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ARTIGO
ORIGINAL
Factors
associated
with
parental
underestimation
of
child’s
weight
status
夽
Sarah
Warkentin
a,∗,
Laís
A.
Mais
a,
Maria
do
Rosário
D.O.
Latorre
b,
Susan
Carnell
ce
José
Augusto
A.C.
Taddei
aaUniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp),DepartamentodePediatria,DisciplinadeNutrologia,SãoPaulo,SP,Brasil bUniversidadedeSãoPaulo(USP),FaculdadedeSaúdePública,DepartamentodeEpidemiologia,SãoPaulo,SP,Brasil
cJohnsHopkinsUniversitySchoolofMedicine,DepartmentofPsychiatryandBehavioralSciences,DivisionofChild&Adolescent
Psychiatry,Baltimore,EstadosUnidos
Recebidoem18denovembrode2016;aceitoem8demarçode2017
KEYWORDS Weightperception; Pediatricobesity; Parent---child relations; Overweight; Child Abstract
Objective: Theaimofthisstudywastoexaminetheprevalenceofparentalmisperceptionof childweightstatus,andidentifysocioeconomic,anthropometric,behavioralanddietaryfactors associatedwithunderestimation.
Method: Cross-sectional study.Datawascollectedin14Brazilianprivateschools.Parentsof childrenaged2---8years(n=976)completedaself-reportedquestionnaireassessingtheir per-ceptionoftheirchild’sweightstatus,andsociodemographic,anthropometric,behavioraland dietaryinformation.Tomeasuretheagreementbetweenparentalperceptionaboutchildweight statusandactualchildweightstatus,theKappacoefficientwasestimated,andtoinvestigate associationsbetweenparentalunderestimationandindependentvariables,chi-squaredtests wereperformed,followedbymultiplelogisticregression, consideringp≤0.05forstatistical significance.
Results: Overall,48.05%oftheparentsincorrectlyclassifiedtheirchild’sweight.Specifically, 45.08% underestimatedtheir child’s weight status,with just 3% ofparents overestimating. Childrenwithhigherbodymassindex(OR=2.03;p<0.001)andboys(OR=1.70;p<0.001)were morelikelytohavetheirweightstatusunderestimatedbyparents.
Conclusion: Sinceawareness ofweightproblems isessential for prevention andtreatment, clinicalpractitionersshouldhelpparentsathighriskofmisperceptiontocorrectlyevaluate theirchild’sweightstatus.
©2017SociedadeBrasileiradePediatria.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisanopen accessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/ 4.0/).
DOIserefereaoartigo:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2017.05.010
夽 Comocitaresteartigo:WarkentinS,MaisLA,LatorreMR,CarnellS,TaddeiJA.Factorsassociatedwithparentalunderestimationof child’sweightstatus.JPediatr(RioJ).2018;94:162---169.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:sarahwar@hotmail.com(S.Warkentin).
2255-5536/©2017SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCC BY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Parentalunderestimationofweightstatus 163
PALAVRAS-CHAVE
Percepc¸ãodepeso; Obesidade
pediátrica; Relac¸õespai-filho; Sobrepeso; Crianc¸a
Fatoresassociadosàsubestimac¸ãodostatusdopesodacrianc¸apelospais
Resumo
Objetivo: Analisaraprevalênciadepercepc¸ãoerrôneadospaissobreostatusdopesoinfantile identificarfatoressocioeconômicos,antropométricos,comportamentaisedietéticosassociados àsubestimac¸ão.
Método: Trata-sedeum estudotransversal. Osdadosforamcoletadosem 14escolas parti-cularesbrasileiras. Paisde crianc¸as dedoisaoito anosdeidade (n=976)preencheram um questionárioautoaplicávelsobresuapercepc¸ãodoestadonutricionaldoseufilhoeinformac¸ões sociodemográficas,antropométricas,comportamentaisedietéticas.Paramedirograude con-cordância entrea percepc¸ãodos paisdopesodo filhoe opesoreal do filho,estimamos o coeficienteKappaeinvestigamosasassociac¸õesentresubestimac¸ãodopai evariáveis inde-pendentes, calculamos o qui-quadrado seguido do modelo de regressão logística múltipla considerandop≤0,05parasignificânciaestatística.
Resultados: Emgeral,48,05%dospaisclassificaramincorretamenteopesodeseusfilhos; par-ticularmente, 45,08% subestimaram o peso do seu filho e apenas 3% subestimaram opeso infantil.Aregressãologísticademonstrouqueascrianc¸ascommaioríndicedemassacorporal (OR=2,03;p<0,001)eosmeninos(OR=1,70;p<0,001)tinhammaiorprobabilidadedeterseu pesosubestimadopelospais.
