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Síndrome de Burnout: a realidade dos trabalhadores do comércio de Ijuí-RS

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Academic year: 2021

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Trabalho de Conclusão do MBA em Gestão de Pessoas da UNIJUI

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Aluno do MBA em Gestão de Pessoas da Unijuí. E-mail: tiagoscheleski@hotmail.com

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Professora do MBA em Gestão de Pessoas da Unijuí. E-mail: adriane.fabricio@unijui.edu.br

SÍNDROME DE BURNOUT: A REALIDADE DOS TRABALHADORES DO COMÉRCIO DE IJUÍ-RS 1

Tiago Panke Scheleski 2 Adriane Fabricio 3

RESUMO

O objetivo do presente artigo é: identificar se as dimensões da Síndrome de Burnout (exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional) estão presentes nos funcionários do comércio de Ijui-RS. Após a realização de um estudo teórico sobre a Síndrome, realizou-se uma pesquisa de campo e descritiva, com o objetivo da descrição de resultados da presente pesquisa, realizada com funcionários de algumas organizações do município de Ijui-RS. A coleta de dados foi realizada a partir de aplicação de questionário com escala de resposta fechada das dimensões da Síndrome com escala de 0 à 6, em uma amostra de 84 trabalhadores, sendo 52 homens e 32 mulheres. A coleta, análise e interpretação dos dados foram realizadas através da utilização do questionário chamado MBI-GS, com questões de múltipla escolha de modo a serem marcadas. A análise ocorre de forma analítica identificando fragmentos relevantes de acordo com a teoria abordada focada no publico alvo devidamente estudado após a aplicação do questionário. Após a realização do estudo teórico prático e a aplicação de questionário, verifica-se que no determinado publico de colaboradores avaliado, não se apresenta a Síndrome de Burnout, mas sim, há inicio de alguma evolução em determinadas dimensões.

Palavras – chave: Síndrome de Burnout, Trabalhadores, Comércio. ABSTRACT

The objective of this article is to identify if the dimensions of Burnout Syndrome (emotional exhaustion, depersonalization and low professional achievement) are present in the employees of the Ijui-RS trade. After conducting a theoretical study on the Syndrome, a field and descriptive study was carried out, with the purpose of describing the results of the present study, conducted with employees of some organizations in the city of Ijui-RS. Data collection was performed using a questionnaire with closed response scale of the Syndrome dimensions with a scale of 0 6, in a public of 84 workers, being 52 men and 32 women. Data collection, analysis and interpretation were performed using the MBI-GS questionnaire, with multiple choice questions to be marked. The analysis takes place analytically identifying relevant fragments according to the approach addressed focused on the target public duly studied after the application of the questionnaire. After the practical theoretical study and the application of the questionnaire, it is verified that in the determined public of collaborators evaluated, there is no Burnout Syndrome, but yes, there is some evolution in certain dimensions.

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INTRODUÇÃO

A sociedade brasileira nos tempos atuais vem enfrentando grandes alterações, devido ao ambiente politico e econômico estar fragilizado com acontecimentos diários. Consequentemente, grandes grupos econômicos e sociais estão se adaptando a retração da economia e do mercado em geral. Desta forma, organizações de pequeno porte, principalmente em regiões e cidades de menor população estão sofrendo diretamente as consequências desta retração. A diminuição do capital circulante faz com que organizações realizem adaptações em suas ações estratégicas e, consequentemente na redução do quadro de colaboradores que compõe estas organizações.

No cotidiano dos colaboradores que atuam nas mais variadas organizações é possível perceber nitidamente estas mudanças e devem assim, associa-las com o seu perfil no que diz respeito ao prazer e sofrimento no trabalho. Por sua vez o prazer no trabalho é responsável pelo reconhecimento nas atividades em que desempenha, nas inter-relações no ambiente de trabalho, nos resultados almejados e na satisfação no mercado em que atua. Já o sofrimento, é relacionado pelas dificuldades que o colaborador enfrenta, como exemplo de fatores pessoais, ambientais e sociais que são capazes de influenciar o sofrimento psíquico, mental e físico. Assim, o sofrimento gera um rompimento do homem com a organização.

Associada ao sofrimento no trabalho esta a Síndrome de Burnout que, por sua vez é uma resposta do organismo referente a um estresse prolongado e já em um estado crônico, após as ferramentas de defesa do corpo não serem mais suficientes para drenar este estresse. As causas do Burnout são derivadas do acumulo de estresses negativos através de relações intensas, grandes expectativas com relação ao desempenho profissional não alcançando o retorno esperado e obstáculos em decorrência a dedicação profissional. Como consequência desta síndrome, ocorre a exaustão emocional, a despersonalização e a baixa realização profissional do colaborador.

Realizou-se este estudo devido a importância do comportamento psíquico dos colaboradores das mais variadas organizações, visando verificar se existe a presença da Síndrome de Burnout.

Portanto o presente artigo tem como objetivo geral identificar se as dimensões da Síndrome de Burnout (exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional) estão presentes nos funcionários do comércio de Ijui-RS. Deste modo

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buscasse a resposta a questão de estudo: os trabalhadores do comércio de Ijuí-RS sofrem da síndrome de burnout?

Desta maneira, a estrutura do presente artigo é composto pelo referencial teórico focalizando em prazer e sofrimento no trabalho, na síndrome de Burnout e nas dimensões da mesma. Posteriormente, a metodologia, os resultados e a conclusão do estudo.

