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Estrutura das assembleias de peixes de um riacho urbano e um rural no município de Londrina (PR)

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VICTOR HUGO DE ALMEIDA FIGUEIREDO

ESTRUTURA DAS ASSEMBLEIAS DE PEIXES DE UM RIACHO URBANO E UM RURAL NO MUNICÍPIO DE LONDRINA (PR).

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

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VICTOR HUGO DE ALMEIDA FIGUEIREDO

ESTRUTURA DAS ASSEMBLEIAS DE PEIXES DE UM RIACHO URBANO E UM RURAL NO MUNICÍPIO DE LONDRINA (PR).

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental do Departamento de Engenharia Ambiental, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Londrina.

Orientador: Prof. Dr. Edson Fontes de Oliveira

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TERMO DE APROVAÇÃO Título da Monografia

Estrutura das assembleias de peixes de um riacho urbano e um rural no município de Londrina (PR).

por

Victor Hugo de Almeida Figueiredo

Monografia apresentada no dia 16 de Dezembro de 2019 ao Curso Superior de Engenharia Ambiental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Londrina. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora

considerou o trabalho (aprovado,

aprovado com restrições ou reprovado).

Profa. Ma. Ana Paula Cosso Silva Araújo (UTFPR)

Prof. Dr. Mauricio Moreira dos Santos (UTFPR)

Prof. Dr. Edson Fontes de Oliveira (UTFPR)

Orientador

Profa. Dra. Edilaine Regina Pereira Responsável pelo TCC do Curso de Eng. Ambiental

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Dedico esse trabalho para toda minha família, que para mim é a estrutura de tudo. Então esse é para vocês, que sempre me incentivaram e investiram quando necessário.

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AGRADECIMENTOS

Começarei pelas pessoas que mais me influenciaram em tudo, meus pais, Maria José e Sinfronio, além de todo o apoio financeiro (essencial), nunca deixou de demonstrar carinho e muito amor, cada um com sua forma.

Agradeço meu irmão, Jean, que sempre soube ser o irmão mais velho e dar conselhos, proteção, atenção, broncas, houve brigas entre nós, mas deixa baixo.

Agradeço aos integrantes do LETA, que contribuíram diretamente ou indiretamente neste trabalho, por cada momento que passamos juntos, por cada risada, em especial, Nath, Brunão, Fuzeto (vulgo Rei dos Peixes) e Isa, que foram mais que parceiros de trabalho.

Agradeço ao meu orientador Edson Fontes, que além de orientador, foi um grande amigo e por ter me ensinado mais que o conteúdo acadêmico, também por valores pessoais e profissionais durante essa jornada, que contribuíram na minha formação como profissional e como pessoa.

Agora é a vez de Vitor Marques, Joyce Pifano e Bianca Meneghel, que tiveram o prazer (ou não) de morar comigo, além disso, enfrentaram muitas coisas comigo e também me ajudaram com algumas (várias) matérias na graduação. Obrigado pelas histórias que montamos durante o curso, seus lindos.

Agradeço aos “X-panzés” que moram ou frequentam o Ap. 13, onde já fomos em inúmeras festas de rep, formaturas, cervejadas, ceias, churrascos, entre outras comemorações, mas também passamos por momentos de reflexões (#forçaDog). Valeu por tudo, seus ANIMAL.

Agradeço a todos os companheiros de graduação e todos que passaram na minha vida durante essa caminhada, mas que de alguma forma deixaram um pedacinho de cada um de vocês comigo. E por último e não menos importante, à Universidade Tecnológica Federal do Paraná, pela oportunidade e estrutura, e a todos os professores que contribuíram para a minha formação e por terem me proporcionado momentos únicos.

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RESUMO

FIGUEIREDO, V. H. A. Estrutura das assembleias de peixes de um riacho urbano e um rural no município de Londrina (PR). 2019. 46 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Ambiental) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Londrina, 2019.

A urbanização é responsável por severos impactos nos corpos hídricos, sendo que nascentes, córregos e riachos tendem a sofrer mais em razão de suas menores dimensões. Alterações no ambiente causam desestruturação da assembleia de peixes, mudanças nos parâmetros físico e químicos da água, entre outros impactos negativos. O presente trabalho teve como objetivo comparar dois riachos inseridos no Município de Londrina - PR, sendo que um essencialmente urbano (Riacho Cambé) e o outro rural (Riacho Taquara), utilizando dados da estrutura e composição da assembleia de peixes e parâmetros limnológicos. As coletas foram realizadas de 2013 a 2017 em três pontos ao longo do gradiente longitudinal dos três riachos, utilizando pesca manual (puçás, rede de espera e peneiras) e pesca elétrica (gerador portátil, transformador e puçás) com um esforço amostral de 40 minutos para ambas as coletas. No Cambé foram coletados 3648 indivíduos e 23 espécies, enquanto no Taquara foram coletados 3170 indivíduos e 38 espécies. No ano de 2016 foram observados que, afetado pela alta pluviosidade nesse período, causou alterações na estrutura do riacho. Os resultados encontrados no Taquara, demostram uma constância nos parâmetros analisados, assim comprovando a hipótese de que esse teria resultados mais estruturados e menos dispersos. Já o Cambé apresentou problemas na assembleia de peixes, relacionadas à urbanização. Os dados limnológicos aferidos nos dois riachos, em sua grande maioria estão de acordo com os limites permitidos pela CETESB (2009) e Resolução Conama n° 357/2005. Dados fora desses limites foram relacionados a urbanização ou então, por causa de evento climáticos.

Palavras-chave: Riacho urbano. Riacho rural. Assembleia de peixes. Abundância. Biomassa.

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ABSTRACT

Figueiredo, V.H.A. Fish assemblage structure of an urban and a rural streams in Londrina (PR) .2019. 46p. Course Completion Assignment (Bachelor of Environmental Engineering) - Federal Technological University of Paraná. Londrina, 2019.

Urbanization is a socio-economic process that may impact water bodies severely, especially springs, creeks and streams that tend to suffer more due to their smaller dimensions. Changes in the environment may disrupt fish assemblages, disturb physical and chemical water parameters and provoke other negative impacts. The aim of this study was to compare two streams within Londrina, Prananá (PR) using fish assemblage structure and composition data and limnological parameters; one of the streams is essentially urban (Cambé stream) and the other is a rural stream (Taquara stream). The collections were performed from 2013 to 2017 and were made at three points along the steams’ longitudinal gradient. The fishing methods included manual fishing (hand-held net, fishing net and sieves) and electric fishing (portable generator, transformer and hand-held net), each method had 40-minute sampling effort at each location. At Cambé stream, 3648 individuals and 23 species were collected, while at Taquara stream, 3170 individuals and 38 species were collected. In 2016, it was observed that high rainfall may have caused changes in the fish assemblages structure. The result found at Taquara stream demonstrates a consistency, confirming the hypothesis that this stream would have more defined fish assemblages structure and less dispersed results. Cambé stream, on the other hand, had dispersive results for its fish assemblages, and this result may be related with urbanization. The limnological data measured at both streams mostly comply with the limits allowed by ‘CETESB’(2009) and ‘Conama Resolution 357’. Data outside these limits were related to urbanization or weather events.

