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MATEMÁTICA BÁSICA .................................................................................................111 REDAÇÃO ..............................................................................................................................85

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SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA...9

INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS ... 9

CONSTRUÇÃO DE SENTIDO E EFEITOS DE SENTIDO (SEMÂNTICA) ... 11

DENOTAÇÃO (SENTIDO LITERAL) E CONOTAÇÃO (SENTIDO FIGURADO); RELAÇÕES LEXICAIS ...11

INTERTEXTUALIDADE ...14

GÊNEROS TEXTUAIS ...16

TIPOLOGIA TEXTUAL ...21

LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL ... 25

FUNÇÕES DA LINGUAGEM ...25

VARIEDADES LINGUÍSTICAS ...26

TIPOS DE DISCURSO...27

ACENTUAÇÃO GRÁFICA ...28

ORTOGRAFIA ...29

CLASSE DE PALAVRAS (SUBSTANTIVO, ARTIGO, ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO, INTERJEIÇÃO) ... 30

ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS ... 52

SINTAXE ...55

FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO, TERMOS ESSENCIAIS, INTEGRANTES E ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO; CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL; REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL (CRASE) ...55

COLOCAÇÃO PRONOMINAL ...72

COESÃO E COERÊNCIA ...72

PONTUAÇÃO...76

REDAÇÃO ...85

INTRODUÇÃO À REDAÇÃO ...85

MATEMÁTICA BÁSICA ...111

NÚMEROS INTEIROS: OPERAÇÕES E PROPRIEDADES ...111

(2)

NÚMEROS RACIONAIS, REPRESENTAÇÃO FRACIONÁRIA E DECIMAL: OPERAÇÕES E

PROPRIEDADES...114

MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM ...115

RAZÃO E PROPORÇÃO ...117

PORCENTAGEM ...120

REGRA DE TRÊS SIMPLES ...122

MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES ...123

EQUAÇÕES ...123

SISTEMA DE EQUAÇÕES ...125

SISTEMA MÉTRICO: MEDIDAS DE TEMPO, COMPRIMENTO, SUPERFÍCIE E CAPACIDADE ....127

RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS: TABELAS E GRÁFICOS ...129

NOÇÕES DE GEOMETRIA ...131

FORMA...131

PERÍMETRO ...132

ÁREA ...132

VOLUME...134

TEOREMA DE PITÁGORAS ...136

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS ...139

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ...139

CONCEITOS, HISTÓRICO E GERAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS ...154

DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ...156

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH) ...162

CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS ...172

LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ ...183

LEI MARIA DA PENHA – LEI Nº 11.340, 2006 ...183

ESTATUTO DA PESSOA IDOSA – LEI Nº 10.741, DE 2003 ...193

ESTATUTO DA INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA – LEI Nº 13.146, DE 2015 ...203

(3)

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO ...221

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...221

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...225

AGENTES PÚBLICOS ...234

ATOS ADMINISTRATIVOS ...247

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...253

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...257

BENS PÚBLICOS ...262

SERVIÇOS PÚBLICOS ...266

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ...274

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL ...281

APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL E PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL ...281

INQUÉRITO POLICIAL ...283

AÇÃO PENAL ...293

DA PROVA ...296

DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE PROVISÓRIA ...300

(4)

LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ

183

LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ

LEI MARIA DA PENHA – LEI Nº 11.340, DE 2006

A Lei nº 11.340, de 2006, amplamente conhecida por Lei Maria da Penha, nasceu por força de uma recomendação feita ao Brasil pela Comissão de Direi- tos Humanos da Organização dos Estados America- nos (CIDH/OEA). Essa recomendação pedia que o país incluísse em sua legislação mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.

A Lei Maria da Penha tem essa denominação em homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, uma farmacêutica bioquímica cearense, que sobreviveu a duas tentativas de homicídio por parte de seu então marido: a primeira, com um tiro nas costas que a deixou paraplégica; e a segunda, por eletrocussão no chuveiro. Após 20 anos sem que houvesse o julgamen- to do agressor, Maria da Penha recorreu à CIDH/OEA que entendeu que houve grave omissão no caso e con- denou o Brasil a indenizar a vítima, a promover com celeridade o julgamento do agressor e a implementar uma legislação protetiva contra a violência doméstica e familiar contra a mulher.

