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TENDÊNCIAS JURISPRUDENCIAIS ACERCA DA APLICAÇÃO DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

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TENDÊNCIAS JURISPRUDENCIAIS ACERCA DA

APLICAÇÃO DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA

PERSONALIDADE JURÍDICA

ROGÉRIO CESAR MARQUES

1. INTRODUÇÃO

Em decorrência de crescente tendência de perversão do conceito e utilização do instituto da pessoa jurídica, surgiram meios de sanção à sua má utilização, dentre os quais, pode-se citar a desconsideração da personalidade jurídica, por meio da qual o juiz, a partir da constatação de má-fé das pessoas físicas responsáveis pela pessoa jurídica, pode desconsiderar a personalidade jurídica de maneira que a responsabilidade pelos atos, respondendo estes, dessa forma, com seus patrimônios pelos atos praticados.

Neste sentido, Rubens Requião afirma que “não devemos imaginar que a penetração do véu da personalidade jurídica e da desconsideração da personalidade jurídica se torne instrumento dócil nas mãos inábeis dos que, levados ao exagero, acabassem por destruir o instituto da pessoa jurídica, construído através dos séculos pelo talento dos juristas dos povos civilizados, em cuja galeria sempre há de ser iluminada a imagem genial de Teixeira de Freitas, que, no século passado, procedendo a muitos, fixou em nosso direito a doutrina da personalidade jurídica.” .

No Direito Brasileiro, houve, em um primeiro momento, o surgimento desta doutrina por meio de uma construção jurisprudencial. O Código de Defesa do Consumidor foi o primeiro diploma legal a trazer a ideia da superação da personalidade jurídica. Com o advento do Código Civil de 2002 que, em seu artigo 50, disciplinou a aplicação da teoria da desconsideração da pessoa jurídica, determinando, expressamente, a possibilidade de sua aplicação nos casos em que se caracterizar desvio de finalidade ou confusão patrimonial.

A ideia do presente trabalho e analisar alguns precedentes de aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica do Superior Tribunal de Justiça, bem como tecer alguns breves comentários acerca do surgimento e evolução no Brasil da disregard doctrine.

2. OS EFEITOS DA PERSONIFICAÇÃO E O PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PATRIMONIAL

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Segundo Carlos Alberto Gonçalves , analisando o disposto no artigo 45, caput, do Código Civil Brasileiro , torna-se possível a conclusão de que o direito brasileiro adota a teoria da realidade técnica, malgrado a crítica que se lhe faz de ser demasiado positivista, desvinculada, de tal sorte, de pressupostos materiais.

Indo de acordo com a teoria tecnicista, Tércio Sampaio Ferraz Júnior afirma que a pessoa jurídica nada mais é do que um feixe de papeis institucionalizados, os quais se comunicam e se integram por meio de um estatuto em um sistema orgânico, com regras próprias.

Com relação ao fenômeno da aquisição da personalidade jurídica pelas pessoas jurídicas, Pontes de Miranda afirma que, ao contrário das pessoas físicas, a personalidade jurídica das sociedades, associações e fundações não é inata, se dando em um momento posterior à sua constituição, ou seja, para que a pessoa jurídica nasça e possa ser titular de direito e obrigações, deve haver um ato de constituição, em um momento pré-personificação, e o registro de tal ato em um órgão competente, momento em que se adquire a personalidade jurídica.

Assim, ainda segundo Pontes de Miranda , as pessoas jurídicas, para existirem e serem sujeito de direito, precisam ser legalmente constituída, sendo que, para tal se faz necessária a realização de um ato constitutivo que ensejará o surgimento de fato da pessoa jurídica, deve haver o registro de tal ato visto que a personalidade jurídica, no direito brasileiro, assente à inscrição do ato constitutivo e dos documentos sociais.

Cumpre ressaltar que, antes da sua inscrição, a pessoa jurídica pode existir no mundo fenomênico, tendo, porém, sua existência não considerada pelo direito, não podendo figurar, de tal sorte, como titular de direitos. De tal sorte, somente o registro de seu ato constitutivo junto aos órgãos competentes dá ensejo à personificação da pessoa jurídica, momento no qual se adquire a personalidade jurídica e, dessa forma, a sociedade, associação e/ou fundação passa a poder ser titular de direitos e obrigações.