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LISTA DE FIGURA

Figura 1- Localização geográfica das bacias hidrográficas e dos pontos de amostragem ... 20 Figura 2- Registro fotográfico dos transectos da microbacia do Cambé. Ponto 1

(A), ponto 2 (B) e ponto 3 (C). ... 21 Figura 3 - Registro fotográfico dos transectos da microbacia do Taquara. Ponto

1 (A), ponto 2 (B) e ponto 3 (C). ... 22 Figura 4 - Registro fotográfico da pesca elétrica, utilizando gerador,

transformador e puçás ... 24 Figura 5 - Registro fotográfico da pesca manual com o uso de peneiras, puçás

e rede de contenção ... 24 Figura 6 - Aferição dos parâmetros físico-químicos da água... 25 Figura 7 - Valores de abundância/coletas da assembleia de peixes do Ribeirão Cambé ... 32 Figura 8 - Valores de biomassa/coletas da assembleia de peixes do Ribeirão

Cambé ... 32 Figura 9- Médias pluviométricas ao longos dos anos de coleta ... 33 Figura 10 - Distribuição de comprimento por classes de tamanho da assembleia

de peixes do Ribeirão Cambé ... 34 Figura 11 - Valores de biomassa/coletas da assembleia de peixes do Ribeirão

Taquara ... 35 Figura 12 - Valores de abundância/coletas da assembleia de peixes do Ribeirão Taquara ... 36 Figura 13 - Distribuição de comprimento por classes de tamanho da assembleia de peixes do Ribeirão Taquara ... 36

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LISTA DE TABELA

Tabela 1- Parâmetros da assembleia de peixes no Cambé ... 31

Tabela 2 - Parâmetros da assembleia de peixes no Taquara ... 35

Tabela 3 - Parâmetros limnológicos no Cambé ... 37

Tabela 4 - Parâmetros limnológicos no Taquara ... 37

Tabela 5 - Correlação de Pearson entre variáveis bióticas e abióticas no Ribeirão Cambé ... 39

Tabela 6 - Correlação de Pearson entre variáveis bióticas e abióticas no Ribeirão Taquara ... 40

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9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 10 2 OBJETIVOS ... 13 2.1 OBJETIVO GERAL ... 13 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 13 3 REFERENCIAL TEÓRICO ... 14

3.1 RIACHOS E A ICTIOFAUNA COMO FERRAMENTAS PARA MONITORAMENTO AMBIENTAL ... 14

3.2 INFLUÊNCIA DOS IMPACTOS ANTRÓPICOS NA ICTIOFAUNA ... 15

3.3 PARÂMETROS DE ESTRUTURA NA ASSEMBLEIA DE PEIXES ... 16

3.4 PARÂMETROS FÍSICOS E QUÍMICOS COM IMPORTÂNCIA LIMNOLÓGICA ... 17

3.5 SAZONALIDADE PLUVIOMETRICA E A SUA INFLUÊNCIA EM CORPOS HÍDRICOS ... 18

4 MATERIAIS E MÉTODOS ... 20

4.1 ÁREA DE ESTUDO ... 20

4.2 COLETA DOS PEIXES ... 23

4.3 PARÂMETROS LIMNOLÓGICOS ... 24

4.4 PARÂMETROS DE DIVERSIDADE ... 25

4.5 DADOS PLUVIOMÉTRICOS ... 26

4.6 ANÁLISE DOS DADOS ... 26

5 RESULTADOS E DISCUSSAO ... 28

5.1 COMPOSIÇÃO DA ASSEMBLEIA DE PEIXES ... 28

5.1.1 Ribeirão Cambé. ... .28

5.1.2 Ribeirão Taquara. ... 29

5.2 ÍNDICES DE DIVERSIDADE E EQUITABILIDADE ... 30

5.3 ESTRUTURA DA ASSEMBLEIA DE PEIXES ... 31

5.3.1 Ribeirão Cambé. ... 31 5.3.2 Ribeirão Taquara. ... 35 5.4 PARÂMETROS LIMNOLÓGICOS ... 37 5.5 CORRELAÇÃO DE PEARSON ... 38 6 CONCLUSÃO ... 42 REFERÊNCIAS ... 44

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1 INTRODUÇÃO

Vanotte et al. (1980) propuseram o conceito de rio continuo, segundo o qual os corpos hídricos lóticos se comportam de uma forma semelhante em relação a estrutura física e composição específica ao longo do rio. O trecho de cabeceira é dependente da importação de material ao redor do corpo hídrico, resultando em produção primária baixa por conta da baixa luminosidade, efeito da sombra da vegetação ciliar. Conforme o rio flui, essa dependência da importação de material vai diminuindo em razão do aumento de proporções do rio. Há maior disponibilidade de nutrientes conforme o rio vai aumentando sua ordem e a quantidade de organismos também aumenta em relação ao trecho de cabeceira. Esse aumento possivelmente é explicado pela maior oferta de habitats e recursos, podendo citar também a diminuição da competição interespecífica ao longo do gradiente longitudinal. Casatti (2005) observou esta relação da maior diversidade de peixes em relação ao aumento da ordem do ribeirão no sentido nascente-foz, associado ao aumento da complexidade de habitats ao longo do gradiente.

Porém, esse padrão descrito por Vanotte et al. (1980) pode não ser encontrado em vários riachos devido a impactos antrópicos, dentre eles, poluição por efluentes domésticos e industriais, introdução de espécies exóticas, supressão da vegetação ripária e erosão do solo (FERREIRA; CASATTI, 2006). A urbanização é considerada como uns dos agressivos impactos antrópicos, provocando uma série de alterações estressantes para o corpo hídrico na região, as quais promovem modificações de efeitos físicos, químicos e biológicos desse ecossistema. Cabe ressaltar que essas alterações são influenciadas pelo uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica (CALLISTO; MORETTI; GOULART, 2001).

Para mensurar o nível de alteração no corpo hídrico, podemos utilizar a quantidade, biomassa e a diversidade de peixes existentes no local. A assembleia de peixes é considerada um ótimo indicador biológico (ARAÚJO,1998). Os parâmetros utilizados comumente para avaliação da

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estrutura de assembleia de peixes são variações temporais e espaciais de abundância e tamanho em comprimento (SHIBATTA, CHEIDA, 2003; GAMBAROTTO, 2014), biomassa, composição e ocorrência de espécies (VIEIRA; SHIBATTA, 2007), padrões de diversidade (SHIBATTA et al., 2002), ecomorfologia (OLIVEIRA et al., 2010), dieta, a partir da identificação do conteúdo estomacal, e dinâmica reprodutiva (VEREGUE; ORSI, 2003; FERREIRA; CASATTI, 2006; GAMBAROTTO, 2017).

Por exemplo, a estrutura e dinâmica da assembleia de peixes, que respondem aos impactos de origem humana de uma forma espontânea, revelam normalmente perda de diversidade e predominância de peixes tolerantes e oportunistas que dominam em abundância, substituindo aquelas sensíveis e especializadas (CLARKE; WARWICK, 2001; CASATTI et al., 2012). A composição e riqueza de espécies em determinado habitat é utilizada como indicador de qualidade ambiental já que se assume que a disponibilidade de habitats tem relação direta com a biodiversidade (VIEIRA; SHIBATTA, 2007). A estrutura trófica também tem sido usada para avaliar condições ambientais, pois assim como a estrutura das assembleias, as ações antrópicas afetam diretamente a disponibilidade de recursos alimentares autóctones e alóctones para o ecossistema (OLIVEIRA; BENNEMANN, 2005).

Outra maneira de avaliar a qualidade os corpos hídricos é a investigação dos parâmetros definidos na Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 357 de março de 2005, que estabelece limites de valores de parâmetros como Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio (DQO), Potencial Hidrogeniônico (pH), Oxigênio Dissolvido (OD), entre outros. Nessa Resolução são estabelecidas as diretrizes para a classificação dos corpos hídricos em classes de uso, bem como os padrões de qualidade e para o lançamento de efluentes.