A Lei Maria da Penha foi inovadora em muitos aspectos e influenciou uma série de outras leis.

INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI MARIA DA PENHA Trata-se de uma lei que tem grande influência sobre outros dispositivos legais, por conta de seu cará- ter inovador, conforme veremos.

Principais Inovações da Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340, de 2006

z Tipificou e definiu a violência doméstica e familiar contra a mulher (art. 5º);

z Definiu as formas de violência doméstica e fami- liar contra a mulher: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral (art. 7º);

z Determinou que a violência doméstica contra a mulher independe de classe, raça, etnia, orienta- ção sexual, renda, cultura, nível educacional, ida- de e religião (art. 2º e art. 5º);

z Determinou que a renúncia à representação só pode ser feita em audiência especialmente desig- nada para tal finalidade (art. 16);

z Nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, proibiu as penas de prestação de cesta básica ou outra prestação pecuniária, assim como a possibilidade da substituição da pena pelo paga- mento isolado de multa (art. 17);

z Garantiu às mulheres em situação de violência doméstica e familiar o acesso à Defensoria Pública ou à Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da

lei, tanto em sede policial quanto judicial, devendo o tratamento ser específico e humanizado (art. 28);

z Possibilitou ao juiz o decreto de prisão preventiva do agressor quando houver riscos à integridade física ou psicológica da vítima (art. 20);

z Estabeleceu uma série de medidas protetivas de urgência (art. 22), dentre elas a suspensão da posse ou restrição do porte de armas do agressor, assim como seu afastamento do lar e a proibição da apro- ximação e do contato;

z Estabeleceu uma série de medidas protetivas de urgência à ofendida (art. 23), dentre as quais o encaminhamento para programa de proteção, a recondução ao domicílio após o afastamento do agressor etc.

Vamos, então, analisar os pontos mais relevantes da Lei Maria da Penha.

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constitui- ção Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e pro- teção às mulheres em situação de violência domés- tica e familiar.

Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fun- damentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.

Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condi- ções para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao espor- te, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligên- cia, discriminação, exploração, violência, cruelda- de e opressão.

§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o efetivo exer- cício dos direitos enunciados no caput.

Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão conside- rados os fins sociais a que ela se destina e, especial- mente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violên- cia doméstica e familiar contra a mulher qual- quer ação ou omissão baseada no gênero que

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lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:

I - no âmbito da unidade doméstica, compreen- dida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços natu- rais, por afinidade ou por vontade expressa;

III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.

Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.

De acordo com o art. 5º, a lei não visa a tratar de qualquer violência contra mulher, mas, sim, a violên- cia contra a mulher ocorrida no âmbito da unidade doméstica, no âmbito da família, ou ainda em qual- quer relação íntima de afeto.

É importante saber que, para que haja a aplica- ção da Lei Maria da Penha, você deve observar se a situação se configura em violência doméstica ocor- rida nos termos do art. 5º da lei. Assim, no caso de, por exemplo, ex-namorado que agride a mulher por causa do fim do namoro, incide a Lei Maria da Penha.

Entretanto, se a violência ocorreu por motivo que não envolva o término do relacionamento não inci- dem os dispositivos da Lei Maria da Penha. Ou seja, para que se dê a aplicação da Lei nº 11.340, de 2006, devem estar presentes os seguintes pressupostos de forma cumulativa:

z vítima mulher;

z violência praticada nos termos do art. 5º, da Lei nº 11.340, de 2006.

Importante!

Em 5 de abril de 2022, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento que a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 2006) é aplicável quando a vítima é mulher trans. No Jul- gamento do Resp. 1.977.124, o STJ interpretou que a proteção prevista no art. 5º, da Lei Maria da Penha, se aplica ao gênero feminino (mulhe- res, crianças, jovens, adultas idosas e, também, trans) e não se baseia apenas no sexo biológico.

