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14. Independência De Mobilidade Das Crianças Independência De Mobilidade Nas Rotinas Diárias Das Crianças

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14. Independência De Mobilidade Das Crianças

14.1. Independência De Mobilidade Nas Rotinas Diárias Das Crianças

A autonomia é um processo fundamental no crescimento da criança. A quantidade de trajectos que as crianças fazem, sozinhas ou acompanhadas por pares ou por adultos, indica-nos o seu grau de independência e de autonomia. Também o nível de segurança de determinado meio potencia na criança a aquisição desta competência, ou seja, através de espaços que não envolvam a necessidade da criança se fazer acompanhar pelo adulto (i.e., acompanhá-la à escola, nas brincadeiras na rua, etc.). Um dos objectivos deste trabalho é percepcionar qual o grau de autonomia de crianças de dois meios sócio-económicos diferenciados, bem como das diferenças que podemos encontrar entre os dois géneros (masculino e feminino).

Obtivemos, para a análise da independência de mobilidade, os dados através da informação contida nos diários de actividades e nos questionários.

Nos diários de actividades as crianças anotaram todos os locais onde tinham ido e quem as acompanhava. Referiram ainda o modo como se deslocaram aos locais, o que fizeram lá e quanto tempo permaneceram.

Neste ponto do trabalho a informação que analisamos é relativa a quem acompanhou a criança. Este aspecto é muito importante porque nos permite tirar conclusões sobre a sua autonomia.

Nos outros instrumentos utilizados, os questionários das crianças e dos pais, a informação analisada está relacionada com as respostas afirmativas relativas à autonomia em determinadas situações:

- ir e voltar da escola sozinho(a);

- atravessar as ruas principais sozinho(a); - andar de bicicleta na rua;

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- andar de transportes públicos; - sair depois de escurecer; - ir para actividades de lazer.

Quadro 11 – Média de trajectos realizados sozinhos, com adultos ou com pares Meio menos diferenciado Meio mais diferenciado

Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas

Sozinho 6,64 5,75 1,30 1,10

Com adultos 7,07 7,75 9,20 13,20

Com pares 9,60 12,33 2,50 2,40

Após o tratamento dos dados (vd. Anexo 15, p.208) verificámos que os rapazes do meio menos diferenciado são os que afirmam fazer mais trajectos sozinhos, referindo percorrer em média, 7 trajectos (6,64). Verificámos ainda que são as raparigas do meio menos diferenciado que afirmam fazer mais trajectos com os pares, perfazendo uma média de 12 trajectos (12,33). Os trajectos com adultos são mais frequentes nas raparigas do meio mais diferenciado, afirmando estas fazerem uma média de 13 trajectos (13,20).

As crianças do meio menos diferenciado fazem mais trajectos sozinhas ou com pares do que as crianças do meio mais diferenciado, cujos trajectos são realizados, na sua grande maioria, na companhia de adultos. Este aspecto representa um indicador de que as crianças do meio menos diferenciado têm mais autonomia do que as crianças do meio mais diferenciado, no que diz respeito a andarem na rua.

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O teste da ANOVA (vd. Anexo 16, p.212) permitiu-nos confirmar que existem diferenças estatisticamente significativas entre as crianças dos dois meios relativamente ao número de trajectos realizados sozinhos (F=3,428; p=0,027) ou com os pares (F=5,836; p=0,004).

14.2. Independência De Mobilidade Em Situações Comuns Do Dia-A-Dia

Este ponto do trabalho tem como função ajudar-nos a compreender o papel das situações comuns do dia-a-dia na aquisição da autonomia (vd. Anexo 17, p.216).

Quadro 12 – Percentagem da autonomia na realização de situações do dia-a-dia em rapazes e raparigas do meio menos diferenciado e do meio mais diferenciado

Meio menos diferenciado

Meio mais

diferenciado

Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas Ir para a escola sozinho(a) 38,46% 25,0% 0,0% 11,11% Voltar da escola sozinho(a) 53,85% 25,0% 0,0% 22,22% Atravessar ruas principais

sozinho(a)

54,55% 28,57% 27,27% 10,0%

Andar de bicicleta na rua 87,5% 75,0% 66,67% 44,44% Brincar sozinho(a) fora de casa 90,0% 85,71% 45,45% 20,0% Andar de transportes públicos 16,67% 12,5% 0,0% 22,22% Sair depois de escurecer 18,18% 0,0% 9,09% 0,0% Ir para actividades de lazer

sozinho(a)

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Este quadro pretende dar a conhecer o nível de autonomia das crianças da amostra, no que diz respeito às situações do dia-a-dia.