Nesse contexto, o trabalho teve como foco a análise de estrutura e dinâmica de assembleia de peixes e dos parâmetros físicos e químicos da água de um trecho de cabeceira de um ribeirão urbano (Cambé) e um rural (Taquara), ambos no Município de Londrina-PR, comparando-os com o intuito

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de identificar diferenças entre ambos, buscando identificar potenciais fatores causais.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Comparar a estrutura e dinâmica de assembleia de peixes e os parâmetros físicos e químicos da água entre dois riachos em trechos de cabeceira inseridos no município de Londrina-PR.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Verificar possíveis variações na estrutura e dinâmica da assembleia de peixes da zona de cabeceira do Ribeirão Cambé em decorrência da urbanização e comparar resultados da mesma análise no trecho de cabeceira do Ribeirão Taquara, esse sendo integralmente rural.

- Relacionar os parâmetros limnológicos com a estrutura e dinâmica da assembleia de peixes da zona de cabeceira de ambos riachos.

- Relacionar a estrutura e dinâmica da assembleia de peixes com a pluviosidade.

- Correlacionar a estrutura e dinâmica da assembleia de peixes com as variáveis limnológicas.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 RIACHOS E A ICTIOFAUNA COMO FERRAMENTAS PARA MONITORAMENTO AMBIENTAL

Dentro dos ecossistemas continentais há uma divisão em duas categorias de ambientes: lênticos (lagoas, lagos, pântanos) e ambientes lóticos (rios, riachos e ribeirões). Os ambientes lóticos são definidos como aqueles com um fluxo de água contínuo ao longo de um gradiente longitudinal, o que se revela um importante fator limitante e de controle em comparação com os ambientes lênticos. Eles apresentam relação extensão água-solo relativamente maior, originando um ecossistema aberto e uma comunidade mais heterogênea (ODUM; BARRET, 2007).

Conforme há mudanças das condições ambientais, todo o ecossistema fica submetido a essas alterações e, assim, tende a afetar todo o sistema, modificando a sua estrutura e interferindo na sua manutenção, incluindo a assembleia de peixes (ODUM; BARRET, 2007).

Ambientes lóticos que estão inseridos em áreas urbanas estão submetidos a diversas interferências antrópicas, que tendem a alterar a qualidade natural desses ambientes e, dessa forma, afetam diretamente ou indiretamente a ictiofauna (MALMQVIST; RUNDLE, 2002). Casatti et al. (2006) mostram que as bacias hidrográficas predominantemente rurais também impactam negativamente as espécies de peixes e que a qualidade física do habitat influencia diretamente na oferta de recursos nos microhabitats e, consequentemente, na relação da biota com as condições ambientais.

A utilização de peixes como bioindicadores tem inúmeras vantagens que incluem a extensa informação sobre suas histórias de vida (KARR, 1981). Karr (1981) afirma que todo o processo histórico que o ambiente esteve sujeito, faz resultar a composição da fauna desse ambiente. Essas assembleias incluem grande variedade de espécies em diferentes níveis tróficos, além da sua posição no topo da teia alimentar o que fornece informações integradas e ampla visão da estrutura ecológica de toda a bacia hidrográfica.

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3.2 INFLUÊNCIA DOS IMPACTOS ANTRÓPICOS NA ICTIOFAUNA

Geralmente as ações antrópicas causam alterações nos ecossistemas, induzindo a homogeneização e mudanças em toda biota, em especial ambientes lóticos (PEREIRA, 2011). Allan e Flecker (1993) citam alguns efeitos negativos da urbanização como canalização do leito e controle do fluxo, que resultam em perda da diversidade estrutural e, assim, simplificam os padrões de fluxo da água.

Outro impacto ambiental diretamente ligado à interferência antrópica é a introdução de espécies exóticas em ecossistemas aquáticos. Essas espécies competem por recursos alimentares e predam as nativas, além de causarem a modificação do habitat e difundirem novas doenças e parasitas, o que tende a afetar negativamente a população de espécies nativas, podendo levar até mesmo à sua extinção local ou regional, por conseguinte levando à diminuição da biodiversidade (AGOSTINHO et al., 2005; SHIBATTA et al., 2002;).

Estas diferentes interferências causam várias alterações nas assembleias de peixes em relação a sua estrutura, composição, distribuição e como ela se relaciona com os recursos alimentares disponíveis. Nesse contexto, a supressão da vegetação ciliar é uma das alterações mais degradantes para as assembleias de peixes (OLIVEIRA; BENNEMANN, 2005). A cobertura vegetal é de extrema importância para a manutenção dos ambientes lóticos, pois proporciona o controle da intensidade da luz solar incidente no corpo d’água e, dessa forma, interfere na sua temperatura. Além disso, a vegetação também auxilia na retenção de poluentes e de sedimentos que causam o assoreamento do leito e a perda de heterogeneidade de substrato típica desses ambientes.

Além das alterações na estrutura física na área de entorno e no ecossistema dos ambientes aquáticos, as atividades antrópicas também afetam a qualidade e a composição química dos corpos hídricos, a partir da poluição oriunda da disposição final de efluentes domésticos, agropastoris e industriais. No Brasil, a maior parte dos efluentes é lançada sem tratamento prévio nos cursos d’água, sendo responsável principalmente pelo grande aporte de

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poluentes e de matéria orgânica, dentre os quais nitrogênio e fósforo, que aliados às boas condições de luminosidade tendem a causar a eutrofização (BARRETO et al., 2013).

3.3 PARÂMETROS DE ESTRUTURA NA ASSEMBLEIA DE PEIXES

Sabe-se que parâmetros de estrutura das assembleias de peixes são importantes ferramentas para avaliação da condição ambiental que se encontra o corpo d’água, pois apresentam diferentes resultados em ambientes íntegros e ambientes impactados. A abundância, biomassa e tamanho são exemplos destes parâmetros (RICKLEFS, 2010). Pianka (1970) afirma que ambientes impactados tendem a apresentar espécies de peixes r-estrategistas, com comportamento oportunista, devido à capacidade de tolerar e se adaptar a distúrbios causados no ambiente aquático, tipicamente com estrutura corporal menor e maturação mais rápida. Por outro lado, se acordo com esse autor, em ambientes íntegros tendem a ocorrer espécies k-estrategistas, que ao contrário das oportunistas, são mais sensíveis aos impactos, se destacando na biomassa por possuírem corpos maiores, além de maturação e crescimento mais lentos.

A diversidade é outro parâmetro importante, pois está diretamente relacionado com a disponibilidade de recursos alimentares, de habitats e qualidade da água (ESTEVES, 2011). Desta forma, a diversidade tende a ser reduzida em comunidades bióticas que sofrem estresse, como ações antrópicas, podendo ser usada também como ferramenta para analisar o efeito das perturbações sobre a estrutura de assembleias (ODUM; BARRET, 2007).

Existem dois componentes da diversidade, a riqueza de espécies e a equitabilidade. A riqueza é o número total de espécies encontradas em certo local (ODUM; BARRET, 2007). Aparatos utilizados para a coleta dos exemplares interferem na riqueza, como o tempo amostral também influencia neste resultado (CASTRO et al., 2003; SÚAREZ; LIMA-JUNIOR, 2009), o que

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revela a necessidade de padronização de esforço amostral e utilização de artefatos.

3.4 PARÂMETROS FÍSICOS E QUÍMICOS COM IMPORTÂNCIA LIMNOLÓGICA

Uma variedade de parâmetros físicos e químicos são analisados concomitantemente à coleta de material biológico, e são utilizados para determinar as características limnológicas do ambiente estudado, dentre as quais se destacam: oxigênio dissolvido, condutividade elétrica, turbidez e pH (FLOTEMERSCH; STRIBLING; PAUL, 2006).