Com a conclusão dos procedimentos formais que devem ser adotados para a regular constituição da sociedade, esta passa a ser considerada um sujeito capaz de direitos e obrigações, não se confundindo mais com as pessoas dos sócios, passando a gozar de ampla autonomia patrimonial.

A separação do patrimônio da sociedade em relação ao patrimônio dos sócios que estão por detrás da pessoa jurídica é respaldado pelo princípio da autonomia patrimonial, podendo ser considerado como mais importante efeito da personificação na medida em que lhe confere efetiva independência com relação a pessoa dos sócios.

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Este caso estabeleceu o escopo do princípio da autonomia patrimonial e, na medida em que houve a separação do patrimônio dos sócios da pessoa jurídica, houve uma limitação da responsabilidade individual dos sócios, viabilizando as atividades econômicas desde que não se configurassem como indevida utilização da personalidade jurídica, entre sócios e credores.

3. OS LIMITES DA INTERVENÇÃO DO ESTADO SOBRE A PERSONALIDADE JURÍDICA

O Direito Brasileiro optou por considerar a personalidade jurídica seguindo a teoria da realidade técnica, ou seja, deve ser considerada fruto do registro de um ato jurídico, unilateral ou plurilateral, anteriormente firmado entre pessoas físicas.

No caso das sociedades, como bem leciona Heleno Taveira Tôrres , o contrato que funda a pessoa jurídica, deve ser considerado uma norma jurídica que surge a partir de um dado fato jurídico, devendo, para adentrar ao mundo jurídico, ser válida, ou seja, deve estar submetida ao direito positivo que, além de fundamentá-la, a legítima nos seus propósitos sociais.

Ou seja, é a partir da ocorrência do fenômeno da personificação que, por força da aplicação de um determinado regime jurídico que lhe é aplicável, a sociedade constitui-se formalmente e materialmente, adquirindo personalidade jurídica diversa das pessoas físicas que participaram de sua constituição, passando a gozar de capacidade para se tornar titular de direitos e obrigações.

Dessa forma, ainda segundo Heleno Taveira Tôrres , qualquer hipótese que implique em interferência na fisionomia ou conduta societária, por se tratar de uma ingerência estatal sancionatória em esfera jurídica de particular, podendo gerar consequências gravosas as pessoas físicas por detrás da sociedade, somente pode se dar por meio de expressa autorização legal.

Já foi introduzido, no direito brasileiro, dispositivos legais os quais permitem a desconsideração da personalidade jurídica, como é o caso do artigo 50 do Código Civil de 2002. Todavia, deve se analisar se a ingerência estatal na personalidade jurídica não se encontraria limitada pelo princípio contido no artigo 567 do Código de Processo Civil, o qual prescreve que os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade a não ser casos expressamente previstos em lei, de modo a que sempre que existir qualquer espécie de execução de dívidas da sociedade, quem responderá pelo montante devido será a própria sociedade, devendo cada sócio ser responsável no limite de responsabilidade de cada tipo societário.

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vontade privada (a qual constituiu a sociedade), nos casos previstos em lei, visando responsabilizar os sócios pelas obrigações advindas de condutas ilícitas por eles tomadas sob o manto protetor da pessoa jurídica.

4. A TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

O princípio da autonomia patrimonial, advindo da personificação jurídica e conseqüente separação do patrimônio desta em relação aos das pessoas físicas que as compõem criou a possibilidade de que fossem utilizadas como instrumento para prejudicar terceiros, por meio da prática de fraudes e abusos de direito contra credores.

A reação a má utilização da personalidade jurídica foi o surgimento de uma teoria a qual permitisse ao judiciário, em casos de comprovada fraude ou má-fé na utilização das pessoas jurídicas, desconsiderar o princípio da separação, não apenas da personalidade, mas também patrimonial, deixando de considerar a existência distinta de seus membros em relação a ela de forma a vincular os bens particulares dos sócios à satisfação das dívidas da sociedade.

