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A MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UM CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA

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Academic year: 2021

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A MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UM CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Educação Coordenadora da atividade: Lidiane Schimitz LOPES1 Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFAR) Autores: Ari Blaz Falcão ARDAIS2; Andrieli Nolibos da SILVA3; Maicon Quevedo FONTELA4; Natiele Dornelles FONTOURA5; Suen dos Santos CORREA6.

Resumo

O presente artigo relata as atividades do curso "Formação continuada de professores: matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental", realizado no Instituto Federal Farroupilha - campus São Borja em 2018 e desenvolvido para os professores da Educação Básica das escolas públicas situadas no município e região. Organizadas e ministradas por acadêmicos de licenciatura em matemática com orientação dos docentes coordenadores do projeto, as atividades práticas do curso proporcionaram aos professores vivências e reflexões acerca do ensino de matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Aos acadêmicos, destaca-se também o ganho de consciência sobre a relevância do constante aprimoramento para o trabalho docente e a valorização da formação continuada, bem como as trocas com professores atuantes na Educação Básica.

Palavra-chave: anos iniciais do Ensino Fundamental; formação continuada; matemática.

Introdução

A formação continuada sempre está (ou deveria estar) presente na prática educacional. A partir desse pressuposto, o professor está continuamente sujeito a repensar suas práticas. Cursos de formação continuada constituem-se de espaços que oportunizam o compartilhamento de impressões acerca das experiências vivenciadas no trabalho docente.

O projeto "Formação continuada de professores: matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental", realizado no Instituto Federal Farroupilha - campus São Borja e desenvolvido para os professores da Educação Básica, originou-se da necessidade de repensar estratégias para o ensino de matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Há muitos fatores que levam à defasagem do ensino, desde a formação dos professores até a falta de motivação de alunos. A partir das percepções acerca dessas

1 Lidiane Schimitz Lopes, servidora docente, Licenciatura em Matemática IFFar/SB. 2 Ari Blaz Falcão Ardais, aluno, Licenciatura em Matemática IFFar/SB.

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Andrieli Nolibos da Silva,egressa, Licenciatura em Matemática IFFar/SB. 4 Maicon Quevedo Fontela, egressa, Licenciatura em Matemática IFFar/SB. 5 Natiele Dornelles Fontoura, egressa, Licenciatura em Matemática IFFar/SB. 6

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dificuldades, pensamos na realização de intervenções com a intenção de trabalhar atividades lúdicas, materiais concretos e tecnologias para o ensino de matemática nos anos iniciais da Educação Básica.

Esse trabalho apresenta todas as propostas planejadas e desenvolvidas nos encontros com os docentes, bem como as atividades exploradas por eles em seu meio escolar com materiais apresentados durante o curso, além dos resultados obtidos nas intervenções. Sendo assim, o projeto "Formação continuada de professores: matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental" proporcionou aos licenciandos e professores a reflexão dos métodos utilizados em sala de aula e a consciência sobre a relevância do constante aprimoramento para o trabalho docente.

Metodologia

O curso "Formação continuada de professores: matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental" teve por objetivo promover a formação continuada de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental atuantes. Com encontros realizados aos sábados pela manhã nos meses de maio a setembro de 2018 e atividades à distância, o curso promoveu a discussão de práticas de sala de aula e de formação docente com os acadêmicos de Licenciatura em Matemática e os professores participantes.

O curso, realizado curso aconteceu em parceria com o Laboratório de Matemática e o Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores – LIFE, apresentou possibilidades de trabalho para diferentes conteúdos da matemática elaboradas a partir de tendências da área de Educação Matemática. Durante esses encontros, os professores vivenciaram experiências de atividades, organizadas pelos acadêmicos do curso de licenciatura, que podem ser utilizadas na sala de aula dos anos iniciais do Ensino Fundamental. No último encontro, os professores apresentaram relatos de experiência da utilização das atividades em suas escolas. Os docentes participantes receberam 40 horas de atividades certificadas.

Para a realização dos encontros com os professores, foram realizadas reuniões semanais com os acadêmicos voluntários. Nas semanas anteriores aos encontros, eram estabelecidas as atividades, o cronograma e a forma de condução de cada proposta. Na reunião após o encontro presencial, eram analisadas as escritas dos professores sobre as atividades realizadas e as impressões pessoais de cada licenciando.