1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 Prazer e Sofrimento no Trabalho

Ocotidiano do trabalho das pessoas é constituído por vivências psíquicas tecidas em seu dia a dia, sendo este o espaço onde o homem pode realizar suas motivações e desejos, formados a partir de sua história de vida e relacionados à sua estrutura de personalidade e seus propósitos pessoais e profissionais. Desta forma, o individuo interpreta a sua realidade de trabalho reagindo de forma física, mental e afetiva, gerando alterações em seu processo de realidade psíquica e sua realidade de trabalho. Segundo Mendes e Abraão (1996), as vivências de prazer e sofrimento têm sido consideradas como a valorização e reconhecimento que definem o prazer, e desgaste com o trabalho definindo o sofrimento.

O homem vivência o prazer quando é valorizado e reconhecido pelo seu trabalho nas atividades em que desempenha, e segundo Mendes (1999) o prazer em alguns momentos não se manifesta de forma consciente, e em determinadas situações a satisfação com algum aspecto de trabalho pode não trazer prazer, pois apenas incorpora-se com a vida do homem. Assim, o incorpora-ser humano incorpora-sempre visa buscar, produzir e construir de forma psicossocial através de suas atividades, e o fato de produzir algo gera bem estar e satisfação.

Neste contexto de realização e reconhecimento, define-se que:

O prazer no trabalho é um dos caminhos para a saúde, porque cria identidade pessoal e social. O ser não é dissociado do fazer. O trabalho não se reduz à tarefa em si, ou ao emprego, é algo que transcede o concreto e se instala numa subjetividade, na qual o sujeito da ação é parte integrante e integrada do fazer, o que resulta na realização de si mesmo (MENDES, 1999, p.32).

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Segundo Mendes e Abraão (1996), quando o ser humano vivencia o reconhecimento e a valorização em atividades em que observa seu inicio, meio e fim, sente e absorve o prazer.

De acordo com Morrone (2001, p.39) afirma que:

Atividades com começo, meio e fim, visualização dos resultados do trabalho, flexibilização das decisões e processos de trabalho e o desenvolvimento de atividades que necessitem de iniciativa, tomada de decisão, visão estratégica, capacidade de argumentação e comunicação verbal têm papel determinante na vivência de prazer.

O sofrimento, por sua vez, está relacionado às condições de dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores. Ele faz parte do simples contexto laboral, e grande parte os trabalhadores não associam este sofrimento ao próprio trabalho, mesmo alterando seu comportamento e gerando insatisfação com suas atividades desempenhadas. Assim conota-se que o sofrimento no trabalho possui suas origens nas relações pessoais e na própria cultura e clima organizacional.

De acordo com Dejours (1994), a saúde mental é influenciada pela forma de relacionamento interpessoal dentro do espaço laboral, visto que o comportamento pessoal é alterado pela presença de pessoas alheia ao ambiente de trabalho.

Sendo assim, define-se que:

Fatores pessoais, ambientais e sociais são capazes de influenciar o sofrimento psíquico, doenças mentais e físicas. A organização do trabalho determina não só a divisão do trabalho, mas também a divisão dos homens (DEJOURS, ABDOUCHELI e JAYET, p.57 1999).

O trabalho, segundo Dejours (1994), pode gerar sofrimento. O sofrimento é o rompimento da relação homem com a organização, sendo que, o homem procura adaptar-se as suas tarefas, não obtendo êxito, não visualiza possibilidade de sucesso nas atividades que desempenha. Nesta perspectiva, verifica-se que o ser humano não alcança seu espaço laboral sem sofrimentos, angustias, frustrações, alegrias, enfim, constrói sua história pessoal.

Segundo Dejours, Abdoucheli e Jayet (1999, p.27) afirmam que:

O trabalho torna-se perigoso para o aparelho psíquico quando se opõe à sua livre atividade. O bem estar, em matéria de carga psíquica, não advém só da ausência de funcionamento, mas pelo contrário, de um livre funcionamento, articulado dialeticamente como conteúdo da tarefa, expresso, por sua vez, na própria tarefa e revigorado por ela. Em termos econômicos, o prazer do trabalho, resulta da descarga de energia psíquica que a tarefa autoriza o que corresponde a uma diminuição da carga psíquica do trabalho.

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Através da geração do sofrimento no trabalho, algumas pessoas estão expostas ao sofrimento da Síndrome de Burnout onde, o sistema psíquico é afetado pelas mais diversas situações em que o corpo esta sendo exigido.

1.2 Síndrome de Burnout

O termo burnout é originado de uma gíria inglesa que significa “morrer de tanto trabalhar” (CARVALHO, 2002). Para Benevides-Pereira (2002a, p.21) a expressão é uma metáfora que explica “a ausência de energia e consequentemente a perda da capacidade do indivíduo continuar seu desempenho físico e mental”.

O autor Campos (2005, p.38) define burnout como sendo uma:

resposta do organismo a um estado de estresse prolongado, crônico, instalado quando situações de enfrentamento não foram utilizadas, falharam ou não foram suficientes.

Na década de 70 se desenvolveu o conceito de Síndrome de Burnout a partir da suposição de que existe uma tendência individual na sociedade moderna ao envolver a pressão e o estresse ocupacional, sobre tudo nos serviços sociais. Os profissionais ligados ao atendimento de pessoas doentes, necessidade ou carência material deveriam resolver mais problemas e, portanto, se produziria neles um conflito entre a mística profissional, a satisfação ocupacional e a responsabilidade frente ao cliente (BENEVIDES-PEREIRA, 2002).

