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Monitoramento, Avaliação e Proposição de Melhorias do Programa Cartão Família Carioca

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Monitoramento, Avaliação e Proposição de

Melhorias do Programa Cartão Família Carioca

PRODUTO 3

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Visão Geral do Terceiro Produto

A avaliação específica de impactos do Programa FC, iniciada após um ano de execução do programa, analisada em outro texto deste produto final do projeto, aponta quais foram os primeiros efeitos monetários do programa, e em particular sua relevância para a educação dos beneficiários, incluindo também dimensões conceituais. Os testes empíricos têm a proposta de começar a apontar quais os instrumentos de política funcionam melhor, de modo a maximizar os recursos escassos disponíveis.

A melhor expressão do esforço analítico de políticas públicas se dá no J-Pal (Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab), do Massachusetts Institute of Technology (MIT), cuja missão é “reduzir a pobreza assegurando que a política é baseada em evidências científicas”.[1] Um time de acadêmicos de várias nacionalidades e altamente gabaritados testa e aprimora a efetividade dos programas e ações a partir de randomizações, que correspondem a um método bastante rigoroso de avaliação de impactos a partir de um grupo de comparação escolhido ao acaso dentro de uma população, tais quais os utilizados em testes médicos, por exemplo. Formam-se um grupo de tratamento e um grupo de controle. O primeiro é contemplado com os benefícios do programa, daí o nome de grupo de tratamento. O grupo de controle, por sua vez, permanece em uma situação de neutralidade em relação à atuação do programa, não recebendo os benefícios do mesmo. Por meio da comparação entre esses dois grupos, é possível analisar empiricamente os impactos de programas e ações e, a partir dos resultados, inferir sobre quais ações foram efetivas. Avalia-se, assim, a efetividade do processo e testa-se se os resultados são robustos do ponto de vista dos gestores do programa.

Discutimos ainda upgrades a serem incorporados ao programa (Familia Carioca 2.0)

Na segunda parte este terceiro relatório vamos além da aferição dos efeitos preliminares do programa e olhamos para o atendimento de metas mais abrangentes assumidas pela prefeitura. Defendemos o uso de instrumentos de medição, monitoramento e de metas de pobreza usando pesquisas de uso público como a PNAD/IBGE. Realizamos análise de grupos da sociedade.

[1] Tradução livre do site: http://www.povertyactionlab.org/about-j-pal. Acessado em 13 de março de

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Propomos seguir uma tendência mundial de avaliar criticamente o conjunto de ações de combate à pobreza, visto o compromisso da comunidade mundial de adequação com as Metas do Milênio da ONU. As metas vão ao encontro do desejo de uma sociedade mais justa e com menos pobres.

Desenvolvemos análise da evolução e característica da pobreza na cidade bem como dos beneficiários do Cartão Família Carioca. Além dos textos apresentamos alguns bancos de dados interativos a partir de tabulações e modelos multivariados, vídeos síntese de coletivas e cerimonias oficiais associadas ao programa, artigos de autorados na imprensa e repercussões de mídia.

Sítio da Pesquisa

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Monitoramento, Avaliação e Proposição de

Melhorias do Programa Cartão Família Carioca

PRODUTO 3

Relatório 1: Perfil dos Alunos Beneficiários e Impactos sobre

Educação

1

Sumário Executivo

Coordenação: Marcelo Cortes Neri mcneri@fgv.br

1

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Sumário Executivo

I - Visão Geral do Cartão Família Carioca

Os benefícios totais variam de acordo com a pobreza e a proficiência escolar indo do piso fixado de R$ 20 até R$ 417 mês por família

O programa busca quem é pobre e não apenas quem está pobre, busca os mais pobres dos pobres tratando os diferentes na medida de sua diferença.

Programas de transferência condicionada de renda são cada vez mais usados como políticas públicas focadas nos pobres de países da América Latina. O fato da desigualdade de renda estar caindo de maneira generalizada nos diversos países da região onde estes programas ganharam maiores escala e notoriedade os coloca na fronteira do combate a pobreza e desigualdade no mundo. O programa Bolsa Família (BF) brasileiro provê um benefício monetário mínimo às famílias pobres; reduzindo a transmissão intergeracional de pobreza condicionando o recebimento dos benefícios a investimentos em capital humano pelos beneficiários. As condicionalidades do BF são: educação – frequência escolar mínima de 85% para crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos, e mínima de 75% para adolescentes entre 16 e 17 anos; saúde – acompanhamento do calendário vacinal para crianças até 6 anos; pré-natal das gestantes e acompanhamento das nutrizes na faixa etária de 14 a 44 anos.