Com tal decisão, portanto, a mulher trans deve ser considerada sujeito passivo para os termos da proteção integral prevista na Lei nº 11.340, de 2006.

Vale lembrar que este assunto tem relevância não só para o estudo da legislação penal espe- cial, mas, também, para o estudo da criminolo- gia, uma vez que se relaciona com a criminologia queer (teoria que inclui nos estudos criminoló- gicos os diversos tipos de violência cometidos contra as populações queer — lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, entre outras que não sigam o padrão normativo vigente).

Veja que a incidência da Lei Maria da Penha inde- pende da orientação sexual dos envolvidos, ou seja, também numa relação homoafetiva feminina, haverá

a aplicação dos dispositivos da Lei nº 11.340, de 2006.

Em relações homoafetivas masculinas não há previ- são de incidência da Lei Maria da Penha.

Vale ressaltar que o homem pode ser vítima de vio- lência doméstica e familiar, porém, não será aplicada a lei Maria da Penha.

Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.

Conforme o art. 6º, a violência doméstica e fami- liar contra a mulher constitui uma das formas de vio- lação dos direitos humanos.

DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

O art. 7º da Lei Maria da Penha apresenta uma lista com algumas das formas de violência doméstica e familiar contra a mulher. Note que o caput, do art.

7º, inclui a expressão “entre outras”, o que deixa cla- ro que se trata de uma lista exemplificativa, podendo existir outras hipóteses, mesmo que não previstas nos incisos.

Art. 7º São formas de violência doméstica e fami- liar contra a mulher, entre outras:

I - a violência física, entendida como qualquer con- duta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;

II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamen- tos, crenças e decisões, mediante ameaça, constran- gimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insul- to, chantagem, violação de sua intimidade, ridicu- larização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;

III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prosti- tuição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;

IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtra- ção, destruição parcial ou total de seus objetos, ins- trumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluin- do os destinados a satisfazer suas necessidades;

V - a violência moral, entendida como qualquer con- duta que configure calúnia, difamação ou injúria.

Dica

Em relação às formas de violência, previstas no art. 7º, vale uma leitura mais cuidadosa, uma vez que a banca pode exigir a letra da lei.

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LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ

185 Veja abaixo as cinco formas de violência domés-

tica e familiar contra a mulher, acompanhados de alguns exemplos.

z Violência Física:

Qualquer conduta que ofenda a integridade ou a saúde corporal da mulher. Exemplos: tapas, socos, espancamento, atirar objetos, apertar os braços, estrangular, lesionar com objetos como facas ou armas de fogo, queimar etc.

z Violência Psicológica

Qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima, entre outras formas de prejuízo à saúde psicológica. Exemplos: ameaças, perseguição, constrangimento, humilhação, manipu- lação, isolamento (proibir de sair de casa ou de falar com outras pessoas, inclusive com parentes), vigilân- cia constante etc.

z Violência Sexual

Qualquer conduta que atinja os direitos sexuais e reprodutivos. Exemplos: estupro (inclusive entre marido e mulher), impedir o uso de anticoncepcio- nais, forçar a abortar, obrigar a se prostituir etc.

z Violência Patrimonial

Qualquer conduta que configure retenção, subtra- ção, destruição parcial ou total de seus objetos, ins- trumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos. Exemplos:

apropriar-se do salário, controlar o dinheiro, destruir documentos pessoais, causar danos a objetos dos quais a vítima goste etc.

z Violência Moral

Qualquer conduta que configure calúnia, difama- ção ou injúria. Exemplos: rebaixar a vítima por meio de xingamentos que atinjam sua índole, tentar man- char a reputação, expor a vida íntima etc.

DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

Das Medidas Integradas de Prevenção

Art. 8º A política pública que visa coibir a violên- cia doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:

I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saú- de, educação, trabalho e habitação;

II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspecti- va de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às conseqüências e à freqüência da vio- lência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados

nacionalmente, e a avaliação periódica dos resulta- dos das medidas adotadas;

III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legi- timem ou exacerbem a violência doméstica e fami- liar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º , no inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art.