As primeiras investigações da doença foram envolvendo as vaiáveis de satisfação ocupacional, estresse ocupacional, carga de trabalho, demissões, conflito e ambiguidade de papéis e expectativas no emprego. Também se investigou a relação da Síndrome de Burnout com variáveis demográficas como idade, sexo e estado civil. Foi verificado que as pessoas idealistas têm um risco maior para o desenvolvimento do

Burnout, e também, resulta de que a exposição de estressores crônicos também são

facilitadores para o desenvolvimento do mesmo. (GARCÉS DE LOS FAYOS 2000). O desenvolvimento da síndrome de Burnout não acontece de repente ou até mesmo repentinamente, mas se desenvolve em uma sequencia de tempo devido a fatores determinantes.

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Burnout corresponde à resposta emocional a situações de estresse crônico em razão de relações intensas – em situações de trabalho – com outras pessoas, ou de profissionais que apresentam grandes expectativas com relação a seu desenvolvimento profissional e dedicação à profissão; no entanto, em decorrência de diferentes obstáculos, não alcançaram o retorno esperado. A definição de Burnout esta inteiramente relacionada ao estresse, porém Pereira (2002) e Campos (2005) diferem o Burnout do estresse alegando a existência de estresse negativo e positivo, ao contrario da síndrome de Burnout que só pode ser visto como prejudicial para o profissional e para a organização.

Mendes (2002, p.37) defende também como diferença o fato do Burnout ter como característica a presença de atitudes e condutas negativas que prejudicam o profissional no seu ambiente laboral, enquanto o estresse “aparece como um desfalecimento pessoal que interfere na vida do indivíduo e não necessariamente na sua relação com o trabalho”.

Maslach, Schaufeli e Leiter (2001) observaram cinco elementos comuns dentre as diversas definições de burnout, são eles:

1) Predominância de sintomas relacionados à exaustão mental e emocional, fadiga e depressão;

2) Ênfase nos sintomas comportamentais e mentais e não nos sintomas físicos; 3) Os sintomas do burnout são relacionados ao trabalho;

4) Os sintomas manifestam-se em pessoas “normais” que não sofriam de distúrbios psicopatológicos antes do surgimento da síndrome;

5) A diminuição da efetividade e do desempenho no trabalho ocorre por causa de atitudes e comportamentos negativos.

De acordo com Maslach, Schaufeli e Leiter (2001), o que tem emergido de quase todos os estudos é a conceituação de burnout como uma síndrome psicossocial surgida como uma resposta crônica aos estressores interpessoais ocorridos na situação de trabalho. Na década de 1990, Maslach e Leiter (2001) alertaram que a síndrome não estava restrita a profissões ligadas à saúde e à educação, passando a ser considerada como um fenômeno que afetava praticamente todas as profissões. Benevides-Pereira (2002) ressalta que foi nesse período que começaram a surgir as primeiras teses e um aumento no número de publicações alertando sobre a Síndrome de Burnout no Brasil. Esse contexto acabou por propiciar, em 1996, que a síndrome fosse incluída na Regulamentação da Previdência Social, como relacionada às Doenças Profissionais.

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O impacto das condições laborais sobre a saúde dos trabalhadores levou o Ministério da Saúde em 1999 a elaborar o documento intitulado “Doenças Ocupacionais e Acidentes de Trabalho”, que reconhece o trabalho como “importante fator de adoecimento, desencadeamento e crescente aumento de distúrbios psíquicos”. A partir dessa concepção, instituiu a Portaria nº 1.339, que cita um conjunto de doenças relacionadas ao trabalho, abrangendo os transtornos mentais e comportamentais.

A perspectiva sociopsicológica de Christina Maslach é a mais utilizada para caracterizar o burnout, devido dentre outros fatores, pela disseminação do Maslach

Burnout Inventory (MBI). O MBI foi o primeiro instrumento desenvolvido para analisar

a síndrome e é composto por três dimensões independentes apesar de parecerem associadas: exaustão emocional, despersonalização, baixa realização pessoal.

Na década de 80, as investigações sobre Síndrome de Burnout se deram nos Estados Unidos e, posteriormente, o conceito começou a ser investigado no Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, Israel, Itália, Espanha, Suécia e Polônia. Em cada país, se adotou e se aplicou o instrumento criado nos Estados Unidos, conhecido como o Maslach Burnout Inventory. Sua construção partiu de duas dimensões, exaustão emocional e despersonalização, sendo que a terceira dimensão, realização profissional, surgiu após estudo desenvolvido com centenas de pessoas de uma ampla gama de profissionais (BENEVIDES-PEREIRA, 2002).

1.2.1 As Dimensões da Síndrome de Burnout

Segundo Maslach (2001), conceituam as três dimensões da síndrome de

Burnout: sendo elas a exaustão emocional, caracterizada pela falta ou ausência de

energia e entusiasmo e por um sentimento de esgotamento de recursos para lidar com determinada situação, a despersonalização, que diz respeito à coisificação das relações interpessoais e, a baixa realização profissional, assinalada pelo sentimento de infelicidade e insatisfação com as atividades laborais, trazendo como consequências a falta de envolvimento com o trabalho e a queda de produtividade.