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provas bimestrais para além das provas que cada escola aplica em seu cotidiano. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do Rio de Janeiro em 2009 já mostra movimento de recuperação na educação. Apesar da elevação na taxa de reprovação no primeiro segmento de 1º a 5º anos fruto do abandono da aprovação automática, o IDEB passou de 4,5 em 2005, para 5,1 em 2009.

Sistema de Pagamento

O sistema de pagamento do programa se beneficia do Cadastro Social Único (CADÚNICO), um verdadeiro censo dos pobres brasileiros com quase 60 milhões de pessoas registradas com uma variedade de informações sócio-demográficas, de acesso a outros programas federais, endereço físico das pessoas e para os beneficiários um endereço de pagamento. Só na cidade do Rio de Janeiro são mais de um milhão de cadastrados, quase um quinto da população carioca, destes 575 mil percebem benefícios do Bolsa Família. A decisão foi começar por este grupo que está na folha utilizando como parceiro a Caixa Econômica Federal o que facilita a localização física dos beneficiários, a emissão de cartões e de senhas dos beneficiários.

Uma inovação foi evitar o uso simples da renda reportada pelas pessoas como no BF, para lançar mão do rico acervo de informações presente no CadÚnico referentes ao acesso e uso de ativos. Estas informações vão desde a configuração física da moradia

Descrição Geral do Família Carioca

Complementos do programa federal Bolsa

Família

Inovação no sistema de pagamentos e nos

investimentos em capital humano

Sistema de Pagamentos:

Renda estimada pelas informações do Cadastro

Social Único

Completa a renda até a linha de pobreza U$ 2

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(tipo, número de cômodos, materiais chão, teto, paredes etc.), acesso aos diversos serviços públicos (água, esgoto, luz etc.). Além disso, inclui a educação de todas as pessoas no domicílio, acesso e tipo de posição na ocupação e na desocupação de marido e esposa, a presença de grupos vulneráveis como pessoas com deficiência, grávidas, lactantes e crianças (aí incluindo o status escolar) bem como o acesso a outras transferências federais a começar pelo próprio Bolsa Família. Isto foi implementado mediante a uma equação minceriana de renda contra esta miríade de informações do CadÚnico, assim como um modelo de renda não monetária responsável por 25% da renda dos pobres segundo a POF. A renda estimada por este sistema de imputação gera um conceito de renda permanente similar ao criado por Milton Friedman. No topo da renda estimada é adicionada a renda de programas sociais da folha de pagamentos. A questão aqui é ampliar o critério da renda que as pessoas dizem que tem hoje para um conceito mais abrangente. Neste sentido, o FC se importa com quem é pobre, e não com diz que está pobre, este já objeto do BF.

A segunda característica do sistema de pagamentos do programa é completar a renda estimada das pessoas até a linha de pobreza fixada de forma a dar mais a quem tem menos. Este expediente trata os pobres, e apenas eles, na exata medida de sua

Conceito de Renda Permanente:

A renda familiar será estimada a partir de informações contidas no

CADÚNICO

:

configuração física da moradia;

acesso aos diversos serviços públicos (água, esgoto, luz);

nível de escolaridade das pessoas no domicílio;

inserção no mercado de trabalho de marido e esposa;

presença de grupos vulneráveis (como pessoas com

deficiência, idosos, crianças);

o acesso a transferências federais de renda.

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diferença. A tentativa é buscar os mais pobres dos pobres. Isto só é possível por usarmos renda estimada, pelos óbvios incentivos de sub-reportagem de renda, se a renda auto-reportada fosse o critério utilizado.

A linha de pobreza usada no programa é a de U$S 2 dólares dia por pessoa ajustada por diferenças internacionais e internas de custo de vida que corresponde a preços locais de hoje a cerca de R$ 108 mês por carioca. Este parâmetro corresponde a mais generosa linha da primeira e mais importante das oito metas do milênio da ONU que é a redução da pobreza extrema à metade no período de 25 anos terminados em 2015. A outra linha das metas da ONU de 1 U$S é adequada apenas para países mais pobres como os da África. Desta forma o programa alinha o Rio ao mundo, aproveitando a vocação internacional da cidade reforçada com eventos internacionais como o final da Copa do Mundo de futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O fato da data final da meta, 2105 estar neste horizonte ajuda na mobilização. O Brasil ao contrário de países como EUA, Irlanda e Índia não dispõe de uma linha oficial de pobreza. O uso das linhas internacionais reforça a consistência espacial das ações locais com o pensar global.