O oxigênio é um dos gases dissolvidos na água mais importantes para a dinâmica e caracterização de ecossistemas aquáticos, tendo como principais fontes a difusão a partir da atmosfera e a produção pela fotossíntese (ESTEVES, 2011). Giller e Malmqvist (1998) dizem que espécies alteram a habilidade e necessidade de oxigênio, essa diferença em como conseguir ou como utilizar, cria uma diversidade de distribuição das espécies.

A condutividade elétrica estima a capacidade da água em conduzir corrente elétrica em função da concentração de íons presentes, fornecendo informações importantes a respeito do metabolismo do ecossistema aquático, como produção primária e decomposição, além de fenômenos que ocorreram em sua bacia de drenagem, como fontes poluidoras (ESTEVES, 2011).

A turbidez representa o grau de interferência que a luz sofre ao passar através da massa de água, principalmente em função dos sólidos em suspensão, que podem ter origem natural (por partículas de rocha, argila, silte, algas e outros microrganismos) ou antropogênica (por despejos domésticos, industriais e erosão), e que, ao reduzirem a penetração de luz, tendem a limitar a fotossíntese (VON SPERLING, 2005).

O pH representa a concentração de íons hidrogênio H+ na água (VON

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variam entre 6,0 e 8,5 (ESTEVES, 2011). Ambientes aquáticos naturalmente mais ácidos são normalmente relacionados à presença de ácidos orgânicos, como fúlvicos e húmicos, esses oriundos da decomposição do material autóctone, como folhas na mata ciliar. (ESTEVES, 2011).

O Quadro 1 apresenta os valores estabelecidos como limite para os alguns parâmetros limnológicos, para corpos hídricos de Classe 1, segundo a Resolução CONAMA n° 357/05 e Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) (2009).

Quadro 1 - Limites estabelecidos para os parâmetros limnológicos.

Parâmetro Limite estabelecido

Oxigênio Dissolvido ≥ 6 mg L-1 Condutividade elétrica ≤ 100 µS cm-1

pH 6,0 a 9,0

Turbidez ≤ 40 NTU

Fonte: Adaptado do BRASIL (2005) e CETESB (2009)

3.5 SAZONALIDADE PLUVIOMETRICA E A SUA INFLUÊNCIA EM CORPOS HIDRICOS

A sazonalidade pluviométrica influencia diretamente os corpos hídricos, ainda mais se considerarmos riachos de cabeceira, onde o impacto dessa alteração pode ser mais intenso do que em trechos de maior ordem. Vaz (2018) observou que valores de condutividade elétrica, pH e temperatura foram reflexos da sazonalidade, onde os maiores valores de condutividade elétrica e menores de temperatura foram registrados no período de estiagem. Com essa condição, a sazonalidade se torna um fator de que pode influenciar na ocorrência de determinadas espécies.

Mesmo com enorme variedade de tipos de estratégias reprodutivas e alimentares entre as espécies, a sazonalidade é a característica mais conspícua da maioria, estando fortemente associada aos ciclos de cheia/seca (AGOSTINHO; GOMES; PELICICE 2007).

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A grande quantidade de água nos corpos hídricos causado pela chuva faz com que afete as concentrações das variáveis físicas e químicas nos rios. Além disso, tendem a mudar os parâmetros da água com o carreamento de sedimentos ao longo do rio. Os habitats também sofrem alterações, criando ambientes e destruindo outros (SILVA, 2008).

O comprimento padrão também interage com a variação sazonal na determinação do peso dos indivíduos, o que está associado à variação na pluviosidade. Nesse contexto, o peso médio ajustado das espécies sugere que as variações no nível da água é um fator relevante para a dinâmica populacional destas espécies (LOURENÇO, 2008).

Pereira (2008) demostrou que a oferta de alimento para as espécimes é diferente quando se compara as estações ao longo do ano, sendo mais disponíveis nas estações com maiores níveis de água. Logo, nos meses de chuva, a quantidade de peixes tende a ser maior e, também, com animais maiores que na estação seca, o que corrobora o resultado encontrado no presente estudo. Como no ano de 2015 as coletas foram feitas na estiagem, logo a biomassa resultante tendeu a ser inferior às demais, mesmo dividindo pelo número de coletas.

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 ÁREA DE ESTUDO

No presente estudo foram analisados os trechos superiores de um riacho urbano, pertencente da micro bacia do Cambé e um rural, micro bacia Taquara, ambos localizados na região metropolitana de Londrina, Paraná. O Ribeirão Cambé nasce no município de Cambé e posteriormente deságua no Ribeirão Três Bocas, no município de Londrina. (ISHIKAWA et al., 2009; ALMEIDA; TORRES, 2010).

A Figura 1 mostra a localização dos pontos de coleta, tanto o Ribeirão Cambé, tanto o Ribeirão Taquara.

Figura 1 – Localização geográfica das bacias hidrográficas e dos pontos de amostragem.

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C B

A

O Ribeirão Cambé (Figura 2) nasce no município de Cambé e posteriormente deságua no Ribeirão Três Bocas, no município de Londrina. (ISHIKAWA et al., 2009; ALMEIDA; TORRES, 2010).

Figura 2 - Registro fotográfico dos transectos da microbacia do Cambé. Ponto 1 (A), ponto 2 (B) e ponto 3 (C).

Fonte: Adaptado de Gambarotto (2014)

A bacia do Ribeirão Taquara (Figura 3) possui uma área de aproximadamente 894,85 km², sendo uma das principais contribuintes diretas do Rio Tibagi. Abrange cinco municípios, Londrina, Califórnia, Guaravera, Marilândia do Sul e Apucarana. Ao longo da sua extensão há o predomínio de cultivos agrícolas e pastagens. Sofre com problemas relacionados a essas atividades, como processo erosivo, com registros de voçorocas. (STIPP, 2010).

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C B

A

Figura 3 - Registro fotográfico dos transectos da microbacia do Taquara. Ponto 1 (A), ponto 2 (B) e ponto 3 (C).

Fonte: Adaptado de Gambarotto (2014)

Marcucci (2016), com auxílios de imagens de sensoriamento remoto, chegou às seguintes porcentagens de área impermeabilizada (relacionadas à áreas urbanas) para os pontos de coleta do Cambé: 71,09% (P1), 59,02% (P2) e 62,28% (P3). Por outro lado, para o Taquara, obteve os seguintes resultados, 2,46%, 1,26% e 0,88%, respectivamente para P1, P2 e P3, comprovando a inserção do Ribeirão Cambé em um ambiente urbano, bem como o Taquara em uma zona rural.

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4.2 COLETA DOS PEIXES

Foram estabelecidos três pontos de coleta ao longo do gradiente longitudinal dos dois riachos. As coletas dos exemplares foram realizadas trimestralmente entre os anos de 2013 e 2017, com esforço de 40 minutos e, inicialmente, com equipamentos de pesca manual: redinha (malha 2 mm), puçá (malha 2 mm), peneira e rede de arrasto (Figura 5). Após a coleta manual foi aplicado o método da pesca elétrica (Figura 4), com gerador portátil de corrente alternada (220 V), e um transformador (2,5 kW, 400 V, 2A), no mesmo trecho percorrido pela coleta manual e com o mesmo esforço amostral. Antes da aplicação de ambos os métodos de coleta foi instalada uma rede de contenção multifilamentada com 2 mm entre nós. As coletas foram realizadas sob licença permanente número 28113-1, fornecida pelo Instituto Chico Mendes de Proteção a Biodiversidade, por meio do SISBIO (Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade).