Conclusão: Médicosclínicosdevemconcentrarsuasintervenc¸õesnessascrianc¸asparaajudar ospaisaavaliarcorretamenteoseupeso.Aconsciênciadospaissobreumproblemadepeso emcrianc¸aséessencialparaaprevenc¸ãoetratamentodaobesidadeinfantileestilosdevida saudáveis.
©2017SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigo OpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4. 0/).
Introduc
¸ão
O sobrepeso na infânciaé umproblema desaúde pública reconhecido.Deacordocomoúltimorelatório sobre obe-sidadeinfantildaOrganizac¸ãoMundialdeSaúde(OMS),em 2014cercade41milhõesdecrianc¸ascommenosdecinco anosestavamacimadopesoouobesas.Essapandemia tam-bém atingiu países em desenvolvimento, inclusive os na Ásia,ÁfricaeAméricaLatina.1NoBrasil,pesquisasnacionais
demonstraramumaumentonatendênciadaprevalênciade sobrepeso eobesidadeem crianc¸as decincoa nove anos. Em1974-1975,aprevalênciadesobrepesoemmeninosfoi 10,9%eem1989elaaumentou15%eatingiu34,8%naúltima pesquisanacionalem2008-2009.Umpadrãosemelhantede aumentotambémfoiobservadoemmeninas,subiude8,6% para11,9% e, então, para32%. Essesaumentos na preva-lênciadaobesidadenosdoisgênerosseguemastendências mundiaisdesobrepeso2eaOMSdescreveaobesidadecomo
‘‘umdosproblemasdesaúdepúblicaatuaismais evidente-mentevisíveis---porémmaisnegligenciados’’.3
Oganhodeexcessodepesonainfânciaresultade mui-tos fatores,inclusive hábitosalimentares nãosaudáveise comportamentossedentários,quepodemserinfluenciados pelamídia,pelos parese pais.1Ospaisdesempenhamum
papel único na primeira educac¸ão nutricional da crianc¸a, moldam os ambientes e comportamentos alimentares. Umapercepc¸ãoprecisadostatusdopesodacrianc¸apelos pais pode ser um importante fator na motivac¸ão de sua promoc¸ão de um estilo de vida saudável,4 pais formam
possíveis ‘‘agentes de mudanc¸a’’ no reconhecimento e tratamento daobesidade infantil.5 A intervenc¸ão precoce
pelospaispodeseressencialnaprevenc¸ãoenotratamento
do sobrepeso e obesidade, pois os padrões dietéticos e hábitosalimentaressãocomumenteformadosnainfânciae persistemduranteaadolescênciaetodaavidaadulta.6
Contudo, os pais podem não reconhecer o excesso de peso em seu filho, somente o reconhecem em estágios graves ou quando a crianc¸a apresenta limitac¸ões na ati-vidadefísica,como falta dear oureduc¸ão damobilidade física.7Asubestimac¸ãoparentalemtodaapopulac¸ãopode
ser substancialmente motivada por taxas crescentes de obesidadeinfantilnasúltimasdécadas,asquais compreen-sivamenteaumentaramopesopercebidocomo‘‘normal’’.8
Estudos demonstraram repetidamente a subestimac¸ão do pesodacrianc¸apelospais,9---11 umametanáliserelatouque
aproporc¸ãodasubestimac¸ãopelospaisentrecrianc¸ascom sobrepeso/obesasfoi50,7%e14,3%paracrianc¸ascompeso normal.12
Aspercepc¸õessãoinfluenciadaspelarelac¸ãoentrea pes-soaque percebe e a pessoa que é percebida, bem como pelasexperiências,convicc¸õesecaracterísticasdo percebe-dor,queafetarãopensamentos,sentimentoseatitudescom relac¸ão à pessoa percebida,13 e características dapessoa
percebida.Compatívelcomeste,váriosestudosmostraram relac¸ões entrea percepc¸ão errônea dos pais sobreo sta-tus dopeso dacrianc¸a e ascaracterísticas dos pais e da crianc¸a. Porexemplo, umestudo relatou queaobesidade nospaisenacrianc¸aaumentouachancedesubestimac¸ão,a preocupac¸ãoparentalsobreosobrepesodacrianc¸a aumen-tou,emvezdereduzir,oriscodepercepc¸ãoerrônea.6Outro
estudonoChileconstatouqueasmãescomumnívelmenor deescolaridade,mãesdemeninosemãesdecrianc¸asmais velhasforammaispropensasasubestimarostatusdopeso deseufilho.14 Contudo,umestudoamericanorelatouuma
associac¸ãoentreaidademaisavanc¸adadacrianc¸ae meno-restaxasdepercepc¸ãoerrôneados paissobreo statusdo pesoautorrelatadodacrianc¸a.15
Notavelmente,amaiorpartedosestudosexistentesque avaliam as percepc¸ões pelos pais do peso da crianc¸a foi feitaempaísesdesenvolvidos,6,15---18epoucosforamfeitosno
Brasil,10,11,19nenhumdelesfezumaavaliac¸ãoabrangenteda
percepc¸ãoerrôneadospaiseosfatoresassociados.É essen-cialummelhorentendimentodosfatoresdeterminantesdas percepc¸õesdopesonoBrasilparaqueaeducac¸ãopossaser voltadaparaospaisemmaiorriscodepercepc¸ãoerrônea. Assim,oobjetivodesteestudofoiexaminaraprevalênciada percepc¸ãoerrôneapelos paisdostatusdopesodacrianc¸a em uma amostra brasileira e identificar fatores socioe-conômicos,antropométricos,comportamentaisedietéticos associadosàsubestimac¸ãodopesodacrianc¸apelospais.