Educação

No que tange aos aspectos educacionais, o FC mais uma vez constrói em cima das bases do BF dando um benefício básico e até três benefícios por família, número máximo de forma a evitar incentivos a natalidade. A diferença é exigir níveis mais altos

P

ROGRAMA DE

T

RANSFERÊNCIA DE

R

ENDA

:

Impacto na Distribuição de Renda

0 5 10 15 2 dólares PPP dia R e n d a m e n sa l fa m il ia r p e r ca p it a m é d ia ( R $ ) Hiato de Pobreza População (%) R$ 70,00 = 1,25 dólares PPP dia Linha pobreza extrema BSM/BF

Linha Pobreza

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de frequência escolar mínimos de 90% contra 85% do BF, além da exigência da presença de um dos pais, ou responsável, em reuniões bimestrais nas escolas numa tentativa de aprimorar o background familiar responsável por mais de 70% dos diferenciais de educação, segundo a literatura empírica. Outra diferença nesta direção é que cada um destes benefícios não são fixos, mas proporcionais à insuficiência de renda estimada das famílias em relação à linha internacional, como explicado antes.

Os benefícios adicionais na faixa de 16 a 17 anos presentes na extensão do BF proposta em 2007, não foram incorporados, pois a responsabilidade constitucional da cidade é com o ensino fundamental. Dado o atraso escolar reinante no Brasil, os alunos da rede municipal nesta faixa de 16 e 17 são incorporados às demais até o máximo de três benefícios por família.

A maior inovação educacional do FC é premiar os alunos pelo desempenho escolar, alavancado no sistema de provas bimestrais de avaliação levados a cabo pela secretaria de educação. O profissional de educação já tem incentivos salariais dados pelo desempenho escolar. No lado da demanda, os alunos terão que atingir um mínimo de nota nestes exames de oito, ou para aqueles com rendimento insuficiente até o mínimo de quatro terá que apresentar uma melhora mínima de 20% a cada bimestre de forma a se habilitar a um prêmio extra bimestral de R$ 50 reais por estudante. Neste caso não há limite de prêmios por família dados à natureza individualizada do prêmio por desempenho escolar. Estes requisitos são diferenciados nas Escolas do Amanhã situadas em áreas conflagradas da cidade.

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II – Metas, Medição e Monitoramento de Pobreza

Proposta de Metas de Pobreza

Sintese: Indicador P2, por dar mais peso a quem tem menos como no Cartão Família Carioca

Linha de Pobreza - U$S 2 dólares por dia PPC para dois contextos: i) Pnad com imputação de dados de renda faltantes

ii) CadÚnico com Renda permanente para todos os beneficiários do Bolsa Famílía como forma de avaliação do Cartão Família Carioca

A proposta ideal e que se use os mesmos parâmetros de meta de pobreza que os do Cartão Família Carioca (FC). Esta consistência vai permitir que toda otimização no desenho do programa se reflita nos resultados auferidos.

Em primeiro lugar, propomos o valor da linha equivalente a U$S 2 dólares por dia PPC (cerca de R$ 108 por pessoa mês) Que foi escolhida pelo prefeito Eduardo Paes como linha de corte do FC. Esta e a linha mais generosa das Metas do Milênio da Onu que vence em 2015. Isto permite alinhar o agir local com o pensar global e de certa forma dialoga com a linha oficial de extrema pobreza de R$ 70 recém adotada que esta

FC constrói em cima das bases do Bolsa Família

Investimentos em educação

Maior Engajamento dos pais

Transmite importância da educação

Gera controle social

Garante acesso a informação privilegiada Educação na

Primeira Infância

Aperfeiçoamento cognitivo e não cognitivo

Prioridade aos mais pobres

Investimento nos filhos

Prêmio por desempenho

Maior frequência obrigatória

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próxima da linha de U$S 1,25 dia das Metas da Onu. O horizonte das metas da cidade se sobrepõe ao da Onu 2015 (entre a Copa e as Olimpíadas)2.

Em segundo lugar, sugerimos que se acompanhe uma medida que priorize os mais pobres dos pobres tal como o FC. O FC da mais a quem tem menos. Esta medida se chama P2, favorita entre 99 de cada 100 estudiosos de pobreza. Pode-se acompanhar toda a Família de Indicadores FGT que são os mais usados (proporção dos pobres (P0), o custo de erradicação de pobreza por carioca, por exemplo 5 reais mês (P1) e o P2 como meta.