Os exemplares capturados foram fixados em formol 10% e conservados em álcool 70%. As identificações das espécies foram realizadas com o auxílio de chaves de identificação (GRAÇA, PAVANELLI, 2007). Dúvidas relacionadas às identificações foram sanadas no Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura da Universidade Estadual de Maringá, ou no Museu de Zoologia, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal da Universidade Estadual de Londrina, com o posterior acondicionamento das espécies no Laboratório de Ecologia Teórica e Aplicada da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Londrina.

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Figura 4 - Registro fotográfico da pesca elétrica, utilizando gerador, transformador e puçás.

Fonte: Autoria própria.

Figura 5 - Registro fotográfico da pesca manual com o uso de peneiras, puçás e rede de contenção.

Fonte: Própria autoria.

4.3 PARÂMETROS LIMNOLÓGICOS

Durante a coleta das amostras da ictiofauna, foram coletadas as amostras da água do corpo hídrico para que em seguida fossem realizadas estimativas dos parâmetros limnológicos. A coleta foi realizada contra o fluxo do riachos e com a aclimatação do frasco com a própria água do rio, utilizando

(26)

potes de polietileno de 0,3 L. Foram aferidos os seguintes parâmetros com os respectivos aparelhos: oxigênio dissolvido (oxímetro Politerm, modelo POL-60), pH (peagâmetro TECNOPON, Modelo MPA210P), condutividade elétrica (condutivímetro INSTRUTHERM, Modelo CD-860) e turbidez (turbidímetro, TECNOPON, Modelo TB 1000P) (Figura 6).

Figura 6 - Aferição dos parâmetros físico e químicos da água.

Fonte: Própria autoria.

4.4 PARÂMETROS DE DIVERSIDADE

Primeiramente em laboratório foram identificadas as espécies, obteve- se valores dos parâmetros abundância (número de indivíduos), biomassa e comprimentos (total e padrão) dos indivíduos coletados. Com os indivíduos devidamente enumerados e catalogados, foi possível estimar outros parâmetros relacionados à estrutura da assembleia, tais como: riqueza (S), equitabilidade de Pielou (E) e índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’). Os indivíduos foram divididos em três faixas de tamanho: <30 mm (pequeno), 30 – 100 mm (mediano) e >100 mm (grande).

A riqueza de espécies (S) indica o número total de espécies coletadas. Baseada na abundância relativa de espécies e também no grau de dominância, a equitabilidade de Pielou indica a uniformidade da quantidade de indivíduos entre as espécies (ODUM; BARRETT, 2007). A Equação 1 foi utilizada para o cálculo da equitabilidade.

(27)

𝐸 = 𝐻

𝐿𝑜𝑔 𝑆 (1)

Onde, S corresponde à riqueza de espécies e H’ ao índice de diversidade de Shannon-Wiener, o qual relaciona os dois componentes da diversidade, equitabilidade e riqueza, calculado a partir da Equação 2.

′ 𝑛𝑖 𝑛𝑖

𝐻 = − ∑ 𝑙𝑜𝑔 ( ) ∗ ( )

𝑁 𝑁 (2)

Onde, ni é o número de indivíduos da espécie i, e N o número total de indivíduos coletados (MAGURRAN, 2004).

4.5 DADOS PLUVIOMÉTRICOS

Com o intuito de testar a hipótese de que a pluviosidade interfere nos ambientes aquáticos e, consequentemente na estrutura da assembleia de peixes, foi consultado o histórico da série de dados médios mensais de pluviosidade dos anos estudados. Os dados foram obtidos a partir da série histórica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

4.6 ANÁLISE DOS DADOS.

Com intuito de investigar quais parâmetros físicos e químicos está diretamente relacionado com os parâmetros estruturais da assembleia de peixes foi aplicada a Análise de Correlação de Pearson. Nessa análise foram calculadas as correlações entre a abundância, biomassa, parâmetros de diversidade e distribuição de tamanhos das espécimes com as variáveis físicas e químicas: Oxigênio Dissolvido, Turbidez, Condutividade elétrica e pH. Esta análise foi realizada no Statistica 7.0. Essa correlação gera uma matriz espelho com valores de -1 a 1, onde a diagonal principal relaciona os mesmos itens, logo, todos valores são 1. Para considerar com significativo usou um p = 0,05,

(28)

onde valores acima de 0,95 (negativos e positivo) serão aceitos como dependente um do outro.

(29)

5 RESULTADOS E DISCUSSAO

5.1 COMPOSIÇÃO DA ASSEMBLEIA DE PEIXES

5.1.1 Ribeirão Cambé

Entre os anos de 2013 e 2017 foram coletados 3.648 indivíduos no Ribeirão Cambé, pertencentes a 6 ordens, 9 famílias e 23 espécies (Quadro 2), totalizando 23.581,47 gramas de biomassa.. Em ambos riachos há predominância das ordens Characiformes e Siluriformes.

Quadro 2 - Lista de espécies capturadas no Ribeirão Cambé. Ribeirão Cambé

Ordem Família Espécie N° de indivíduos

Characiformes

Characidae

Astyanax aff. fasciatus 41

Astyanax aff. paranae 199

Astyanax altiparanae 100

Astyanax bockmanni 49

Astyanax sp 3 31

Hyphessobrycon anisitsi 11

Piabina argentea 3

Serrasalmidae Serrasalmus maculatus 1

Erythrinidae Hoplias malabaricus 5 Hoplias sp 1 2 Hoplias sp 2 5 Perciformes Cichilidae Geophagus brasiliensis 437 Oreochromis niloticus 306 Tilapia rendalli 975

Gymnotiformes Gymnotidae Gymnotus inaequilabiatus 97

Gymnotus paraguensis 4

Cyprinodontiformes Poeciliiade Poecilia reticulata 1018

Siluriformes

Heptapteriadae Rhamdia quelen 47

Imparfinis schubarti 2

Loricariidae

Hypostomus ancistroides 265

Hypostomus nigromaculatus 29

Pterygoplichthys ambrosettii 1 Synbranchiformes Synbranchidae Synbranchus marmoratus 20 Fonte: Autoria própria

Usando como objeto de estudo riachos da mesma bacia Cambé, Oliveira e Bennemann (2005) capturaram em 5 pontos uma riqueza de 15 espécies, dessas, nove foram iguais às encontradas no presente estudo. Galves (2008) analisando, Ribeirão Taquara, encontrou uma riqueza de 74 espécies, sendo 35 em comum com o presente trabalho.

(30)

Casatti (2001), trabalhando com dados de riachos localizados no Morro do Diabo (SP), encontrou uma riqueza de 22 espécies. Vieira e Shibatta (2007), estudando o Ribeirão Esperança (PR), verificaram que a riqueza para este ribeirão foi de 12 espécies. Nesses trabalhos citados há o predomínio das ordens Characiformes e Siluriformes, igual aos resultados encontrados nos dois riachos no atual trabalho. A diferença de riqueza pode ser explicada pelo número de coletas, esforço amostral, número de pontos de coleta, tipo de pesca utilizada entre outros motivos.

Há a predominância de espécies r-estrategistas, como a Poecilia

reticulata e Tilapia rendalli, essas espécies também são indicadores que o

ambiente encontra-se degradado. 5.1.2 Ribeirão Taquara

Já no Ribeirão Taquara o número de indivíduos coletados foi de 3.170, dividindo-se em 5 ordens, 10 famílias e 38 espécies, totalizando 7.191,45 gramas de biomassa. Junqueira (2011) em riachos pertencentes a área rural da bacia do rio Araguari, no Alto Rio Paraná, coletou 38 espécies.