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Desenvolvimento e processos avaliativos

Em seu primeiro dia de curso, após as apresentações e assinatura do “Termo de consentimento livre e esclarecido”, operações como adição e subtração foram desenvolvidas com a utilização do material dourado, que facilita a visualização das resoluções das atividades. Abordamos diferentes formas de manipular esse material, para que o docente consiga ter opções quando for trabalhar alguns conceitos matemáticos. O material dourado foi idealizado pela educadora Maria Montessori. Ele auxilia no ensino do sistema de numeração e suas operações fundamentais, o que faz desse material primordial na Educação Básica.

De início, para conhecimento do objeto a ser manipulado, realizamos atividades simples: a primeira forma de manuseio foi a representação dos números. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a questão do valor posicional e absoluto do número é algo que pode ocasionar confusão. Entretanto, entendemos que, com o material concreto, o aluno terá mais facilidade de compreensão e diferenciação desses conceitos.

Nesse encontro também foi possível trabalhar as operações fundamentais como adição e subtração. O intuito desse exercício foi proporcionar uma significação e melhor visualização da expressão numérica. Segundo o Professor A,“a apresentação de novas formas de desenvolver atividades lúdicas para a área da matemática são de grande valia, pois as escolas em sua grande maioria dispõem de materiais como o dourado que foi utilizado hoje, mas não sabemos, muitas vezes, desenvolver atividades com esses materiais, por isso a importância de participarmos de oficinas como esta para melhorarmos nosso desempenho em sala de aula”.

No segundo encontro, tivemos a distribuição das atividades em dois momentos: Software Powtoon e história “As três partes” juntamente com o Tangran. No primeiro momento, os docentes se direcionaram para o laboratório de informática, onde foi apresentado a plataforma online Powtoon. Essa plataforma é uma ferramenta que permite criar vídeos de curta duração que podem ser utilizados como recursos para adaptar o conteúdo através de animações. Segundo o Professor B, “a atividade do Powtoon eu achei muito interessante para chamar a atenção das crianças, muito divertido e atrativo”. Ao se apropriarem do programa, os professores puderam criar suas pequenas animações, utilizando todos os recursos do aplicativo. A intencionalidade dessa atividade foi aprender a construir as animações na plataforma, conhecendo seus recursos.

No segundo momento foi apresentado aos docentes “As três partes” e o Tangran, dois materiais que abordam a área da geometria e utilizam a interdisciplinaridade para

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desenvolvimento deste conteúdo. “As três partes” conta a história de uma casa que se parte em três formas geométricas para se transformar em outras coisas. Esta proposta alternativa de ensino faz os alunos pensarem e construírem novas formas geométricas. Segundo a Professora C, “a história ‘As três partes’ é uma história muito linda ser explorada de várias maneiras e tem a visão que pode ser trabalhada em várias disciplinas”.

O último material do encontro foi o Tangran. Atividades com esse material trabalham o raciocínio lógico, a percepção, a análise e síntese visual, e também pode ser apresentado com uma história, por ser uma arte chinesa milenar com diferentes contos sobre a sua origem. No momento da abordagem deste material, percebemos que alguns docentes já o conheciam, mas não o utilizavam em sala de aula por não conhecerem métodos de trabalho. O curso mostrou algumas possibilidades para o trabalho com Tangran, atendendo às expectativas dos professores. Sobre essa atividade, destacamos a fala do Professor D: “sabendo explorar, o Tangran se torna enriquecedor para trabalhar formas geométricas e raciocínio lógico, aumentando a complexidade de acordo com o nível de cada aluno/turma”. A partir desse relato, podemos concluir que a busca de novos métodos de ensinar matemática aumenta o leque de inovação em sala de aula e preenche algumas lacunas de nossa formação.

O terceiro encontro do curso de formação continuada envolveu atividades com Origamis e Mandalas. Inicialmente foi abordada a importância e o significado do desenho e da dobradura para os anos iniciais. Na primeira atividade, foi destacado o quanto o desenho de mandalas aprimora a psicomotricidade fina e concentração das crianças, além de estimular a criatividade e interação. O uso da régua mágica (com dois círculos dentados), que permite o desenho de diferentes mandalas, foi a preferida dos professores.

Como estava se aproximando o Dia do Folclore Nacional, data comemorada dia 22 de agosto, e o público alvo eram os anos iniciais do Ensino Fundamental, os origamis, abordados no segundo momento desse dia, foram baseados em figuras como Saci Pererê, Iara e outros. As professoras confeccionaram os origamis e puderam perceber a importância deste tipo de técnica para as crianças. Como relata o Professor G, “As atividades foram muito interessantes. Para as crianças, com a dobradura, podemos trabalhar a atenção motora, o cognitivo e a motricidade fina”.