Finalmente, propomos uso de imputação de renda para as rendas não respondidas. Desta forma teremos indicadores de pobreza mais precisos e menores do que, por exemplo, se atribuísse o valor nulo a eles. A amostra refletira toda a população o que não aconteceria se retirássemos os valores ignorados (missing) da amostra. Este problema afeta especialmente a cidade do Rio e nos levou a usar renda imputada no desenho do Cartão Família Carioca no caso para todas famílias.

Em termos de sistema de monitoramento da cidade como um todo propomos: o uso da Pnad para acompanhar a evolução anual a PME compatibilizada para falarmos de movimentos mais recentes, e o Censo para termos a distribuição entre Bairros, APs entre outras).

No que tange ao acompanhamento dos impactos diretos do FC sobre a pobreza propomos que se use o universo de beneficiários do Bolsa Família e medidas baseados em renda permanente.

i) A meta de aumento dos cadastrados do CadÚnico deve ser complementada com a de melhora da qualidade do cadastro medida pelo IGD (Índice de Gestão Descentralizada) do MDS. Desta forma cria-se um incentivo a se cadastrar mais e melhor as pessoas.

No que tange ao acompanhamento do impacto de longo prazo do FC já dispomos de um grupo de controle aleatório para se medir os impactos das notas relativas nas provas bimestrais aplicadas pela SME.

2

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Apresentamos abaixo estimativas de três linhas de pobreza alternativas e rendas estimadas posso detalhar mais. Temos de ajustar os algarismos significativos da linha de U$ 2 dólares por dia. Vide Link de Panorama de Dado

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PNAD/IBGE

Utilizamos aqui uma visão econômica, sendo a renda a medida central usada. A análise da renda familiar per capita pode ocorrer, inicialmente, de duas maneiras: pela renda corrente, que diz respeito aos recursos financeiros oriundos de trabalho, previdência, programas sociais ou outras fontes; e pela renda permanente, fluxo de recursos constante, que pode ser sustentado pelo restante do horizonte de vida do indivíduo – determinado por recursos físicos e humanos como propriedades, educação, etc. A primeira é de fácil mensuração, pois a PNAD faz perguntas diretas sobre os valores das rendas de cada fonte. Já em relação à renda permanente, a estimamos através de um modelo robusto baseado em informações sobre posse de ativos físicos, condições habitacionais, entre outros atributos, o que constitui inovação metodológica na análise empírica, sendo um processo amplamente adotado em estudos acadêmicos e em políticas sociais mundo afora. A inovação é utilizar a renda estimada para determinar o tamanho do benefício concedido.

7.77 10.85 7.35 4.93 7 4 5 3 5.39 7.75 5.63 3.5 0 2 4 6 8 10 12 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Evolução Pobreza Renda Estimada (para

rendas faltantes (missing))

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A fim de analisar a evolução de indicadores clássicos de desigualdade, bem estar social e pobreza, inovamos ao adicionar filtros de renda e metodologias de estimação, totalizando quatro modos diferentes de mensuração que contrastamos aqui: i) renda baseada apenas nas rendas positivas válidas (eliminando os valores ignorados (missing)) ; ii) renda zerando valores ignorados (missing). iii) renda estimada apenas para as pessoas que reportam ter renda ignorada iv) renda estimada para todas as observações.

Apresentamos abaixo estimativa inicial de impacto inicial do programa (sem a perda de beneficiários pelo travamento do cadastro inicial mas por outro lado sem o premio educacional e sem a expansão recente.

Impactos Diretos do Cartão Família Carioca (FC)

RENDA THEIL GINI % Pobres - P0 P1 P2

Antes do FC 104.52 0.055012 0.18144 64.51 14.42 4.38 Depois do FC 116.06 0.0278 0.1139 49.95 4.13 0.57

Variação 11.04% -49.56% -37.21% -22.57% -71.38% -87.06%

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Impactos Imediatos na Pobreza

A pobreza entre os beneficiários do Bolsa Família caiu instantaneamente no público-alvo um adicional de 46% a partir da implementação do Família Carioca.