Quadro 3 - Lista de espécies capturadas no Ribeirão Taquara. Ribeirão Taquara

Ordem Família Espécie N° de individuos

Characiformes

Parodontidae Apareidon ibitiensis 9

Characidae

Astyanax aff. Fasciatus 19

Astyanax aff. Paranae 219

Astyanax altiparanae 4 Astyanax bockmanni 182 Astyanax sp 3 19 Bryconamericus 3 Bryconamericus aff. Iheringi 82 Bryconamericus stramineus 15 Hyphessobrycon anisitsi 7 Oligosarcus paranensis 4 Piabina argentea 322

Crenuchidae Characidium zebra 194

Perciformes Cichilidae Geophagus brasiliensis 203 Oreochrmis niloticus 3 Tilapia rendalli 14 Crenicichla jaguarensis 1

(31)

Quadro 3 - Lista de espécies capturadas no Ribeirão Taquara. Continua...

Gymnotiformes Gymnotidae Gymnotus inaequilabiatus 1

Cyprinodontiformes Poeciliiade Poecilia reticulata 192

Siluriformes Heptapteriadae Rhamdia quelen 46 Imparfinis schubarti 1163 Imparfinis borodini 10 Imparfinis mirini 17 Cetopsorhamdia iheringi 3 Phenacorhamdia tenebrosa 14 Pimelodella avanhandavae 3 Loricariidae Hypostomus ancistroides 109 Hypostomus nigromaculatus 40 Hypostomus margaritifer 1 Hisonotus francirochai 1 Loricaria sp. 2 Rineloricaria pentamaculata 169 Rineloricaria latirostris 2 Rineloricaria sp. 9 Trichomycteridae Trichomycterus davisi 11 Trichomycterus diabolus 59 Trichomycterus sp. 6

Callichthyidae Corydoras aeneus 12

Fonte: Autoria própria

5.2 INDICES DE DIVERSIDADE E EQUITABILIDADE

O índice de diversidade de Shannon-Wiener e a equitabilidade de Pielou foram calculados para os dois ribeirões estudados, obtendo 0,89 e 0,65, respectivamente para o Cambé, e 1,03 e 0,65 para o Taquara. Vaz (2018) encontrou resultados próximos (H´ = 0,90) ao resultados encontrados no presente trabalho, na Unidade de Conservação “Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade” localizada no município de Sorocaba no Estado de São Paulo. Castro (1999), em 17 trechos de riachos rurais da bacia do Rio Paranapanema, encontrou valores de índice de diversidade de Shannon entre 0,99 e 0,32.

Nota-se que a diferença entre os ribeirões, rural e urbano, onde os valores de riqueza, equitabilidade e diversidade de Pielou, são maiores nos primeiros, com assembleias mais diversas, sem grande predominância de espécies, ocorrendo uma tendência contrária no ribeirão urbano.

(32)

5.3 ESTRUTURA DA ASSEMBLEIA DE PEIXES

5.3.1 Ribeirão Cambé

A Tabela 1 contém valores absolutos relacionados às estruturas das assembleias, bem como aqueles em função do número de coletas realizadas no ano para o Ribeirão Cambé.

Tabela 1 - Parâmetros da assembleia de peixes no Cambé Ribeirão Cambé Parâmetro 2013 2014 2015 2016 2017 N° de coletas 4 4 2 4 2 Biomassa (g) 6027,35 5291,48 363,71 9701,58 2197,35 Biomassa/n° de coletas (g) 1506,8 1322,9 181,9 2425,4 1098,7 Abundância 1288 1052 153 778 377 Abundância/n° de coletas 322 263 76,5 194,5 188,5 Riqueza 15 16 13 21 16

Fonte: Autoria própria

Com o objetivo de eliminar efeito do número de coletas sobre os padrões de abundância e biomassa, que prevê quanto mais coletas, mais material coletado, dividiu-se os dados pelo número de coletas realizadas no ano. Ainda assim, são notáveis as quedas na abundância e biomassa de peixes no ano de 2015, principalmente no Cambé (Figuras 7 e 8), ano que foram realizadas somente duas coletas. Já que mesmo com a divisão, continuou-se tendo uma grande variação com os outros anos, buscou-se explicar esse comportamento a partir da influência da sazonalidade pluviométrica sobre a assembleia de peixes.

(33)

Figura 7 : Valores de abundância/coletas da assembleia de peixes do Ribeirão Cambé.

Fonte: Autoria própria

Figura 8 Valores de biomassa/coletas da assembleia de peixes do Ribeirão Cambé.

Fonte: Autoria própria

Dessa forma, foi realizada uma avaliação da pluviosidade nos meses de coleta, especificamente no ano de 2015 e constatou-se que naquele período houve escassez de chuvas, o que pode acarretar na queda da biomassa e número de indivíduos capturados, já que em meses de seca, a quantidade de espécimes coletadas diminui. Esta hipótese é corroborada por Vaz (2018), que diz que em época chuvosa o ambiente apresenta maior disponibilidade de itens alimentares, e isso tende a influenciar diretamente os padrões de distribuição, abundância e biomassa. Conforme observado em seu trabalho realizado em

2017 2016

2015

Ano das coletas

2014 2013 50 0 76,5 150 100 188,5 200 194,5 250 263 300

Abundância Cambé

350 322 2017 2016 2015

Ano das coletas

2014 2013 0,0 181,9 1000,0 500,0 1098,7 1322,9 1500,0 1506,8 2000,0 2425,4 3000,0 2500,0

Biomassa Cambé

Biom as sa (g )/ n ° d e co le ta s n ° d e in d iv íd u o s/n ° d e co le ta s

(34)

um riacho no município de Sorocaba, no Estado de São Paulo, na época chuvosa a abundância e biomassa das espécies foram maiores.

A Figura 9 mostra médias pluviométricas mensais obtidas no Instituto Nacional de Meteorologia ao longo dos anos de coleta.

Figura 9: Médias pluviométricas ao longos dos anos de coleta.

Fonte: INMET (adaptado)

Ao contrário do ocorrido em 2015, em 2016, a biomassa capturada foi a maior na série exposta nesse trabalho. Ocorreu o oposto, ou seja, a quantidade de precipitação no final de 2015 e início de 2016 foi responsável por aumentar o nível dos riachos, com isso mudando a estrutura do riacho, modificando a vazão, altura da coluna d’água, criando novos habitats, aumentando a oferta de alimento e possibilitando a possível migração de espécies de maior tamanho para regiões de cabeceira, aumentando assim a biomassa capturada. Observa- se que o aumento de abundância não foi discrepante no ano de 2016, ao contrário da biomassa. Lourenço (2008) encontrou recrutamento de peixes em períodos de cheia, assim confirmando a influência da sazonalidade sobre a assembleia. 2017 2016 2015 Anos 2014 2013 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0

Pluviometria de Londrina

Prec ip ita ção (m m )

(35)

No ano de 2017, quando também houve somente duas coletas, se observarmos os parâmetros analisados (riqueza, biomassa, abundância e comprimento) no Ribeirão Cambé nota-se maior distribuição pelas faixas de tamanho de peixes, pela maior incidência de peixes medianos e grandes em relação ao ano de 2015 (Figura 10), quando no mesmo ribeirão a distribuição foi desigual mostrando a predominância de peixes com comprimento inferior a 30 mm. Outra justificativa desse resultado é que na coleta de 2017, algumas foram realizadas no período de chuvas (Dezembro), o que influencia diversos parâmetros, incluindo o tamanho corporal. Como demostrado por Copatti (2011), uma variação na riqueza de espécies e, até mesmo no número de indivíduos, é esperada quando se considera a sazonalidade.

Figura 10: Distribuição de comprimento por classes de tamanho da assembleia de peixes do Ribeirão Cambé.