Como bem expõem Carlos Roberto Gonçalves , tal reação ocorreu em diversos países, dando origem a teoria da desconsideração da personalidade jurídica. No direito anglo-americano, que muitos consideram o berço da teoria, esta recebeu a denominação de diregard doctrine ou disregard of legal entity.

Haroldo Malheiros Verçosa caracteriza tal instituto como sendo a derrogação ou não-observância dos efeitos da autonomia jurídico-subjetiva e/ou patrimonial, oriundas da personificação da sociedade, visando alcançar os sócios e responsabilizá-los por atos jurídicos ou materiais que, embora realizados em conformidade com a lei, encerram, intrinsecamente, abuso e prejuízo a terceiro de boa-fé, visando à obtenção de vantagem indevida.

Um ponto importante a ser ressaltado acerca da teoria da desconsideração da personalidade, e que, de acordo com Rubens Requião , não existe a busca pela declaração da nulidade da personificação, mas sim de torná-la ineficaz para determinados atos, buscando seu verdadeiro significado de maneira a atingir as pessoas físicas por detrás da pessoa jurídica.

Fabio Ulhôa Coelho afirma que existem duas teorias básicas da teoria da desconsideração da personalidade jurídica em matéria tributária, quais sejam, a teoria maior da desconsideração e a teoria menor: (i) pela primeira o juiz é autorizado a ignorar a autonomia patrimonial das pessoas jurídicas, como forma de coibir fraudes e abusos praticados por detrás do véu da personalidade jurídica; (ii) pela teoria menor, o juiz poderia afastar a autonomia patrimonial dos sócios em virtude do simples prejuízo do credor.

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forma qualquer ato o qual vise frustrar a aplicação da lei, esquivar-se do adimplemento de obrigação oriunda de vinculo contratual ou, ainda, prejudicar terceiros de modo fraudulento; (ii) circunscrição precisa das hipóteses em que se deve preservar a personalidade jurídica não sendo possível a desconsideração da personalidade jurídica apenas porque o objetivo de uma norma ou a causa de um negócio jurídico não foram satisfeitos, não sendo suficiente a simples alegação de insatisfação de direito de credor para corroborar a desconsideração da personalidade jurídica; (iii) aplicação à pessoa jurídica das normas sobre a capacidade ou valor humano, desde que não haja, entre ambas, qualquer contradição entre seus objetivos e/ou funções; e, (iv) se as partes de um negócio jurídico não podem ser consideradas um único sujeito apenas em razão da forma da pessoa jurídica, cabe desconsiderá-la para a aplicação da norma cuja realização do escopo possibilite a efetiva distinção entre as partes.

Pela análise dos princípios em tela, faz-se possível a aplicação da teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica uma vez que presentes os elementos fáticos os quais comprovem a utilização indevida da pessoa jurídica por parte dos sócios, sendo mister a correta comprovação dos fatos que podem gerar a aplicação da disregard doctrine.

No que diz respeito a teoria menor, cumpre destacar o Fabio Ulhôa Coelho , segundo o qual “se o desenvolvimento da teoria maior da disregard doctrine pode ser considerada um aprimoramento da pessoa jurídica, a menor deve ser encarada como o questionamento de sua pertinência, enquanto instituto jurídico”.

Isto se daria uma vez que por tal teoria, ao contrário do que ocorre pela teoria maior, não existe uma preocupação em distinguir a utilização fraudulenta nem indagar se teria ou não havido qualquer espécie de abuso, basta a sociedade estar insolvente e os sócios não para justificar a sua aplicação, defendendo-se única e exclusivamente os interesses dos credores da pessoa jurídica.

Dessa forma, nas palavras de Fabio Ulhôa Coelho , segundo o qual “a teoria menos da desconsideração é, por evidente, bem menos elaborada que a maior (...) reflete, na verdade, a crise do principio da autonomia patrimonial (...) seu pressuposto é simplesmente o desatendimento de crédito titularizado perante a sociedade, em razão de sua insolvabilidade ou falência desta”.