Método
Participantes
Ospais decrianc¸asentredois eoitoanos foramelegíveis para participar deste estudo. Excluímos as crianc¸as com doenc¸as relacionadas à nutric¸ão e/ou que puderam influ-enciaraspráticasalimentaresdospaiseirmãosparaevitar duplicac¸ãodasunidadesnaamostragem,mantivemos ape-nascrianc¸asmaisnovas,casoscomrespostasausentessobre a percepc¸ão pelos pais do peso da crianc¸a e outliers de massa corporal (IMC para a idade, escore z entre≥ 6,00 e ≤ -6,00). Para estimar o tamanho daamostra necessá-rio,consideramosumaprobabilidadedeerrotipoIetipoII de0,05e0,20,respectivamente,combasenaprevalência desobrepesodacrianc¸a.Issoresultouemumaamostrade 320entrevistados,incorporourecrutamentoexcessivopara comportarumaperdaprevistade10%daamostraoriginal.
Procedimentos
Foramcontatadas 48 escolas privadas nas cidades de São PauloeCampinas,Brasil,eoscontatosiniciaisforam acom-panhadosemumareuniãocomodiretore/oucoordenador. Dessas48,14aceitaramoconviteparaparticipardoestudo. Informac¸ões completassobreos procedimentos doestudo estãodescritasemoutroslugares.20,21Estapesquisarecebeu
aaprovac¸ãodocomitêdeéticadaUniversidadeFederalde SãoPaulo(Unifesp).Amãeouopaidecadacrianc¸a partici-panteassinouoconsentimentoinformadoporescritoantes deconcluirapesquisa.
Medidas
Ospais responderam um questionário de autorrelato que avaliou informac¸ões sociodemográficas, antropométricas, comportamentaisedietéticas.Aingestãodealimentospela crianc¸a foi medida com um Questionário de Frequência Alimentarespecialmente desenvolvidopara este estudo e testado em umestudo-piloto, pois não haviainstrumento validadonoBrasilque atendessea nossoscritérios breves eadequadosparaessafaixaetária.Aingestão de alimen-tosultraprocessadosdurantesetediasantesdaentrevista foisomadaesuamédiafoicalculada(oriscofoidesignado
caso aingestãodealimentosultraprocessadostivesse sido acimadamédiadeingestão,ouseja,≥3vezesporsemana). Aausência dospaisdurante asrefeic¸õesfoiavaliada pelo númerodeprincipais refeic¸ões(cafédamanhã, almoc¸oe jantar) nas quais o pai oua mãe estava ausente durante uma semana regular; designamos ‘‘ausência durante a refeic¸ão’’casoambosospaisestiveramausentespelomenos em uma principalrefeic¸ãona semana. Apercepc¸ãopelos pais do status do peso dacrianc¸a foi avaliada ao preen-cher a declarac¸ão ‘‘Em suaopinião, seu filho...’’ com as seis seguintes respostas: ‘‘muito magro’’, ‘‘ligeiramente magro’’, ‘‘normal’’, ‘‘ligeiramente gordo’’ e ‘‘muito gordo’’.Os padrõesde crescimentodaOMS foramusados paracalcularosescoreszdoIMCeascategoriasdepesocom base nopeso eestaturarelatados;22 ‘‘Pesoextremamente
abaixodamédia’’foidefinidocomovaloresdoescoredez <-3;‘‘Pesoabaixodamédia’’comoescoresz≥-3e≥-2, ‘‘Pesonormal’’comoescoresz≥-2e <+1,‘‘Sobrepeso’’ comoescoresz≥+1e<+2,‘‘Obeso’’comoescoresz≥+2e< +3e‘‘Extremamenteobeso’’comoescoresz≥+3.Paracriar categoriasdepesoapartirdosdadosdepesoeestatura rela-tadosquepossibilitaramumamargemdeerronas estimati-vasdospais,arredondamosavariávelcontínuadacategoria ‘‘escore z de IMC para crianc¸as’’, de forma que os esco-resz−5,50a−4,50setornassem−5,0etc.Paraasescalas ‘‘Responsabilidadepercebidapelaalimentac¸ãodacrianc¸a’’ e‘‘Preocupac¸ãocomosobrepeso dacrianc¸a’’do Questio-náriodeAlimentac¸ãoInfantil(QAI),23 calculamosasmédias
eusamosamedianaparacriarnovasvariáveisdicotômicas.