Fonte: Autoria própria

A distribuição de comprimento entre as espécies demonstra predominância de peixes pequenos no Ribeirão Cambé, geralmente atribuído para espécies r-estrategistas (Pianka, 1970), essas relacionadas a áreas urbanas, tendo um aumento de peixes medianos e grandes a partir de 2016, após uma alta quantidade de chuva, como pode ser observado na Figura 9. Esse resultado pode ser influenciado pela migração de peixes maiores oriundos da jusante do riacho, que migram e vão para os trechos de cabeceira.

0 - 30 mm > 30 - 100 mm > 100 mm 2017 2016 2015 Ano da coleta 2014 2013 0,00 1,31 9,51 9,55 20,00 6,18 17,78 18,40 5,12 27,45 32,36 37,40 58,09 40,00 53,08 60,00 71,24 76,05 76,48 80,00 100,00

Comprimento Cambé

Po rce n ta ge m

(36)

Isso é possível pois a chuva altera os ambientes, criando novos ambientes e fornecendo mais alimento para os peixes.

5.3.2 Ribeirão Taquara

A Tabela 2 contém valores absolutos relacionados às estruturas das assembleias, bem como aqueles em função do número de coletas realizadas no ano para o Ribeirão Taquara.

Tabela 2 - Parâmetros da assembleia de peixes no Ribeirão Taquara. Ribeirão Taquara Parâmetro 2013 2014 2015 2016 2017 N° de coletas 4 4 2 4 2 Biomassa (g) 2148,45 1932,93 554,96 1787,01 768,1 Biomassa/n° de coletas (g) 537,1 483,2 277,5 446,8 384,1 Abundância 1213 982 220 577 179 Abundância/n° de coletas 303,25 245,5 110 144,25 89,5 Riqueza 23 29 20 27 22

Fonte: Autoria própria

Nota-se nos gráficos de biomassa e abundância do Ribeirão Taquara (Figura 11 e 12), que mesmo com a sazonalidade, e número de coletas diferentes entre os anos, manteve-se uma uniformidade nos parâmetros. Essa consistência mostra que o Taquara está mais resistente a sazonalidade, assim menos impactado.

Figura 11: Valores de biomassa/coletas da assembleia de peixes do Ribeirão Taquara.

Fonte: Autoria própria

2017 2016 2015 Ano da coleta 2014 2013 0,0 384,1 277,5 500,0 483,2 446,8 537,1 3000,0 2500,0 2000,0 1500,0 1000,0

Biomassa Taquara

Biom as sa (g )/ n ° d e co le ta s

(37)

Figura 12: Valores de abundância/coletas da assembleia de peixes do Ribeirão Taquara.

Fonte: Autoria própria

Já no Ribeirão Taquara no ano de 2017 houve um pequeno aumento de quantidade de peixes maiores de 100 mm, isso também pode ser explicado pelo fato de uma das coletas terem sido realizadas na época chuvosa, com aumento da quantidade de peixes já desenvolvidos.

Por outro lado, o Ribeirão Taquara manteve seu padrão de distribuição ao longo dos anos (Figura 13), ou seja, o impacto da chuva não causou interferências significativas sobre a sua assembleia. Portanto, a pluviosidade aparentemente tende a afetar mais um riacho urbano do que o rural.

Figura 13: Distribuição de comprimento por classes de tamanho da assembleia de peixes do Ribeirão Taquara.

Fonte: Autoria própria

2017 2016 2015 Ano da coleta 2014 2013 50 0 89,5 100 110 150 144,25 250 200 245,5 300 303,25 350

Abundância Taquara

0 - 30 mm > 30 - 100 mm > 100 mm 2017 2016 2015 Ano da coleta 2014 2013 5,03 12,85 2,43 2,27 10,00 1,02 1,24 21,49 30,65 22,67 82,12 76,08

Comprimento Taquara

87,73 68,33 76,09 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 Po rce n ta ge m n ° d e in d iv id u o s/n ° d e co le ta s

(38)

No Ribeirão Taquara no ano de 2017 houve um pequeno aumento de quantidade de peixes maiores de 100 mm, isso também pode ser explicado pelo fato de uma das coletas terem sido realizadas na época chuvosa, com aumento da quantidade de peixes já desenvolvidos.

Casatti (2001) encontrou a seguinte distribuição no Parque Estadual Morro do Diabo (SP), que são dominados por espécies com comprimento padrão inferior a 100 mm; ou seja, aproximadamente 73% das espécies e 96% dos indivíduos estudados, são de pequeno porte.

5.4 PARÂMETROS LIMNOLÓGICOS

As tabelas 3 e 4 trazem os valores médios dos parâmetros limnológicos dos riachos estudados. Pode-se notar que alguns parâmetros estão fora dos limites estabelecidos pelo CONAMA 357/05 e CETESB (2009).

Tabela 3 - Parâmetros limnológicos no Ribeirão Cambé.

Cambé Valores de referência (CONAMA E CETESB) Parâmetro 2013 2014 2015 2016 2017 Oxigênio Dissolvido (mg/L-1) 6,82 7,46 5,64 7,48 ≥ 6 mg/L-1 pH 7,89 7,57 7,39 6,61 6,66 6 - 9 Condutividade Elétrica (µS cm-1) 99,06 120,47 111,39 55,78 85,89 ≤100 µS cm-1

Turbidez (NTU) 10,68 14,15 6,16 25,69 42,89 ≤40 NTU

Fonte: Autoria própria

Tabela 4: Parâmetros limnológicos no Ribeirão Taquara.

Taquara Valores de referência (CONAMA E CETESB) Parâmetro 2013 2014 2015 2016 2017 Oxigênio Dissolvido (mg/L-1) 8,19 7,94 7,12 10,67 ≥ 6 mg/L-1 pH 8,56 7,99 7,58 6,94 7,34 6 - 9 Condutividade Elétrica (µS cm-1) 65,5 72,75 67,56 30,82 57,77 ≤100 µS cm-1

Turbidez (NTU) 20,27 20,05 20,93 9,02 15,46 ≤40 NTU

(39)

Comparando os dois ribeirões estudados, é notável que somente no ribeirão inserido na malha urbana se encontram valores dos parâmetros acima do permitido pelos valores de referência. Esse padrão pode ser explicado pelo fato de regiões com grandes áreas impermeabilizadas colaborarem com o grande escoamento de materiais em suspensão em épocas de chuvas, juntamente com resíduos sólidos gerados na cidade, para dentro do corpo hídrico, conforme defendido por Squizatto (2014).

Os parâmetros abióticos da água têm grande influência nos organismos aquáticos, consequentemente nos peixes e são indicadores de boas condições ambientais. (FERREIRA, 2017). Segundo Oliveira e Goulart (2000), os parâmetros físicos e químicos da água, assim como a predação e competição entre espécies, são grandes influenciadores da distribuição da ictiofauna em um corpo hídrico. Como por exemplo, valores muito baixos de oxigênio dissolvido (OD) em riachos, rios e lagos afetam principalmente o crescimento, fisiologia e distribuição espacial de espécies aquáticas (OLIVEIRA; GOULART, 2000). No parâmetro OD somente o ano de 2016 apresentou resultados inferiores do permitido. Possivelmente alguma alteração pontual fez reduzir a concentração nos pontos amostrados.

No ano de 2017 foram realizadas somente duas coletas ao longo do ano, e, uma delas no período de chuva, isso pode ter influenciado a turbidez, com o carregamento de material que estava sedimentado, com o seu conseguinte aumento no corpo hídrico. Silva (2008) encontrou resultados semelhantes de aumento de turbidez em estações chuvosas, em riachos do rio Purus, na Amazônia.