A primeira dimensão se caracteriza-se pela exaustão emocional. Refere-se ao sentimento de tensão e fadiga crônica sendo resultado do trabalho estressante, bem como a falta de energia ligada a um sentimento de desgaste dos recursos emocionais devido às demandas psicológicas excessivas (MASLACH, 2001). Desta forma o indivíduo já utilizou várias estratégias para lidar com os estressores e todas falharam,

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não conseguindo então, despender energia gerando um conflito pessoal. Maslach (2001) relata que a exaustão emocional é a qualidade central do burnout, além de ser a manifestação mais óbvia.

Conforme Carlotto e Gobbi (1999, p. 105), “a maior causa da exaustão no trabalho é a sobrecarga e o conflito pessoal nas relações”. A preocupação com a necessidade de criação e estabelecimento de um vínculo afetivo e a impossibilidade de concretizá-lo é uma característica primordial das atividades que envolvem cuidado. Assim, o desgaste deste aspecto afetivo leva a um sentimento de exaustão emocional. O esgotamento é sinal da situação em que os trabalhadores percebem que já não possuem condições de se entregar efetivamente, sendo uma situação de total esgotamento de energia tanto física como mental.

A segunda dimensão é a despersonalização, também conhecida como a desumanização, não se refere à perda total da personalidade do trabalhador, porém, monstra que vem sofrendo alterações, fazendo com que o trabalhador venha a desenvolver relações frias e impessoais com os usuários e detentores de seu trabalho. O desenvolvimento de atitudes como o próprio cinismo, a ironia, a indiferença em relação às pessoas tanto como clientes e colega de trabalho, a indiferença com a identidade organizacional passam a ocorrer, substituindo o vinculo afetivo pelo vinculo racional apenas (BENEVIDES-PEREIRA, 2002).

Segundo Dejours (1999:40-63) a percepção do sofrimento do outro implica na consciência de seu próprio sofrimento, mobilizando as defesas do sujeito. Não perceber o sofrimento alheio é fruto da intolerância em perceber seu próprio sofrimento. O sofrimento pode ser negado ou subestimado através de uma estratégia defensiva chamada individualismo.

O individualismo, segundo Dejours (1999, p.63,) é:

a estratégia de defesa do silêncio, da cegueira e da surdez, mobilizada contra a consciência do sofrimento tanto de si próprio como do outro. No individualismo a percepção da realidade é modificada. Não se percebe mais o sofrimento humano e ocorre a desumanização das relações interpessoais.

Sedo assim, a perda de personalidade do individuo cria-se um novo perfil negativo desenvolvido através da despersonalização, consequente a defesa de seu próprio organismo.

A terceira e ultima dimensão é a baixa realização profissional, referente a tendência a avaliar-se negativamente devido à falha em produzir resultados. Essa

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dimensão é considerada uma combinação das outras duas, afinal uma situação de trabalho com demandas crônicas, que contribuem para a exaustão e despersonalização é provável que ocorra um sentimento de ineficácia e incompetência.

Maslach (2001) afirma que a baixa realização profissional no trabalho caracteriza-se por um sentimento de desventura, de insatisfação com as atividades laborais, de fracasso e de baixa motivação. Aos poucos, cria-se o desejo de abandono do trabalho. Tal sentimento afeta diretamente a produtividade do trabalhador, tornando o contato com outras pessoas difícil e consequentemente, interfere no alcance das metas e dos objetivos da organização. Neste caso, o profissional começa a avaliar negativamente sua atividade ocupacional, deixando transparecer a insatisfação com que está realizando em suas atividades. Sinais surgem, como baixa autoestima, fracasso profissional, sentimento de insuficiência e frustração. Em algumas situações, o indivíduo expõe precipitadamente o desejo de abandonar o emprego.

Conforme Dejours (1999, p.63) considera que:

O descomprometimento no trabalho, assim como o individualismo são mecanismos de defesa contra a falta de reconhecimento, tanto do trabalho bem feito como do sofrimento no trabalho.

Segundo Maslach (2001) enfatiza que nesta fase a frustração, o arrependimento e a insatisfação fazem parte da vida do sujeito, que se julga incapaz de cumprir as demandas. Falta motivação para seguir em frente com seu trabalho e tornam-se presentes sensações de menor rendimento, insatisfação com o seu desenvolvimento profissional e um sentimento de inadequação no trabalho. A autoestima e a autoconfiança desaparecem. Ainda de acordo com o mesmo autor, o indivíduo primeiro se sente exaurido emocionalmente em decorrência das pressões que vivencia no trabalho. Para se defender desta situação, o indivíduo adota o distanciamento como mecanismo para se afastar das pessoas com as quais se relaciona. Em sequência, a exaustão e o distanciamento comprometem o desempenho do indivíduo fazendo-o experimentar uma redução do sentimento de realização profissional.

Conforme Dejours (1999, p.35):

O reconhecimento pode transformar o sentido do trabalho, pois ao ter reconhecido a qualidade do seu trabalho, há também o reconhecimento da dedicação e das angústias que envolveram a execução do trabalho, o quem pode ser reconduzido à construção da identidade do sujeito.

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Desta forma, com a baixa realização profissional, muitos indivíduos chega a pontos extremos de se desligar do seu ambiente de trabalho por não conseguirem mais motivação profissional para gerir suas atividades.

