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TatianaPilachevsky

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SALVAGUARDA E POLÍTICAS DE PROTEÇÃO DA PAISAGEM NATURAL E CULTURAL: O CASO DO PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU

TATIANA PILACHEVSKY

tatiana@rc.unesp.br

Graduanda em Geografia e Mestranda em Geociências e Meio Ambiente SILVIA PALOTTI POLIZEL

silviapolizel@yahoo.com.br

Graduanda em Geografia RESUMO

Este artigo discorre sobre a temática de salvaguarda e política de proteção da paisagem pautando-se essencialmente em revisão de literatura específica. Os assuntos como paisagem natural e cultural; valoração e percepção da paisagem, patrimônios da humanidade e seus aspectos legais serão analisados do ponto de vista da abordagem fenomenológica, discutindo o exemplo do Parque Nacional do Iguaçu, considerado um patrimônio da humanidade. Desta forma, o principal objetivo deste trabalho consiste em verificar a relevância das políticas de proteção da paisagem e inferir sobre a contribuição da percepção ambiental acerca dos recursos paisagísticos estudando o caso do Parque Nacional do Iguaçu.

INTRODUÇÃO

Criado em 1939 pelo decreto federal nº 1.035 e posteriormente, em 1986, tombado como Patrimônio Mundial Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), o Parque Nacional do Iguaçu, localizado no estado do Paraná, na divisa entre Argentina e Paraguai, constitui uma das maiores reservas florestais da América Latina, apresentando cataratas de significativo valor estético e a maior área representativa de Floresta Estacional Semidecídua do Brasil.

De acordo com as disposições do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), o Parque Nacional do Iguaçu se enquadra no grupo de Unidades de Proteção Integral1 que engloba, dentre outras, a categoria de Parque Nacional. Dentro desta categoria, ele foi o pioneiro a elaborar um plano de manejo.

Foi enquadrado na lista dos Patrimônios da Humanidade em 1986 por conter fenômenos naturais raros e de excepcional valor estético e por apresentar habitats naturais de espécies animais e vegetais de alta relevância para a conservação da biodiversidade (UNESCO, 2010).

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Segundo o parágrafo 1 do artigo 7 do SNUC “O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais”.

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Assim, levando-se em conta as características deste patrimônio e sua representatividade para a conservação dos elementos naturais e culturais da humanidade considerou-se fundamental a realização de estudos que abarcassem a temática de Salvaguarda e Políticas de Proteção da Paisagem Natural e Cultural tendo em vista o caso do Parque Nacional do Iguaçu, enfatizando, principalmente, a relevância da percepção e da valoração da paisagem para sua caracterização e titulação como Patrimônio da Humanidade.

O levantamento bibliográfico da situação atual e histórica, bem como, a caracterização em termos dos aspectos culturais e sociais da área analisada e de seu entorno foram as diretrizes utilizadas para o levantamento de reflexões e diagnósticos acerca da importância da proteção deste patrimônio; da influência das populações tradicionais na área; e das conseqüências da interferência da visitação turística neste contexto, considerando o gradiente de efetividade da legislação vigente. Além disso, buscou-se analisar o parque de acordo com o valor de mercadoria que este passou a ter a partir do momento que se tornou um Patrimônio Mundial, tendo em vista que esse título é muito aproveitado para o “marketing turístico” (SCIFONI, 2005).

O método fenomenológico foi utilizado para a realização desta pesquisa embasando a identificação das características da paisagem do parque. Desta forma, conceitos, como percepção, valoração ambiental, qualidade cênica, preferências paisagísticas, dentre outros, além dos conceitos de paisagem natural e cultural, recurso paisagístico, patrimônio natural e cultural, foram adotados e utilizados no decorrer de todo este trabalho.

Deste modo, os procedimentos metodológicos englobaram a fundamentação teórica a respeito dos principais conceitos em discussão, alguns pontos da legislação brasileira vigente no que concerne a proteção do patrimônio natural e cultural, e análises pautadas na fenomenologia acerca da Salvaguarda e Políticas de Proteção da Paisagem Natural e Cultural destacando o caso do Parque Nacional do Iguaçu. Por fim, considerações a respeito da pesquisa serão tecidas.

Espera-se com este estudo constatar a relevância das políticas de proteção da paisagem e inferir sobre a contribuição da percepção ambiental acerca dos recursos paisagísticos que possuem este tipo de salvaguarda.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Paisagem Natural e Paisagem Cultural

O conceito de paisagem é amplo e abrangente, sendo utilizado em diversas linhas de pesquisa, como também em diferentes escalas espaciais de compreensão, através de relações culturais, ecológicas, econômicas e sociais. A paisagem pode ser definida como um sistema territorial constituído por complexos e componentes de diferentes magnitudes formados a partir da atividade modificadora da sociedade humana, que se encontra em permanente interação e que se desenvolvem historicamente e pela influência dos processos naturais (POLETTE, 1999)

Para Santos (1988), a paisagem é “tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons etc.” (p. 83).

Entendendo a paisagem como a representação visível de diversos aspectos do espaço geográfico, Almeida e Rigolin (2005) afirmam que os elementos presentes no espaço geográfico inserem-se na paisagem, tanto os elementos humanos, ou seja, produzidos pela sociedade, como os elementos naturais. Ao se observar um lugar, pode-se descrever os elementos que constituem aquela paisagem, além de pode-se poder distinguir os aspectos característicos da paisagem natural e da cultural, tão distinguíveis e perceptivos ao alcance de nosso olhar e de nossos conhecimentos sobre aquela paisagem.

