUÇÃO

1.1. Tema a ser desenvolvido e suas limitações

Esta dissertação tem por escopo a análise dos reflexos da aplicação da Lei n˚

10.973/2004, Lei de Inovação, sobre o setor de tecnologias da informação e comunicação (TICs) no Brasil. A Lei de Inovação consolida medidas de incentivo à pesquisa e à inovação no ambiente produtivo brasileiro e produz efeitos desde o dia 2 de dezembro de 2004, data de sua promulgação.

O setor de TICs é composto por produtos, serviços e ou componentes que transmitem ou exibem a informação por meios eletrônicos. A definição de TICs baseia-se na Classificação Internacional da Indústria de todas as Atividades Econômicas (ISIC, do inglês, International Standard Industrial Classification of all Economic Activities – rev. 4).1 Os produtos de TICs são eletrônicos, mas nem todo produto eletrônico pode ser classificado como TICs, embora a convergência digital esteja reduzindo cada vez mais essa fronteira.2 Atualmente, televisores, aparelhos de som, videogame, equipamentos de telecomunicações e outros eletrodomésticos convergem, com cada vez mais frequência, as suas funcionalidades a mecanismos de transmissão e exibição de informações.

O interesse do estudo do setor de TICs nesta dissertação partiu de duas observações: (i) este setor representa um promissor celeiro de novas tecnologias e costuma receber forte estímulo de políticas de governo que priorizam desenvolvimento tecnológico como uma vantagem competitiva perante os países industrializados (e.g. Índia, atualmente, já considerada líder mundial na exportação de serviços de tecnologia da informação); e 3-4 (ii) as criações intelectuais incorporadas aos produtos e serviços de TICs são passíveis de proteção pela propriedade intelectual, notadamente, sob o formato de patentes e software.

1 United Nations, International Standard Industrial Classification of all Economic Activities. Revision 4.,

New York, 2008. Disponível em: http://unstats.un.org/unsd/cr/registry/isic-4.asp. Acesso em set., 2012.

2 SALLES FILHO, Sergio et al. Avaliação de impactos da Lei de Informática: uma análise da política

industrial e de incentivo à inovação no setor de TICs brasileiro. Revista da Inovação. Campinas, SP, 11, n. esp., p. 191-218, julho 2012. p. 194.

3 O conceito de TICs reúne toda variedade de recursos tecnológicos que intermedeiam a comunicação e a

troca de informações entre os indivíduos. Trata-se de um conceito mais amplo que abarca os elementos hardware, software, incluindo funções voz, dados e outros meios e formatos de comunicações no atendimento das demandas sociais.

4 CRUZ, Carlos Henrique de Brito e CHAIMOVIC, Hernan. Relatório UNESCO sobre Ciência 2010.

(10)

A análise proposta nesta dissertação sobre a promoção da inovação tecnológica no setor de TICs possui duas dimensões: as políticas públicas de estímulo ao desenvolvimento tecnológico brasileiro e a interferência da propriedade intelectual na promoção da inovação tecnológica.

Embora os efeitos de aplicação da Lei de Inovação sejam recentes, considera-se relevante o estudo dos reflexos dessa norma e dos demais enunciados que compõem o sistema nacional de inovação tecnológica no setor brasileiro de TICs. A inovação tecnológica tem preenchido a agenda de desenvolvimento de muitos países e, no Brasil, a necessidade de inovar está em foco e vem sendo perseguida, por intermédio de mudanças legislativas e pelo reposicionamento da indústria.

A Lei de Inovação dispõe sobre instrumentos jurídicos que buscam estimular parcerias entre membros do poder público e do setor privado e, de outro lado, regular as formas de aproveitamento da inovação no ambiente produtivo (e.g. licenciamento de uso de tecnologias, transferência de tecnologias, prestação de serviços de pesquisa e desenvolvimento, etc.). A análise desses instrumentos jurídicos será fundamental para o desenvolvimento desta dissertação, que parte da seguinte hipótese:

OS ACORDOS CELEBRADOS ENTRE AS INSTITUIÇÕES CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS (ICTS) E O SETOR PRIVADO ESTÃO CONCENTRADOS NA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA OU LICENCIAMENTO DE USO DE CRIAÇÃO DESENVOLVIDA PELA ICT, QUE LIMITADOS AO REGIME DO DIREITO PÚBICO APLICÁVEL ÀS CONTRATAÇÕES PREVISTAS NA LEI DE INOVAÇÃO,não SÃO EFICAZES PARA A EFETIVA PROMOÇÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO SETOR DE TICS.

O setor de TICs brasileiro tem sido beneficiado por alterações legislativas que buscam privilegiar a produção de tecnologia nacional em detrimento de bens e serviços importados. Essas medidas, no entanto, ainda não colocam o setor de TICs brasileiro em posição competitiva frente aos concorrentes multinacionais. O processo inovador requer investimentos e uma estrutura favorável para sua execução, que pressupõe que a empresa que decidir inovar possua poder de mercado suficiente para assumir os custos e as incertezas da inovação. As empresas que formam o setor de TICs brasileiro, no entanto, oprimidas pela concorrência, não conseguem deslanchar na inovação e, na maioria das vezes são importadoras e imitadoras5 das inovações já desenvolvidas em outros países.6

5 A caracterização da indústria brasileira como imitadora não significa, no entanto, que a imitação não pode

(11)

Considera-se que, em prol da promoção da inovação tecnológica no setor de TICs, os instrumentos jurídicos possam ser rearranjados e eventualmente, reestruturados. É importante ressaltar que a hipótese desta dissertação não se opõe aos objetivos e enunciados da Lei de Inovação, mas considera a existência de deficiências na articulação dos instrumentos jurídicos enunciados na lei referida em relação ao desenvolvimento pretendido pelo setor de TICs.