Análiseestatística
Para mediraconcordânciaentreaspercepc¸õespelos pais dostatusdopesodacrianc¸aeostatusdopesodacrianc¸a conforme relatado pelos pais, estimamos o coeficiente Kappa para toda a amostra. Os valores Kappa de < 0,00 indicambaixaconcordânciaeosvaloresde>0,80indicam concordânciaquaseperfeita.24Paraexploraradistribuic¸ão
dasvariáveisnabasededadoseescolherocorteadequado para dicotomizac¸ão, fizemos análises descritivas. Como o objetivo do estudo foi avaliar a subestimac¸ão pelos pais dopeso dacrianc¸a,dicotomizamosavariáveldependente paraformarascategorias‘‘subestimac¸ão’’e‘‘ausênciade subestimac¸ão’’.Adicotomizac¸ãodasvariáveis independen-tes teve como base a distribuic¸ão de cada variável e foi guiadaporumarevisãodaliteraturaqueexplorouvalores associadosarisco depercepc¸ãoerrônea.Ostestesde qui--quadradoforamusadosparaidentificarfatoresassociadosà percepc¸ãopelospaisdostatusdopeso.Então,transferimos todasasvariáveiscomp≤0,20notestequi-quadradopara ummodeloderegressãomúltipla.Asvariáveiscomp≤0,05 foramconsideradassignificativas nessemodelo. Foi verifi-cadaaconsistênciadabasededadosaoacrescentarosdados duas vezes coma ajudadedois pesquisadoresassistentes treinados.AsanálisesforamfeitascomoStata(Stata soft-waredeestatística,versão14.CollegeStation,TX,EUA).25
Resultados
A tabela 1 mostra a análise descritiva das caracterís-ticas antropométricas, sociodemográficas, dietéticas e
Parentalunderestimationofweightstatus 165 Tabela1 Característicasantropométricas,sociodemográficas,dietéticasecomportamentaisdaamostra(n=976)
Característicasdaamostra Categoria n(%)
EscoredezdeIMC/idade 0,37(1,37)a
Sexo Masculino 502(51,43)
Feminino 474(48,57)
Faixaetária Crianc¸asemidadeescolar 590(60,45)
Crianc¸asemidadeescolar 386(39,55)
Ingestãodealimentos ultraprocessados
Consumidomaisdeduasvezesporsemana 356(36,48) Consumidoduasoumenosvezesporsemana 620(63,52)
Entrevistado Mãe 892(91,39)
Pai 84(8,61)
IMCdamãe Pesoabaixodamédia/pesonormal 681(70,64)
Acimadopeso/obeso 283(29,36)
Idadedamãe >38anos(percentilde50) 436(44,90)
≤38anos(percentilde50) 535(55,10)
Escolaridadeda mãe
<faculdadecompleta 118(12,09)
≥faculdadecompleta 858(87,91)
Ausênciadurantearefeic¸ãoda crianc¸a
Umaoumaisdasprincipaisrefeic¸õesdasemana 95(9,73) Nenhumadasprincipaisrefeic¸õesdasemana 881(90,27) Responsabilidadepercebidapela
alimentac¸ãodacrianc¸a
Sempre 699(71,77)
Nunca/raramente/metadedotempo/maiorpartedotempo 275(28,23) Preocupac¸ãosobreosobrepesoda
crianc¸a
Preocupado/razoavelmentepreocupado/muitopreocupado 460(47,13) Nãotempreocupac¸ão/umpoucopreocupado 516(52,87)
IMC,índicedemassacorporal.
a média(desviopadrão).
comportamentais da amostra. A maior parte dos entre-vistados foi mães (91,39%), quase30% foram classificadas como com sobrepeso/obesas e a maioria tinha estudo universitário (87,91%). Aproximadamente 72% dos pais se perceberam sempre responsáveis pela alimentac¸ão da crianc¸anasdimensõesavaliadas.
