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Rev. esc. enferm. USP vol.1 número1

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Academic year: 2018

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M A R C A - P A S S O A R T I F I C I A L U S A D O N O B L O Q U E I O A T R I O V E N T R I C U L A R

Zuleika M.Kannebley

I n t r o d u ç ã o

Marca-passo artificial é um aparelho eletrô nico especial que permite controlar o s batimentos cardíacos por meio de choques elétricos repetidos em intervalos regulares.

Para melhor compreensão dos fins a que se destina e do seu funcionamento é útil r e c o r r e r aos conhecime£ tos anatomofisiológicos do sistema de transmissão de impulsos do c o r a ç ã o . Eis a razão pela qual iniciamos este artigo evo cando aqueles conhecimentos básicos para fundamentar oa6sun to por nós escolhido.

Dentro do c o r a ç ã o há um sistema de condu ção de estímulos, responsável pelas contrações rítimicas e su c e s s i v a s dos atrios e ventrículos. Deste sistema fazem parte as seguintes estruturas especializadas :o nodo sino-atrial (S-A) implantado na parede do átrio direito, entre o s o r i f í c i o s de a bertura das v e i a s c a v a s ; o nodo atrioventricular ( A - V ) situado na parte inferior do septo interatrial próximo ao seio coroná r i o ; o fascículo atrioventricular (feixe de His) que se origina no nodo A - V , depois de d e s c e r curta distancia, divide-se em dois r a m o s , um para cada ventrículo; estes dois ramos vão

terminar numa rede de filamentos delicados ( a rede Purkinje) que se estende pela parede vetricular.

Normalmente o estimulo para a contração, o r i ginado no nodo S-A ( m a r c a - p a s s o do c o r a ç ã o ) , propaga-se pelas

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fibras musculares dos átrioa levaado-oa a s e c o n t r a í r e m . Em seguida o nodo A - V r e c e b e o estímulo, transmite-o para o fei z e de His e rede de Purkinje resultando a contração simultanea dos ventrículos. Nesta cadeia de transmissão* de impulso,o fei z e de His' e x e r c e função muito importante p o r s e r a única via pela qual o estímulo poderá alcançar o s ventrículos.

Se esta via f o r interrompida num ponto aci ma da bifureação daquele feixe, d a r - s e - á um bloqueio cardía_ co completo ou bloqueio atrioventricular A - V que s e caracteriza p o r uma d i s s o c i a ç ã o de ritmos entre o s atrios e ventrículos. Apesar dos impulsos não conseguirem caminhar pelo feixe de His, o s ventrículos continuam em atividade, e isto porque eles também têm a capacidade de g e r a r impulsos, embora em in tensidade m e n o r do que o nodo S-A. O eme s e observa portanto no bloqueio A - V , ê que o ritmo atrial mantém a freqüência nor mal em torno de 70¡batimentos p o r minuto e o ritmo ventricu l a r passa a s e r de 30 a 40 p o r minuto.

Os pacientes c o m bloqueio A - V estão sujei tos a apresentar c r i s e s de Stokes-Adams p o r isquem ia c e r e b r a l . São c r i s e s imprevisíveis de acentuados distúrbios do ritmo ven tricular que dificultam o fluxo sanguíneo ao c é r e b r o . A isque mia cerebral pode causar tonturas, desmaios, convulsões, in consciência e m o r t e .

Um dos métodos modernos de tratamento dos pacientes que apresentam c r i s e s repetidas' do síndrome Stokes-Adams, consiste na implantação de um marca-passo artificial.

Diversas são as afecções citadas c o m o cau sas de bloqueio A - V adquirido, e entre elas estão as mlocardi tes, endocardites, a r t e r i o e s c l e r o s e coronaria e outras. Em nosso país, a cardiopatia c r ô n i c a chagásica é responsável p o r uma porcentagem relativamente alta de c a s o s de bloqueio c a r diáco.

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poderá p r o v o c a r no paciente um bloqueio A - V transitório em conseqüência do trauma c i r ú r g i c o s o b r e o feixe de His ou estru turas que lhe são próximas. A c o m p r e s s ã o do feixe por hema toma ou edema explica o aparecimento deste tipo de bloqueio transitório em c e r t o número de pacientes operados. Nestes c a s o s , o cirurgião lança mão de um m a r c a - p a s s o artificial que s e r á colocado no paciente.

M é t o d o s p a r a U s o d o M a r c a - P a s s o

Na literatura especializada encontramos di v e r s o s métodos de emprego dos m a r c a - p a s s o s eletrônicos, uns de uso transitório ( m a r c a - p a s s o externo), outros para uso per manente (marca-passo interno). Entre estes últimos encontra mos ainda implantação em zonas diferentes ( axilar e abdomi nal). Há ainda a considerar o s m a r c a - p a s s o s cujos eletrodos são introduzidos pela via venosa.