Não obstante o enfoque dado à Lei de Inovação, o estudo proposto contemplará a análise de outras fontes normativas relevantes para o setor TICs, incluindo as leis concernentes à proteção da propriedade intelectual – Lei n˚ 9.279/1996 (Lei de

Propriedade Industrial), Lei n˚ 9.609/1998 (Lei de Software) – e outras leis que dispõem sobre benefícios a segmentos de mercado englobados em TICs, notadamente, Lei n˚

7.232/1984 (Lei de Informática), Lei n˚ 11.196/2005 (Lei do Bem) e Lei n˚ 12.349/2010,

lei que altera dispositivos da Lei n˚ 8.666/1993, dentre outras.

A inovação tecnológica depende de investimentos, no sentido de recursos financeiros e humanos. A difusão do conhecimento na forma de capacitação profissional de cidadãos dispostos e habilitados a entregar suas forças de trabalho à atividade inventiva é um dos gargalos para o desenvolvimento do sistema de inovação tecnológica no Brasil. Do ponto de vista do risco financeiro, os investimentos em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e Inovação (P&D&I) podem ser despendidos sem que se atinja o objetivo traçado.

Na análise econômica, os investimentos em P&D são classificados como custos irrecuperáveis, sunk costs, ou irreversíveis, que são valores despendidos pelo empresário em infraestrutura, recursos humanos etc. que não podem ser diretamente recuperados. Os

Toyota é emblemático, pois esta empresa deu início a suas atividades, em 1930, com imitação dos sistemas produtivos da Ford. Já na década de 1960, a empresa japonesa, contudo, consagrou o seu eficiente sistema de

produção de automóveis, conhecido por “lean manufacturing” (gestão focada na redução de desperdícios na

produção, resultando em aumento da produção e diminuição de custos e tempo de produção). Ver: GALHARDI, Antonio Cesar e ZACCARELLI, Sérgio Baptista. Inovação e Imitação Tecnológica como Estratégia Competitiva. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, p. 23-29, abril, vol. 7, n. 017, 2005. p. 24.

6 As recentes alterações na Lei n.º 8.666/1993 por intermédio da Lei n.º 12.439/2011, resultado da conversão

da MPV n.º 495/2010, demonstram a intenção do Estado em promover seu poder de compra da inovação

(12)

custos e incertezas com a inovação são fatores que inibem a entrada de novos concorrentes no mercado.7

Nesse contexto de incertezas e recuos frente aos riscos da inovação, o papel do Estado no processo inovador é muito relevante (e.g. financiamentos públicos, por meio de poder de compra, investimentos em P&D, subvenção e outros incentivos). Há, na atualidade, previsão legal de arranjos jurídicos, pelos quais o Estado compartilha riscos do

processo da inovação tecnológica com as empresas (“Estado Tomador de Risco”). 8 No contexto nacional de uma indústria pouco inovadora, as subvenções e financiamentos públicos são essenciais como ponto de partida para a inovação tecnológica. Entretanto, concentrar no longo prazo os investimentos em inovação tecnológica somente nos recursos públicos, parece não ser a estratégia adequada para estimular o desenvolvimento da indústria brasileira.

A propriedade intelectual é um elemento de mitigação dos riscos e incertezas inerentes às atividades de P&D&I. O investidor em inovação deseja assegurar sua propriedade sobre a criação, caso passível de proteção pelo sistema de propriedade intelectual, para explorá-la sem limitações nos diversos territórios em que atue. Dessa forma, a propriedade intelectual pode simbolizar a certeza da exploração e a expectativa de retornos (e.g. royalties) dos investimentos aplicados nas atividades de P&D&I. Nesta dissertação, a proteção da propriedade intelectual sobre o setor de TICs, especialmente com relação ao setor de software, será analisada.

1.2. Justificativa da escolha e importância do tema

A “endogeneização do progresso tecnológico” é um grande desafio para países em

desenvolvimento. O Brasil é um país em desenvolvimento, de acordo com a classificação do Banco Mundial baseada na renda per capita das economias de 214 países considerados na análise desse Banco9. Tradicionalmente, o desenvolvimento tecnológico desses países em desenvolvimento foi solapado por decisões políticas que buscavam contornar crises econômicas e combater problemas sociais. A preocupação com situações de miséria,

7 PINDICK, Robert S. e RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 7ª Ed., São Paulo: Pearson Education do

Brasil, 2010, pp. 194.

8 Adota-se no presente estudo a expressão “Estado Tomador de Risco” utilizada por MATTOS, 2009, p. 103

(op.cit., nota infra 160).

9 The World Bank. Classificação dos Países (Country and Lending Groups). Disponível em:

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instabilidade política e colapsos econômicos são fatores que, na maioria dos casos, inviabilizam o direcionamento de políticas para o desenvolvimento tecnológico de um país.

A promoção da inovação tecnológica no Brasil está embasada nos arts. 218 e 219 no Capítulo IV – Da Ciência e Tecnologia da Constituição Federal de 1988 (CF/1988) e nos princípios do Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio (TRIPS), acordo que o Brasil e demais países membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) são signatários desde 1994.10 O lapso temporal entre a CF/1988 e o marco da inovação tecnológica com a Lei 10.973/2004 demonstra a dificuldade brasileira em dispor sobre os incentivos à inovação tecnológica.