Em relação à paisagem natural e cultural, especificamente, Petroni e Kenigsberg (1994) apud Boúllon (1994) definem a primeira como sendo o conjunto de caracteres visíveis e físicos de um lugar que ainda não foi modificado pelo homem, porém, na atualidade, sabe-se que a interferência humana pode ser notada em quase todos os cenários e paisagens terrestres. Portanto, ao se definir paisagem natural como intocada pela ação humana, deve-se ter clara a concepção de que esta paisagem apenas possui uma interferência pouco significativa ou inexpressiva, mais existe a interferência. Já a paisagem cultural pode ser conceituada, de maneira sucinta, como aquela paisagem modificada pela atividade e presença do homem, evidenciada por suas marcas (como culturas, monumentos, cidades, etc).

Segundo Corrêa (1995), a paisagem cultural pode ser compreendida como um “conjunto de formas materiais e imateriais dispostas e articuladas entre si no espaço” (p.

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4) e seus estudos abarcam fortes elementos subjetivos. Assim, a paisagem se constitui, de um lado, como uma matriz cultural, e de outro, como o resultado de uma dada cultura que a modelou. Portanto, a paisagem como resultado, expressa a cultura em seus diversos aspectos, expondo em si todo o saber que a constitui e ilustrando seus aspectos simbólicos e funcionais (CLAVAL, 1992 apud CORRÊA, 1995).

2.2. Valoração e Percepção da Paisagem

A paisagem é uma herança histórica, biológica e cultural configurada tanto por valores tangíveis quanto por intangíveis, que se constitui como patrimônio coletivo da população, sendo esta responsável por sua proteção (AB’SABER, 2003).

Ao constituir uma herança, Guimarães (2005) explica que “a paisagem é o legado de remotas e intensivas modificações, organizações e representações espaciais, resultado da combinação de processos naturais e antrópicos” (p.204), mediadora das relações entre sociedade e natureza.

Neste sentido, a paisagem é percebida e valorada de acordo com a inter-relação estabelecida entre ela e o indivíduo. Ou seja, o modo como se observa e valora a paisagem é função do que é realizado nela, e está vinculado às experiências pessoais e aos propósitos de cada indivíduo (ZUBE, 1987).

Tuan (1980) afirma que a percepção é “tanto a resposta dos sentidos aos estímulos externos, como atividade proposital, na qual certos fenômenos são claramente registrados, enquanto outros, retrocedem para a sombra ou são bloqueados” (p.04). Além disso, considera as diferentes maneiras pelas quais os homens podem responder à paisagem analisando a importância da influência da apreciação visual e estética, o contato físico, a consciência do passado, o bem-estar, a familiaridade e o patriotismo de cada indivíduo, atuando na percepção da paisagem.

Oliveira (1983) explica ainda, que cada pessoa tem uma percepção individual, incomunicável e irreversível da paisagem e de sua qualidade. Segundo a autora, a percepção está biologicamente limitada às condições anatômicas e fisiológicas da espécie humana e é processada de acordo com os padrões culturais, geográficos e históricos.

Para Ferrara (1993) a percepção ambiental revela a superação da opacidade projetada pela rotina cotidiana, podendo ser definida como sendo “informação na mesma medida que informação gera informação: usos e hábitos são signos do lugar

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informado que só se revela na medida em que é submetido a uma operação que expõe a lógica da sua linguagem” (p. 153).

Relacionando o conceito de percepção ao patrimônio cultural Kohlsdorf (2005) observa que,

“A percepção é o principal meio de reconhecimento e valorização do patrimônio cultural, porque está presente em qualquer ser humano e possibilita a mais irrestrita transmissão de informações. Ela é chave para a identidade espacial, pois oferece noções de suas características de conjunto: Jamais percebemos monumentos ou seus detalhes isolados de seu entorno, mas sempre paisagens – a porção de espaço abrangida pela vista” (p. 04). Hardt (2009), neste contexto, explica que as teorias referentes à percepção ambiental, de uma maneira geral, consideram essa percepção como um processo global que extrapola a simples estruturação dos estímulos e a captação sensorial, e apresentam a concepção de indivíduo como agente ativo, participativo e orientado nesse processo, considerando “o entorno como uma unidade global, sobre a qual se estruturam os processos perceptivos” (HARDT, 2009, p. 38).

No que diz respeito à valoração da paisagem, que está intrinsecamente relacionada à percepção, Guimarães (2005) afirma que as pessoas atribuem valores e significados às suas paisagens de acordo com as circunstâncias experienciadas e com suas histórias de vida que envolvem sentimentos de territorialidade e afeição. Deste modo, Guimarães (2007) observa que,

“As paisagens constituem centros de diferentes significados, resultantes das formas como as valoramos. Então, de acordo com nossos códigos avaliadores podem ser interpretadas através de seus símbolos visíveis, não-visíveis e sensíveis, pois como um símbolo em si próprio, a paisagem, envolvendo aqui as dimensões naturais, culturais e ecléticas, revela o curso da evolução do planeta e das transformações da história da humanidade. É por isso que nos permite perscrutar e desvendar os valores significativos do passado e do presente, bem como vislumbrar as expectativas relacionadas a prováveis situações futuras” (GUIMARÃES, 2007, p. 21).

Zube (1987) sobre valoração da paisagem, demonstra que as percepções pessoais quando são mediadas por fatores de interesse individual e funções utilitárias, ou seja, por desejos e necessidades, além dos contextos sociais e culturais, contribuem para o potencial de resposta e à orientação de valor individual sobre a paisagem. Além disso, ele sugere e ressalta a importância do uso de informações de valores paisagísticos para a realização do planejamento da paisagem.