Brincar sozinho(a) na rua é a actividade na qual as crianças do meio menos diferenciado revelam maior grau de autonomia.

Andar de bicicleta é a actividade na qual as crianças do meio mais diferenciado revelam maior grau de autonomia. Apesar dos resultados que encontramos neste ponto, é fundamental salientar que esta informação é referente apenas às crianças que afirmam possuir bicicleta (vd. Anexo 17, p.216). Todas as crianças do meio mais diferenciado possuem bicicleta, o que não acontece com as crianças do meio menos diferenciado. Neste meio 53,85% dos rapazes e 62,5% das raparigas possuem bicicleta.

Assim, dos 100% de rapazes do meio mais diferenciado, 66,67% andam de bicicleta na rua, e das 100% de raparigas do meio mais diferenciado, 44,44% andam de bicicleta na rua. Apesar da percentagem de crianças que andam de bicicleta na rua ser maior para o meio menos diferenciado, os valores do quadro dizem respeito apenas à percentagem de crianças deste meio que possui bicicleta.

De uma forma geral, o quadro permite-nos observar que nas situações em que a criança se encontra sozinha, as raparigas e rapazes do meio menos diferenciado, são mais autónomas.

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Apesar dos resultados serem mais elevados nas crianças dos dois géneros do meio menos diferenciado, nos dois meios os rapazes obtiveram resultados superiores, relativamente aos das raparigas do seu meio, na maior parte das actividades analisadas. Hillman et al. (1992, in Arez, 2000) encontraram algumas diferenças bem evidentes relativamente os dois géneros, “nomeadamente quanto à independência de mobilidade, às atitudes dos pais e aos tipos de viagens que os filhos podem realizar. As raparigas são menos autorizadas que os rapazes a atravessar ruas, ir a actividades de lazer sozinhas, vir da escola, andar de bicicleta nas ruas, andar de autocarro e sair depois de escurecer, contudo, parecem não se importar tanto com as restrições como os rapazes”.

14.3. Independência De Mobilidade No Trajecto Casa-Escola

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Quadro 13 – Trajecto casa-escola: distância de casa à escola, quem acompanha a criança e qual o meio de transporte mais utilizado

Meio menos diferenciado Meio mais diferenciado Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas

Até 500 metros 23,08% 50,0% 0,0% 0,0% 500 m – 1 Km 61,54% 50,0% 16,67% 25,0% 1 – 2 Km 15,38% 0,0% 8,33% 0,0% Distância casa-es cola + 2 Km 0,0% 0,0% 75,0% 75,0% Pais 37,5% 16,67% 72,73% 85,71% Outros adultos 12,5% 0,0% 0,0% 0,0%

Colegas mais velhos 0,0% 16,67% 9,09% 0,0% Colegas da mesma idade/mais novos 25,0% 16,67% 9,09% 0,0%

Quem acomp anha a criança à es cola Irmãos 25,0% 50,0% 9,09% 14,29% Pé 92,31% 100,0% 0,0% 11,11% Carro 7,69% 0,0% 83,33% 88,89%

Meio de transporte utilizado Carrinha da escola 0,0% 0,0% 16,67% 0,0%

Como podemos observar através do quadro 13, as crianças que moram mais perto da escola são as crianças do meio menos diferenciado.

Os rapazes dos dois meios e as raparigas do meio mais diferenciado são acompanhados à escola pelos pais, principalmente as crianças do meio mais diferenciado. As raparigas do meio menos diferenciado são acompanhadas à escola, principalmente, pelos irmãos. O modo como as crianças do meio menos diferenciado se desloca à escola, é, na quase totalidade, a pé. As crianças do meio mais diferenciado, são em grande parte, levadas à escola, de carro.

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transporte existentes, o mais utilizado é o automóvel. Quem as leva de automóvel são os pais.

Um pequeno número de rapazes do meio menos diferenciado é levado à escola de carro pelos pais mas a maioria dos pais que os acompanha vai com eles a pé. Nenhuma das raparigas do meio menos diferenciado vai de carro ou de carrinha para a escola, todas vão a pé.

Mais uma vez, confirma-se a maior independência de mobilidade das crianças do meio menos diferenciado relativamente ao trajecto casa/escola. As crianças do meio mais diferenciado, à semelhança das crianças no estudo de Arez (2000), realizam a maioria dos trajectos diários acompanhadas por adultos e o carro aparece como o meio de transporte mais utilizado para levar as crianças à escola e a actividades extra-curriculares.