De maneira geral, se todas condicionalidades e prêmios forem concedidos o FC irá transferir R$ 122 milhões de reais por ano para 98 mil famílias compostas de 421 mil pessoas, sendo 56,7% menores de idade. Famílias já contempladas pelo BF com 95 reais médios mensais receberão ainda do FC um benefício médio de 104 reais mês, composto na média de 70 de benefícios básicos e condicionalidades e mais 34 reais de prêmios educacionais. Os benefícios totais variam de acordo com a pobreza e o desempenho escolar indo do piso fixado de R$ 20 até R$ 417 mês por família beneficiada.

Algumas características dos beneficiários responsáveis por receber o benefício: Mulheres (96,26%), Solteiras (73,25%), com Ensino Fundamental Incompleto (67,27%), Fora do mercado de trabalho (42,34%), Informais (30,33%), situadas em Famílias de 3 a 5 pessoas em média (80%).

Em termos de aferição de impacto, se usar a medida de pobreza denominada de P2 que é a favorita entre 9 entre 10 especialistas de pobreza por enxergar a desigualdade entre os pobres: o P2 entre os beneficiários do Bolsa Família vai cair instantaneamente um adicional de 46% a partir da implementação do FC. A meta do milênio da ONU é reduzir a pobreza em 50% em 25 anos. Passo instantâneo e fundamental nesta direção.

A pobreza neste universo com a aplicação cumulativa do Bolsa Família e do Família carioca cairá 78%, sendo 46% desta queda do Família Carioca.

Avaliação de benefícios Monetários do FC e Programas Totais (BF e FC)

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados do Cadastro Único/SMAS e MDS -21% -35% -46% -34% -64% -78% P0 P1 P2

Redução da Pobreza nos

Recebedores do Família Carioca

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No que tange ao impacto espacial do programa ele atinge mais as áreas mais pobres da cidade.

Abertura Espacial

Impactos BC+BF por RA Carioca

População Beneficiada

0,600 0,650 0,700 0,750 0,800 0,850 0,900 0,950 1,000 0% Ín d ic e d e d e se n v o lv im e n t o h u m a n o (I D H )

Concentração de pessoas cadastradas pelo

No que tange ao impacto espacial do programa ele atinge mais as áreas mais

Abertura Espacial - Bairros Carioca

Impactos BC+BF por RA Carioca

População Beneficiada

y = -0,3579x + 0,9031 R² = 0,4348

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

% de Cadastrados

Concentração de pessoas cadastradas pelo

IDH dos bairros

No que tange ao impacto espacial do programa ele atinge mais as áreas mais

Impactos BC+BF por RA Carioca

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III - Impactos de Incentivos na Vida Escolar

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A nota dos alunos incentivados subiu 17 pontos acima dos demais e a presença dos seus pais na escola é o dobro dos sem prêmio.

Meios ou Fins?

O Brasil começa a entrar num novo federalismo social onde cidades e estados começam a desenvolver programas específicos sobre a base do Cadastro Social Único federal do Bolsa Família. Neste contexto aprende mais do que quando todas as decisões são tomadas desde Brasília. A diversidade de desenhos gera lições a partir dos erros e acertos de cada um. A Cidade do Rio de Janeiro lançou há um ano, o Família Carioca, programa pioneiro cujos primeiros resultados começam a ser avaliados.

A Secretaria Municipal de Educação (SME) do Rio contava em 2011 com 670 mil alunos, a maior rede de ensino da América Latina. A SME tem desenvolvido uma gama variada de ações, desde avaliações bimestrais dos alunos; avaliações externas bianuais; prêmios por desempenho dos professores vinculado a performance dos alunos entre outras.

A SME tem conseguindo gerar melhoras diferenciadas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), apesar de ter saído do sistema de aprovação automática. Centramos aqui nas inovações que interagem diretamente com o programa Cartão Família Carioca (FC), objeto de avaliação nossa cujos resultados serão disponibilizados em www.fgv.br/cps/fci.

A SME conta com um banco de dados que possui três qualidades raras: i) riqueza das informações compiladas, aí incluindo o background familiar dos alunos, características das escolas, diretores, professores etc. ii) O fato dos mesmos alunos serem acompanhados por longos intervalos de tempo. iii) As avaliações de proficiência são aplicadas a cada dois meses possibilitam que o sistema de feedback seja rápido e proveitoso do ponto de vista gerencial constituindo uma verdadeira Disneylândia dos estudiosos e gestores educacionais.

O FC não procurou criar novos programas escolares, mas potencializar os impactos daqueles já existentes atuando sobre o lado da demanda por educação. Por

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exemplo, a instituição de um prêmio de performance individualizado por aluno foi instituído, pois já existiam provas bimestrais aplicadas. No caso do CFC o programa elegeu um conjunto amplo de condicionalidades escolares e prêmios aos estudantes aplicados tanto a insumos como a resultados educacionais.