A esse respeito, em Guimarães (2005), o planejamento, a gestão e a proteção dos recursos paisagísticos naturais e construídos são considerados envolvendo a inter-relação entre os indivíduos e suas paisagens baseados entre outros aspectos, nas

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vivências ambientais, nas atitudes, valorações e condutas, “intrínsecas à dinâmica de vida das diferentes populações e de suas respectivas culturas, às formas de cognição, percepção, interpretação e representação do meio ambiente”(GUIMARÃES, 2005, p. 01).

Desta forma, considerando o estudo da percepção da paisagem essencial para o planejamento ambiental, Schmitt (2005, apud HARDT, 2009) observa que a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), responsável, dentre outras coisas, pela titulação dos Patrimônios da Humanidade, recomenda que estudos e investigações sobre percepção devam fazer parte de projetos que abordem a relação espaço-homem e o gerenciamento dos ecossistemas, “já que o estudo de percepção ambiental contribui para o conhecimento das relações entre os seres humanos e o ambiente” (SCHIMITT, 2005, apud HARDT, 2009, p. 38).

Além da importância da percepção, os valores também “se expressam com freqüência no discurso justificativo das iniciativas de proteção e, geralmente, são atribuídos a um ente coletivo e difuso, como a sociedade, a comunidade” (CARNEIRO, 2007, p. 70). Esses valores podem ser de caráter de antiguidade, histórico, de novidade, de uso, ou comemorativo segundo Carneiro (2007), e são meios para atribuições simbólicas ao patrimônio, com o fim de “reforçar a noção de cidadania [...] identificar e conferir visibilidade e realidade à entidade ideal que é a nação, [...] e propiciar base material para iniciativas de caráter pedagógico e de educação do cidadão” (FONSECA, 2005 apud, CARNEIRO, 2007, p. 70).

2.3. Patrimônios da Humanidade

Segundo a definição de Zanirato (2009) patrimônio pode ser caracterizado como “elementos materiais e imateriais, naturais ou culturais, herdados do passado ou criados no presente, no qual um determinado grupo indivíduos reconhece sinais de sua identidade” (p. 145).

Visando o incentivo à proteção e preservação dos recursos paisagísticos considerados de significativo valor estético e cultural, a UNESCO criou em 1972 a Convenção do Patrimônio Mundial (MENEZES, 2010). As constatações de que os patrimônios naturais e culturais estão cada vez mais ameaçados pela destruição natural e principalmente antrópica, em decorrência de sua evolução econômica e tecnológica; e a consideração de que o desaparecimento de um bem do patrimônio pode causar um empobrecimento do patrimônio da humanidade, além de outras causas, foram os fatores

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que propiciaram a motivação para a criação desta convenção que resultou nas diretrizes para a constituição dos Patrimônios Mundiais (UNESCO, 1972).

No entanto, a idéia de patrimônio toma seus contornos mais atuais somente a partir da 25ª Conferência Geral da Unesco, em 1989, quando se passa também a abranger a “salvaguarda às manifestações culturais populares e tradicionais, consideradas então como ‘parte do patrimônio universal da humanidade’ e ‘poderoso meio de aproximação entre os povos e grupos sociais existentes e de afirmação de sua identidade’” (CARNEIRO, 2007, p. 41).

Assim, as noções de patrimônio cultural e natural podem ser designadas “por patrimônio da humanidade, acrescentando-se apenas que se tratariam, nesse caso, o valor universal excepcional de maior excepcionalidade, integrados pelos bens de cada nação, inestimáveis e insubstituíveis” (UNESCO, 1999 apud CARNEIRO, 2007,p. 41).

De acordo com o artigo 1 da Convenção do Patrimônio Mundial (UNESCO,1972), o patrimônio cultural pode ser considerado: os monumentos (obras arquitetônicas, elementos de estruturas de caráter arqueológico, entre outros); os conjuntos (grupos de construções isoladas ou reunidas com valor universal no que se refere a história, a ciência ou a arte, etc.); e os locais de interesse (como por exemplo, obras humanas com valor universal do ponto de vista antropológico, histórico, estético ou etnológico), e também, incluído mais recentemente, como explicitado anteriormente, os patrimônios de caráter imaterial.

Já os tipos de patrimônio natural estão dispostos no artigo 2 desta Convenção (UNESCO,1972), como sendo: os monumentos naturais com valor estético ou científico excepcional; as formações geológicas, fisiográficas e as zonas delimitadas que compõem habitats de animais e vegetais ameaçados de extinção, com valor universal científico e de conservação excepcional; e os locais de interesse naturais ou de zonas naturais delimitadas, que apresentam valor universal no que se refere a ciência, a conservação, ou a beleza natural. Zanirato e Ribeiro (2006) a esse respeito salientam que:

“Os bens materiais e imateriais, tangíveis e intangíveis que compreendem o patrimônio cultural são considerados manifestações ou testemunho significativo da cultura humana, reputados como imprescindíveis para a conformação da identidade cultural de um povo. Em se tratando do patrimônio natural, a avaliação é ainda maior, posto que a salvaguarda dos recursos materiais e do conhecimento tradicional sobre os usos desses recursos é tida como essencial para a garantia de uma vida digna para a população humana. Apesar disso, outros interesses são identificados na

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conservação do patrimônio natural, em especial a intenção de reservar informação genética nas áreas protegidas para uso futuro” (ZANIRATO; RIBEIRO, 2006).