Nos seus estudos Hillman et al. (in Arez, 2000), verificaram que aproximadamente três quartos das crianças mais novas eram acompanhadas à escola pelos pais, em oposição com apenas um terço do grupo de crianças mais velhas (onze anos). No nosso estudo, constatamos pela análise percentual que há de facto uma grande diferença entre as crianças do meio diferenciado que vão para a escola acompanhados pelos pais, comparativamente às crianças do meio menos diferenciado.

14.4. Conquista Da Autonomia Na Realização De Situações Diversas

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Quadro 14 – Independência de mobilidade em situações do dia-a-dia: idade em que as crianças começaram a realizar com autonomia várias situações

Meio menos diferenciado

Meio mais diferenciado

Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas

Menos de 5 anos 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 5 -7 anos 66,66% 100% 0,0% 33,33% 8 – 9 anos 0,0% 0,0% 33,33% 33,33% Atravess ar as ruas principais sozinha + 9 anos 33,33% 0,0% 66,66% 33,33% Menos de 5 anos 66,67% 0,0% 0,0% 0,0% 5 -7 anos 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 8 – 9 anos 33,33% 100% 0,0% 0,0%

Andar sozinha transportes

públicos + 9 anos 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Menos de 5 anos 10,0% 16,67% 0,0% 0,0% 5 -7 anos 90,0% 83,33% 20,0% 0,0% 8 – 9 anos 0,0% 0,0% 40,0% 100% Brincar sozin h a fora de casa + 9 anos 0,0% 0,0% 40,0% 0,0% Menos de 5 anos 0,0% 0,0% 20,0% 22,22% 5 -7 anos 85,72% 100% 40,0% 55,55% 8 – 9 anos 14,29% 0,0% 40,0% 22,22% Andar de bicicleta na r u a + 9 anos 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

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das crianças deste meio, são autorizadas a fazê-lo aos 5-7 anos. É com a mesma idade que maioria destas crianças é autorizada a andar de bicicleta na rua.

Esta é a única situação em que encontramos alguns pais das crianças do meio mais diferenciado a permitir que a criança ande de bicicleta na rua com menos de cinco anos. Contudo, estas são crianças que quando estão na rua a andar de bicicleta, têm a supervisão do adulto no caso de esse espaço, não ser o quintal ou o jardim. Até mesmo nestas situações, as crianças do meio mais diferenciado costumam ter a presença de um adulto quando realizam brincadeiras (vd. anexo 19, p.225).

As diferenças encontradas vão no mesmo sentido do que encontrámos na revisão de literatura sobre as diferenças de classes sociais. No estudo de Psathas (1957, in Fleming, 1997) as classes sociais mais baixas dão mais autonomia aos filhos nas “actividades fora de casa” e “actividades relacionadas com a idade”. A vida nas famílias de classe baixa, é organizada de forma menos rígida, pelo que menos exigências são feitas à criança, o que o levou a concluir que os padrões menos rígidos nas classes baixas levam a maior independência devido a um treino positivo para a independência, mas a um maior abrandamento do controlo parental, verificando-se maior permissividade quer nas actividades exteriores quer nas que se relacionam com a idade.

Hillman et al. (in Arez, 2000) constatou nos seus estudos que a idade é o factor mais determinante para o número de restrições impostas às crianças no que se refere à independência de mobilidade. Na análise do nosso quadro, verificamos a mesma tendência.

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Quadro 15 – Maior distância que a criança percorreu sozinha em metros

N Média

Meio menos diferenciado - rapazes 13 615,38 Meio menos diferenciado - raparigas 6 416,67 Meio mais diferenciado - rapazes 9 1863,33 Meio mais diferenciado - raparigas 7 2657,14

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Quadro 16 - Maior distância que a criança percorreu com os pares em metros

N Média

Meio menos diferenciado - rapazes 13 876,92 Meio menos diferenciado - raparigas

6 516,67

Meio mais diferenciado - rapazes

7 5214,29

Meio mais diferenciado - raparigas 4 5375,00

Quisemos também averiguar qual a maior distância percorrida na companhia dos seus pares, e constatamos que as distâncias são superiores às que afirmaram fazer sozinhas (vd. anexo 22, p.242). Para além deste aspecto, verificamos também que a tendência é a mesma do quadro anterior, ou seja, quem afirma fazer os trajectos menores continuam a ser as raparigas do meio menos diferenciado, com uma média de 517 metros (516,67). Os rapazes do mesmo meio afirmaram fazer uma média de 877 metros de distância (876,92). A segunda maior distância foi a dos rapazes do meio mais diferenciado, que afirmaram fazer em média 5214 metros (5214,29). A maior distância percorrida na companhia dos pares foi realizada pelas raparigas do meio mais diferenciado, com uma média de 5375 metros (5375,00).

