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Afinal, o que é artrite reumatoide?

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Academic year: 2022

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Afinal, o que é artrite reumatoide?

Em bate-papo ao vivo transmitido pelo YouTube no dia 04/10 (segunda-feira), a jornalista Priscila Torres, se reuniu com a reumatologista e coordenadora do Ambulatório de Artrite Reumatoide, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCM-FMUSP), Ana Cristina de Medeiros Ribeiro, para discutir sobre a condição que afeta mais de dois milhões de brasileiros.

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O encontro online aconteceu durante o mês de conscientização sobre a artrite reumatoide e abordou as causas e sintomas da doença, como acontece o diagnóstico e a jornada de tratamento. O debate foi gravado e pode ser conferido neste link (https://www.youtube.com/watch?v=ycrj5On5qXc). Confira os principais pontos abordados.

Como acontece a artrite reumatoide

A artrite reumatoide é uma doença inflamatória autoimune crônica, onde o próprio organismo reconhece partículas do tecido conectivo que junta as partes do corpo como não-próprias e, em resposta, produz uma inflamação nessas regiões. “É o próprio corpo que forma essa resposta contra si mesmo. Perde-se a capacidade de enxergar as nossas próprias proteínas produzidas nesse DNA e com isso há uma inflamação que se monta dentro da junta”, explica Ana Cristina.

A queda de tolerância à proteínas causa a formação de novos vasos sanguíneos que atraem diversos tipos de célula que se acumulam e originam a inflamação, chamada sinovite, que se expande e invade estruturas adjacentes, chamado pannus, que pode estar muito ativo ou como sequela que leva a destruição da articulação.

A artrite reumatoide atinge cerca de 1% da população mundial, da qual a grande maioria são mulheres a partir dos 35 anos. Fatores como nível socioeconômico mais baixo e antecedentes de outras doenças autoimunes, como retinite e tireoidite, também contribuem para o seu surgimento e avanço.

Sintomas e causas da artrite reumatoide

A artrite reumatóide se manifesta principalmente nas mãos, pés e tornozelos, e inicialmente se apresenta em forma de febre, fadiga, mal-estar, dores, aumento de calor nas áreas afetadas e sensação de inflamação. O paciente geralmente apresenta dificuldade para fechar a mão em punho, principalmente durante o período da manhã ou após longo período de repouso. Isso ocorre devido ao acúmulo de líquido, que causa enrijecimento e dor, e se apresenta em forma de inchaço e tendões saltados. Ela pode se manifestar em articulações periféricas e também de forma extra articular.

Os tendões inflamados podem romper e levar a atrofia e disfuncionalidade dos membros, com surgimento de úlceras, feridas e infecções, além do enfraquecimento da musculatura. Em casos mais avançados, podem surgir deformidades fixas causadas pelo afrouxamento das articulações, que levam à perda funcional, ou ainda danos nas cartilagens que, consequentemente, podem causar a destruição do osso.

Até mesmo os olhos podem ser prejudicados, sofrendo alterações como conjuntivite, esclerite e uveíte, além de inflamação das glândulas lacrimais. Em quadros mais graves, podem surgir nódulos e pleurites na região do pulmão e ao redor do coração.

Não existe uma causa única para a artrite reumatoide, mas sim um conjunto de fatores genéticos, ambientais e individuais que podem interferir no seu surgimento e desenvolvimento. O microbioma, principalmente a periodontite, também podem contribuir, assim como a predisposição genética. O tabagismo também surge como fator importante que contribui para a doença.

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A boa notícia é que com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível evitar as complicações e o agravamento da doença. Além disso, os pacientes podem alcançar a remissão, que é quando não há sintomas ativos da doença. Com as atuais terapias disponíveis, quem convive com a artrite reumatoide pode ter muita qualidade de vida e bem-estar.

Como é feito o diagnóstico

Existem uma série de exames que auxiliam no diagnóstico da artrite reumatóide, desde aqueles que atestam processos inflamatórios no corpo como VHS e PCR. O Anti-PCC (anti-peptídeo cíclico citrulinado) também é usado como forma de diagnóstico. O raio-x, o ultrassom e a ressonância magnética também são procedimentos utilizados, que buscam alterações ósseas ou se há uma possível inflamação do pannus inflamado.

“A tendência mundial é de que o diagnóstico seja feito cada vez mais precocemente, o que elimina mais a chance de progressão” afirma a reumatologista. Graças aos avanços no tratamento, esse diagnóstico pode ser feito em até três semanas após os primeiros sinais da doença.

Diferença entre artrite reumatoide soropositiva e soronegativa

Mesmo que sirva para identificar a presença de fator reumatoide ou anticorpos anti-CCP no sangue, o emprego dos termos artrite reumatoide soropositiva e soronegativa também foi debatido durante o bate- papo, já que muitos pacientes os associam erroneamente com HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis. “É um termo que assusta muito os pacientes e que cria ansiedade, principalmente no momento inicial de investigação diagnóstica”, salienta Priscila Torres.