Além disso, alguns aspectos devem ser levados em conta para a concepção de patrimônios culturais e naturais. Primeiramente, é a intenção da UNESCO de considerar em uma só convenção os aspectos naturais e culturais conjuntamente de um patrimônio mundial (CARNEIRO, 2007). E um outro aspecto assinala que “o requerimento de valor universal excepcional deveria ser interpretado como resposta excepcional à questão de natureza comum universal ou colocada por todas as culturas humanas” (ICOMOS, 2004, apud CARNEIRO, 2007, p. 46) em que a diversidade biogeográfica fosse considerada na análise do patrimônio natural e a criatividade humana e a diversidade cultural fossem consideradas na análise do patrimônio cultural (ICOMOS, 2004, apud CARNEIRO, 2007).

Tendo em vista os critérios adotados, os países signatários da convenção indicam seus bens a serem incluídos na Lista do Patrimônio Mundial. Os responsáveis por analisar os pedidos e informar suas recomendações para o Comitê do Patrimônio Mundial, composto por representantes de 21 países, são dois órgãos consultivos; o Conselho Internacional para Monumentos e Sítios – ICOMOS, e a União Internacional para Conservação da Natureza – IUCN (MENEZES, 2010).

“O reconhecimento de um bem e sua conseqüente inclusão na Lista do Patrimônio Mundial é um procedimento complexo e rigoroso. Além de comprovar o valor universal e as condições de integridade, o proponente deve apresentar um plano de gestão para a área e os sítios devem contar, previamente, com uma proteção jurídica adequada em seu país de origem” (SCIFONI, 2005, p.02).

No entanto, existem duas possibilidades de perda do título de Patrimônio da Humanidade. A primeira causa seria a deterioração do bem até que perca suas características que o levaram a conquista do título, e a segunda seria quando no momento de sua inscrição ao título de patrimônio mundial as características e qualidades do bem estiverem ameaçadas e as medidas corretivas não forem tomadas no prazo estabelecido pela Comissão do Patrimônio Mundial (MENEZES, 2010).

No que se refere aos Patrimônios Mundiais localizados no Brasil, ao todo são 16,, os quais se configuram como patrimônios da humanidade, como por exemplo, a cidade histórica de Ouro Preto, a cidade histórica de Olinda, o plano piloto de Brasília, e o Parque Nacional do Iguaçu, este último objeto de análise deste estudo.

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Do ponto de vista econômico e turístico é interessante para um país possuir títulos de Patrimônios da Humanidade, já que por possuir um valor de ordem estética, cultural, científica ou histórica, determinados patrimônios são reconhecidos como Patrimônios Mundiais, passando a se constituírem como um recurso paisagístico2 e a possuírem valores de mercadoria3.

2.4. Salvaguarda e Políticas de Proteção da Paisagem Natural e Cultural

A salvaguarda e as políticas de proteção ambiental estão intrinsecamente relacionadas à legislação nacional, regional e municipal (itens tratados no item 3 deste trabalho), assim como às disposições de caráter internacional.

Oliveira (2007) descreve que as principais ações correspondentes à salvaguarda se referem a identificar, inventariar, documentar e registrar os bens culturais e naturais visando a garantia de sua proteção, conservação e reprodução. No caso dos bens do patrimônio cultural cabe ainda reconhecê-los e valorizá-los através de sua inscrição em Livros, como por exemplo, o Livro dos Saberes, o Livro das Celebrações, o Livro dos Lugares, entre outros.

Neste sentido, enfatizando a importância da aplicação de uma legislação rigorosa para a manutenção da qualidade das paisagens, Burle-Marx (1977) afirma que existem critérios para a realização dos zoneamentos e classificações das paisagens que requerem estudos detalhados, e que são importantes para a salvaguarda destes bens. Assim, ele expõe a necessidade da coleta de dados de ordem física e sócio-econômica da região, que vai ao encontro com as fases de identificação e inventário propostas por Oliveira (2007).

Em seu texto, Burle-Marx (1977) ressalta ainda, o valor sócio-cultural do patrimônio paisagístico “como garantia da manutenção da qualidade de vida, e meio de assegurar formas de lazer dignas” (p. 44), no entanto, destaca a influência do turismo e do lazer para a geração de riqueza para suas regiões, por isso, afirma que “nada mais justo, pois, que estendamos esses benefícios não apenas a alguns pontos privilegiados

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Recursos paisagísticos são “aquelas paisagens que, devido a características especificas, de ordem estética, científica ou histórica, constituem bens culturais de uma comunidade” (BURLE-MARX, 1977, p. 40).

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Valor de Mercadoria pode ser definido “quando um bem ambiental pode ser transformado em um produto passível de ser comprado ou vendido no mercado, envolvendo assim valor direto e indireto de mercadoria (GUIMARÂES, 2009).

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do País, mas a toda comunidade” (p.44), sempre tendo em vista a proteção destas paisagens. E é dessa maneira que o planejamento paisagístico associado ao turismo “deve propiciar a utilização do patrimônio natural e cultural de acordo com suas funções de uso, proteção, recreação, de modo a alcançar um equilíbrio entre o potencial da paisagem” (GUIMARÃES, 2007, p. 207).

Vilàs (1992) também salienta a importância do diagnóstico, assim como do inventário, e de outras fases da análise da paisagem, já que o uso racional da paisagem somente será possível se os valores limites de seu potencial, ou seja, sua capacidade de suportar os impactos antrópicos, da ação turística, por exemplo, forem descobertos.

Vianna (2004), em relação à legislação brasileira de salvaguarda e proteção do patrimônio, destaca a importância do tombamento dos bens do patrimônio, e enfatiza a atenção dada nos últimos anos aos patrimônios de caráter imaterial, com a criação do registro de bens culturais e o Inventário Nacional de Referências Culturais, tendo em vista a importância destes para a preservação da história e dos patrimônios tanto culturais como naturais, no sentido de que as populações, mesmo indiretamente, interferem no meio ambiente.