14.5. Principais Factores Condicionantes Da Independência De Mobilidade Das Crianças

Este ponto do trabalho foi dedicado à descrição e discussão dos dados relacionados com os aspectos apontados pelos pais como as principais causas para os filhos não se

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Quadro 17 – Razões apontadas pelos pais como as principais causas para os filhos não se deslocarem sozinhos no percurso de ida e regresso da escola

Meio menos diferenciado Meio mais diferenciado

Razões pela ordem decrescente de

importância Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas

Perigo do tráfego 4ª 3ª 2ª 2ª

Criança muito pequena/pouco responsável 2ª 4ª 3ª

Medo de assaltos ou de molestações por adultos 2ª 3ª 4ª

A escola é muito longe 5ª 5ª 1ª 1ª

Receio de “brigas” com outras crianças 2ª 4ª 5ª 5ª

Ambiente poluído 6ª 6ª 6ª 6ª

Quando analisamos o quadro, podemos verificar que para as crianças do meio menos diferenciado, as principais razões para os rapazes não se deslocarem sozinhos no percurso de ida e regresso da escola, são o facto da criança ser pequena/pouco

responsável, seguida do medo de assaltos ou molestações por parte de adultos e receio de “brigas” com outras crianças. Já para as raparigas, o principal motivo indicado pelos pais, é o medo de assaltos ou molestações por adultos, seguido da criança ser muito pequena/pouco responsável (vd. anexo 20, p.228).

Quando analisamos as respostas dos pais das crianças do meio mais diferenciado, as respostas são diferentes: o principal motivo relaciona-se com o facto de a escola ser muito longe, aparecendo como segundo motivo o perigo de tráfego.

Estas respostas, não nos surpreendem por já termos constatado anteriormente que as crianças deste último meio, moram longe da escola necessitando usar meios de transporte para se deslocarem para a mesma.

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Quadro 18 – Razões apontadas pelos pais como as principais causas para os filhos não brincarem sozinhos fora de casa

Meio menos diferenciado Meio mais diferenciado

Razões pela ordem decrescente de

importância Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas

Perigo do tráfego 3ª 3ª 1ª e 3ª 1ª e 2ª

Criança muito pequena/pouco responsável 2ª 4ª 2ª 3ª

Medo de assaltos ou de molestações por adultos 4ª 1ª, 3ª e 4ª 1ª, 2ª e 3ª

Receio de “brigas” com outras crianças 2ª 4ª 4ª

Ambiente poluído 5ª 5ª 5ª 5ª

Relativamente às razões apontadas pelos pais como as principais causas para os filhos não brincarem sozinhos fora de casa (vd. anexo 20, p.228), novamente encontramos motivos identificados com diferentes ordens de importância entre os dois meios e novamente entre rapazes e raparigas do meio menos diferenciado. Quanto a este meio, o receio de “brigas” com outras crianças, é o principal motivo apontado para os rapazes, seguido da criança ser muito pequena/pouco responsável. Para as raparigas, os motivos apresentados pelos pais são o medo de assaltos ou molestações por adultos (tal como na situação anterior – ida e regresso da escola) seguido de receio de “brigas”com outras crianças.

Relativamente às crianças do meio mais diferenciado, os principais motivos são o perigo de tráfego e o medo de molestações por adultos (é o mesmo motivo apresentado como mais importante pelos pais das raparigas do meio menos diferenciado). O segundo motivo para os rapazes é o facto de a criança ser muito pequena/pouco responsável enquanto que para as raparigas é o perigo de tráfego e o medo de assaltos ou de molestações por adultos.

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condomínios fechados). Já as crianças do meio menos diferenciado, residem em casas abarracadas na sua grande maioria e pelas próprias condições habitacionais passam mais tempo na rua. Logo há menos supervisão e também menos preocupação com o perigo do tráfego, comparativamente às crianças do meio mais diferenciado.