5. A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO DIREITO BRASILEIRO

O primeiro diploma legal a tratar da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, no direito pátrio, foi o Código de Defesa do Consumidor, que, em seu artigo 28 , prevê sua aplicação em favor do consumidor nas seguintes hipóteses: (i) casos de abuso do direito; (ii) excesso de poder, infração a lei, fato ou ato ilícito, violação dos estatutos ou contratos sociais e; (iii) falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade provocados por má administração.

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sócio, controlador ou representante legal da pessoa jurídica ou, se a imputação pode ser direta, a pessoa jurídica serve como obstáculo para a responsabilização da pessoa física por detrás do biombo da pessoa jurídica.

A Lei 8.884/94 (Lei Antitruste) foi o segundo diploma legal brasileiro a fazer menção à teoria da desconsideração da pessoa jurídica, por meio de seu artigo 18 . De acordo com a exegese do dispositivo legal supra transcrito, poder-se-á proceder à aplicação da disregard doutrine em duas oportunidades na tutelas das estruturas de livre mercado, a primeira na configuração de uma conduta infracionais da ordem econômica e, a segunda na aplicação da respectiva sanção. A autonomia não poderá, segundo Fábio Ulhôa Coêlho , servir de obstáculo e, na hipótese de aplicação da sanção, pode-se exemplificar com a proibição de licitar, devendo-se estender, pela aplicação da teoria da desconsideração, às outras sociedades que tenham objeto idêntico ou semelhante porventura existentes entre os mesmos sócios.

O terceiro diploma legal a tratar da desconsideração da personalidade jurídica é a Lei nº 9.605/98, regulamentada pelo Decreto nº 3.179/99, que dispõe sobre a tutela do meio ambiente, dispondo sobre a possibilidade de aplicação da teoria da desconsideração da pessoa jurídica quando esta servir de obstáculo para o ressarcimento de prejuízos causados ao meio ambiente. O que se percebe pela exegese do referido diploma legal é que a disregard doctrine deve ser aplicada toda vez que a personalidade jurídica for empregada com meio de fuga da responsabilidade de reparação de danos ambientais, servindo, pois, de obstáculo para a imputação da responsabilidade nas pessoas físicas behind the veil of the legal entity.

Cumpre destacar, por último, o dispositivo no parágrafo 2º do artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho (“CLT”) ..Parte da doutrina afirma que este foi o primeiro dispositivo do ordenamento jurídico brasileiro a prever a teoria da desconsideração da personalidade jurídica. Todavia, de acordo com a exegese deste dispositivo proposta por Haroldo Malheiros Verçosa , existe na verdade uma responsabilidade solidária pelos efeitos das relações de emprego de cada uma delas, não havendo, desta forma, na CLT, a disposição da disregard doctrine. Dessa forma, o instituto deve-se ser aplicado, em prol do empregado que constitui o elo mais fraco da relação de emprego, subsidiariamente o disciplinado no artigo 50 do Código Civil de 2002, o qual deve nortear a teoria da desconsideração da personalidade jurídica no direito do trabalho.

A teoria da desconsideração da personalidade jurídica foi disciplinada pelo Código Civil de 2002, em seu artigo 50 , prevendo expressamente, a sua aplicação nas hipóteses de desvio de finalidade e de confusão patrimonial.

Arnold Wald , por sua vez, afirma que a diretriz contida no artigo 50 do Código Civil de 2002 remete a ideia de uma disregard doctrine excepcional e restritiva, alinhando-se com a teoria maior da desconsideração uma vez que só deve incidir nas situações expressamente identificadas no dispositivo legal.

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abusos, comprovando-se abuso de poder e/ou confusão patrimonial. Por ato abusivo deve ser entendido como aquele que, embora originado de um direito subjetivo do indivíduo e tendo sido observados todos os requisitos formais e materiais aplicáveis, apresentasse fora do campo da legalidade na medida em que foi realizado com o intuito de prejudicar credores, com fim de fraudar a lei e/ou contrato, ou, ainda, de sonegar tributos. Por sua vez, a confusão patrimonial corresponde à distorção do princípio da autonomia patrimonial na medida em que o sócio ignora a separação patrimonial, não sendo possível a distinção do seu patrimônio com o da sociedade.

