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A Relativização do Princípio da Separação Patrimonial Como Via de Acesso para a Desconsideração Inversa.

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Academic year: 2021

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A Relativização do Princípio da Separação Patrimonial Como Via de

Acesso para a Desconsideração Inversa.

Jenifer Avila Marques1

Priscila Raquel dos Santos Dantas2

RESUMO

O direito brasileiro, apesar de conferir autonomia patrimonial às pessoas jurídicas, relativiza este entendimento com o princípio da separação patrimonial, que se torna via de acesso para a inversão da desconsideração. Esta, ocorre quando dívidas oriundas da pessoa física podem atingir o patrimônio da pessoa jurídica, ao ser requisitado pelo Ministério Público ou o credor, se houver desvios de finalidade ou de má utilização da sociedade, a exemplo, da confusão patrimonial.

PALAVRAS CHAVE: Inversão, Separação Patrimonial.

ABSTRACT

Brazilian law, while granting autonomy to the legal entities, relativizes this understanding with the principle of separation of assets, which becomes a way of access for the reversal of disregard. This occurs when debts arising from the individual can reach the equity of the legal entity, when requested by the Public

1 Estudante de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Email para contato:

jenifelicidade@hotmail.com.

2 Estudante de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Email para contato:

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2 Prosecutor or the creditor, if there are deviations from purpose or misuse of the company, for example, from the asset mix.

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3 1. INTRODUÇÃO

A personalidade jurídica da empresa é uma importante entidade para o direito brasileiro, especificamente ao direito empresarial, regulamentando os sujeitos de direitos e deveres em um novo instituto que se personaliza e se insere no âmbito jurídico de forma autônoma à personalidade particular de seus sócios. Com tal intento, este marco gerador de segurança patrimonial para as sociedades empresárias nascentes, também ao mesmo tempo, pôde ser utilizado como um artifício diferente de seu propósito. A lesão em desfavor de credores sob a égide do absolutismo da autonomia patrimonial da pessoa jurídica foi quebrada com a relativização do princípio da responsabilidade patrimonial e, por conseguinte, a inversão da desconsideração.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo do princípio da separação patrimonial em seu aspecto relativo como via de acesso para a desconsideração inversa da personalidade jurídica adveio do conhecimento inicial acerca deste princípio que é um dos norteadores de direito empresarial. Primeiramente, a pesquisa baseou-se no levantamento bibliográfico acerca deste tema e caminhou pela especificação da relativização deste princípio, que foi de suma importância para o nascimento da inversão. Assim, algumas obras de direito empresarial e de direito civil foram arroladas ainda na Biblioteca setorial de Caicó/RN e mais adiante, a pesquisa tendeu também para publicações em artigos, blogs, sites explicativos desta temática, o que foi importante na ampliação do conhecimento e da finalização da ideia central deste resumo expandido.

3. RESULTADOS

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4 desvio de finalidade (utilização da sociedade para praticar ações alheias ao seu objeto social) são ações que merecem atenção no tocante ao engano de seus credores.

O ordenamento jurídico brasileiro dispôs no Código Civil de 2002, em seu artigo 50, acerca do abuso da personalidade jurídica:

Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

Assim, podendo o juiz interferir ou suspender a personalidade jurídica da sociedade nos casos supracitados, não estaria ele cometendo abuso da desconsideração da personalidade jurídica, mas garantindo direitos de terceiros injustiçados na relação patrimonial com tais pessoas.

O ordenamento brasileiro apesar de conferir uma autonomia patrimonial às pessoas jurídicas, esta, não mais seria absoluta, mas sim, relativa. O princípio da separação patrimonial foi primeiro tratado no Brasil por Rubens Requião na década de 60, em uma Conferência na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná. Ele esclarece acerca da evolução doutrinária levantada por Serick nos Estados Unidos, como fruto de uma construção jurisprudencial com intuito de se evitar a utilização de modo diverso e/ou fraudulento das sociedades empresárias.