Resultados preliminares mostram que incentivos financeiros ajudam no aprendizado escolar. Alunos pobres que receberam desafios de desempenho tiveram melhora de 20 pontos acima daqueles sem prêmio nos três primeiro bimestres após sua implantação. O efeito sobre as notas depende da matéria: 25 décimos para Ciências, 18 décimos para Matemática, mas 0 décimos para Língua Portuguesa.

Além disso, os pais desses alunos tiveram 70% de participação em reuniões aos sábados nas escolas, contra 30% daqueles que não foram incentivados. Isto nivela as oportunidades dadas aos alunos. A literatura brasileira demonstra que 70% da performance escolar é determinada pelo background familiar, tipo educação dos pais e especialmente da mãe, renda da família etc.

A lição recente de uma série de estudos recentes baseados no programa Opportunity de Nova York mostraram que deu mais resultados incentivar insumos escolares do tipo pagar o aluno para ler livros, ou frequentar uma jornada escolar estendida do que premiar o desempenho escolar medido por provas. Premiar insumos seria mais efetivo do que premiar resultados finais que estão menos ao controle dos alunos que se não se motivariam a se esforçar mais.

A experiência carioca recente fez as duas coisas, incentivos a insumos e a produtos escolares. Em primeiro lugar, dá bolsas de estudo adicionais condicionadas a frequência de alunos às aulas e de seus pais nas reuniões bimestrais. Os resultados sugerem que os dois caminhos são complementares. Se criar novos programas é preciso, avalia-los também é preciso.

Frequência de Pais em Reuniões Escolares - A frequência dos pais as reuniões

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os beneficiários com os não beneficiários do CFC. Os gráficos divididos por série escolar (incluindo Educação Infantil (EI), Classes de Realfabetização (Realf) e classes de Aceleração (Acel)) mostram que a frequência na reunião de pais dos beneficiários é muito maior do que a dos não beneficiários, sugerindo um impacto positivo das condicionalidades escolares do CFC.

Fonte: Tabulações da SME de 2011.2

Quando abrimos série escolar dividido por regiões escolares da cidade CRE, vimos que em todos o mesmo fenômeno é observado, com ampla diferença entre pais beneficiários e não beneficiários pelo program em todas 209 comparações realizadas, demonstradas no apêndice.

Frequência de Alunos - Com relação ao percentual de frequência dos alunos, também

percebemos as diferenças entre os beneficiários e os não beneficiários do CFC, com os primeiros apresentando maiores percentuais de frequência em ambas as análises por CRE e por série escolar (usando dados gerais do município). No entanto, apesar dos percentuais de frequência serem maiores para os beneficiários, essas diferenças não são tão grandes quanto os diferenciais de frequência na reunião de pais.

66 79 76 75 75 73 74 72 69 66 65 65 63 57 57 66 61 63 59 20 36 31 32 33 31 31 31 29 27 25 24 23 27 18 24 23 19 20 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Percentual de Frequência na Reunião de Pais

por série escolar (2

o

Bimestre de 2011)

(19)

Fonte: Tabulações da SME de 2011

Os resultados empíricos sugerem numa primeira abordagem que os alunos beneficiários pelo FC são incentivados a ir à escola. Mas esse resultado é algo não causal. Por exemplo, em comparação semelhante bivariada das notas bimestrais, os resultados bem melhor controlados pelas regressões foram em sua grande maioria invertidos. Nestas comparações bivariadas de séries por CREs, apenas em 7 dos 99 casos analisados o nível da nota pós-programa era superior entre os alunos beneficiários da Família Carioca. Nas regressões e experimentos propostos não permitiram rejeitar as hipóteses de que o programa incentiva os alunos a tirarem melhores notas e a tentar melhorar estas notas pelo incentivo de melhora. Portanto, os resultados da análise de impacto sobre os insumos escolares podem ser considerados preliminares, incompletos e arriscados. Falta incorporar dados anteriores ao programa, descer ao nível dos microdados que nos permitiriam controlar pelas características observáveis dos alunos e de seus pais e pensar em situações que repliquem condições de experimentos aleatorizados de forma a lidar com vieses de seletividade inerentes a operação do programa. Portanto, embora tentados, não podemos afirmar ainda que o FC gera maior presença dos pais nas reuniões bimestrais nas escolas.