6. JURISPRUDÊNCIA DO STJ ACERCA DA APLICAÇÃO DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Verificou-se a existência de duas teorias sobre a disregard doctrine, quais sejam, a teoria maior, segundo a qual o juiz é autorizado a ignorar a autonomia patrimonial das pessoas jurídicas, como forma de coibir fraudes e abusos praticados por detrás do véu da personalidade jurídica, e a teoria menor, segundo a o juiz poderia afastar a autonomia patrimonial dos sócios em virtude do simples prejuízo do credor.

Interessante agora verificar como o Superior Tribunal de Justiça, vem aplicando a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, destacando-se, inicialmente, talvez mais paradigmático caso envolvendo a disregard doctrine no direito brasileiro, o Recurso Especial 279.273, julgado pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça em 04 de dezembro de 2012 , verbis:

“Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso especial. Shopping Center de Osasco-SP. Explosão. Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério Público. Legitimidade ativa. Pessoa jurídica. Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de responsabilização dos sócios. Código de Defesa do Consumidor. Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º.

- Considerada a proteção do consumidor um dos pilares da ordem econômica, e incumbindo ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, possui o Órgão Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses individuais homogêneos de consumidores, decorrentes de origem comum. - A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração).

- A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial.

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- A aplicação da teoria menor da desconsideração às relações de consumo está calcada na exegese autônoma do § 5º do art. 28, do CDC, porquanto a incidência desse dispositivo não se subordina à demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo indicado, mas apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa jurídica, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

- Recursos especiais não conhecidos.”

Neste caso verifica-se que há uma importante distinção entre a teria maior e da teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica, sendo aquela considerada como regra geral do direito brasileiro, não podendo ser aplicada com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações, havendo a expressa exigência de que, para além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade, ou a demonstração de confusão patrimonial. A teoria menor da disregard doctrine, por sua vez, é acolhida excepcionalmente no ordenamento jurídico brasileiro no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial.

Isto porque, segundo entendimento proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, para a teoria menor da desconsideração, o risco empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta, ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores da pessoa jurídica.

Com relação à teoria maior da disregard doctrine e da necessidade de comprovação de má utilização da personalidade jurídica, pode ser citados o Recurso Especial nº 1.200.850, julgado pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça em 04 de novembro de 2010 , verbis:

“RECURSO ESPECIAL - NEGATIVAÇÃO DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL - NÃO OCORRÊNCIA - ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DA COISA JULGADA - NÃO VERIFICAÇÃO - MOTIVAÇÃO UTILIZADA NA SENTENÇA QUE TRANSITOU EM JULGADO - NÃO INCIDÊNCIA DO EFEITO DA IMUTABILIDADE - DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA - PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS - VERIFICAÇÃO - REVOLVIMENTO DA MATÉRIA FÁTICA-PROBATÓRIA - IMPOSSIBILIDADE - RECURSO IMPROVIDO.

I- Sobre a norma jurídica concreta, inserida na parte dispositiva da sentença, que decide a pretensão, é que recairá o efeito da imutabilidade, inerente à coisa julgada. Enquanto nos embargos de terceiro discutiu-se a licitude ou não de uma constrição judicial sobre determinados bens dos sócios, na qualidade de terceiros, na execução do julgado, em sede de agravo de instrumento, controverte-se sobre a legitimidade destes em responderem com seus bens, indistintamente, pelo débito reconhecido judicialmente;

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finalidade (este compreendido como o ato intencional dos sócios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica), ou a demonstração da confusão patrimonial (esta subentendida como a inexistência, no campo dos fatos, de separação patrimonial do patrimônio da pessoa jurídica ou de seus sócios, ou, ainda, dos haveres de diversas pessoas jurídicas;

III - O Tribunal de origem, estribado nos elementos probatórios reunidos nos autos, consignou que as cisões, a primeira operada em 1991 e a segunda ocorrida em 1995, que ensejaram a criação das sociedades Tiptur e Lana, respectivamente, com substancial reversão patrimonial para estas, nas quais figuraram como sócios os próprios recorrentes (na primeira) e pessoas do mesmo núcleo familiar (na segunda), encontram-se intrinsecamente relacionadas, tendo por propósito comum obstar, por meio de diluição patrimonial, o pagamento do débito exeqüendo. Nos dizeres do Tribunal de origem: "Restaram demonstrados os estratagemas do grupo familiar Abi Chedid para dissipar o patrimônio da devedora Ensatur, ora agravada";

IV - Vê-se que, além das razões recursais prenderem-se a uma perspectiva de reexame de matéria de fato e prova, providência inadmissível na via eleita, o desfecho conferido pelo Tribunal de origem à moldura fática delineada, imutável nesta via, afigura-se escorreita;

V - Recurso Especial improvido.”