Percepc¸ãopelospaisdostatusdopeso
A tabela 2 mostra a concordância entre as percepc¸ões pelospaisdostatusdopeso dacrianc¸aeo statusdopeso da crianc¸a relatado pelos pais. Os pais das crianc¸as com peso abaixo da média e peso normal tenderam a perce-berdeformaprecisa ostatusdopeso desuacrianc¸a,em comparac¸ãocomascrianc¸ascomsobrepesoeobesas.Nossa amostraé compostade 31,45% crianc¸as com sobrepeso e obesas. Entre elas, quanto mais acimado peso a crianc¸a estava,maiorfoiapercepc¸ãopelopaidostatusrealdopeso dacrianc¸a.Por exemplo,quandoacrianc¸afoiclassificada comoextremamenteobesa,amaioriadospaisaspercebeu comoligeiramentegordas(36,0%)ouatémesmocompeso normal(60,0%)equandoacrianc¸afoiclassificadacomocom sobrepeso, ospais asperceberam como compeso normal (84,9%).Emgeral,48,05%dospaisclassificaram incorreta-menteopeso desuacrianc¸a.Maisespecificamente,2,97% dos pais superestimaram e 45,08% subestimaram o status dopesodasuacrianc¸a.Abaixaconcordânciadapercepc¸ão pelospaisedostatusdopesodacrianc¸afoiconfirmadapelo coeficienteKappa(0,038).
Fatoresindependentementeassociados
àsubestimac¸ãodostatusdopesodacrianc¸a
pelospais
Asanálisesunivariadasdemonstraramquemeninos,crianc¸as commaioresIMCsecrianc¸as emidadeescolarforammais
propensas a ter seu status do peso subestimado por seus pais.As mães com sobrepeso/obesas e mães maisvelhas também foram mais propensas a subestimar o status do pesodacrianc¸a.Osfatoresindependentementeassociados quesurgem daregressão múltipla incluíram maiorIMC da crianc¸a(RC=2,03),sermenino(RC=1,70), independente-mentedaidadedacrianc¸a,eidade,escolaridadeeIMCda mãe(tabela3).
Discussão
Oobjetivoprincipaldesteestudofoiexaminarapercepc¸ão errôneadostatusdopesodacrianc¸apelospais.Deacordo comnossasprevisões,observamosbaixaconcordânciaentre a percepc¸ão do status do peso pelos pais e os escores z do IMC reais da crianc¸a com base nos dados relata-dos. Especificamente, descobrimos que 48,05% dos pais classificaram erroneamente o peso de sua crianc¸a e os paissãovastamentemaispropensosasubestimar(45,08%) do que superestimar (3%). Outros estudos com amostras da América do Sul constataram uma prevalência seme-lhantede percepc¸ão errôneadospais. Umestudochileno relatou subestimac¸ão em quase 54% dos pais.9 Contudo,
dois estudos brasileiros, em Salvador e Goiás, relataram menores prevalências de subestimac¸ão pelos pais (18% e 29%, respectivamente);10,11isso pode ser devido aos
for-matosrestritos derespostapara percepc¸ão dopeso pelos paisusados nesses estudos (apenastrês categorias)ou as menorestaxasdecrianc¸as comsobrepesoe obesasnessas regiões.2
A subestimac¸ão do status do peso da crianc¸a pelos pais em nossa amostra ocorreu mais comumente entre crianc¸as acima do peso, obesas e extremamente obe-sas (92,51%), e apenas um quarto dos pais subestimou o status do peso de suas crianc¸as com peso normal.
W
arkentin
S
et
al.
Tabela2 Concordânciaentreaspercepc¸õesdostatusdopesodacrianc¸apelospaisedostatusdopesodacrianc¸aemumaamostradecrianc¸asemidadepré-escolareescolar deSãoPauloeCampinas,SP,Brasil(n=976)
Percepc¸ãodostatus dopesodacrianc¸a pelospais
Statusdopesodacrianc¸a Totalda
percepc¸ão dostatus dopesoda crianc¸a pelospais Peso extremamente abaixodamédia Pesoabaixoda média
Pesonormal Sobrepeso Obesidade Extremamente
obesa n % n % n % n % n % n % n Muitomagra 3 20,0 1 5,0 23 3,6 2 1,0 0 0,0 0 0,0 29 Ligeiramente magra 3 20,0 11 55,0 132 20,8 7 3,5 2 2,4 1 4,0 156 Normal 9 60,0 8 40,0 471 74,3 169 84,9 55 66,3 15 60,0 727 Ligeiramente gorda 0 0,0 0 0,0 6 0,9 20 10,0 24 28,9 9 36,0 59 Gorda 0 0,0 0 0,0 2 0,3 1 0,5 2 2,4 0 0,0 5 Muitogorda 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 Statustotal dopesoda crianc¸a 15 100,00 20 100,00 634 100,00 199 100,00 83 100,00 25 100,00 976