M a r c a - p a s s o E x t e r n o

Desejamos focalizar inicialmente um mar c a - p a s s o externo usado na l a . Clínica Cirúrgica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo, p o r s e r o tipo que t e m o s tido oportunidade de o b s e r v a r em fun cionamento com pacientes que, submetidos a uma cirurgia in tracardíaca, apresentam um bloqueio A - V transitório.

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O marca-passo, toóte geradora de energia, é ama pequena caixa de material plástico c o m as dimensões de 10 x 6 x 2, 5 c m que contém um conjunto transistorizado alimen tado por urna pilba de m e r c u r i o . Quando em funcionamento, o aparelho emite choques elétricos intermitentes, reguláveis de 1,5 a 20 mfliampères, que controlam o ritmo cardíaco na fre qtiéncia desejada. Na face anterior do marca-passo, observam-- s e dois pequenos mostradores de relógio com ponteiro móvel. Um deles s e r v e para graduar a amperagem, bastando para isto fazer g i r a r o ponteiro para o número de m ü iam p e r e s que s e de seja usar. O segundo mostrador permite graduar a freqüência dos estímulos. Uma pequena luz que acende e apaga (pisca-pis ca) indica o s estímulos do marca-passo, podendo contar-se a freqflência pelo acender da lámpada.

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O eletrodo de pólo positivo tem na extremidade uma placa de metal que é implantada no tecido celular sub-cutâneo da área escolhida pelo operador.

Os fios metálicos, suficientemente longos ( 3 , 5 m ) , permitem sua fixação em voltas circulares sobre o tó rax e a l i v r e movimentação do paciente no leito. Convém lem brar que a caixa do marca-passo, como temos observado é fixa da na guarda da cabeceira da c a m a ; se o s fios forem curtos po derão desprender-se aos movimentos e esforços do paciente.

Acompanhando a evolução do paciente no pós -operatorio e auxiliado pelos resultados do eletrocardiograma, compete ao cirurgião decidir sobre a retirada do m a r c a - p a s s o . Como medida de segurança, a retirada definitiva é precedida de interrupções temporárias da emissão da corrente, bastando pa ra isto desligar do marca-passo o s dois fios dos eletrodos. Es tan do o paciente em condições de deambular e tendo regredido completamente o bloqueio, o s fios dos eletrodos, que ficam ex ternamente ao tórax, são desligados dos eletrodos internos.

O eletrodo miocárdico só deverá ser retira do após aproximadamente t r e s semanas, quando então as aderen cias resultantes da pericardite pós-operatória impedirão o apa recimento do tamponamento cardíaco por hemorragia no local de desgarro. Para proceder a retirada, o cirurgião puxa deli cadamente o eletrodo, e caso este ofereça resistência para se desprender livremente, será cortado no ponto em que foi p o s s í vel exteriorizá-lo, deixando-se no paciente, e sem inconvenien_ tes, a porção restante. O eletrodo de pólo positivo por estar no tecido sub-cutâneo e retirado com facilidade.

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elevada, c o m o perigo de p r o v o c a r queimaduras na pele do pa cíente; a c r e s c i d o de que o s impulsos provocam contrações mus culares d o l o r o s a s . D e v e - s e proteger a pele, sob o s eletrodos, c o m uma pasta especial, removida e substituída, cada duas ou t r e s horas, e fazer diariamente a mudança da p o s i ç ã o dos e l e t r o d o s .

M a r c a - p a s s o I n t e r n o

Novos e v a r i o s tipos de m a r c a - p a s s o s foram idealizados e introduzidos na terapéutica m é d i c o - c i r ú r g i c a , c o mo r e c u r s o s auxiliares na assistência aos pacientes necessita dos de um tratamento longo e permanente uu bloqueio c a r d í a c o .

Para estes pacientes tem sido usado o mé_ todo de m a r c a - p a s s o implantado no tecido subcutáneo da região abdominal ou axilar.

Um pequeno aparelho contendo o conjunto trans isto rizado c o m micropilhas de m e r c u r i o ligadas em s é r i e é implantado, segundo a preferencia do cirurgião, numa daque l a s á r e a s . O aparelho acha-se envolvido p o r urna capa de b o r

racha de silicone que ê um material bem tolerado peloB t e c i d o s .

Os condutores da corrente elétrica são dois fios metálicos ligados ao m a r c a - p a s s o . são revestidos de ma terial isolante exceto nas extremidades opostas e finais. Estas pequenas p o r ç õ e s , não revestidas, são o s reais eletrodos que implantados diretamente no miocardio estimulam a contração ventricular.

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uma pinça longa, o cirurgião abrirá, no tecido subcutáneo da parede abdominal, um túnel ligando a incisão torácica à área abdominal escolhida. Os fios dos eletrodos são passados atra vés do túnel em direção ao c o r a ç ã o ; o marca-passo, j á prepa_ rado c o m as pilhas e o s fios metálicos ligados, é introduzido na bolsa subcutánea do abdome.

Se o cirurgião preferir implantação axilar, o método é, em linhas g e r a i s , o m e s m o usado para implanta ção abdominal sendo a bolsa subcutánea preparada na região _a xilar esquerda e o túnel dissecado da incisão torácica à axila.