No mesmo sentido do Recurso Especial nº 1.200.850, podem ser citados os seguintes julgados:

“CIVIL E PROCESSUAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. CONVERSÃO. EXECUÇÃO. PERSONALIDADE JURÍDICA. DESCONSIDERAÇÃO. REQUISITOS. AUSÊNCIA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO.

I. Nos termos do Código Civil, para haver a desconsideração da personalidade jurídica, as instâncias ordinárias devem, fundamentadamente, concluir pela ocorrência do desvio de sua finalidade ou confusão patrimonial desta com a de seus sócios, requisitos objetivos sem os quais a medida torna-se incabível.

II. Recurso especial conhecido e provido.”

“RECURSO ESPECIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ("disregard doctrine"). HIPÓTESES. 1. A desconsideração da personalidade jurídica da empresa devedora, imputando-se ao grupo controlador a responsabilidade pela dívida, pressupõe - ainda que em juízo de superficialidade - a indicação comprovada de atos fraudulentos, a confusão patrimonial ou o desvio de finalidade.

2. No caso a desconsideração teve fundamento no fato de ser a controlada (devedora) simples longa manus da controladora, sem que fosse apontada uma das hipóteses previstas no art. 50 do Código Civil de 2002.

3. Recurso especial conhecido.”

“Processual civil e civil. Recurso especial. Ação de execução de título judicial. Inexistência de bens de propriedade da empresa executada. Desconsideração da personalidade jurídica. Inviabilidade. Incidência do art. 50 do CC/02. Aplicação da Teoria Maior da Desconsideração da Personalidade Jurídica.

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pelo exequente não constituem motivos suficientes para a desconsideração da sua personalidade jurídica.

- A regra geral adotada no ordenamento jurídico brasileiro é aquela prevista no art. 50 do CC/02, que consagra a Teoria Maior da Desconsideração, tanto na sua vertente subjetiva quanto na objetiva;

- Salvo em situações excepcionais previstas em leis especiais, somente é possível a desconsideração da personalidade jurídica quando verificado o desvio de finalidade (Teoria Maior Subjetiva da Desconsideração), caracterizado pelo ato intencional dos sócios de fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica, ou quando evidenciada a confusão patrimonial (Teoria Maior Objetiva da Desconsideração), demonstrada pela inexistência, no campo dos fatos, de separação entre o patrimônio da pessoa jurídica e os de seus sócios.

Recurso especial provido para afastar a desconsideração da personalidade jurídica da recorrente.”

“FALÊNCIA. ARRECADAÇÃO DE BENS PARTICULARES DE SÓCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA PELA FALIDA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (DISREGARD DOCTRINE). TEORIA MAIOR. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO ANCORADA EM FRAUDE, ABUSO DE DIREITO OU CONFUSÃO PATRIMONIAL. RECURSO PROVIDO.

1. A teoria da desconsideração da personalidade jurídica - disregard doctrine -, conquanto encontre amparo no direito positivo brasileiro (art. 2º da Consolidação das Leis Trabalhistas, art. 28 do Código de Defesa do Consumidor, art. 4º da Lei n. 9.605/98, art. 50 do CC/02, dentre outros), deve ser aplicada com cautela, diante da previsão de autonomia e existência de patrimônios distintos entre as pessoas físicas e jurídicas.

2. A jurisprudência da Corte, em regra, dispensa ação autônoma para se levantar o véu da pessoa jurídica, mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual encontra-se no art. 187 do CC/02 -, desvio de finalidade ou confusão patrimonial, é que se permite tal providência. Adota-se, assim, a "teoria maior" acerca da desconsideração da personalidade jurídica, a qual exige a configuração objetiva de tais requisitos para sua configuração.