Parentalunderestimationofweightstatus 167
Tabela3 Modelosderegressãologísticaunivariadaemúltiplapreditivosdasubestimac¸ãodostatusdopesodacrianc¸apelos paisemumaamostradecrianc¸asemidadepré-escolareescolardeSãoPauloeCampinas,SP,Brasil
Variáveis Categorias Subestimac¸ãodostatus dopesodascrianc¸as pelospaisn(%)
RC(bruto) RC(ajustadod)
EscorezdeIMC 2,1c 2,0c
Sexo Masculino 257(58,4) 1,7c 1,7c
Feminino 183(41,6) 1,0 1,0
Faixaetária Crianc¸asemidadeescolar 290(65,9) 1,5a
Crianc¸asemidadepré-escolar 150(34,1) 1,0 Ingestãodealimentos
ultraprocessados
Consumidomaisdeduasvezespor semana
162(36,8) 1,0ns
Consumidoduasoumenosvezespor semana
278(63,2) 1,0
IMCdamãe Acimadopeso/obeso 153(35,1) 1,7b
Pesoabaixodamédia/pesonormal 283(64,9) 1,0
Idadedamãe >38anos(percentilde50) 212(48,5) 1,3a
≤38anos(percentilde50) 225(51,5) 1,0
Escolaridadedamãe <faculdadecompleta 60(13,6) 1,3a
≥faculdadecompleta 380(86,36) 1,0
Ausênciadurantearefeic¸ão dacrianc¸a
Umaoumaisdasprincipaisrefeic¸ões dasemana
47(10,68) 1,2ns
Nenhumadasprincipaisrefeic¸õesda semana
393(89,32) 1,0
Responsabilidadepercebida peloalimentac¸ãodacrianc¸a
Nunca/raramente/metadedo tempo/maiorpartedotempo
124(28,25) 1,0ns
Sempre 315(71,75) 1,0
Preocupac¸ãosobreo sobrepesodacrianc¸a
Preocupado/razoavelmente preocupado/muitopreocupado
213(48,41) 1,1ns
Nãotempreocupac¸ão/umpouco preocupado
227(51,59) 1,0
ns,nãosignificativo;RC,razãodechance.
a p<0,05.
b p<0,01.
c p<0,001.
d Ajustadoparaaidadedacrianc¸a,idadedamãe,escolaridadeeIMC(n=957).
Umaaltaprevalênciadesubestimac¸ão entrecrianc¸as com sobrepeso/obesas também foi relatada em um estudo mexicano.8 Em uma metanálise recente, que calculou os
tamanhosdeefeitoajustados,51%dospaissubestimaramo pesodesuascrianc¸ascomsobrepeso/obesas,aopassoque opesodecrianc¸ascompesonormalfoisubestimadoem14% doscasos.12 Contudo,amaiorpartedosestudosencontrou
menorestaxasdesubestimac¸ãopelospaisdecrianc¸ascom sobrepeso/obesas.16,26
Notavelmente,oestudomexicanoavaliouaspercepc¸ões maternas do status do peso das crianc¸as com uma per-guntae umaescaladesilhuetas e constatouque asmães subestimammaisaoresponderumapergunta.8Amaior
pre-valênciadesubestimac¸ãomaternaemnossaamostrapode, portanto,surgirdofatodequeusamosumaperguntaemvez deumaescaladesilhuetas.Outrosmotivospodemincluir variac¸ãoentreestudosnasferramentasusadasparaavaliar aspercepc¸õesdostatusdopesodascrianc¸aspelospaise,em faixasetáriasdascrianc¸asepais,asorigensculturaise soci-ais.Éimportanteobservarqueapercepc¸ãodoqueéumpeso saudávelpareceestarmudandonasociedademoderna,de formaqueascrianc¸asqueforamanteriormenteclassificadas
comocomsobrepesopodemagoraservistasporsuafamília e a sociedade como com ‘‘peso normal’’.8,27 Isso
prova-velmenteestá relacionadocom oaumento naprevalência de sobrepeso na infância em todos os países, principal-mente no Brasil,2 e é compatívelcom um caso de teoria
decomparac¸ãosocial,deformaqueospaisavaliamopeso desua crianc¸a em comparac¸ão com seuspares, e nãode acordocomumaescalaabsoluta.17
Acomprovac¸ão sugereque ospaispodemsubestimaro peso de suacrianc¸a devido à crenc¸a de que umacrianc¸a maispesadaémaissaudável,27apesardeosobrepeso,bem
comopesoabaixo damédia,estarassociado a consequên-ciasàsaúde.10 Alémdisso, asmães poderãoconsideraras
limitac¸ões físicas, oshábitosalimentares e as consequên-cias sociais ao avaliar o sobrepeso na infância, ou seja, contantoque suacrianc¸aseja ativa,tenha bomapetitee comaalimentossaudáveis,enãosejaprovocada devidoa seutamanho,elasasconsideramsaudáveise nãose preo-cupamcomseupeso.7Todosessesfatoressãoconsiderados
sintomas,que incentivamospaisabuscar ajuda profissio-nal,aopassoqueoexcessopesoéumsinal,namaiorparte dotempo,detectadoporprofissionaisdesaúde.Emresumo,