Portanto, a titulação de Patrimônios Mundiais pela UNESCO, assim como, o tombamento de bens e a caracterização de áreas como unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável constituem políticas de salvaguarda dos patrimônios de significativa importância natural ou cultural.

Abaixo, estão brevemente dispostos os aspectos legais que caracterizam a salvaguarda e a proteção dos bens naturais e culturais no contexto brasileiro.

3. ASPECTOS LEGAIS

Apesar da UNESCO se propor, através da titulação dos Patrimônios Mundiais, promover a proteção, a identificação e a preservação do patrimônio cultural e natural de todos os países, são as políticas e a legislação interna de cada país que deve proporcionar as medidas para a proteção destes bens.

A paisagem, como recurso natural e cultural é compreendida no Brasil pelo patrimônio cultural brasileiro e “constitui relevante bem de valor expressamente protegido pela vigente Constituição” (CUSTÓDIO, 2002). Constitucionalmente todos os indivíduos possuem o direito a um meio ambiente saudável e a uma paisagem harmônica e organizada, cabendo à ele e ao poder público “o dever de defendê-la e

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preservá-la para as presentes e futuras gerações” (CF, artigo 225, c/c artigos 23, III, IV, 24, VII, VIII, 215, § 1º, 216, §§ 1º, 3º, 4º, apud CUSTÓDIO, 2002).

De um modo geral, a legislação vigente no Brasil, em âmbito federal, no que se refere aos patrimônios naturais e culturais, estão baseadas principalmente:

 no Decreto-Lei nº 25 criado desde 1937, que institui o caráter legal do tombamento, usado para delimitar uma área protegida;

 na Lei de Arqueologia (Lei nº 3.924/6); nos artigos 215 e 216 da Constituição Federal de 1988, que dispõe sobre os patrimônios culturais;

 no Decreto nº3.551/0 que institui o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial;

 no Regulamento dos Parques Nacionais (RPN), aprovado pelo Decreto Federal nº 84.017, de 21 de setembro de 1979 que normatiza as atividades realizadas em parques nacionais;

 no Decreto nº 5.040 que aprova o regimento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN que é “responsável por preservar a diversidade das contribuições dos diferentes elementos que compõem a sociedade brasileira e seus ecossistemas” (IPHAN, 2010);

 na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81);

 nas resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA);

 no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

Estes três últimos referindo-se principalmente à proteção do patrimônio natural, entre outros. As declarações, cartas e tratados nacionais e internacionais, e as leis e diretrizes de âmbito estadual e municipal também devem ser levadas em conta para a proteção dos patrimônios naturais e culturais do Brasil, sendo este de reconhecimento mundial ou nacional (SANTOS, 2001).

É interessante ressaltar que, segundo o disposto no art. 7º e incisos do RPN, “os Parques Nacionais podem conter, no todo ou em parte, sete zonas características: uma zona intangível (que não tolera quaisquer alterações humanas), uma zona primitiva (onde tenha ocorrido pequena ou mínima intervenção humana), uma de uso extensivo (constituída em sua maior parte por áreas naturais, podendo apresentar alguma alteração humana), uma de uso intensivo (constituída por áreas naturais ou alteradas pelo homem), uma histórico-cultural (onde são encontradas manifestações históricas e culturais ou arqueológicas), uma de recuperação (que contém áreas consideravelmente alteradas pelo homem) e uma zona de uso especial (com áreas necessárias à administração, manutenção e serviços do Parque Nacional, abrangendo habitações, oficinas e outros)” (FIGUEIREDO; RODRIGUES, 1997).

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Além disso, Guimarães (2005) observa a importância do planejamento integrado local e regional expondo que,

“a proteção dos recursos paisagísticos naturais e culturais, considerada a relevância dos interesses e valores concernentes às questões de significância patrimonial, deve se apresentar em consonância com diretrizes de planejamento integrado e de programas conservacionistas de uso racional locais e regionais, promovendo ações com amplitude de variação segundo suas dimensões, contextos e riscos, incluindo as áreas respectivas ao patrimônio natural e construído e seus espaços de entorno e de ambientação. Tais medidas protecionistas abarcariam ações de caráter preventivo, mitigador e corretivo de acordo com a situação e as exigências técnicas e legais relacionadas à proteção da paisagem, minimizando determinados efeitos, influências e atividades responsáveis pela deterioração paisagística imediata ou não, direta e indireta, tomando em consideração a natureza, a extensão, a intensidade e antiguidade das transformações e interferências na área” (SEIBERT, 1978; SIMMONS, 1982; 1993; LIMA, 1998; 1997; LOPES et al 2001; GUIMARÃES, 2002; 2004 apud GUIMARÃES, 2005).

Segundo Scifoni (2008), apesar de existir uma ampla base legal para a proteção do patrimônio natural e cultural no Brasil, costuma-se privilegiar o domínio edificado, de acordo com seu valor estético, e negligenciar o valor social e o patrimônio natural, o que acaba por prejudicar a proteção e a preservação destes bens.

Santos (2001), a respeito da gestão do patrimônio cultural, observa que o tombamento é apenas uma das maneiras legais de proteção dos bens materiais, e que um dos maiores desafios é “definir conceitual e legalmente novas formas de acautelamento compatíveis com sua abrangência, cada vez maior, e com o exercício dos direitos culturais do cidadão, reconhecidos no texto da Constituição de 1988” (p. 01), tendo em vista a necessidade de proteção ou preservação tanto de patrimônios materiais quanto imateriais.