O último encontro da formação continuada teve dois momentos: uma gincana matemática e a apresentação da aplicação das atividades realizadas pelos professores em suas escolas.

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A proposta da gincana era abordar a matemática em sala de aula em forma de brincadeiras que estimulassem o espírito competitivo. Após a criação do nome de cada equipe com seu grito de guerra, a primeira prova consistia em resolver problemas matemáticos envolvendo as quatro operações com o apoio do material dourado. A atividade seguinte foi o Corredor da Multiplicação, na qual dois monitores lançavam dados gigantes no início do corredor e os professores deveriam correr até a outra extremidade, estourar um balão na cadeira e dar a resposta da multiplicação dos números sorteados. A terceira e última prova da Gincana Matemática foi o jogo Dominó de Operações. No diário de bordo preenchido ao final do encontro, a Professora F destacou que “a Gincana foi uma brincadeira bem divertida e competitiva, muito boa, pois olhando para as tarefas enxergamos que estamos utilizando o raciocínio lógico e o desenvolvimento motor, tão importantes para as crianças”.

No último momento desse encontro, os professores apresentaram as aplicações das atividades em suas escolas. A maioria optou pelo trabalho com origamis e histórias, em função do mês do folclore e por trabalharem com Educação Infantil.

A partir das escritas dos professores participantes sobre o curso de formação continuada, pudemos perceber o quanto materiais concretos e atividades diferenciadas possibilitam a construção de sentimentos favoráveis à matemática. Os professores participantes destacaram a variedade de maneiras de ensinar matemática apresentada no curso, bem como a relevância de atividades práticas para a sua formação. Segundo eles, ver e se envolver nas dinâmicas, os encoraja a realizar essas práticas em suas salas de aula.

Considerações Finais

Por si só, a matemática é uma ciência que apresenta um determinado número de conceitos abstratos. Estes, por sua vez, precisam ser ensinados na Educação Básica. Entretanto, muitos estudantes possuem dificuldades em organizar o raciocínio lógico em relação ao conteúdo. Isso faz com que, muitas vezes, crie-se certa aversão à ciência matemática. Tal constatação surgiu a partir dos relatos iniciais dos professores participantes do projeto "Formação continuada de professores: matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental". Atividades lúdicas, com materiais concretos e diferentes abordagens contribuem para a desmistificação da matemática.

A formação docente, seja ela inicial ou continuada, é compreendida por nós como um processo para a estabilização de uma autonomia que permita ao professor desenvolver

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atividades de ensino. Tais práticas devem proporcionar ambientes de aprendizagem capazes de auxiliar os alunos na construção de significado para os conteúdos estudados.

A partir desse ponto de vista, cursos de formação de professores devem também oferecer atividades práticas, voltadas para a aplicação em sala de aula. Para Bondia (2002), muitos saberes são constituídos a partir da experiência. Entretanto, para o autor, nem tudo que se passa é experiência. "A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece" (BONDIA, 2002, p. 21). Assim, consideramos a relevância de estudos teóricos e formações a partir de discussões de temas relacionados à educação e a metodologias de ensino, mas destacamos o potencial formativo de experiências dirigidas para a realização de atividades práticas.

No que se refere à formação continuada, Nóvoa (1997, p.26) destaca que “a partilha de saberes consolida espaços de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar, simultaneamente, o papel de formador e de formando”. Nesse aspecto, todos os sujeitos participantes do projeto "Formação continuada de professores: matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental" (coordenadores, acadêmicos e professores participantes) proporcionaram e receberam formações.

Segundo Tardif e Raymond (2000), os saberes dos professores são temporais. Isso significa que, a cada dia de trabalho, a cada curso realizado, um novo professor se constitui, mais experiente e com diferentes visões acerca da escola, do trabalho, da disciplina/conteúdo ensinado e da sua própria formação. Daí a relevância de ações de formação continuada ofertadas por universidades e institutos federais voltadas a professores da Educação Básica.

A partir do trabalho desenvolvido no ano de 2018, criou-se a perspectiva de dar continuidade ao projeto nos anos seguintes, considerando as opiniões dos professores participantes adicionadas à experiência que obtivemos em todo o processo.

Finalizamos com a fala do Professor C na avaliação do curso: "Pude observar que basta um pouco de criatividade para inovar".

Referências

BONDIA, J. L. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. In: Revista Brasileira de Educação. Jan/Fev/Mar/Abr. 2002. p. 20-28

NÓVOA, A. Os professores e sua formação. Lisboa-Portugal: Dom Quixote, 1997. TARDIF, M.; RAYMOND, D. Saberes, tempo e aprendizagem do trabalho no

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