Diante da conscientização de que a inovação tecnológica é um diferencial competitivo para o crescimento econômico brasileiro. O estudo proposto nesta dissertação tende a ser bastante instigante11. As circunstâncias atuais de fortalecimento da economia

brasileira e as expectativas de maior competitividade da indústria nacional face ao mercado global são fatores favoráveis ao desenvolvimento tecnológico de setores de infraestrutura estratégicos, como o setor de TICs.12

Antes da promulgação da Lei de Inovação, vigoravam normas esparsas e regionalizadas que procuravam estabelecer parâmetros entre a pesquisa científica básica,

10 A sigla TRIPS abrevia a expressão, em inglês, Agreement on Trade-Related Aspects of Intellectual

Property Rights. De acordo com os arts. 7º e 8º do TRIPS “a proteção e aplicação de normas de proteção dos direitos de propriedade intelectual devem contribuir para a promoção da inovação tecnológica e para a transferência e difusão de tecnologia, em benefício mútuo de produtores e usuários de conhecimento tecnológico e de uma forma conducente ao bem-estar econômico e a um equilíbrio entre direitos e

obrigações”. Os comentários ao art. 7º na publicação da UNCTAD-ICTSD. Resource Book on TRIPS and Development. 2005 ressaltam a preocupação dos países em desenvolvimento, membros do TRIPS, na interpretação dos arts. 7º e 8º sob a alegação de que somente os objetivos relacionados à proteção dos bens tecnológicos dos países desenvolvidos têm sido observados.

11 A articulação atual de esforços do Governo Federal, por intermédio do Ministério de Ciência Tecnologia e

Inovação (MCTI), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), FINEP, BNDES, CNPq e outras agências de fomento à pesquisa é bastante intensa, sendo o setor de TICs priorizado nas políticas de incentivo à inovação tecnológica. Exemplo disso é o Programa TI Maior, lançado pelo MCTI em 20 de agosto de 2012, com a finalidade de fomentar a indústria de software e serviços na área de

tecnologia da informação. Inicialmente, para o período de 2012-2015, o TI Maior terá investimentos na ordem de R$500 milhões para atingir os objetivos traçados pelo MCTI. Disponível em:

http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/341556.html. Acesso em nov., 2012.

12 De acordo com relatório da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). (BRANDÃO, Vladmir,

GONÇALVES, Ada Cristina et al. Brasil inovador: o desafio empreendedor: 40 histórias de sucesso de empresas que investem em inovação. CARLOS GANEM e ELIANE MENEZES DO SANTOS (coord.),

2006, pp. 27: “Há setores da economia brasileira em que a inovação é amplamente reconhecida, como o de

petróleo e o de telecomunicações. O investimento público esteve na gênese desse avanço. As

telecomunicações são um exemplo de como o Estado foi importante para a consolidação de uma capacidade inovadora de ponta, que é característica do setor até os dias atuais. Os serviços e pesquisas na área

começaram a ser realizados por empresas públicas estaduais e federais, que posteriormente foram reunidas no

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priorizada pelo Estado brasileiro, nos termos da Constituição Federal, o desenvolvimento científico e a capacitação tecnológica. A pesquisa científica básica limita-se ao âmbito acadêmico e não visa à aplicação industrial do resultado obtido com as atividades de pesquisa e desenvolvimento. As atividades voltadas à inovação tecnológica, por outro lado, perseguem o aproveitamento da criação no mercado.

A Lei de Inovação foi importante para uniformizar definições e regular as formas de relacionamento entre as Universidades, centros de pesquisas, denominadas, em conjunto, Instituições Científicas Tecnológicas (ICTs) e as empresas13. Além disso, a Lei de Inovação dispõe sobre meios de financiamento das atividades de P&D&I, notadamente com aporte de recursos públicos de fundos setoriais (por exemplo, FUNTTEL) e a intermediação de agências de fomento (por exemplo, FINEP, BNDES, etc.). Nesta dissertação, essa Lei será considerada como o marco regulatório da inovação tecnológica. A análise desse marco, no entanto, dependerá do estudo das normas e instituições existentes antes de 2005 que tinham por escopo o desenvolvimento tecnológico brasileiro.

A escolha do setor de TICs para análise nesta dissertação foi motivada pelas transformações atravessadas pelo setor nas últimas décadas, desde as políticas de fortalecimento da indústria nacional de informática até a abertura do mercado à competição internacional, durante a década de 1990. 14-15

Do ponto de vista da proteção da propriedade intelectual, a discussão estará concentrada na indústria de software.

13Ver a definição de ICT na descrição dos “atores” da inovação tecnológica na seção Error! Reference source not found. do Capítulo 3.

14 Em relatório publicado pela Secretaria de Política Informática SEPIN, do Ministério da Ciência e

Tecnologia (MCT). Tecnologia da Informação: A Legislação Brasileira, 2010. Disponível em

<http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/32784.html>, acesso em (11/2010), estão catalogadas as normas aplicáveis ao setor de Tecnologia da Informação (TI), ressalte-se que as leis referentes às

“Comunicações” não são parte deste estudo.

15 As recentes diretrizes definidas no Dec. 7.175 de 12/05/2010 ressuscitam a TELEBRÁS para que esta assuma prestação e gerencie o provimento da “infraestrutura e redes de suporte a serviços de

telecomunicações prestados por empresas privadas” (Art. 4º, III). Trata-se de mais uma alteração no setor de

(15)

1.3. Objetivos

Esta dissertação tem por escopo :

(i) analisar o arcabouço normativo do Sistema Nacional da Inovação Tecnológica;

(ii) analisar os programas governamentais de estímulo ao desenvolvimento tecnológico do setor de informática brasileiro;

(iii) examinar a participação da proteção da propriedade intelectual do software na promoção da inovação tecnológica;

(iv) investigar as deficiências na articulação dos interesses de ICT e setor privado, conforme os instrumentos jurídicos previstos na Lei de Inovação e;

(v) apresentar possíveis proposições para contornar os problemas identificados.

1.4. Metodologia a ser utilizada

A análise deste estudo é jurídica e, ainda que o tema proposto seja interdisciplinar, eventuais abordagens não-jurídicas serão consideradas complementares e elucidativas. O tema proposto já vem sendo discutido pela economia e administração e possui forte influência de teorias de desenvolvimento econômico. Durante a investigação realizada verificou-se que, embora o tema da inovação tecnológica esteja no foco nas agendas de desenvolvimento de diversos países, ainda é um assunto pouco explorado nas pesquisas acadêmicas de direito. Por tal razão, o estudo da literatura de outras áreas do conhecimento é inevitável para realização deste trabalho e acredita-se que essa interdisciplinaridade só tem a incrementar a análise proposta.