parecequeospaistalveznãovejamoqueosprofissionais dasaúdeveemeapenasbuscamajudaprofissionalquando aobesidadenainfânciaencontra-seemestadograve.28
Após fazer as análises univariadas, incluímos variáveis elegíveisemummodeloderegressãologísticamúltipla ajus-tadoparaaidadedacrianc¸aeaidade,aescolaridadeeoIMC damãe.Osfatoresdeterminantesindependentesrestantes dasubestimac¸ão do status do peso da crianc¸a pelos pais foramIMCdacrianc¸aesexomasculino.Parapesodacrianc¸a, observamosqueachancedesubestimac¸ãodobrouparacada pontodoescorezdeIMC.Umresultadosemelhantefoi rela-tadoemoutroestudo,quemostrouumaumentode1,49na probabilidadedesubestimac¸ãoparacadapontodoescore zdeIMC.14UmestudorecentenoBrasiltambémconstatou
maiorriscodesubestimac¸ãodopesoinfantilparacrianc¸as comsobrepeso(ÍndicedePrevalência=2,52).10 Umestudo
americanotambémconstatouqueacapacidadede identifi-carcorretamenteostatusdopesodesuacrianc¸afoimenor entrepaisdecrianc¸ascomsobrepesoouriscodesobrepeso, emcomparac¸ãocomascrianc¸ascompesonormal.29
Nossoachadodequeascrianc¸as dosexomasculinosão maispropensas a subestimac¸ão (RC = 1,67) é compatível com osresultados deum estudo brasileiro19 e umestudo
grego,14 apesarde outro estudo brasileiroter encontrado
uma associac¸ão nula entre essas variáveis.10 A tendência
de ospais subestimarem ospesos dos filhos maisdo que dasfilhaspodeestarrelacionada àsdiferenc¸asdesexona composic¸ão corporal,porém tambémpoderefletir as nor-massociaisde que asmeninassãopressionadas a ter um tamanhode corpomenor,ao passoqueoscorpos maiores emmeninossãovistosdeformamaisaceitável,conferem aindaumavantagemfísica.10,14
Váriaslimitac¸õesdevemserlevadasemconsiderac¸ãoao interpretarosachadosatuais.Primeiro,omodelo transver-salnãopossibilitainferênciacausal,assimainterpretac¸ão dasassociac¸õesdeveserfeitacomcautela.Segundo, usa-mos uma pergunta sobre o peso percebido da crianc¸a, em vez de uma escala de silhueta, que pode aumentar apercepc¸ão errônea.8Contudo, nossaperguntatinhaseis
possíveis respostas e possibilitou que os pais classificas-semascrianc¸asapenascomolevementediferentesdopeso normal, o que aumentou a probabilidade de classificac¸ão correta.Terceiro, a estatura e o peso das crianc¸as foram relatadospelospais,possivelmentecomimprecisãoeviés, o que pode resultar em informac¸ões não precisas; ainda assim,osdadosautorrelatadossãocomumentenecessários em amostras grandes, por motivos econômicos e lógicos. Contudo,amaioria(cercade70%)das informac¸ões antro-pométricasfornecidas pelos paisfoi obtida de relatosde pediatras/médicosoumedidaemcasa (dadosnão mostra-dos)eospaisdascrianc¸asdessafaixaetáriasãopropensos asermaisconscientessobreosdadosantropométricos da crianc¸adevidoao contatocomprofissionaisdasaúdepara verificac¸õesdodesenvolvimento.30Alémdisso,ofatodeque
observamosessasaltastaxasdepercepc¸ãoerrônea,apesar dapossívelsubestimac¸ãodospesosrelatadosdevidoaoviés derelato,confirmaaforc¸adoefeitodapercepc¸ãoerrônea. O IMC infantil não é a medida mais precisa de adiposi-dade;contudo,elaestáaltamentecorrelacionadaamedidas maisdiretasdeadiposidade.Ostermos‘‘pesonormal’’ou ‘‘sobreopesocerto’’podemnãocapturarcompletamente asavaliac¸õesdos paissobreopeso deseusfilhos em
ter-mosdesaúdeetc., poisseuprópriostatus dopeso,pares eexposic¸ãoàmídiapodeminfluenciaroqueeles conside-ramoquedefatoimporta;contudo,amaioriadosestudos sobrepercepc¸ãodopesodascrianc¸aspelos paisusou essa terminologia.9,14,17 Apesar de a validade externa ter sido
comprometida pela homogeneidade daamostra, que, em geral,foialtacomrelac¸ãoàrendaeescolaridadedospais, nossosresultadosforamimpressionantementesemelhantes aosempopulac¸õescommenoresníveisdessas característi-cas.Porfim,ousodaspalavras‘‘muito’’,‘‘excessivo’’ou ‘‘extremamente’’podeterdesincentivadoospaisaescolher essasopc¸ões.