1.3 Como Prevenir a Síndrome de Burnout?

O Burnout segundo Benevides-Pereira (2002), tem ganhado varias denominações, tais como estresse laboral (para evitar que não se trata de uma síndrome especifica, mas sim um estresse relacionado ao próprio contexto de trabalho do individuo), estresse laboral assistencial (define o tipo de trabalho acrescentando-se o caráter de ajuda), estresse ocupacional (transtorno relacionado com o tipo de atividade) e a síndrome de esgotamento profissional refere-se ao burnout).

De acordo com Benevides-Pereira (2002), os sintomas são de natureza psíquica, física, comportamental e defensiva. Os sintomas psíquicos estão relacionados a falta de atenção, de concentração, de alterações de memoria, de lentidão do pensamento, impaciência, entre outro. Os sintomas físicos estão relacionados com a fadiga constante e progressiva, distúrbio do sono, transtorno cardiovasculares, entre outro. Já os sintomas comportamentais são de irritabilidade, incapacidade para relaxar, perda de iniciativa dificuldade pra aceitação de mudanças e até mesmo suicídio, e por fim, os sintomas defensivos são a tendência de isolamento, absenteísmo, ironia, cinismo, sentimento de onipotência e perda de interesse pelo trabalho e lazer.

Para um tratamento eficaz, é importante ressaltar a relevância de um diagnóstico realizado de maneira competente, para que não se cometam erros, como a confusão entre burnout e depressão, bastante comum nos estágios iniciais, pela similaridade de sintomas (BENEVIDES-PEREIRA 2002). O ideal é procurar um especialista no tema e fazer exames psicológicos. Para sua detecção, deve-se fazer um exame minucioso e analisar se os problemas enfrentados estão relacionados ao ambiente de trabalho ou à profissão. É necessário avaliar se é o ambiente profissional que causa o stress ou se são as atitudes da própria pessoa que passam a ser o estopim ((BENEVIDES-PEREIRA 2002).

A psicoterapia é determinante, pois o terapeuta ajuda o paciente a ultrapassar as crises, através da orientação do indivíduo e de sua família, potencializa os efeitos do uso de medicamentos através da ressignificação e da retomada dos sentidos da história de vida do sujeito.

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Para Helpguide.org (2014), o processo de tratamento do burnout pode ser resumido de acordo com a abordagem “Três R”:

a) Reconhecer: prestar atenção aos sinais de alerta da síndrome;

b) Reverter: desfazer o dano por meio do gerenciamento dos sintomas e busca de apoio;

c) Resiliência: construção da capacidade de resistência ao stress por meio do cuidado da saúde física e emocional.

2 METODOLOGIA

2.1 Classificação da Pesquisa

Na percepção de Zamberlan et al. (2014, p. 112) “a classificação da pesquisa é baseada nas principais características que as mesmas apresentam em relação: à natureza, aos níveis ou objetivos, segundo os procedimentos técnicos, meios e estratégias de pesquisa”.

Quanto aos objetivos a presente pesquisa se classifica como descritiva que conforme Vergara (2000, p. 45), “esclarece que ela pode também estabelecer relações entre variáveis e definir sua natureza”. Segundo Gil (2002) “as pesquisas descritivas tem como objetivo a descrição das características de determinada população”.

Em relação aos procedimentos técnicos a pesquisa se classifica como pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo.

Vergara (2000) afirma que a pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. Também com relação à pesquisa bibliográfica, é parte obrigatória de qualquer trabalho científico, Marconi e Lakatos (1996, p. 43) ressaltam que:

Trata-se do levantamento de toda bibliografia já publicada em forma de livros, revistas, publicações avulsas em imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir ao cientista o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações.

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Segundo Gil (2002, p. 55), “ a pesquisa de campo procura muito mais o aprofundamento em questões propostas do que a distribuição das características da população, segundo determinadas variáveis. Apresenta maior flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao longo da pesquisa”.

2.2 Coleta de Dados

Apresenta-se a maneira pela qual foram coletados os dados e as informações para a realização do estudo. Utilizou-se as seguintes técnicas: pesquisa bibliográfica, e aplicação de questionários.

Conforme Marconi e Lakatos (1996), a pesquisa bibliográfica ou de fontes secundárias aborda toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo. A bibliografia pertinente oferece meio para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se expões explicitamente.

Para a pesquisa bibliográfica foram consideradas as informações já apuradas no referencial teórico, em livros, teses, dissertações e artigos sobre Síndrome de Burnout. Assim, foram utilizadas obras fundamentados em diferentes conceitos dos mais variados autores, sendo eles Benevides-Pereira (2002), Carvalho (2002), Campos (2005), Dejours (1994), Dejours (1999), França (2002), Garces de los (2000), Gil (2002), Maslach, Schaufeli e Leiter (2001), Marconi e Lakatos (1996), Mendes (1999), Mendes e Abraão (1996), Morrone (2001, p.39), Teixeira (2014), Vergara (1996) e Zamberlan

(2014).

Para a coleta de dados da pesquisa de campo utilizou-se um questionário denominado Maslach Burnout Inventory (MBI-GS) 2001, com perguntas especificas e fechadas, construído e validado pelos autores Tiago Panke (2017) baseado em Maslach (2001) (Apêndice 1), com 22 perguntas especificas e opção de respostas fechadas.