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Considerando que a Lei de Inovação produz efeitos há poucos anos no sistema jurídico brasileiro, eventuais controvérsias decorrentes da aplicação da Lei de Inovação não chegaram aos tribunais brasileiros até a data de conclusão desta dissertação. Portanto, a análise jurisprudencial não é escopo desta dissertação.

A análise da estrutura do sistema brasileiro de inovação tecnológica e o arcabouço legislativo do setor de TICs constituem a primeira parte da pesquisa (Análise Normativa). Em relação ao setor de TICs, a análise será dividida em duas vertentes, sendo a primeira relativa às políticas de desenvolvimento tecnológico aplicadas ao setor brasileiro de TICs e a segunda voltada à proteção conferida pela propriedade intelectual ao software. Os instrumentos jurídicos enunciados pela Lei de Inovação e outros arranjos jurídicos adotados para promover a inovação no setor de TICs serão investigados durante o desenvolvimento desta pesquisa (Análise Contratual).

Os aspectos relacionados aos incentivos fiscais para que as empresas invistam em P&D e a análise, sob a perspectiva tributária, do acesso a linhas de financiamento e ou à subvenção disponibilizadas pelo poder público ao setor privado não é escopo desta dissertação. Não obstante, para a análise dos arranjos jurídicos utilizados para promoção da inovação tecnológica, é inevitável que se aborde, ainda que de modo superficial, os benefícios fiscais criados em vista do mesmo propósito.

A relação jurídica para promoção da inovação tecnológica pode ser estabelecida nos âmbitos interno e externo à empresa. Há empresas que têm as atividades de P&D como objeto social ou mesmo aquelas que investem em inovação por meio de seus departamentos internos de P&D. Por outro lado, há empresas que procuram produtos e serviços inovadores junto a agentes externos, fora de sua estrutura, por exemplo, por meio de parcerias com ICTs para realização de atividades conjuntas de pesquisa científica e tecnológica, licenciamento de uso ou transferência de tecnologias e prestação de serviços por profissionais capacitados ao desenvolvimento de pesquisa tecnológica. Nas duas situações, identifica-se a empresa como promotora da inovação tecnológica e responsável pelos investimentos; seja por meio seus próprios recursos ou via financiamento, subvenção estatal ou outras fontes de recursos disponíveis.

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de cooperação científica e tecnológica, dentre outras formas contratuais enunciadas na Lei de Inovação, encontram-se, em parte, disponíveis nas páginas eletrônicas (sites) dessas instituições e serão analisados nesta dissertação16. A análise aprofundada dos instrumentos contratuais utilizados para promoção da inovação tecnológica é fundamental para comprovar a hipótese deste trabalho e para que sejam indicados os incentivos mais apropriados para a promoção da inovação em TICs.

Adicionalmente, a análise contratual será complementada com os resultados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística17, em suas edições de 2005 e 2008, e com as informações obtidas junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), representantes da indústria de software, com os agentes do sistema brasileiro de inovação tecnológica vinculados ao poder público (e.g. Ministérios, Agências de Fomento, etc.) e membros do setor privado (e.g. agências de inovação, associações e fundações de direito privado, etc.). Com a análise dessas informações pretende-se identificar os resultados da inovação tecnológica no setor de TICs.

Os dados da PINTEC 2008 adotam a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE 2.018. De acordo com essa Classificação, as atividades de telecomunicações e serviços de tecnologia da informação encontram-se nas divisões 61 e 62 da seção J do CNAE 2.0 e foram objeto da análise da PINTEC 2008. Na PINTEC 2008, as atividades de edição e gravação e edição de música, telecomunicações, atividades dos serviços de tecnologia da informação, incluindo, mas sem se limitar ao desenvolvimento e licenciamento de programas de computador, tratamento de dados, hospedagem na internet e outras atividades relacionadas a pesquisa e desenvolvimento são analisadas em conjunto sob o título de serviços selecionados.19

A PINTEC 2008 analisou as informações do período de 2006 a 2008, sendo que nas edições anteriores de 2000 e 2005 foram examinadas as informações relativas à inovação nos triênios de 1998 a 2000 e 2003 a 2005, respectivamente. Os resultados das PINTEC

16 Ver, nesse sentido, a análise dos instrumentos jurídicos da Lei de Inovação na seção Error! Reference source not found. do Capítulo 3.

17 Ver a análise da promoção da inovação tecnológica na empresa na seção Error! Reference source not found. do Capítulo 3. Nesta dissertação, a análise da PINTEC 2008 foi priorizada, tendo em vista que o período pesquisado pelo IBGE (2006 a 2008) coincide com os anos posteriores da Lei de Inovação.

18 A análise da CNAE e do setor de TICs foi realizada no Capítulo 2, mais especificamente na seção Error! Reference source not found..

19 IBGE. Pesquisa de Inovação Tecnológica PINTEC 2008, 2010, pp. 17. Disponível em

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entre 2005 e 2008 retratam os períodos anteriores e já posteriores aos efeitos da Lei de Inovação, em vigor desde a data de sua publicação, em 2 de dezembro de 2004. A análise dos resultados dessas pesquisas do IBGE, associada ao exame dos instrumentos jurídicos adotados pelos atores da inovação tecnológica, após a Lei de Inovação, são fundamentais para a análise proposta nesta dissertação.

Análise Normativa

O estudo da promoção da inovação tecnológica pressupõe a análise das normas aplicáveis. Ainda que a promoção da inovação tecnológica componha a agenda atual do Brasil e de outros países na corrida pelo desenvolvimento tecnológico, antes da Lei de Inovação já vigoravam normas esparsas e organizações governamentais e não governamentais que tinham por missão o desenvolvimento tecnológico nacional (e.g. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP).