Nossoestudotambémtevepontosfortessignificativos.O grandetamanhodaamostrapossibilitouadetecc¸ão estatís-ticadebaixaconcordânciaentreapercepc¸ãodostatusdo pesodascrianc¸aspelospaiseostatusdopesodascrianc¸as e grandes estimativas de associac¸ões. Nossa investigac¸ão acrescenta um conjunto de estudos muito pequeno com relac¸ão à populac¸ão brasileira sobre a percepc¸ão do sta-tus do peso das crianc¸as pelos pais. A Região Sudeste do Brasil,ondeesteestudofoifeito,éamaisdesenvolvidado paísecada vezmaisocidentalizadaeo cenárioalimentar obesogênicojustificaanecessidadedepesquisanessaárea específica.Aocontráriodeoutrosestudos,onossoabrange crianc¸asemidadepré-escolareescolareusaospadrõesde crescimentomaisrecenteseadequadosparacrianc¸as.22
Ospaissãopossíveis‘‘agentesdemudanc¸a’’para obesi-dadeinfantilesuaconscientizac¸ãodasaúdeedosproblemas depesodascrianc¸aspodeformarumaprimeiraetapapara melhorar o estilo de vida. Contudo, um estudo recente constatou que as crianc¸as percebidas de forma precisa com sobrepeso aos quatro anos não estavam protegidas contra ganho de peso aos 13 anos.18 Isso sugere que a
percepc¸ão precisa de peso sozinha não é suficiente para evitar sobrepesoeobesidade.AEstruturaTransestrutural, queérecomendadacomoumaformadeeducarospaispor meiodemédicos,15 sugereque oprocessodemudanc¸ado
comportamentodesaúdeocorreemcincoestágios,comec¸a comconscientizac¸ãodospaiseinformac¸õesantesdepassar pelos estágiosparaincentivarresultadosduradouros. Con-tudo, asinformac¸ões sobresaúdee nutric¸ãoprecisam ser simplificadasparaatingir ospaisdeformaideal.As possí-veisformadefazê-losãopormeiodafamília,combaseem intervenc¸ões que iniciamna primeira infância31 ou, como
issonormalmentenãoestádisponível,duranteasconsultas pediátricasnosdoisprimeirosanosdevida.29Comoos
ambu-latórios são visitados com menor frequência por crianc¸as maisvelhas,acontinuidadedasconsultasmédicasque incor-poramexposic¸ãoaeducac¸ãonutricionaledesaúdepodeser umaintervenc¸ãoútil.
Nosso estudo revelou que quase metade dos pais em nossaamostrabrasileiradepaissubestimouostatusdopeso de suas crianc¸as em idade pré-escolar e escolar e que o risco desubestimac¸ão foimaiorparacrianc¸asmaisvelhas ecrianc¸asdosexomasculino.Portanto,osmédicosclínicos devemfocaremintervenc¸õesparaauxiliarospaisaavaliar corretamenteostatusdopesodesuacrianc¸adosexo mas-culinocomIMCsmaiselevados.Aconscientizac¸ãodospais sobreasquestõesdepesonascrianc¸asdeveconstituiruma primeiraetapavitalcomrelac¸ãoàpromoc¸ãodeambientes eestilosdevidasaudáveiseàprevenc¸ãoeaotratamento daobesidadenainfância.
Parentalunderestimationofweightstatus 169
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimentos
AcoletadedadosfoifeitaemescolasemCampinas eSão Paulo, SP,Brasil.Osautoresagradecemàsescolas partici-pantes,aospaiseàscrianc¸asporsuavaliosacontribuic¸ão. AgradecemostambémàCoordenac¸ãodeAperfeic¸oamento dePessoaldeNívelSuperior(Capes)pelasbolsasdeestudos paraLAMeSW,aoInstitutoNacionaldeDiabeteseDoenc¸as Digestivas e Renais (NIDDK) (Bolsa Número R00DK088360) pelofinanciamentoparaSC,aoInstitutoNacionaldeSaúde InfantileDesenvolvimentoHumanoEuniceKennedyShriver (NICHD) e ao Escritório do Diretor, aos Institutos Nacio-naisdeSaúde(OD),BolsaNúmeroU54HD070725,aoCentro de Prevenc¸ão Globalde Obesidade(GOPC) na Johns Hop-kinspelofinanciamentoparaSCeaoConselhoNacionalde Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por uma bolsadeprodutividadeempesquisaparaJAACT.
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