O questionário, segundo Gil (2002, p.128) pode ser definido “como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.”. Assim, nas questões de cunho empírico, é o questionário uma técnica que servirá para coletar as informações da realidade, tanto do empreendimento quanto do mercado que o cerca. O mesmo autor

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apresenta as seguintes vantagens do questionário sobre as demais técnicas de coleta de dados:

Possibilita atingir grande número de pessoas , mesmo que estejam dispersas numa área geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser enviado pelo correio;

Implica menores gastos com pessoal, posto que o questionário não exige o treinamento dos pesquisadores;

Garante o anonimato das pessoas;

Permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente;

Não expõe os pesquisadores à influencia das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado.

Realizou-se uma aplicação de questionário com 84 pessoas do publico alvo, guiada pelo roteiro elaborado pelo acadêmico com auxílio da professora orientadora, objetivado investigar questões especificas do estudo referindo-se a Síndrome de Burnout nos colaboradores do comércio de Ijui, descritas no questionário em apêndice.

A elaboração do roteiro do questionário ocorreu em Março de 2017, após um estudo aprofundado sobre a teoria de Síndrome de Burnout, posteriormente, foi utilizado tal roteiro na aplicação com a sociedade, com o propósito de analisar Sintomas existentes da síndrome dentro de determinadas organizações. Após a apresentação de uma síntese do que se compreende este estudo de forma individual o questionário foi aplicado no decorrer do mês de dezembro de 2017 com determinados grupos em datas distintas, no seus devidos locais de trabalho.

2.3 Análise e Interpretação dos Dados

A análise e interpretação dos dados foram realizadas através da interpretação de um questionário chamado MBI-GS, com questões e múltipla escolha de modo a marcar-las. Foi aplicada ao publico de colaboradores do comércio de Ijui, referente a Síndrome de Burnout.

Gil (2002, p. 168) explica que:

A análise dos dados tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a

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procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos.

Conforme Marconi e Lakatos (1996, p. 32) a análise e interpretação dos dados “representa a aplicação lógica dedutiva e indutiva do processo de investigação”.

O processo de análise dos dados iniciou-se após a aplicação do questionário colhendo os dados para análise. Após de realizar a interpretação dos dados coletados em forma de escala comparando-os com a teoria abordada propôs-se futuras melhorias para enfrentamento da síndrome.

A análise dos dados ocorreu de forma analítica de acordo com os dados do questionário, identificando fragmentos relevantes. A participação do acadêmico ocorreu como aplicador do questionário e interpretador dos questionamentos, assim interpretando de acordo com os dados dos participantes. De acordo com a teoria abordada no relatório, buscou-se analisar os questionamentos de acordo com a fundamentação dos autores e, posteriormente da interpretação dos dados de acordo com o embasamento teórico, realizando proposições com as necessidades presenciadas com a realidade das organizações, embasado nas teorias estudadas.

Conforme Zamberlan et al. (2014, p. 154)

A análise de conteúdo é um método que pode ser aplicado tanto na pesquisa quantitativa quanto na investigação qualitativa, mas com aplicações diferentes, em vez que na primeira, o que serve de informação é a freqüência com que surgem certas informações ou características, enquanto na segunda é a presença ou ausência de uma dada característica de conteúdo ou de um conjunto de características num determinado fragmento de mensagem.

3 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Após a apresentação de embasamento teórico sobre a Sindrome de Burnout aplicou-se um questionário conforme apêndice 1, denominado Maslach Burnout

Inventory (MBI-GS), em um grupo de 84 trabalhadores do comércio de Ijui, de ambos

os sexos sendo, 52 homens e 32 mulheres de diversos estabelecimentos diferenciados. A síndrome de burnout divide-se em três dimensões: exaustão emocional, despersonalização, realização profissional. Sendo a primeira dimensão (exaustão emocional) composta pelas questões 1 à 6 conforme tabela 1.

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Ocorre quando a pessoa percebe nela mesmo a impressão de que não dispõe de recursos suficientes para dar aos outros. Surgem sintomas de cansaço, irritabilidade, propensão a acidentes, sinais de depressão, sinais de ansiedade, uso abusivo de álcool, cigarros ou outras drogas, surgimento de doenças, principalmente daquelas denominadas de adaptação ou psicossomáticas.

O primeiro questionamento foi de sentir-se emocionalmente esgotado com seu trabalho, onde a classificação foi de 0 a 6 sendo, 0 nunca, 1 algumas vezes ao ano ou menos, 2 uma vez ao mês ou menos, 3 algumas vezes durante o mês, 4 uma vez por semana, 5 algumas vezes durante a semana e 6 todo o dia, conforme tabela 1.

Tabela 1 – Análise de Frequência Dimensão Exaustão Emocional

Questões 0 1 2 3 4 5 6

1- Sinto-me emocionalmente esgotado com o meu

trabalho 23,8 23,8 14,28 16,66 4,76 11,9 4,6

2- Sinto-me esgotado no final de um dia de trabalho 16,66 16,66 14,28 16,66 9,52 14,28 11,9 3- Sinto-me cansado quando me levanto pela

manhã e preciso encarar outro dia de trabalho 35,71 23,8 9,52 21,42 4,76 0 4,76

4-Trabalhar o dia todo é realmente motivo de

tensão para mim 66,66 4,76 11,9 4,76 4,76 7,14 0

5-Sinto-me acabado por causa do meu trabalho 52,38 23,8 2,38 9,52 2,38 7,14 2,38

6-Só desejo fazer meu trabalho e não ser

incomodado 45,23 9,52 4,76 9,55 0 7,14 23,8

Média Geral da Dimensão 40,07 17,05 9,52 13,09 4,36 7,93 7,90

Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)