Potencializado pela existência dessa estrutura organizacional e normativa prévia, o sistema brasileiro de inovação tecnológica é formado por um emaranhado de normas e poderes concentrados em diversos Ministérios, Agências e outras organizações. A estrutura complexa do Sistema Nacional da Inovação Tecnológica será graficamente representada nesta dissertação20.

O Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação – MCTI sedia o Portal da Inovação e aparece como forte impulsionador da inovação tecnológica em busca de alianças entre setor produtivo e as atividades de P&D&I. O envolvimento direto do MCTI, em detrimento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio – MDIC é criticado, afinal, a inovação visa o aproveitamento no mercado e os representantes da indústria e comércio deveriam estar comprometidos e diretamente envolvidos com esse propósito. Atualmente, no entanto, essa barreira vem sendo superada e os Ministérios têm atuado em conjunto em iniciativas de promoção da inovação tecnológica nas empresas21.

20 Ver Error! Reference source not found. no Capítulo 1.

21 A Secretaria de Inovação do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MDIC em

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De outro lado, o Ministério da Educação – MEC, tendo em vista o déficit educacional brasileiro, passou a ser protagonista na promoção da inovação tecnológica com intuito da capacitação nacional no longo prazo, por meio de investimentos nos níveis de educação superior, em busca de profissionais qualificados para atender as demandas do mercado e no nível fundamental. Assim como mencionado na parceria do MDIC e MCTI, o MEC também está envolvido em programas de qualificação de recursos humanos (e.g. no âmbito do Plano Brasil Maior em associação ao MDIC)22.

Além da Lei nº 10.973/2004, diversas leis estaduais foram promulgadas visando à instituição de benefícios para estimular a inovação tecnológica em seus territórios que, em conjunto com a Lei de Inovação, consolidam o sistema nacional de inovação. As leis estaduais dispõem sobre a criação de núcleos de inovação tecnológica nos Estados e sobre linhas de financiamento e subvenções disponíveis às empresas em cada Estado.

As normas de promoção da inovação tecnológica no setor de TICs relacionam-se aos incentivos do Estado brasileiro ao setor de informática e ao processo produtivo básico. As leis aplicáveis à proteção da propriedade intelectual e à destinação de incentivos aos investidores da inovação tecnológica serão parte da Análise Normativa realizada nesta dissertação, que contemplará três principais conjuntos de normas, indicadas abaixo de forma não exaustiva:

(a) Sistema brasileiro da inovação tecnológica:

- Lei n.º 10.973, de 2 de dezembro de 2004, Lei de Inovação;

- Decreto nº 5.563, de 11 de outubro de 2005, que regulamenta a Lei de Inovação;

- Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, Lei do Bem;

- Decreto nº 5.798, de 7 de junho de 2006, que regulamenta a Lei do Bem; - Lei nº. 11.487, de 15 de junho de 2007, “Lei do MEC de Inovação” ou “Lei Rouanet da Inovação”;

- Decreto nº 6.260, de 20 de novembro de 2007, que regulamenta a Lei n.º 11.487/2007;

- Lei nº 12.349, de 15 de dezembro de 2010, que altera as Leis nº 8.666/1993, 8.958/1994 e 10.973/2004; e

no Plano Brasil Maior. Disponível em

http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=3&menu=2527 . Acesso dez., 2012.

22 MDIC. Governo vai qualificar mão-de-obra em setores do Plano Brasil Maior. Disponível em:

(20)

- Leis Estaduais: Lei Complementar nº 1.049/2008 de São Paulo e Decreto nº 53.963/2009, Lei nº 17.349/2008 de Minas Gerais, Lei nº 1.913/2008 do Rio de Janeiro, dentre outras.

(b) Políticas de desenvolvimento industrial do setor de informática:

- Lei nº 7.232, de 29 de outubro de 1984, que dispõe sobre a Política Nacional de Informática;

- Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991, que dispõe sobre a capacitação e competitividade do setor de informática e automação;

- Portaria MCT nº 950, de 12 de dezembro de 2006, que caracteriza bens ou produtos com tecnologia desenvolvida no país;

- Lei nº 10.176, de 11 de janeiro de 2001, que dispõe sobre a capacitação e competitividade do setor de tecnologia da informação; e

- Normas que compõem o Sistema Brasileiro de Tecnologia – SIBRATEC, em especial o Decreto nº 6259, de 20 de novembro de 2007, que institui o SIBRATEC.

(c) Propriedade Intelectual:

- Decreto nº 1.355, de 30 de dezembro de 1994, promulga a ata final que incorpora os resultados da Rodada do Uruguai no Acordo TRIPS;

- Lei nº 7.646, de 18 de dezembro de 1987 (revogada pela Lei de Software); - Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, Lei de Propriedade Industrial; e - Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998, Lei de Software.

Análise Contratual

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Lei de Inovação prevê no art. 11 a cessão gratuita dos direitos sobre a criação pela ICT ao inventor, mediante manifestação expressa do órgão máximo da ICT23.

Diante dos modelos contratuais previstos na Lei de Inovação, a documentação jurídica, que compõe o acervo utilizado pelos NITs das ICTs, notadamente, as agências de inovação da Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) será analisada nesta dissertação. Portanto, a Análise Contratual será concentrada nos indicadores de inovação tecnológica baseada nos contratos celebrados por ICTs vinculadas aos NITs referidos.

O objetivo da análise desses instrumentos jurídicos é verificar a predominância dos contratos de licenciamento de uso e transferência de tecnologia entre os instrumentos jurídicos celebrados por ICTs e empresas, nos termos da Lei de Inovação. Com isso, pretende-se identificar as eventuais deficiências desses acordos na promoção da inovação no setor de TICs, com ênfase no setor de software.