221 da Constituição Federal ;

IV - a implementação de atendimento policial espe- cializado para as mulheres, em particular nas Dele- gacias de Atendimento à Mulher;

V - a promoção e a realização de campanhas edu- cativas de prevenção da violência doméstica e fami- liar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;

VI - a celebração de convênios, protocolos, ajus- tes, termos ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erra- dicação da violência doméstica e familiar contra a mulher;

VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombei- ros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia;

VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;

IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher.

No art. 8º, a Lei Maria da Penha determina ao poder público que sistematize uma política de ações integradas em áreas como da saúde, da educação, da segurança e da justiça visando a dar assistência à mulher em situação de violência doméstica. Exemplo dessa integração buscada pela Lei Maria da Penha são as Delegacias de Defesa da Mulher, onde a mulher vítima de violência doméstica, após o registro da ocor- rência, dependendo da necessidade, é encaminhada para a Defensoria Pública (caso precise de esclareci- mento quanto à medida protetiva ou ao divórcio, por exemplo), para a rede de atendimento do Sistema Úni- co de Saúde ou até mesmo para uma casa de abrigo.

Além disso, o art. 8º estabelece que o poder público tem o dever de capacitar os profissionais envolvidos diretamente com o atendimento à violência domésti- ca e familiar.

Art. 9º A assistência à mulher em situação de vio- lência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.

§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclu- são da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.

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§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica:

I - acesso prioritário à remoção quando servido- ra pública, integrante da administração direta ou indireta;

II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.

III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual ajui- zamento da ação de separação judicial, de divór- cio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente.

§ 3º A assistência à mulher em situação de violên- cia doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doen- ças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndro- me da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.

§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológi- ca e dano moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos rela- tivos aos serviços de saúde prestados para o total tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem os serviços.

§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibiliza- dos para o monitoramento das vítimas de violên- cia doméstica e familiar amparadas por medidas protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor.

§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus de qual- quer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade de substituição da pena aplicada.

§ 7º A mulher em situação de violência domésti- ca e familiar tem prioridade para matricular seus dependentes em instituição de educação bási- ca mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos comprobatórios do registro da ocor- rência policial ou do processo de violência domésti- ca e familiar em curso.

§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferi- dos conforme o disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos competentes do poder público.

O art. 9º disciplina as formas de prestação de assis- tência à mulher em situação de violência doméstica e familiar, dentre as quais merecem destaque, em primeiro lugar, o encaminhamento, feito pelo juiz cri- minal, da vítima para a assistência judiciária gratuita, caso seja necessário o ajuizamento de ações no âmbi- to civil (uma ação de divórcio, por exemplo), confor- me estabelece o inciso III, do parágrafo 2º.

Merece destaque, ainda, o que consta nos parágra- fos 4º e 5º, ou seja, a previsão de o agressor ser obri- gado a ressarcir os custos dos serviços prestados pelo SUS às vítimas de violência doméstica e familiar, além dos custos dos dispositivos de segurança eventual- mente utilizados (tornozeleiras, braceletes ou chips de monitoramento eletrônico, por exemplo).

Por fim, vale ressaltar que os parágrafos 7º e 8º, incluídos na Lei Maria da Penha em 2019, garantem a prioridade na matrícula ou na transferência esco- lar dos dependentes da vítima que estejam na educa- ção básica. Conforme a lei, as informações relativas a esses procedimentos são sigilosas.

DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL Art. 10 Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput des- te artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência deferida.

Tendo em vista que o primeiro contato da vítima de violência doméstica e familiar com uma autorida- de estatal ocorre na Delegacia de Polícia, os arts. 10 ao 12-C trazem as principais condutas que devem ser tomadas pelos, entre elas:

z a proteção policial;

z encaminhamento ao hospital/IML;

z encaminhamento para assistência jurídica;

z acompanhamento até o domicílio para eventual retirada de bens.

Destaque para a possibilidade de o delegado de polícia afastar o agressor do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima, cláusula incluída pela Lei nº 13.827, de 2019.