Conforme tabela 1, verifica-se a média geral na dimensão de Exaustão Emocional que, 40,07% dos entrevistados não sofrem esta exaustão nas suas atividades organizacionais. Logo, 17,05% relatam que sofrem a mesma algumas vezes, ao ano ou menos e 13,09% algumas vezes durante o mês. Dentro das seis questões aplicadas acima, verifica-se que a maior pontuação média de questões referente a síndrome de burnout é a questão 6 onde relata que 23,8% dos entrevistados só desejam fazer o seu trabalho e não ser incomodado todo o dia. A questão 4 referente a trabalhar todo o dia é algo de tensão, se encontra com 66,66% do nível nunca, demonstrando satisfação com suas atividades desempenhadas. As demais questões se encontram em níveis preponderantes sem demais oscilações, encontrando-se em níveis satisfatórios.

A segunda dimensão (Despersonalização) é composta pelas questões 7 à 10 conforme tabela 2.

França (2002) caracteriza o Burnout emocional da seguinte forma: “Corresponde ao desenvolvimento por parte do profissional de atitudes negativas e insensíveis em relação às pessoas com as quais trabalha tratando-as como objetos”.

(16)

Tabela 2 – Análise de Frequência Dimensão Despersonalização

Questões 0 1 2 3 4 5 6

7-Tornei-me menos interessado no meu trabalho

desde que assumi esse cargo 78,57 9,52 4,76 2,38 0 4,76 0

8-Tornei-me menos entusiasmado com o meu

trabalho 61,9 21,42 7,14 2,38 0 7,14 0

9-Tornei-me mais descrente sobre se o meu

trabalho contribui para algo 76,19 7,14 11,9 0 0 2,39 2,38

10-Duvido da importância do meu trabalho 90,47 2,38 0 2,38 0 0 4,76

Média Geral da Dimensão 76,78 10,11 5,95 1,78 0 3,57 1,78

Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)

Conforme tabela 2, referente a dimensão de Despersonalização, visualiza-se que na média geral da dimensão 76,78% dos entrevistados não estão acometidos de despersonalização. Logo, 10,22% manifestam inicio desta dimensão da síndrome pois algumas vezes, ao ano ou menos, possuem este sentimento. Assim, se verifica que dentro dos entrevistados o nível de Despersonalização se encontra em um estágio controlado, ou seja, sem níveis preocupantes. As demais classificações das questões apresentam dados totalmente normais sem grandes variações. Dentro das questões apresentadas acima, a que apresenta uma maior variação é a questão 8 referente a tornar-se menos entusiasmado com o seu trabalho em 21,42% algumas vezes durante ao ano ou menos.

A terceira dimensão (Realização Profissional) é composta pelas questões 11 à 16 conforme tabela 3 abaixo.

França (2002) caracteriza o Burnout emocional como a diminuição da realização e produtividade geralmente conduz a uma avaliação negativa e baixa de si mesmo. Tabela 3 – Análise de Frequência Dimensão de Realização Profissional

Questões 0 1 2 3 4 5 6

11- Sinto-me entusiasmado quando realizo algo no

meu trabalho 7,14 0 0 9,52 4,76 28,57 50

12-Realizei muitas coisas valiosas no meu trabalho 4,76 0 5 4,76 9,52 38,09 38

13-Posso efetivamente solucionar os problemas que

surgem no meu trabalho 2,38 0 2,38 2,38 14,2 23,80 54,7

14-Sinto que estou dando uma contribuição efetiva

para essa organização 0 0 0 14,28 0 14,28 71,4

15-Na minha opinião, sou bom no que faço 4,76 0 0 7,14 0 16,66 71,4

16-No meu trabalho, me sinto confiante de que sou eficiente e capaz de fazer com que as coisas aconteçam.

2,38 0 0 4,76 0 14,28 78,5

Média Geral da Dimensão 3,57 0 1,23 7,14 4,74 22,61 60,6

Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)

Conforme tabela 3, referente à dimensão de Realização Profissional, visualiza-se que na média geral da dimensão 60,6% dos entrevistados se sentem realizados com seu

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trabalho. Logo 22,61% apenas algumas vezes durante a semana. Visualiza-se que, o nível de zero se encontram 3,57% totalizando 5 pessoas insatisfeitas neste universo entrevistados. Neste sentido, analisa-se que os colaboradores entrevistados em sua grande maioria não apresentam síndrome de sofrimento com a dimensão de realização profissional.

4 CONCLUSÃO

O individuo como profissional no trabalho está sempre em constantes mudanças psicológicas devido às variações de prazer e sofrimento em suas atividades de forma pessoal e profissional, onde afeta diretamente seu estado emocional. Sabe-se que, sempre quando desenvolve-se toda e qualquer atividade de forma prazerosa, o resultado é extremamente satisfatório para todas as partes envolvidas, ao inverso de realização de atividades em um cenário de sofrimento onde, a um rompimento na relação homem com a organização de forma gradual muito significativa.

Segundo Campos (2005), definiu burnout como sendo uma resposta do organismo a um estado de estresse prolongado, crônico, instalado quando situações de enfrentamento não foram utilizadas, falharam ou não foram suficientes. Sendo assim, o estresse predomina nas atividades desenvolvida nas organizações.