A partir da análise das informações disponíveis dos NITs referentes à intermediação e celebração de licenciamentos e transferências de uso de tecnologia e acordos de cooperação científico-tecnológicos celebrados por ICTs e empresas, buscar-se-á comprovar a hipótese desta dissertação de que o licenciamento de uso de tecnologia é o instrumento jurídico priorizado nos arranjos entre ICTs e empresas. Dessa forma, a análise dos indicadores dos NITs deve confirmar a tendência de que acordos de cooperação técnico-científicos que regem efetivas parcerias entre ICTs e empresas são menos frequentes, em comparação aos contratos de licenciamento de uso. O desentrosamento entre as ICTs e o ambiente produtivo será examinado em contraposição aos indicadores do PINTEC 2008 que apresentam os resultados da inovação tecnológica na indústria.

A análise dos contratos que formalizam os negócios e parcerias entre ICTs e membros dos setores público e privado considerará o papel da propriedade intelectual na promoção da inovação tecnológica. As criações intelectuais incorporadas aos produtos, serviços e componentes do setor de TICs podem ser protegidas por institutos da propriedade industrial (por exemplo, patentes, marcas, desenhos industriais), bem como na forma de software e até do segredo de negócio. Esta dissertação tem por escopo a análise da proteção da propriedade intelectual ao software.

23 Ver a análise dos instrumentos jurídicos da Lei de Inovação na seçãoError! Reference source not found.

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A apropriação da propriedade intelectual por meio dos acordos firmados entre ICTs e empresas será investigada, considerando as disposições da Lei de Inovação e sob a perspectiva do empresário que pretende explorar a inovação no mercado.

A análise dos contratos celebrados entre ICTs e membros do setor produtivo baseia-se na definição da Lei de Inovação de ICT como órgão ou entidade da administração pública. Dessa forma, a maioria dos contratos firmados com as ICTs é regida pelas normas do direito público, segundo os ditames da Lei de Inovação e da Lei n.º 8.666/1993.

A interpretação de contratos administrativos é bastante distinta da análise de contratos regidos pelo direito privado, pois, em certa medida, determinados princípios caracterizadores (e.g. princípio da igualdade entre as partes, autonomia da vontade e força obrigatória das convenções) dos contratos em geral não são aplicáveis aos contratos firmados com a administração pública. Basicamente, em relação às características dos contratos administrativos em contraposição aos contratos em geral destacam-se a finalidade pública, o caráter de adesão e a obediência à forma prescrita em lei.24

A publicação de edital para outorga de direito exclusivo de uso e exploração de criação desenvolvida pela ICT, nos termos do art. 6º da Lei de Inovação, é exemplo de obrigação imposta pelo direito administrativo. A publicação de edital é uma alternativa ao dever de licitar da Lei n.º 8.666/1993 e apresenta-se como um mecanismo menos burocrático para uso e exploração de novas tecnologias. Do ponto de vista dos membros do setor produtivo, contudo, a publicação do edital é vista como um obstáculo para manutenção do sigilo e para estratégias competitivas das empresas.

A promoção da inovação tecnológica, no entanto, não deve depender exclusivamente de contratos celebrados com a administração pública. O Estado deve incentivar e promover a inovação tecnológica, conforme previsto no art. 218 da CF/1988, mas é importante que as empresas também assumam os riscos decorrentes do processo inovador. Caso contrário, os níveis de inovação tecnológica continuarão pouco significantes, mesmo havendo disponibilidade de dinheiro público para investimentos em inovação.

Os acordos de cooperação técnico-científico, previstos no art. 9º da Lei de Inovação, representam um modelo alternativo de parceria que congrega investimentos de

24 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo. 18ª Ed., São Paulo: Atlas, 2005, pp. 241 e

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ICTs e empresas. Em princípio, esse arranjo jurídico tende a ser mais apropriado para a promoção da inovação tecnológica no setor de TICs.

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4.

CONCLUSÃO

O objetivo desta dissertação sintetiza-se na hipótese de que os instrumentos jurídicos utilizados para a articulação de interesses dos representantes das ICTs e empresários não são eficazes para a promoção da inovação tecnológica no setor de TICs, notadamente, para a indústria software. A análise dos resultados dos relatórios do MCTI sobre as ICTs e dos NITs selecionados (vinculados às universidades públicas UNICAMP, USP, UFMG e UFRJ) comprovou a tendência de que os acordos celebrados por membros do setor produtivo e as universidades públicas concentram-se no objeto de transferência de tecnologia ou licenciamento do uso de criação já desenvolvida pela ICT, em conformidade com o art. 6º da Lei de Inovação.

As condicionantes impostas pela Lei de Inovação ao acordo de transferência de tecnologia ou licenciamento de uso de criação desenvolvida pela ICT são inconvenientes para o setor de software. O desenvolvimento do software é caracterizado pelos efeitos de rede, sendo essencialmente muito caro produzir um programa de computador e muito barato reproduzi-lo. Adicionalmente, a proteção da propriedade intelectual ao software é caracterizada pela coexistência de regimes. Assim, ao programa de computador e processos por ele executados são conferidos a proteção dos direitos autorais, patentes, desenho industrial e as restrições ao segredo de negócio e indústria.

De acordo com o art. 6º da Lei de Inovação, os contratos de transferência de tecnologia ou licenciamento de uso de criação desenvolvida pela ICT podem ser celebrados com ou sem obrigações de exclusividade. Caso opte-se por um regime de exclusividade, a ICT deve publicar edital contendo a descrição “sucinta e clara” do objeto

do licenciamento, condições para contratação de possíveis interessados, critérios técnicos para qualificação da contratação mais vantajosa, prazos e condições para comercialização da criação, objeto do licenciamento.

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mercado pertinente; ou relativa, no sentido de comprometer o licenciado a não sublicenciar o uso do programa de computador a terceiros, resguardado o uso próprio do licenciado. No caso da contratação baseada no art. 6º da Lei de Inovação, a exclusividade visa tornar o objeto do contrato, isto é, a tecnologia ou uso da criação, indisponível a terceiros, de forma absoluta e relativa25.