Contudo, a legislação vigente é essencial para conduzir os exercícios de percepção e de valoração da paisagem de consultores ambientais e outros profissionais da área. Através dela é possível saber como usar e proteger a paisagem, estando incluídas as disposições de visitação turística, por exemplo, no caso dos patrimônios culturais e naturais.

No caso específico do Parque Nacional do Iguaçu, objeto de estudo deste trabalho, por constituir-se como patrimônio binacional, localizado em território brasileiro e argentino, além da legislação acima referenciada, há a necessidade da ação conjunta e de políticas integradas por parte destes países.

De acordo com o Plano de Manejo do Parque do Iguaçu, criar uma imagem de recursos fronteiriços e de recursos compartilhados em toda a totalidade de ambos os

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parques é o objetivo do programa denominado “Natureza sem Fronteiras” em que as autoridades responsáveis pela normatização dos dois países se unem para a realização de ações como, pesquisa, monitoramento, fiscalização e controle das duas áreas protegidas (PEGORARO, s/d).

Além disso, por ser constituída pelo rio Paraná e seu afluente Iguaçu, cabe à lei federal nº 9.433/97 que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos nortear as políticas de gerenciamento do Parque Nacional do Iguaçu.

Portanto, a inclusão e a permanência de um bem nacional, regional, ou no caso estudado, binacional, na lista dos Patrimônios Mundiais dependem da legislação nacional e internacional vigente e de sua efetividade no que diz respeito à proteção desses recursos paisagísticos.

4. ANÁLISE DO PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE: PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU

4.1. Localização

Tendo por base as fundamentações supracitadas, juntamente com pesquisas estritamente direcionadas ao Parque Nacional do Iguaçu, irá se descrever, os aspectos e características gerais deste Parque Nacional e Patrimônio da Humanidade, destacando a importância da proteção deste patrimônio. Pretende-se também, traçar um panorama geral sobre o valor de mercadoria atribuído ao Parque, após tornar-se um Patrimônio Mundial, além de traçar alguns paralelos entre a influência das populações tradicionais na área, com as conseqüências da visitação turística no Parque e, suas respectivas interferências.

O Parque Nacional do Iguaçu (PNI) foi criado em 10 de janeiro de 1939. Ele possui uma superfície de 185.262 hectares, dos quais 5.600 ha estão disponíveis para visitação, e cerca de 420 km de perímetro, distribuídos por 100 quilômetros no limite leste, 15 quilômetros no limite oeste, 180 quilômetros no limite sul e 125 quilômetros no limite norte. Por ser a última grande amostra do Domínio de Mata Atlântica que cobre grande parte da bacia do Prata, em 1986 foi tombado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) como Patrimônio da Humanidade (MOREIRA, 2008).

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O PNI localiza-se na região Sul do País, na porção meridional do terceiro planalto, no oeste do Estado do Paraná. Esta unidade de conservação está situada entre as coordenadas geográficas 25º 05´ e 25º 40´ latitude sul e 54º 30´ e 54º 40´ de longitude oeste. “A região analisada é constituída pelo Rio Paraná e por seu afluente Iguaçu já nas proximidades de sua foz. A floresta nativa que forma o Parque está localizada em territórios brasileiro e argentino” (FIGUEIREDO; RODRIGUES, 1997).

4.2. Breve histórico e biodiversidade

Em relação ao processo histórico de constituição e construção do Parque Nacional do Iguaçu, pautando-se estritamente na tese de Moreira (2008), tem-se que a região foi, inicialmente, habitada por índios. O primeiro europeu a chegar até as cataratas foi o capitão espanhol Nunez Cabeza de Vaca, em 1542, batizando um de seus saltos de Santa Maria. Esta constatação evidencia que, desde os primórdios da colonização brasileira, acentuado valor estético foi atribuído à área hoje correspondente ao Parque Nacional do Iguaçu, em virtude de seu significativo valor e exuberância paisagística.

O Parque Nacional do Iguaçu, segundo a autora supracitada, divide o título de Patrimônio Mundial com o Parque Nacional Iguazú (criado anteriormente ao PNI, no ano de 1934), localizado na outra margem do rio, na Argentina. Inscrito como Bem Natural em 1986 na Lista de Patrimônio Mundial, em conjunto os dois parques abrigam a totalidade das quedas d’água e formam uma das maiores áreas de floresta subtropical preservadas no mundo, cobrindo 225 mil hectares, dos quais 75 % estão em território brasileiro (UNESCO, 2002).

Em julho de 1916, a área do PNI foi considerada de domínio público pelas mãos do então governador do Paraná, Affonso Alves de Camargo. Foz do Iguaçu foi ponto de partida da Coluna Prestes/ Izidoro Dias, que em 1927 percorreu 45 mil quilômetros dentro do território brasileiro lutando contra as oligarquias regionais que davam sustentação ao governo central do presidente Washington Luiz (Portal das Cataratas “H2FOZ”).

Quanto a biodiveridade, o parque protege espécies representativas, sendo algumas em extinção, como a onça-pintada, puma, jacaré de papo amarelo, gavião real, além de espécies da flora como o pinheiro e a peroba rosa. O valor ambiental e o significativo valor estético das paisagens dessa unidade de conservação fazem dela um patrimônio sem fronteiras. O Parque é considerado uma das últimas reservas florestais

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da Mata Atlântica do Brasil e a maior reserva de floresta pluvial subtropical do mundo (Portal das Cataratas “H2FOZ”).