As pilhas de mercúrio do aparelho têm a du ração média de 5 anos e devem s e r trocadas em tempo hábil, antes que pelo seu desgaste venham a prejudicar a estimulação elétrica do c o r a ç ã o . Executando uma pequena incisão cirúrgi ca sobre o local da implantação do marca-passo o cirurgião fa rá a t r o c a das pilhas ou do m a r c a - p a s s o se n e c e s s á r i o . Os ele trodos do miocardio são fabricados para uso indefinido evitando assim nova toracotomia.

A infecção e a reação a l é r g i c a devem s e r lembradas como p o s s í v e i s c o m p l i c a ç õ e s dos m a r c a - p a s s o s in ternos : a primeira pela introdução de g e r m e s decorrente de uma falha na esterilização do material, e a segunda pela rea ção dos tecidos ao corpo estranho. A infecção, uma vez insta lada, segue o trajeto dos fios prejudicando o funcionamento do aparelho e via de regra não regride enquanto o c o r p o estranho não for r e m o v i d o . Frente a esta situação compete ao cirurgião e s c o l h e r um novo método para c o r r i g i r o bloqueio do paciente.

A esterilização do material a s e r implanta do deve s e r muito c r i t e r i o s a a fim de evitar a infecção. São in dicados os vapores de Paraformaldeido durante 18 horas,no m í nimo, para o material que s e danifica em altas temperaturas e umidade.

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caso venha a apresentar febre, dor ou tnmefação em qualquer ponto de Implantação do aparelho.

M a r c a - P a s s o c o m E l e t r o d o s I n t r a v e n o s o s

Outra técnica de c o l o c a ç ã o dos eletrodos, consiste na introdução de um catéter eletrodo p o r uma veia até atingir o endocardio do ventrículo direito e portanto não exige uma toracotomia. Existem dois tipos de catéter ele'trodo. Um deles é de uso temporário e é ligado a um marca-passo exter no. O outro é revestido c o m borracha de silicone e é de uso permanente, sendo empregado c o m o marca-pas ° o implantável. Como via de entrada do catéter tem sido usada, de preferencia, a veia jugular.

P o r éste método de eletrodo intravenoso, consegue-se a estimulação cardíaca desejada pelo emprego de corrente de baixa intensidade, inferior à exigida p o r outros m é t o d o s . Isto é vantajoso considerando-se que o s choques elétri c o s de voltagem elevada produzem sensação desagradável ao pa ciente e contrações d o l o r o s a s .

M a r c a - P a s s o 8 F a b r i c a d o s e m S a o P a u l o

No instituto de Cardiología do Estado de São Paulo está sendo produzido um modelo de marca-passo externo e outro de m a r c a - p a s s o implantável c o m eletrodos epimiocárdi c o s e c o m eletrodos Intravenosos * .

* Informações fornecidas pelo D r . Adib Jatene,Diretor do Servi

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C o n c l u s ã o

Nao tivemos a pretensão de incluir oeste tra balho, todos o s métodos de m a r c a - p a s s o s eletrônicos porque constantemente surgem novas idéias, novas experiências que levam o s cirurgiões a usarem novos e mais aperfeiçoados apa r e l h o s .

F o i nosso intuito conjugar as informações colhidas em consultas de l i v r o s e revistas c o m as nossas expe riências e o b s e r v a ç õ e s no cuidado pos operatorio de pacientes submetidos a cirurgia intracardíaca na l a . Cl foiça Cirúrgica do Hospital das Clínicas de São Paulo.

C o m o enfermeiras, estamos c e r t a s de que a qualidade de nossos cuidados de enfermagem sõ poderá s e r e ficiente s e pudermos sempre encontrar motivação para estu d a r e compreender em bases científicas, qualquer novo r e c u r so introduzido na terapéutica moderna aplicada a o s pacientes a nós confiados.,

R e f e r ê n c i a s B i b l i o g r á f i c a s

1. BEST, C.H.|e outros) - Elementos de Fisiología Humana. 2a. ed. r e v . São Paulo, Renascença, 1950. p.102-104-116.

2. BUSBT, EJR. - Artificial cardiac pacing. Nursing M i r r o r and Midwives Journal, 119(3101): 4 - 6 . D e c . 1964.

3. CORRÊA, A . Netto - Clínica Cirúrgica. São Paulo, P r o cienx 1966, v . 3, p . 19.

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5. HELLER, A . F . - Nursing; the patient with an artificial pace maker. The American Journal of Nursing, 64 ( 4 ) : 87-92» April, 1964.

6. PRADO, F . Cintra | e outros | - Atualização terapéutica. 6a. ed. Sao Paulo, Artes Médicas, 1966. p . 217-219.

7. SHAFER, K. N. ¡and others) - Medical surgical nursing. 3rd ed. Saint Louis, Mosby, 1964. p . 2 5 2 - 2 5 5 .

8. SUTTON, A . L . - Bedside nursing tecniques in medicine and surgery. Philadelphia, Saunders 1964. p . 222.

Referências

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