Por um lado, a proteção autoral da propriedade intelectual ao software assegura ao titular, independentemente de registro, formas de proteção de seus direitos no uso e comercialização dos programas de computador. De outro lado, a indústria de software também utiliza proteção à confidencialidade como forma de impedir que terceiros não autorizados se apropriem das informações sigilosas concernentes ao programa de computador e documentação que o acompanha. Com base nesses regimes protetivos, o emprego da exclusividade no licenciamento de uso do software se torna bastante limitado.

Entretanto, a publicidade dada por edital, como condição para o regime de exclusividade ao contrato enunciado no art. 6º da Lei de Inovação, é uma condição rejeitada pelo setor de software. O segredo depende da adoção de medidas mínimas de proteção pela parte divulgadora, caso contrário a informação é considerada como parte do domínio público. Portanto, a publicação de edital pela ICT com informações sobre a criação se torna o problema mais crítico na contratação de transferência de tecnologia ou licenciamento de uso nos termos da Lei de Inovação.

Ressalte-se que a publicação do edital não só implica revelação de informações sigilosas sobre o software, desenvolvido pela ICT, mas também pode prejudicar a competitividade do empresário disposto a inovar ao divulgar, prematuramente, aos seus concorrentes informações estratégicas sobre o objeto do acordo a ser firmado com a ICT. Considera-se que para o setor de software essa consequência no âmbito concorrencial é ainda mais relevante, uma vez que, com a alta velocidade de desenvolvimento de programas de computador, o concorrente pode facilmente obter licença de uso de software com funcionalidades semelhantes junto a outros fornecedores de tecnologia, sem ficar vinculado às limitações da Lei de Inovação. Nestas circunstâncias, o concorrente que contratar, em caráter de sigilo, o uso de tecnologia junto a fornecedores no mercado obteria notável vantagem competitiva em relação ao empresário disposto a licenciar o uso de criação da ICT.

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As condições do art. 6º da Lei de Inovação decorrem da aplicação do regime do direito público às contratações celebradas por ICT e terceiros. A ICT, de acordo com a referida Lei, é órgão ou entidade da administração pública que tem por escopo executar atividades de pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico26. A licitação pode ser dispensada na contratação de ICT, nos termos do art. 24, XXV da Lei nº 8.666/199327, no entanto, como órgão da administração pública a ICT deve obedecer aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, conforme o art. 37, caput, da CF/1988. Nesse sentido, o edital previsto no art. 6º da Lei de Inovação assegura a impessoalidade e equidade entre os concorrentes, em atendimento aos princípios da administração pública.

Cabe ao Estado promover e incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológica, nos termos do art. 218 da CF/198828. Os incentivos do Estado ao

mercado interno devem se voltar ao desenvolvimento cultural e socioeconômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica brasileira, nos termos de lei federal29. A “lei federal” referida no art. 219 da CF/1988 somente foi positivada em 2 de dezembro de 2004, com a promulgação da Lei de Inovação e posteriormente com os benefícios fiscais instituídos pela Lei do Bem. Nesse contexto, a participação da ICT como órgão ou entidade da administração pública, representa o Estado como promotor da inovação tecnológica. Outras formas de atuação do Estado como “tomador de risco” na inovação tecnológica também estão previstas na referida Lei (por exemplo, subvenção econômica, meios de financiamento etc.).

Como visto nesta dissertação, a previsão constitucional de que lei apoiará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia e o aperfeiçoamento de recursos humanos não significa que a intervenção do Estado na iniciativa privada é admitida30. O Estado não deve impor ao particular a obrigação de desenvolver, diretamente ou por intermédio de fontes externas de P&D, as atividades de pesquisa tecnológica. Desse modo, cabe ao Estado, por intermédio de seus Ministérios, órgãos e agências, promover e apoiar a construção de ambientes especializados e cooperativos junto às empresas, ICTs, NITs, instituições de apoio e criadores.

26 BRASIL, Lei nº 10.973/2004, Art. 2º, V.

27 Vide modificação no art. 25 da Lei nº 10.973/2004. 28 BRASIL, CF/1988, Art. 218.

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O desenvolvimento tecnológico é um desafio traçado para que a indústria brasileira consiga alavancar sua competitividade no âmbito do comércio internacional. Nesse sentido, o empresário brasileiro tem vislumbrado o processo inovador como uma alternativa para se diferenciar frente aos concorrentes nacionais e internacionais. Os resultados do PINTEC 2008 citados no Capítulo 3 comprovam essa tendência para a indústria e para os serviços selecionados, este último grupo que inclui as atividades relativas aos serviços de TICs e desenvolvimento de programas de computador.

A postura idealizada para o empresário brasileiro se coaduna com o perfil deste profissional na teoria de Joseph A. Schumpeter. De acordo com o economista, o empresário tem importância fundamental para a destruição criativa, também conhecida como fenômeno do processo inovador. O empresário, disposto a inovar, deve estar comprometido com a continuidade da empresa ao exercer atividade organizada para produção ou circulação de bens. O profundo conhecimento do empresário das nuances da organização de sua empresa e do mercado em que ela se insere capacita-o para corrigir falhas e identificar oportunidades estratégicas para alavancar a produção ou circulação de seus bens ou a prestação de seus serviços. Nesse sentido, pode-se afirmar que a demanda pela inovação surge no setor privado, junto às empresas ativas em cada setor da economia.

Corrobora com essa afirmação a dinâmica verificada com as empresas do setor de tecnologias da informação, cujo produto relevante para esta dissertação foi o software. A utilização dessas tecnologias é cada vez mais frequente em diversos contextos, especialmente, no âmbito das instituições que necessitam dessas soluções tecnológicas para suprir suas necessidades internas e organizar suas próprias atividades, tendo em vista o retorno econômico esperado com essas ações. Em suma, verificou-se que a demanda cada vez mais crescente por soluções tecnológicas tem sua origem em diversos segmentos de mercado.