Assim, após estudar e entender um pouco mais sobre a Sindrome de Burnout e, posterior realizada a aplicação de um questionário com perguntas sobre a Exaustão Emocional, a Despersonalização e a Realização Profissional, verificou-se que o homem vivencia o prazer quando é valorizado e reconhecido pelo seu trabalho nas atividades em que desempenha, e o sofrimento é visto como fatores que podem desencadear o inicio de índices do desenvolvimento da Sindrome de Burnout.

A aplicação do questionário se deu em um universo de 84 pessoas, sendo 52 homens e 32 mulheres em diversos ramos de atividade. A primeira dimensão pesquisada foi de Exaustão Emocional, onde verificou-se que 40,07% dos entrevistados não apresentam índices de sofrimento desta dimensão, sendo um percentual muito significativo dentro da pesquisa aplicada. A segunda dimensão pesquisada, refere-se à Despersonalização, onde, 76,78% dos entrevistados apresentaram este índice como zero. A terceira e ultima dimensão questionada e referente Realização Profissional, onde 60,6% dos entrevistados dizem-se realizados todos os dias.

(18)

Assim, responde ao objetivo geral da presente pesquisa e a questão de estudo, diante destes dados apresentados, neste universo de pessoas entrevistadas, verifica-se que não há a presença da Sindrome de Burnout e, de modo geral é possível dizer que pessoas acreditam ser prazeroso seus ambientes de trabalho onde desempenham suas atividades, e também por não apresentarem grande índices nas dimensões de exaustão emocional e despersonalização.

Sugere-se, portanto, para futuras pesquisas que seja realizada entrevista semiestruturada com alguns funcionários respondentes de modo aleatório para entender de modo mais particular como é o ambiente de trabalho e as relações interpessoais destes trabalhadores em seus ambientes de trabalho, podendo então justificar ou não as respostas gerais. Da mesma maneira, sugere-se a aplicação desta pesquisa em períodos distintos, onde o psicossocial do profissional se encontra em estados mas estressantes e desenvolver pesquisas sobre a criação de ferramentas para que possa realizar medidas preventivas para que não se desenvolva a síndrome.

(19)

5 REFERÊNCIAS

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CAMPOS, Rosangela Galindo. Burnout. Uma revisão integrativa na enfermagem

oncológica. [Dissertação de mestrado em enfermagem]. Escola de enfermagem de

Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

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DEJOURS, Christophe. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro: FGV, 1999.

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MARKONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. São Paulo: Atlas, 1996.

MENDES, A. M. Comportamento defensivo: uma estratégia para suportar o sofrimento no trabalho. Fortaleza: Revista de Psicologia, v. 13, nº. 1/2, p. 27-32, 1999. MENDES, A. M.; ABRAHÃO, J. I. A influência da organização do trabalho nas

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Brasília: Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 2, nº. 26, p.179-184, 1996.

MORRONE, C. F. Só para não ficar desempregado: resignificando o sofrimento psíquico no trabalho: estudo com trabalhadores em atividades informais. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Brasília: Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília/UNB, 2001

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ZAMBERLAN, Luciano, et. al. Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas. Ijuí: Ed. Unijuí, 2014.

(21)

6 APÊNDICE

APÊNDICE 1 – Maslach Burnout Inventory (MBI-GS) (Maslach, 2001) SÍNDROME DE BURNOUT

A seguir, há 16 afirmativas relacionadas com o sentimento em relação ao trabalho. Por favor, leia com atenção cada uma das afirmativas e decida se você já se sentiu deste modo em seu trabalho.

Instruções:

Se você nunca teve estes sentimentos, escreva um “0” (zero) no espaço antes da afirmativa. Se você já teve este sentimento, indique com que frequência você o sente, escrevendo o número (de 1 a 6) que melhor descreve com que frequência você se sente dessa maneira. 0 1 2 3 4 5 6 Nunca Algumas vezes, ao ano ou menos Uma vez ao mês ou menos Algumas vezes durante o mês

Uma vez por semana Algumas vezes durante a semana Todo dia 0 1 2 3 4 5 6

1- Sinto-me emocionalmente esgotado com o meu trabalho 2- Sinto-me esgotado no final de um dia de trabalho

3- Sinto-me cansado quando me levanto pela manhã e preciso encarar outro dia de trabalho

4-Trabalhar o dia todo é realmente motivo de tensão para mim 5-Sinto-me acabado por causa do meu trabalho

6-Só desejo fazer meu trabalho e não ser incomodado

7-Tornei-me menos interessado no meu trabalho desde que assumi esse cargo

8-Tornei-me menos entusiasmado com o meu trabalho

9-Tornei-me mais descrente sobre se o meu trabalho contribui para algo 10-Duvido da importância do meu trabalho

11- Sinto-me entusiasmado quando realizo algo no meu trabalho 12-Realizei muitas coisas valiosas no meu trabalho

(22)

13-Posso efetivamente solucionar os problemas que surgem no meu trabalho

14-Sinto que estou dando uma contribuição efetiva para essa organização 15-Na minha opinião, sou bom no que faço

16-No meu trabalho, me sinto confiante de que sou eficiente e capaz de fazer com que as coisas aconteçam.

17-Sexo M( ) F ( )

18-Idade Até 25 Anos ( ) Até 35 Anos ( ) Acima e 35 anos ( ) 19-Ramo de Atividade

20 – Escolaridade

21- Ocupa cargo de Gestão ( ) Sim ( ) Não

22 – Considera seu trabalho estressante ( ) Sim ( ) Não

Referências

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