O princípio, apesar de não expresso no Código Civil de 1916, seria um remédio possível ao manto que encobria a autonomia absoluta da personalidade jurídica até então, mesmo havendo desvirtuamento do propósito de dar segurança à sociedade empresária no quesito patrimonial. Para tanto, Requião3 esclarece:

Ora, a doutrina da desconsideração nega precisamente o absolutismo do direito de personalidade jurídica. Desestima a doutrina esse absolutismo, perscruta através do véu que encobre, penetra em seu âmago, para indagar de certos atos dos sócios ou do destino de certos bens. Apresenta-se, por conseguinte, a concessão da personalidade jurídica com um significado ou

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5 um efeito relativo, e não absoluto, permitindo a legitima penetração inquiridora em seu âmago.

Logo, utilizando-se deste primado relativo, cumpre-se ressaltar a desconsideração inversa como um novo caminho a qual possa legitimar a execução dos bens sociais decorrentes de dívidas pessoais de seus sócios/representantes. Havendo neste preceito, a concordância do Enunciado 283 do CJF, que expressamente pontua o artigo 50 do Código Civil, permitindo a interpretação desta norma e conceituando-a em desconsideração inversa. Sobre o tema, como exemplo de decisão, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul proferiu:

Muito embora na aplicação da disregard doctrine, parte-se do pressuposto que responde o sócio com seu patrimônio particular pela obrigação da empresa, o direito não pode se furtar a aplicação da teoria da desconsideração de forma inversa quando o devedor cria uma veste jurídica para tentar defender seu patrimônio particular ameaçado de alienação judicial por força de dívidas contraídas junto a terceiros. Caso em que o princípio da separação patrimonial deve ser superado e ceder em face de circunstâncias especiais e excepcionais diante da prova robusta de fraude por parte do sócio para desfrutar dos benefícios de sua posição, restando assente que a separação da pessoa jurídica da pessoa física é mera ficção legal, não sendo justificável que o sócio que se esconde sob o manto desta sociedade fuja de sua responsabilidade ou de seu fim social, para alcançar benefícios e interesses antissociais. RECURSO IMPROVIDO POR MAIORIA. PRELIMINAR REJEITADA. (Agravo de Instrumento Nº 70005085048, Décima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Eduardo Kraemer, Julgado em 25/05/2004).

4. CONCLUSÕES

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, Nathalia Vernet de Borba. A desconsideração da personalidade jurídica e

o redirecionamento da execução contra os sócios. Disponível

em:<http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/graduacao/tcc/tcc2/trabalhos2012_1/nat

halia_carvalho.pdf>. Acesso em 24 de abril de 2018.

FERRIANI, Adriano. A desconsideração inversa da personalidade jurídica. Disponível

em: <

http://www.migalhas.com.br/Civilizalhas/94,MI178414,21048-A+desconsideracao+inversa+da+personalidade+juridica>. Acesso em 27 de abril de 2018.

MAMEDE, Gladston. Manual de Direito Empresarial. 8º ed./ São Paulo: Atlas, 2013.

Novo CPC: O Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica. Disponível em:

<

https://murilopompei.jusbrasil.com.br/artigos/389352908/novo-cpc-o-incidente-de-desconsideracao-da-personalidade-juridica>. Acesso em 24 de abril de 2018.

NUNES, Ana Gabriela. O instituto da desconsideração da personalidade jurídica –

"Disregard Doctrine" (ou "disregard legal entity"). Disponível em:

<

http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI212038,101048-O+instituto+da+desconsideracao+da+personalidade+juridica+Disregard>. Acesso em 24 de

abril de 2018.

RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. 2º ed. Ver., atual. E ampl. /RJ: Forense; São Paulo: Método, 2012.

REQUIÃO, Rubens. Abuso de direito e fraude através da personalidade jurídica

Referências

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