Quadro 19 – Razões apontadas pelos pais como as principais causas para os filhos não saírem de casa depois de escurecer

Meio menos diferenciado Meio mais diferenciado

Razões pela ordem decrescente de

importância Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas

Perigo do tráfego 2ª 4ª 2ª 2ª e 3ª

Criança muito pequena/pouco responsável 1ª e 3ª 2ª 3ª 1ª e 3ª

Medo de assaltos ou de molestações por adultos 2ª 1ª 1ª 2ª

Receio de “brigas” com outras crianças 4ª 4ª 4ª 4ª

Ambiente poluído 5ª 5ª 5ª 5ª

Quanto às razões apontadas pelos pais para os filhos não saírem à noite depois de escurecer (vd. anexo 20, p.228), os pais das raparigas do meio menos diferenciado e dos pais do meio mais diferenciado apresentam como principal razão o medo de assaltos ou de molestações por parte dos adultos. A segunda razão para as raparigas, é a crianças ser muito pequena/pouco responsável e para os rapazes é o perigo de tráfego.

Nos rapazes do meio menos diferenciado e nas raparigas do meio mais diferenciado, vamos igualmente encontrar o mesmo motivo como o principal: a criança ser muito pequena/pouco responsável seguido do perigo de tráfego e medo assaltos ou de molestações por adultos.

De uma forma geral, para os pais dos dois grupos de crianças, podemos considerar que os motivos menos importantes são o receio de “brigas” com outras crianças e o

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Quadro 20 – Razões apontadas pelos pais como as principais causas para os filhos não irem sozinhos para actividades de lazer

Meio menos diferenciado Meio mais diferenciado

Razões pela ordem decrescente de

importância Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas

Perigo do tráfego 1ª, 3ª e 4ª 1ª, 2ª e 3ª Criança muito pequena/pouco responsável 1ª, 4ª e 5ª 3ª 2ª 3ª

Medo de assaltos ou de molestações por adultos 2ª 1ª e 4ª 3ª 1ª e 2ª

Receio de “brigas” com outras crianças 1ª, 2ª e 3ª 2ª e 3ª 4ª 4ª

Ambiente poluído 5ª 5ª 5ª 5ª

Quanto aos motivos para os filhos não irem sozinhos para as actividades de lazer, relativamente aos rapazes do meio menos diferenciado, encontramos uma grande dispersão entre as razões dos pais sendo difícil fazer análises conclusivas. Contudo, as razões mais importantes foram o perigo de tráfego, a criança ser muito pequena/pouco responsável e o receio de “brigas” com outras crianças.

Nas raparigas dos dois meios, os pais dão mais importância à mesma razão: o medo de assaltos ou de molestações por adultos. Quanto aos rapazes do meio mais diferenciado, é o perigo de tráfego a principal razão (esta em comum com as raparigas do mesmo meio), seguida da criança ser muito pequena/pouco responsável.

Pela análise dos principais factores condicionantes da independência de mobilidade nas crianças dos dois meios, verificamos que em todas as situações, o ambiente poluído é apresentado como a razão de menor importância.

Nos rapazes do meio menos diferenciado, um dos motivos apresentados com elevada importância para quase todas as situações, é o facto de a criança ser muito

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Quando analisamos as respostas dos pais das crianças do meio mais diferenciado, verificamos que o perigo de tráfego é o motivo ao qual se atribui maior importância, seguida do medo de assaltos ou de molestações por adultos. Para as raparigas,

verificamos ainda uma grande importância atribuída à criança ser muito pequena/pouco responsável.

Verificamos que estes resultados principalmente para as crianças do meio mais diferenciado vão na sequência dos estudos realizados sobre a independência de mobilidade. Os principais factores limitadores da independência de mobilidade nas crianças referidos pelos pais são o perigo do tráfego, seguido do receio de assaltos e molestações por parte dos adultos (Arez, 2000; Heurlin-Norinder, 1996; Van der Spek et al, 1995; Hüttenmoser, 1995).

Relativamente às diferenças entre os dois géneros, os autores encontraram algumas bem evidentes, “nomeadamente quanto à independência de mobilidade, às atitudes dos pais e aos tipos de viagens que os filhos podem realizar. As raparigas são menos autorizadas que os rapazes a atravessar ruas, ir a actividades de lazer sozinhas, vir da escola, andar de bicicleta nas ruas, andar de autocarro e sair depois de escurecer, contudo, parecem não se importar tanto com as restrições como os rapazes” (Arez, 2000, p. 37).

Referências

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