É importante notar que, conforme indica o caput, do art. 10, tais medidas podem ser tomadas antes mesmo de a violência ocorrer (na iminência).

Art. 10-A É direito da mulher em situação de vio- lência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo femini- no - previamente capacitados.

§ 1º A inquirição de mulher em situação de violên- cia doméstica e familiar ou de testemunha de vio- lência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:

I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua con- dição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar;

II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão con- tato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas;

III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada.

§ 2º Na inquirição de mulher em situação de vio- lência doméstica e familiar ou de testemunha de

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LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ

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delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferen- cialmente, o seguinte procedimento

I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equipa- mentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou teste- munha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida;

II - quando for o caso, a inquirição será interme- diada por profissional especializado em violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial;

III - o depoimento será registrado em meio eletrôni- co ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito.

O art. 10-A cuida do atendimento da vítima, que deve ser feito em local apropriado pelos policiais e peritos especializados. Também deve ser prestado de forma ininterrupta e por servidores previamente capacitados, preferencialmente do sexo feminino. A mulher vítima de violência doméstica deve ser acolhi- da, protegida e respeitada no ambiente policial.

Merece destaque o inciso III, que cuida da revitimiza- ção, mais especificamente com a vitimização secundária (também chamada de revitimização ou sobrevitimi- zação) que ocorre quando o órgão estatal (polícia, MP, Judiciário etc.) fazem o ofendido se tornar vítima nova- mente (dessa vez, por ação do Estado, que faz a vítima reviver, desnecessariamente, a violência sofrida).

Art. 11 No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade poli- cial deverá, entre outras providências:

I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;

II - encaminhar a ofendida ao hospital ou pos- to de saúde e ao Instituto Médico Legal;

III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;

IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar;

V - informar à ofendida os direitos a ela confe- ridos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclu- sive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável.

As providências legais cabíveis a que se refere o art. 10, encontram-se previstas no art. 11, da Lei Maria da Penha, e consistem na proteção policial, encaminhamento para o exame de corpo de delito, fornecimento de transporte (uma vez que a vítima normalmente não tem condições de fazê-lo por conta própria), acompanhamento até a residência e esclare- cimento à vítima acerca de seus direitos.

Ainda em relação à atuação do Delegado de Polí- cia, convém lembrar duas outras medidas possíveis: a representação pela prisão preventiva e o afastamento do agressor do lar pela autoridade policial, que serão estudadas mais adiante.

Procedimentos a Serem Realizados pela Autoridade Policial

Art. 12 Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocor- rência, deverá a autoridade policial adotar, de ime- diato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:

I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;

II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;

III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas prote- tivas de urgência;

IV - determinar que se proceda ao exame de cor- po de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;

V - ouvir o agressor e as testemunhas;

VI - ordenar a identificação do agressor e fazer jun- tar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;

VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição respon- sável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezem- bro de 2003 (Estatuto do Desarmamento);

VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.

§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:

I - qualificação da ofendida e do agressor;

II - nome e idade dos dependentes;

III - descrição sucinta do fato e das medidas prote- tivas solicitadas pela ofendida.

IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência ou agravamento de deficiência preexistente.

§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao docu- mento referido no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida.

§ 3º Serão admitidos como meios de prova os lau- dos ou prontuários médicos fornecidos por hospi- tais e postos de saúde.

A maior parte dos procedimentos a serem seguidos pela autoridade policial (especializada no atendimento à mulher ou não), elencados no art. 12, são comuns na atividade policial: ouvir a vítima, encaminhá-la ao IML ou serviço de saúde etc. No entanto, merecem destaque:

z a concessão de medidas protetivas de urgência, a pedido da vítima, cujo regramento se encontra disposto nos arts. 18 e seguintes;

z a verificação da existência de registro de posse ou de porte de arma de fogo por parte do agressor.

Art. 12-A Os Estados e o Distrito Federal, na formu- lação de suas políticas e planos de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e fami- liar, darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendi- mento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas para o atendimento e a investigação das violências graves contra a mulher.

Referências

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