No caso da forma soropositiva da artrite reumatoide, há uma chance de evoluir de forma mais grave, enquanto a soronegativa não apresenta esses fatores, mesmo que também esteja sujeita a uma evolução mais agressiva. São classificações que servem para auxiliar num tratamento mais eficaz. “É um alerta para reforçar o diagnóstico”, ressalta a médica.

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Como funciona o tratamento da AR?

O avanço no tratamento de artrite reumatoide também foi debatido durante o encontro, com a Dra. Ana Cristina mencionando como o advento da tecnologia contribuiu para um tratamento mais eficaz. Até os anos 1990 havia certa precariedade quanto às drogas utilizadas, com muitas delas sendo tóxicas e sem garantia de melhora ou remissão. Hoje, mais de 15 medicamentos são aceitos pelo SUS. Além disso, houve o advento do chamado Treat to Target, tratamento baseado em atingir um alvo, assim como terapias combinadas, com os biológicos e os inibidores de JAK.

O recente advento dos biológicos, produzidos por bactérias ou anticorpos ligados a um tipo de receptor, é também considerado revolucionário. Estes exigem um preparo e manejo mais cuidadoso. Já os inibidores de JAK são moléculas que agem dentro da célula para impedir a realização de processos inflamatórios.

Contudo, devido a sua descoberta ser ainda recente, seu uso a longo-prazo ainda é incerto.

Como existem mais de 100 tipos de artrites, é importante a comunicação clara para um diagnóstico e adoção de uma conduta mais personalizada, assertiva e um tratamento mais adequado. Uma vez atingido o controle da artrite reumatoide, muitas complicações podem ser prevenidas e contribuir para a remissão total. “O controle é fundamental. Controlar a inflamação do corpo que leva a todas alterações, tirar ou baixar a dose de corticoide, tudo isso ajuda a prevenir complicações”, ressalta Ana Cristina.

A importância da comunicação médico-paciente

Outro assunto que entrou em pauta foi a maleabilidade do tratamento. Medicamentos só podem ser trocados após 3 a 6 meses do início do uso, caso o paciente não apresente melhoras no seu quadro clínico. Segundo a reumatologista, o médico retira medicamentos para evitar a chamada polifarmácia, que é o acúmulo de efeitos colaterais causados por estes. “Com seis semanas, você já percebe se piorou ou não (a doença). Então, se piorou com a retirada, é preciso voltar e falar que piorou para o médico avaliar”, ressalta .

Portanto, é fundamental o método do desmame e retirada de medicamentos para uma resposta mais precisa sobre a reação do paciente. “É muito importante que o paciente tenha essa percepção”, lembra Priscila.

Exercícios físicos e educação alimentar

O tratamento da artrite reumatoide, como de muitas outras condições crônicas, deve ser multidisciplinar.

Por isso, durante o bate-papo, a especialista falaram sobre a importância da atividade física e da alimentação equilibrada durante o tratamento da artrite reumatoide. “O exercício físico é o melhor remédio. Ele correlaciona com menores índices de dor e inflamação”, afirma. Não há contraindicação e a reumatologista ainda acrescenta que a prática ajuda a fortalecer a musculatura, essencial para o bom desenvolvimento do tratamento e remissão da artrite reumatoide. É importante destacar que a atividade física deve ser acompanhada por um profissional, como o educador físico ou um fisioterapeuta para evitar lesões.

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Além do paciente que não possui quadro de sobrepeso e obesidade corresponder melhor a alguns remédios, já que a gordura corpórea é uma fonte de inflamação, fatores como tabagismo e má-higiene dentária também entram na balança para a performance do tratamento. O assunto seguiu para o uso de corticoide, que como efeito colateral costuma causar aumento do apetite e modificar o metabolismo, o que atrapalha e muitas vezes impede o processo de pacientes que precisam eliminar peso. Embora inevitável no início do tratamento, Ana Cristina lembra que o medicamento ajuda no combate à inflamação e impede que o quadro clínico do paciente se agrave, porém alerta: “O corticoide deve ser usado pelo mínimo de tempo possível”. Portanto, a conscientização para driblar seus efeitos colaterais é imprescindível para que seja atingido o controle e a remissão da artrite reumatoide.

?O Webinário sobre Artrite Reumatoide é composto por um ciclo de transmissões ao vivo, que foram realizadas entre os dias 4 e 30 de outubro de 2021, sendo uma iniciativa da Rede Paulista de Associações de Apoio aos Pacientes Reumáticos, composta pelo Grupar, Grupo EncontrAR, Abrapes, Superando o Lúpus e Grupasp.

? Apoiadores Institucionais: Sociedade Brasileira de Reumatologia, Sociedade Paulista de Reumatologia Acredite “ONG Amiga das Crianças com Reumatismo, ”Escritório Arraes & Centeno, Vale Infusões e dos Espondilite Anquilosante Brasil, Farmale e A Menina e o Lúpus.

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Janssen – Abbvie – Roche – UCB.

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