3. No caso dos autos, houve a arrecadação de bens dos diretores de sociedade que sequer é a falida, mas apenas empresa controlada por esta, quando não se cogitava de sócios solidários, e mantida a arrecadação pelo Tribunal a quo por "possibilidade de ocorrência de desvirtuamento da empresa controlada", o que, à toda evidência, não é suficiente para a superação da personalidade jurídica. Não há notícia de qualquer indício de fraude, abuso de direito ou confusão patrimonial, circunstância que afasta a possibilidade de superação da pessoa jurídica para atingir os bens particulares dos sócios.

4. Recurso especial conhecido e provido.”

Pela analise dos julgados em questão verifica-se que, no que tange ao artigo 50 do Código Civil de 2002, aplica-se a teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica, confirmando-se que somente se faz possível a superação do princípio da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas em havendo a confirmação de má utilização da personalidade jurídica, como forma de coibir fraudes e abusos praticados por esta, confirmando-se a teoria maior da disregard doctrine.

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do Código de Defesa do Consumidor, haveria a possibilidade de aplicação da teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica.

Neste sentido, podem ser destacados dois julgados do Superior Tribunal de Justiça, a saber: (i) Recurso Especial nº 737.000, julgado pela Terceira Turma deste Tribunal em 1º de setembro de 2011 ; e, (ii) Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 1.342.443, julgado também pela Terceira Turma deste Tribunal em 15 de maio de 2012 . Verbis:

“RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RESOLUÇÃO DE CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL PROPOSTA CONTRA A CONSTRUTORA E SEUS SÓCIOS. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ART. 28, CAPUT E § 5º, DO CDC. PREJUÍZO A CONSUMIDORES. INATIVIDADE DA EMPRESA POR MÁ ADMINISTRAÇÃO.

1. Ação de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel movida contra a construtora e seus sócios. 2. Reconhecimento pelas instâncias ordinárias de que, em detrimento das consumidoras demandantes, houve inatividade da pessoa jurídica, decorrente da má administração, circunstância apta, de per si, a ensejar a desconsideração, com fundamento no art. 28, caput, do CDC.

3. No contexto das relações de consumo, em atenção ao art. 28, § 5º, do CDC, os credores não negociais da pessoa jurídica podem ter acesso ao patrimônio dos sócios, mediante a aplicação da disregard doctrine, bastando a caracterização da dificuldade de reparação dos prejuízos sofridos em face da insolvência da sociedade empresária.

4. Precedente específico desta Corte acerca do tema (REsp. nº 279.273/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, Rel. p/ Acórdão Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJ de 29.03.04).

5. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.”

“AGRAVO REGIMENTAL AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO DE EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER -SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA - SÚMULA 283/STJ - REQUISITOS PARA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA - ENTENDIMENTO OBTIDO DA ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO - IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME - APLICAÇÃO DA SÚMULA N. 7/STJ - CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - APLICAÇÃO DA TEORIA MENOR - PRECEDENTE - RECURSO IMPROVIDO.”

7. CONCLUSÃO

A doutrina brasileira distingue duas teorias da desconsideração da personalidade jurídica, a teoria maior, segundo a qual a teoria maior, segundo a qual o juiz é autorizado a ignorar a autonomia patrimonial das pessoas jurídicas, como forma de coibir fraudes e abusos praticados por detrás do véu da personalidade jurídica, e a teoria menor, segundo a o juiz poderia afastar a autonomia patrimonial dos sócios em virtude do simples prejuízo do credor.

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Segundo o Superior tribunal de justiça isto se deve em razão de que, nestes casos, o risco empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta, ainda que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores da pessoa jurídica.

Nos casos referentes à aplicação da regra geral, qual seja, da teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica, não basta apenas a possibilidade de não satisfação dos credores de determinada personalidade jurídica, devendo-se comprovar as hipótese prevista no artigo 50 do Código Civil, ou seja, deve-se comprovar, além da prova de insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade, ou a demonstração de confusão patrimonial.

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Referências

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