5.5 CORRELAÇÃO DE PEARSON

A matriz com os valores de correlação de Pearson são matrizes espelho, logo, os resultados acima da diagonal são iguais àqueles abaixo da diagonal, variando de valores -1 a 1. A tabela 5 expõe a correlação no Ribeirão

(40)

Cambé e lembrando que somente os valores significativos (p<0,05) foram expostos na tabela.

Tabela 5: Correlação de Pearson entre variáveis bióticas e abióticas no Ribeirão Cambé.

Correlação de Pearson do Cambé (Significância, p< 0,05)

Variáveis Ano Biom. Abund. <30

mm < 100 mm >100 mm Riq. OD CE pH Turb. Ano 1 Biom. 1 Abund. -0,97 1 <30 mm 1 <100 mm -1 1 >100 mm 0,98 -0,98 -0,97 1 Riq. 1 OD -0,98 1 CE 1 pH -0,97 0,98 0,97 -0,96 -1 1 Turb. 0,96 1

Fonte: Autoria própria

Houveram 12 relações significativas no Ribeirão Cambé, as negativas foram, abundância x ano, mostrando que à medida que passaram os anos, a abundância diminuiu no riacho; pH x ano, expondo que conforme ia passando os anos o pH ia diminuindo; biomassa x OD, indicando que maiores biomassas ocorreram nos menores valores de OD; abundância x >100 mm, <30 mm x <100 mm, as duas exibem a abundância de peixes menores; pH x < 100, revelando que em pH menor houveram peixes de maior tamanho.

Ocorreram as seguintes relações positivas: ano x >100 mm, mostrando que os peixes maiores foram ocorrendo mais à medida que os anos se passaram; ano x turbidez, ou seja, a turbidez foi aumentando conforme os anos iam passando; abundância X pH, expondo que quanto maior o pH, maior a abundância de peixes; pH x <30 mm, revelando que peixes menores ocorrem em valores maiores de pH; <100mm x >100mm, ou seja, quanto mais peixes menores que 100 mm, mais peixes maiores que 100 mm.

Observa-se a relação negativa significativa entre biomassa e OD no Ribeirão Cambé, onde maiores biomassas ocorreram nos menores valores de OD. Provavelmente, em períodos mais chuvosos, houve a tendência de mais carreamento de matéria orgânica para os ribeirões, conduzindo a menores de OD em razão do consumo microbiano durante a sua decomposição.

(41)

Outra correlação observada nesse mesmo ribeirão foi entre abundância e o peixes com mais de 100mm de comprimento, ratificando a ocorrência de maior quantidade de espécies de pequeno porte no Ribeirão Cambé, onde há dominância de espécies de comportamento de r-estrategista.

A tabela 6 expõe a correlação no Ribeirão Taquara, relacionando parâmetros bióticos e abióticos.

Tabela 6: Correlação de Pearson entre variáveis bióticas e abióticas no Ribeirão Taquara.

Correlação de Pearson do Taquara (Significância, p< 0,05)

Variáveis Ano Biom. Abund. <30

mm < 100 mm >100 mm Riq. OD CE pH Turb. Ano 1 Biom. -0,97 1 Abund. -1 0,98 1 <30 mm 1 <100 mm 0,99 1 >100 mm 1 Riq. 1 OD 1 CE 1 pH 1 Turb. 0,98 1

Fonte: Autoria própria

No Ribeirão Taquara, as correlações negativas foram: ano x abundância, ao passar dos anos a abundância diminuiu; ano x biomassa, expondo que conforme passa os anos a biomassa aumenta; 30 mm x >100 mm, quanto mais peixes pequenos, menos peixes grandes. E houveram as seguintes correlações positivas: abundância x biomassa, quanto maior a abundância, maior a biomassa; turbidez x CE, em situações de turbidez alta, a

condutividade elétrica também é elevada.

Nessa matriz pode-se citar a relação positiva entre a abundância e a biomassa no Ribeirão Taquara, demonstrando que à medida que a abundância aumentou, a biomassa acompanhou esse crescimento. A figura 13 revelou que no Taquara a classe de tamanho com maior número de indivíduos corresponde àquela com indivíduos maiores do que foi observado no Ribeirão Cambé (Figura 10). Isso pode explicar o porquê da correlação positiva significativa detectada entre abundância e biomassa no Ribeirão Taquara.

Outra importante correlação significativa observada foi entre a turbidez e a condutividade elétrica. Essa relação pode ser explicada pela sazonalidade

(42)

do ribeirão, principalmente influenciada pela chuva, pois quando chove há tendência de maior carreamento de sólidos suspensos para o corpo hídrico, por escoamento superficial, e, assim, aumentando tanto a condutividade elétrica (íons presentes na água carreada), como da turbidez (material em suspensão na massa de água).

(43)

6 CONCLUSÃO

Como apresentado na Bacia do Cambé, é notável que o Ribeirão demonstra a influência da urbanização em corpos hídricos de trechos de cabeceira, sendo esses impactos negativos para o corpo, alterando todo o sistema que a ele pertence, incluindo os padrões de distribuição de espécies, biomassa, riqueza, abundância e vários parâmetros biológicos. Não só a assembleia de peixes é prejudicada com a utilização dessas áreas pela urbanização, mas também o solo, a vegetação e outros organismos que ali habitam tanto a água como fora dela. Entre essas ações podemos citar a retirada da vegetação para outros fins, crescimento populacional desenfreado, poluição pontual e poluição difusa. Pode-se citar o caso de áreas impermeáveis que fazem com que elementos da urbanização chegue em contato direto com a água do corpo hídrico, causando alterações nos parâmetros limnológicos coletados e aferidos, como da turbidez e da condutividade elétrica.

Já a bacia do Ribeirão Taquara, com seus resultados menos dispersos, serve como modelo de integridade, mesmo contendo alguns impactos. Pode-se afirmar que os dados encontrados foram como esperados desde o início, já que esse trecho sofre impactos causados pela agropecuária, os quais são considerados menos intensos do que a área urbana. Essa menor influência pode ser a responsável pelos parâmetros limnológicos no Ribeirão Taquara apresentarem-se dentro dos limites estabelecidos pelo Resolução CONAMA n° 357/05 e da CETESB (2009).

Não podemos considerar o Taquara como um ambiente totalmente integro, e, como origem dos impactos que estão presentes nesse ribeirão, pode-se citar a retirada da cobertura vegetal da mata ciliar, já que isso pode acarretar erosão, assoreamento, diminuição de alimento para os animais, bem como aumento da carga orgânica oriunda de pesticidas usados na agricultura.

Ao comparar os dois riachos, o Taquara se encontra em condições ambientais mais favoráveis, por considerarmos como um ambiente com influências menores da ação humana. Então por ser rural, percebe-se que a intensidade de impactos foram inferiores àqueles comparados com os sofridos

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pelo Cambé, que se encontra inserido numa região metropolitana com mais de 750 mil habitantes. Como apresentado no estudo, a pequena oscilação dos parâmetros estudados (biomassa, riqueza, distribuição de tamanho, abundância) no Taquara durante os anos estudados, e no Cambé essa oscilação é bem maior nos parâmetros. Isso pode ser relacionado ao papel da proteção que a mata ciliar do Ribeirão Taquara, ou até o solo sendo usado por agricultura, traz para o corpo hídrico.

Considerando os estudos já realizados com a estrutura das assembleias de peixes na região de Londrina, é importante salientar a necessidade de que eles possam fornecer subsídios para a elaboração de programas que ajam em prol da recuperação, proteção e manutenção desses importantes ecossistemas.

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