De acordo com Vega (2003 apud MOREIRA, 2008), foram registrados no Parque 200 espécies de árvores, 250 espécies de borboletas, 71 de mamíferos, 36 de répteis, 448 de aves e 20 de anfíbios. Os aspectos histórico-culturais são comentados por guias e condutores, sendo que a lenda de formação das Cataratas é a mais conhecida e difundida (MOREIRA, 2008). Neste contexto, pode-se inferir que os aspectos históricos e culturais da população tradicional, ganham forma, dentre outras maneiras, nas lendas, reforçando as características particulares e representativas dessa população.

Assim, o interesse ambiental dos parques do Iguaçu, ao contrário do que muitos pensam, “não se resume às cataratas e à sua proteção imediata; há a selva que os recobre, magnífica representante da floresta tropical subúmida do interior, que ali se estende como um autêntico abrigo da exuberância vegetal” (FIGUEIREDO; RODRIGUES, 1997).

Segundo estatísticas oficiais do Portal das Cataratas “H2FOZ”, restam menos de 5% da cobertura vegetal original, no estado do Paraná. A área do Parque sozinha corresponde a mais da metade do que restou da chamada floresta estacional semidecidual, sendo, portanto, uma ilha florestada num oceano de extensos campos cultivados. Além disso, o Parque assenta-se sobre o Aqüífero Guarani, uma das maiores reservas mundiais de água subterrânea.

4.3. Plano de Manejo

No que tange os aspectos de proteção legal e monitoramento do Parque Nacional do Iguaçu, destaca-se o Plano de Manejo do PNI. Este plano foi elaborado em 1981 e revisado em 1999. Segundo Moreira (2008), o Parque iniciou uma grande revitalização, através da concessão de uso de áreas e serviços localizados na zona de uso intensivo, atuando como uma ferramenta de manejo e melhoria da Unidade, no ano de 1997. Mueller et al (2003 apud MOREIRA, 2008) consideram inclusive que o sistema de concessão auxilia os órgãos gestores a adequarem a visitação quando permitido o uso público para fins educacionais e recreativos.

No âmbito dos aspectos legais, que envolvem, dentre outros, o Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu, tem-se que todo o exercício de valoração e percepção da paisagem, só pode ser realizado tomando a legislação como base. Assim, ao se elencar

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os elementos paisagísticos, e as suas funcionalidades e características, devem-se ter claras as restrições e proteções legais vigentes na Constituição Nacional.

4.4. Turismo e Educação Ambiental

O PNI conta com um programa de Educação Ambiental, coordenado pelo Instituto Chico Mendes, mesmo instituto responsável pela fiscalização e cuidados do Parque. Este programa, de acordo com as informações retiradas do próprio site da Instituição, vê na Educação Ambiental

“uma estratégia muito utilizada para minimizar os problemas ambientais e contribuir para o manejo e proteção das Unidades de Conservação. Estas, por sua vez, facilitam e enriquecem o desenvolvimento de diversos programas de Educação Ambiental, pois representam muitas vezes a única área natural bem conservada de uma região” (Instituto Chico Mendes, 2010).

Neste contexto, em 26 de janeiro de 2000, foi inaugurada a Escola de Educação Ambiental do Parque Nacional do Iguaçu/ Escola Parque pelo IBAMA – Parque Nacional do Iguaçu, com o propósito de estimular atitudes em favor da conservação do meio ambiente, através de ações específicas com diferentes fatores sociais, mudar e reduzir os impactos provocados pelas atividades e costumes do entorno (ICM-Bio, 2010).

Em relação à área de abrangência, as ações dos Programas da Escola Parque envolvem principalmente a comunidade dos quatorze municípios do entorno ao parque, como estudantes do ensino fundamental e médio, universitários, professores, líderes comunitários e associações (ICM-Bio, 2010).

Portanto, nota-se a importância da Escola Parque tanto para a conservação do PNI quanto para a tomada de “consciência” ambiental, por meio de seus programas que envolvem a população do entorno do parque. Ao envolver essa população de entorno, pode-se criar um sentimento de proteção para com esse parque, dependendo dos valores atribuídos á paisagem que serão despertados nessas pessoas. Assim, para elucidar esta afirmação, pode-se citar o termo “topofilia”, tão bem trabalhado e exposto na obra de Tuan (1983), já que “a atitude em relação ao meio ambiente, muda com o aumento do domínio sobre a natureza” (p. 285). Com isso, é evidente que ao resgatar o sentimento de zelo e cuidado pelo parque na população, sendo este um dos objetivos da Escola Parque, acaba-se por instigar este sentimento topofílico na população do entorno.

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4.5. Aspectos sociais, políticos, culturais e econômicos

No que tange os aspectos sociais, políticos, culturais e econômicos, o PNI é hoje o último grande remanescente protegido terra adentro no estado do Paraná, cercado de soja e outros cultivos e de povoados por todos os lados (MOREIRA, 2008).

Neste contexto, ainda hoje, o PNI é palco de extração de palmito, caça e outras ilegalidades, mas nada tão sério como foi à ocupação de 12 mil hectares da sua extensão por mais de 400 famílias há mais de 30 anos (MOREIRA, 2008).

Sobre este aspecto, pode-se verificar que no PNI ocorre embates entre a conservação ambiental e a “necessidade” humana de aumentar seu território e suas terras para exploração. Assim, no decorrer da história do Parque Nacional do Iguaçu, diversos confrontos podem ser citados, porém, todos trazem em comum essa dualidade tão intrínseca ao processo de desenvolvimento.