92.13 93.37 93.74 94.37 94.75 93.36 92.03 92.32 92.12 89.87 91.55 91.99 92.84 93.57 92.55 91.39 91.43 91.15 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96

1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano 5º Ano 6º Ano 7º Ano 8º Ano 9º Ano

Percentual de Frequência dos Alunos

por ano escolar (2° Bimestre de 2011)

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Análise Multivariada

Realizamos um exercício controlado onde comparamos pessoas iguais em várias dimensões observadas dos alunos (como gênero, raça, repetência no ano anterior e atraso escolar acumulado), características da escola (localização, turno, se é Escola do Amanhã ou turma especial (pessoas com deficiência); transporte a escola (modalidade, tempo e se vai sozinho), background familiar (escolaridade do pai e da mãe e presença deles)). Focamos inicialmente em aspectos ligados a presença e escolaridade da mãe que desempenha papel central no programa.

Presença e Acesso

No que se refere ao acesso ao Família Carioca Na análise do índice de presença do pai, verificamos que alunos com o pai falecido possuem 21% menos chances de pertencer ao Programa que aqueles que moram com o pai. A redução é de apenas 9% para aqueles que possuem pai vivo, mas não residem com o mesmo. Mais uma vez, observamos resultados bastantes mais expressivos referentes às mães. Um estudante com a mãe falecida desfruta de 49% menos chances de pertencer ao Programa, e de 31% menos caso a mãe seja viva, mas não more com o jovem.

Apontando na mesma direção, alunos que fazem este trajeto sozinhos apresentam 21% menos chances de pertencer ao Programa que aqueles que o fazem acompanhados. Como veremos, as notas e a pobreza são inversamente relacionadas à presença do pai e da mãe.

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Mãe é Mãe

A escolaridade os pais e da mãe, em particular é um dado fundamental nas várias etapas do programa a começar pela equação de acesso.

média das provas bimestrais

123% maior que a das sem escolaridade. A mesma comparação nos pais mostra notas 54% maiores apenas. Não é a toa que o Família Carioca elege a mulher como as receptoras em 96,3% das famílias beneficia

Já quando analisamos o uma criança cuja mãe possui nível superior a chance de acesso ao Família Carioca na rede municipal é 1/6 das analfabetas. Pois o programa busca os mais pobres estruturais onde a educação da mãe é por construção uma variável chave. Quando restringimos a análise aos beneficiários do CFC, a chance de acesso a bônus por notas (resultado) é 59% maior entre as mães em nível superior vis a vis as analfabetas. Já no cumprimento das condicionalidades dos programa (insumos) acontece o inverso sendo 8% menor refletindo talvez o maior custo de oportunidade do tempo destas mães em frequentar as reuniões bimestrais.

A escolaridade os pais e da mãe, em particular é um dado fundamental nas várias etapas do programa a começar pela equação de acesso. O modelo de impacto da nota média das provas bimestrais mostra que a nota de filhos de mães com nível superior é 123% maior que a das sem escolaridade. A mesma comparação nos pais mostra notas 54% maiores apenas. Não é a toa que o Família Carioca elege a mulher como as receptoras em 96,3% das famílias beneficiadas.

Já quando analisamos o uma criança cuja mãe possui nível superior a chance de acesso ao Família Carioca na rede municipal é 1/6 das analfabetas. Pois o programa busca os mais pobres estruturais onde a educação da mãe é por construção uma variável ve. Quando restringimos a análise aos beneficiários do CFC, a chance de acesso a bônus por notas (resultado) é 59% maior entre as mães em nível superior vis a vis as analfabetas. Já no cumprimento das condicionalidades dos programa (insumos) acontece erso sendo 8% menor refletindo talvez o maior custo de oportunidade do tempo destas mães em frequentar as reuniões bimestrais.

A escolaridade os pais e da mãe, em particular é um dado fundamental nas várias

O modelo de impacto da nota

mostra que a nota de filhos de mães com nível superior é 123% maior que a das sem escolaridade. A mesma comparação nos pais mostra notas 54% maiores apenas. Não é a toa que o Família Carioca elege a mulher como as

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Já a agenda de condicionalidades mais fortes de educação, a exigência da presença dos pais nas escolas, a atenção diferenciada a primeira infância e a premiação por notas procuram abrir as portas do mercado de trabalho para as famílias pobres. Visa com isso que os maiores fluxos de renda transferidos pela cidade hoje seja consistente por maior estoque de riqueza dos pobres hoje no futuro..

