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Ética e Moral

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Academic year: 2022

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(1)

Ética e Moral

Distinções?

(2)

Os gregos tinham duas palavras muito parecidas:

Êtos = “costume”

Étos = índole, caráter

(3)

Era possível que as duas convivessem no mesmo

caso:

Um homem ia à guerra.

Isso o apresentava como alguém que seguia os costumes,

(4)

Étos gerou a palavra ética.

Mores, do latim, originou moral.

Deveria indicar o privado,

enquanto a ética indicaria o

(5)

Não sem motivos, a Profa

. Marilena Chauí diz que "ética e moral referem-se ao

conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais,

são considerados valores e

obrigações para a conduta de seus membros".

(6)

Como se vê é correta a denúncia de que, sobre a distinção entre ética e

moral, a "linguagem natural prima pela equivocidade".

Como se vê é correta a denúncia de que, sobre a distinção entre ética e

moral, a "linguagem natural prima

(7)

Mesmo reconhecendo as

dificuldades para separar de modo consensual e técnico o que

é ético do que é moral, num terreno em que não há acordo fácil entre os

filósofos,sigo a

distinção de Aurélio Buarque:

(8)

ÉTICA

refere-se ao "estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta

humana

suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja

relativamente a

determinada sociedade, seja de modo

(9)

MORAL

refere-se ao "conjunto de regras de conduta consideradas como

válidas, quer

de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou

(10)

A distinção do dicionarista está de acordo com uma certa tradição

filosófica: a de

considerar moral como as normas de convivência social...

(11)

...e ética como o estudo e a reflexão teórica, sobre a moral, o

comportamento

moral dos homens e as valorações morais de

diferentes culturas e sociedade, segundo uma metodologia

(12)

Definem ética como "ciência do comportamento moral dos homens

em sociedade"

e consideram

a moral como objeto da ética, os autores:

(13)

VÁZQUES, Adolfo S. Ética.

NALINI, José R. Ética Geral e Profissional.

(14)

Geralmente, os homens modernos não

gostam de dizer que suas ações são morais, pois isto equivaleria a

dizer que elas são corretas

apenas porque são conformes ao costume e à tradição.

(15)

Preferem dizer que agem segundo uma ética para denotar um

suposto caráter independente, reflexivo e "filosófico" de sua

posição

existencial e política.

(16)

Questão mais comum:

“A ética na política”.

(17)

Se avaliarmos bem quais seriam os "princípios éticos" que, em

última

análise, se espera dos políticos, encontraríamos antigos VALORES

da cultura ocidental:

(18)

Se avaliarmos bem quais seriam os "princípios éticos" que, em

última

análise, se espera dos políticos, encontraríamos antigos VALORES

da cultura ocidental:

(19)

Não matarás; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não

cobiçarás

as coisas alheias (cf. Êxodo, cap.

20; Deuteronômio, cap. 5).

(20)

Por outro lado, há níveis de complexidade dos problemas

humanos reais e concretos que já não são tão facilmente

resolvidos com base nos COSTUMES tradicionais.

(21)

Veja-se que ninguém precisa fazer apelo à reflexão ética para dizer

que "é imoral um

vizinho roubar o cachorro do outro e dá-lo de presente a um

compadre".

(22)

Em geral, poder-se-ia

dizer que a lei moral "não roubarás", surgiu neste contexto mesmo.

Problemas humanos

antigos (como o roubo de galinhas) continuam sendo suficientemente

bem resolvidos pela

moral (tradicional), pois o COSTUME de valorar de tal forma incide

perfeitamente sobre uma

(23)

Veja-se, por outro lado, o seguinte

EXEMPLO:

(24)

O Deputado recebe um telefonema

para que colabore com os

"interesses maiores da nação" e vote, com o governo, favorável à

possibilidade de reeleição

presidencial e de outros cargos

(25)

O negociador que

telefonou promete um auxílio eleitoral. O Deputado recusa o

auxílio e pergunta da

possibilidade de se facilitar a aprovação do pedido de verbas para a rede de hospitais da sua

(26)

O Deputado sabe que o governo já ganhou a eleição e que está

apenas pedindo

o voto dele por uma margem de segurança.

(27)

O Deputado é contra a reeleição.

Ele pensa que o

governo deve liberar esta verba porque assim está previsto na Constituição e no Orçamento da

União.

(28)

Mas sabe também que o governo pode demorar muito para cumprir

seu dever,

protegido pela burocracia.

(29)

Conseguindo liberar a verba com mais rapidez irá salvar vidas e

melhorar o atendimento de saúde em seu Estado e ele ganhará

apoio eleitoral do povo, nas próximas eleições.

(30)

A questão é que o Deputado,

estrito senso, não está roubando.

Mas, está agindo corretamente?

(31)

Para responder a esta questão de conformidade com a moral,

teríamos de

recorrer ao que manda o costume, a tradição. Mas NÃO HÁ

COSTUME nem tradição em

(32)

Trata-se de um problema MODERNO, típico das

DEMOCRACIAS

MODERNAS, não há uma tradição que diga qual é o modo moral ou

imoral de agir, nesta

situação e em muitas outras.

(33)

Para resolver problemas como este é preciso reflexão e decisão

novas. Talvez, por

isso, no uso comum da língua, se fale em "questão ética".

(34)

Mesmo que se procurasse uma solução para um problema

moderno, com base nos valores tradicionais da nossa cultura,

(35)

o que

é certamente possível, isto só se faria com base em uma reflexão

que atualizasse o valor

tradicional frente à problemática nova, onde ainda não se

consagrou nenhum costume que

(36)

Ou seja, passa-se a estabelecer um novo

costume em um campo ainda não consagrado por um costume

moralmente definido.

(37)

São problemas como estes que são enfrentados em códigos de

ética profissional.

(38)

Eles

operam a relação entre valor

tradicional e implantação de novo costume da maneira acima

indicada: atualizam o valor tradicional para enfrentar o

problema novo.

(39)

Parece que isto

explica também porque os códigos profissionais são chamados

códigos de ética profissional e

não códigos de moral profissional.

(40)

Eles são resultado de processos de REFLEXÃO e

DEBATE político, que não foram esgotados e nem podem ser, pelo

próprio dinamismo de

uma atividade profissional viva.

(41)

Eles são resultado de processos de REFLEXÃO e

DEBATE político, que não foram esgotados e nem podem ser, pelo

próprio dinamismo de

uma atividade profissional viva.

(42)

Um código de uma profissão determinada resolve, decide e

determina um comportamento profissional como ético e outro

como anti-ético, depois de

ouvir o DEBATE TEÓRICO sobre os temas pertinentes,

(43)

com base numa decisão política, que procura refletir, mais ou

menos, a posição dos profissionais da área, de acordo com a cultura

do país e os valores morais mais sedimentados do povo.

(44)

O código de ética profissional não é mais simplesmente o

cumprimento de um

costume e de uma tradição.

(45)

Ele incide também sobre temas em relação aos quais não há

tradição nem costume. Ele

responde a desafios modernos.

(46)

Mas, uma vez instituído, o código profissional instaura um

comportamento que se tornará

costumeiro, ou seja, transforma-se em moral.

(47)

No uso da palavra ética, na

"reivindicação por mais ética na política" ou no "código de

ética profissional", embora

remetam para uma "reflexão", não atingem o nível de uma

(48)

não se propõem e não podem se propor como produção filosófica.

Neste

sentido, estes usos da palavra

ética minimizam ou mitigam o nível de reflexão que o próprio

Dicionário Aurélio aponta.

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