A esse respeito, Ab’ Saber (2003) salienta que não se pode pensar nas potencialidades paisagísticas sem pensar no grande dilema dos tempos modernos, que é o economicismo e o ecologismo (conceitos radicais para se tratar da conservação do meio ambiente). Segundo ele, “o ponto de equilíbrio será encontrado na planificação racional que compatibilize os objetivos de crescimento da economia com a proteção e desenvolvimento da constelação dos recursos naturais, em proveito de metas a um só tempo ecológicas e econômicas” (p. 18, apud GÓES, 1973), e este deve ser o caminho trilhado para o sucesso da conservação do Parque Nacional do Iguaçu.

4.6. O Parque Nacional do Iguaçu na atualidade

Como foi citado anteriormente, um dos embates que rondam o Parque Nacional do Iguaçu na atualidade é a questão da reabertura da Estrada do Colono. Segundo as informações do Portal das Cataratas, o Parque ainda sofre com os reflexos da ação humana, mesmo sendo enquadrado como um Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. O principal reflexo da ação antrópica é a Estrada do Colono, que corta a reserva em um trecho de 18 quilômetros e foi fechada apenas em 1997, depois de uma longa batalha judicial com prefeituras e o governo estadual. A rodovia encurta em quase 200 quilômetros o acesso à Argentina e, com isso, movimentava a economia de Capanema, município próximo da fronteira.

A Estrada do Colono fragmenta o Parque em dois ambientes podendo gerar impactos no ambiente físico, bem como nos componentes bióticos. A depender da

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resposta que o sistema apresente – fato ainda não avaliado – é possível, inclusive, a não sustentabilidade de alguns destes ambientes nas vizinhanças da estrada (Portal das Cataratas “H2FOZ”).

Outro aspecto importante a somar-se na preservação deste sítio deve considerar também o problema da substituição da vegetação natural por terras cultivadas e a urbanização crescente no entorno do Parque, fatores com grande influência sobre as bacias de drenagem e seus canais constituintes (ROCHA et al, 2002).

Por causa disso, ainda segundo a fonte supracitada, o título de patrimônio da humanidade da UNESCO chegou a estar ameaçado. Superada essa adversidade, o IBAMA agora tem planos de explorar turisticamente e de forma sustentável o restante do Parque Nacional do Iguaçu.

A utilização do planejamento da paisagem definido por Zube (1983) como um “processo contínuo que ajuda fazer o melhor uso para a humanidade de certa área limitada da superfície terrestre, e ao mesmo tempo, pretende conservar sua beleza e fertilidade” (p.37) poderia ser uma sugestão de abordagem para o IBAMA executar seus planos, tendo em vista que as informações de valores paisagísticos são importantes para esse planejamento.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Parque Nacional do Iguaçu foi um exemplo explicitado neste trabalho para expressar o significativo valor das unidades de conservação e dos patrimônios naturais e culturais para a humanidade. Estas áreas representam e configuram paisagens necessárias para a manutenção de espécies raras e locais de fauna e flora, como também da conservação dos aspectos e elementos culturais e históricos.

Pela breve fundamentação teórica apresentada no início deste artigo, nota-se que há mecanismos, leis, decretos e resoluções que abarcam os diversos sistemas de unidades de conservação brasileiras e que possuem o papel de monitorar e dar as diretrizes para a conservação e adequado tratamento dessas áreas. Neste contexto, a legislação nacional é precisa e abrangente, oferecendo meios legais para se manter, como neste caso, os Parques Nacionais.

Pelo que foi explicitado na sucinta descrição sobre os aspectos característicos do Parque Nacional do Iguaçu, pode-se fazer algumas análises. Pode-se dizer que o Parque Nacional do Iguaçu, por suas características, história e presença de um dos maiores

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remanescentes de Mata Atlântica do Brasil, constitui-se como uma área de conservação expressiva no território nacional, como também em dimensões globais. As espécies e elementos naturais preservados pelo Parque contribuem para a manutenção da biodiversidade local. Além disso, destaca-se a necessidade de conservação da área e da bacia hidrográfica do PNI, tanto em território brasileiro, quanto em território argentino. Isso se dá pelo caráter holístico e sistêmico da natureza, os quais se transpõem a limites territoriais e políticos.

No que se refere aos aspectos sociais e econômicos na área, pode-se argumentar sobre a influência da população do entorno do Parque, como também do demasiado número de turistas que visitam o local. O viés turístico acaba por abarcar grandes lucros com a exploração estética e natural do Parque. Neste sentido, merece destaque a valoração da paisagem, como também a atribuição de funcionalidades a área do PNI.

Em relação à valoração e percepção paisagísticas, nota-se que há exploração da imagem do Parque Nacional do Iguaçu por ser um Patrimônio da Humanidade. Sua estética e importância nacional e internacional, são atribuídos como valores à esta paisagem, possibilitando a especulação imobiliária (exemplificada pelos hotéis luxuosos e de alto padrão no entorno do Parque), como também o valor financeiro arrecadado por empresas de turismo local. Assim, devido o marketing do lugar e a vontade que o ser humano tem de se relacionar com a natureza, em tempos que a maioria da população brasileira é urbana, a percepção das pessoas transforma-se e novos sentidos são atribuídos a paisagem. Estes sentidos são expressos pela visão de mundo da pessoa, por suas experiências pessoais, por seus pensamentos, desejos, anseios, etc.

Desta forma, pode-se dizer que o estudo e análise das paisagens constituintes do planeta, bem como suas peculiaridades e inter-relações, constituem um ramo vasto e de importância para os seres humanos, pois, o conhecimento da diversidade dos elementos paisagísticos, suas funcionalidades, valores, aspectos físicos, sociais, políticos, históricos, culturais, etc., possibilita o entendimento da dinâmica e do funcionamento de cada área, como também as demais conexões com as outras paisagens.

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