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compreendê-las e cognitivamente as relacionar na forma de conhecimento. Portanto, o conhecimento pressupõe a existência de pessoas capazes de absorver informações e pensar sobre elas.

Para as empresas inovadoras, do grupo que inclui as atividades de tecnologia da informação e desenvolvimento de software, investigadas no âmbito da PINTEC 2008, a falta de mão-de-obra qualificada foi relacionada como o principal obstáculo para a inovação tecnológica. O histórico das políticas voltadas ao desenvolvimento do setor de informática no Brasil evidenciou que instituições de ensino de excelência nas áreas de engenharia já formavam profissionais altamente qualificados antes dos ciclos de programas governamentais de apoio a esse setor da indústria (por exemplo, ITA, Escola Politécnica etc.). Todavia, a indústria de informática brasileira não decolou e esse contingente de profissionais qualificados não se propagou na forma esperada, assim como não se inseriu na função de pesquisador no ambiente empresarial.

O conhecimento, portanto, foi preservado e também ampliado nos centros de pesquisa e instituições de ensino superior, sobressaindo-se desse grupo as universidades públicas. Dessa forma, a caracterização da ICT como universidade pública é muito positiva para a ocupação do terceiro eixo da tríade da inovação. Essas universidades são estruturadas sob a forma de autarquias e, portanto, são entidades da administração pública indireta. Assim, a contratação com essas instituições estão vinculadas ao regime do direito público, sendo aplicável, conforme o caso, as disposições da Lei de Inovação.

As universidades públicas, contudo, não têm por missão somente a pesquisa básica ou tecnológica, mas também o ensino e a extensão. As experiências das universidades públicas investigadas nesta dissertação (sendo elas, USP, UNICAMP, UFMG e UFRJ) através de seus NITs, no entanto, demonstrou que vem sendo possível conciliar a missão constitucional do ensino, pesquisa e extensão com a aplicação das políticas de gestão da propriedade intelectual e promoção da inovação tecnológica no ambiente universitário.

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institucional das ICTs31. De outro lado, a possibilidade, prevista no art. 8º da Lei de Inovação32, da ICT prestar serviços e a empresa “encomendar” a criação resultante da

prestação dos serviços pela ICT é um modo de contornar as condicionantes da transferência de tecnologia ou licenciamento do uso, previstas no art. 6º da referida Lei33. Essas alternativas da Lei de Inovação, no entanto, pressupõem a existência de pessoal no setor privado capacitado a alocar soluções técnicas e criativas em projetos inovadores em cooperação ou sob a forma de “encomenda” com as ICTs. De fato, sem este contingente de mão-de-obra especializada as parcerias e as “encomendas” tendem a não sair do papel.

Nesse contexto, a conclusão desta dissertação resume-se na constatação de que a inserção de mão-de-obra qualificada no ambiente produtivo é a meta prioritária para a promoção da inovação tecnológica no setor de TICs, especialmente, em relação à indústria de software. No contorno desse desafio com o aproveitamento do conhecimento acumulado junto às ICTs, uma possível proposição de modificação da Lei de Inovação coaduna-se ao conceito de Entidade de Ciência, Tecnologia e Inovação (ECTI) extraída dos Projetos de Lei nº 2.177/2011 e nº 619/2011 em tramitação junto à Câmara dos Deputados e Senado Federal, respectivamente, ou seja, a incorporação da ICT privada como sujeito da Lei de Inovação34.

Desse modo, as contratações das empresas com ICTs não estariam sujeitas às normas do direito público, mas sim seriam regidas pelo direito privado. A publicação de edital nos contratos de transferência de tecnologia ou licenciamento de uso do programa de computador seria abandonada. A contratação poderia ser mantida sob sigilo desde a negociação até o início da exploração econômica do uso do software ou outro marco temporal ajustado entre a empresa e a ICT privada. Essas instituições privadas deveriam ter por escopo a prestação de serviços em atividades de P&D&I, sem fins lucrativos.

Com o propósito de estimular o desenvolvimento da indústria de software brasileira, o programa do software livre, isto é, licenciamento do uso do programa de

31 BRASIL, Lei nº 10.973/2004, Art. 9º. 32 BRASIL, Lei nº 10.973/2004, Art. 8º. 33 BRASIL, Lei nº 10.973/2004, Art. 6º.

34 De acordo com os Projetos de Lei Referidos, o conceito de ECTI é “órgão ou entidade pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, legalmente constituída, que tenha por missão institucional, objetivo social ou estatutário, dentre outros, o desenvolvimento de novos produtos ou processos, com base na aplicação sistemática de conhecimentos científicos e tecnológicos e na utilização de técnicas consideradas avançadas ou pioneiras, ou execute atividades de pesquisa básica ou aplicada de caráter científico, tecnológico ou de inovação, que seja beneficiária do fomento ou financiamento previsto nesta lei;”

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computador de código aberto que permite o reproduzir e modificá-lo de acordo com os termos da licença ajustada, surge como uma opção promissora. Dentro do mesmo intuito, sugere-se a reformulação da indústria de software brasileira no sentido de abandonar o desenvolvimento tradicional de software produto para acompanhar a tendência mundial do setor de TICs de agregar serviços de alto valor agregado (por exemplo, consultoria, operação, manutenção e suporte técnico dentre outros) às licenças de programa de computador. Dessa maneira, a competição não se acirra no nível das grandes empresas que ostentam posições dominantes no mercado de software proprietário, mas sim se tira proveito de oportunidades para novos players no mercado que atendam as crescentes demandas por soluções tecnológicas.

Uma segunda proposição para solucionar as deficiências identificadas na articulação dos interesses da empresa e ICT, tanto pública como privada, seria a reformulação da sociedade de propósito específica prevista no art. 5º da Lei de Inovação para que a participação minoritária nessas empresas possa ser tanto de origem pública como privada. É a oportunidade para propagação, em particular, do venture capital no setor de TICs.

(31)

5.

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Referências

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