A agenda de premiar a melhora de desempenho dos alunos explora a principal vantagem comparativa de grupos pobres que é a de alcançar melhoras e está em consonância com ideia que os pobres estão para serem motivados por incentivos e não penalizados pelos mesmos. O programa contém em seu desenho inicial um sistema de avaliação de seus impactos de forma a orientar seus desenvolvimentos posteriores. De forma a evitar a escolha de Sofia de excluir parte dos elegíveis ao programa aleatoriamente, vista em geral como necessária para definir grupos de tratamento e de controle idênticos, o FC propõe incorporar estudantes não elegíveis no seu desenho inicial incorporando pessoas do CadÚnico, mas que não estão no Bolsa Família aos seus beneficiários. O grupo de controle, não saberá que fez parte do sorteio, pois como todos os alunos contemplados já fazem parte do sistema de aferição de desempenho já em marcha pela secretaria de educação.

Os princípios e práticas do Família Carioca (FC) estão resumidos abaixo:

• Busca dos mais pobres tratando os diferentes na medida de sua diferença.

• Privilegiar a igualdade de oportunidades e a capacidade de geração de renda dos beneficiários (quem é pobre e não apenas quem diz que está pobre)

• Preservar a liberdade nas escolhas individuais (o que e quando gastar)

• Condicionar escolhas coletivas sujeitas a imperfeições de mercado (como as externalidades educacionais)

• Condicionalidades mais fortes, atenção a primeira infância e presença dos pais,

• Bolsa de estudos com prêmio aos avanços de qualidade educacional

• Alavancar potencialidades da administração atual (Plano Estratégico da Cidade)

• Integrar com outros níveis de governo e sociedade civil

• Conexão com melhores práticas e compromissos internacionais MDGs)

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Familia Carioca 2 .0

Filosofia Operacional: Aplica as regras do programa com agilidade (fluxos altos entrando e saindo da folha)

Filosofia dos Upgrades:

Começar pelo mais operacional, aquilo que o município tem capacidade de oferta (e de gerenciamento) já instalada, valorizando e que seja custo/efetivo Escolhas que sejam integradas a outros níveis de governo

Alunos com deficiência (novo programa federal: Viver Sem Limites). Alunos do segundo segmento das Escolas do Amanha.

Proposta de Extensão: Busca Ativa de Estudantes Pobres Sem Pai ou Sem Mae presentes

Avaliação: 10 mil incluídas no cadastro mais recentes na folha do Bolsa Familia e retirei uma amostra aleatória de 50% dela. Portanto, temos nas cinco mil aleatoriamente excluídas das últimas 10 mil o grupo de controle de teste do programa. A folha excluindo apenas as 5 mil últimas famílias também está pronta, mas acredito que devemos aproveitar a oportunidade.

A Secretaria de Assistência Social do Município uma série de mecanismos de busca ativa no programa denominado de “Família Carioca em Casa”.

Aprimorar conexões com a estratégia federal intitulada “Brasil Sem Miséria” e com a nova estratégia do Estado denominada Renda Melhor inspirada no Família carioca e avaliação dos resultados obtidos.

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Família Carioca

2.0

Condicionalidades do Bolsa Família continuam em vigor Condicionalidades adicionais Benefício básico Educação – 6 a 17 anos (estudantes de 16 e 17

anos das escolas municipais)

Educação - 0 a 6 anos Renda imputada

Benefício variável Renda que falta

para cada membro, em média, chegar à

linha de pobreza

- Frequência de pelo menos 90% às aulas nas creches e escolas municipais;

- Frequência dos pais ou representantes legais às reuniões bimestrais das escolas municipais, mesmo que seus filhos não estejam matriculados.

- Frequência de pelo menos 90% às aulas nas escolas municipais; - Melhora de 20% nas notas das provas bimestrais em relação ao bimestre anterior; 15% para Escolas do Amanhã;

- Frequência dos pais ou representantes legais às reuniões bimestrais das escolas municipais

Amostra aleatória de

10.000 Familias

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Nome do arquivo: CFC_TextoFIM_PRODUTO3-Texto0.docx

Diretório: C:\Documents and Settings\luiza\Meus documentos Modelo: C:\Documents and Settings\luiza\Dados de

aplicativos\Microsoft\Modelos\Normal.dotm Título: Assunto: Autor: Rafael Palavras-chave: Comentários: Data de criação: 4/4/2012 23:25:00 Número de alterações: 4 Última gravação: 4/4/2012 23:59:00

Salvo por: luiza

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