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O lúdico na construção da identidade e da subjetividade da criança

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DHE - DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

O LÚDICO NA CONSTRUÇÃO DA

IDENTIDADE E DA SUBJETIVIDADE DA

CRIANÇA

Ijuí/RS 2016

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BRUNA MARIA KAPP

O LÚDICO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DA CRIANÇA

Monografia apresentada para o Curso de Pedagogia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - Unijuí, tendo como título: O lúdico na construção da identidade da criança, sendo requisito para obtenção do título de graduada em Pedagogia.

Orientadora: Profª Drª. Noeli Valentina

Weschenfelder

Ijuí/RS 2016

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RESUMO:

Esta pesquisa tem como tema “O lúdico na construção da identidade da criança” e ressalta que a criança constroi sua identidade, entre outras coisas, através do brincar. Evidencia também como o profissional docente e a escola deveriam agir para que as brincadeiras potencializassem ainda mais a capacidade de desenvolvimento de cada criança. Para tanto, traz a análise de cenas de algumas experiências de estágios realizados na Educação Infantil em um pequeno município do Rio Grande do Sul, mais precisamente em Catuípe, além de recordar as vivências da própria autora enquanto criança presente no contexto escolar. Este tema se torna relevante porque à medida que está brincando a criança está também se construindo como sujeito e é essa construção que virá a formar indivíduos capazes de conviver em sociedade, além de auxiliar no processo de aprendizagem da criança e de sua significação de mundo. A pesquisa aponta que é possível ver o lúdico como fomentador de aprendizagens e colaborador para a formação dos sujeitos, basta para isso um trabalho conjunto entre escola, docentes e família, visto que somente desta forma haverá uma caminhada rumo ao desenvolvimento e à construção da identidade da criança.

Palavras-chave: Brincar; Criança; Escola; Identidade; Infância; Professora; Protagonista.

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO ... 5

2 - CRIANÇA, INFÂNCIA E BRINCADEIRA ... 7

3 - RELEMBRANDO DOS CAMINHOS QUE ME TROUXERAM ATÉ AQUI ... 12

4 - AQUILO QUE OS OLHOS VEEM TOCA O CORAÇÃO E FAZ PENSAR ... 16

5 - EU NÃO SOU O BALÃO QUE FLUTUA, EU TENHO RAÍZES! ... 24

6 - OS ESPAÇOS, AS BRINCADEIRAS, OS TEMPOS E OS MATERIAIS ... 28

7 - UMA VISÃO DIFERENTE É POSSÍVEL ... 30

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INTRODUÇÃO:

Considerando que a infância é uma fase da vida com características e necessidades próprias e sabendo que cada criança é única, possuindo singularidades, então ela precisa ser cuidada e educada com respeito às possibilidades de explorar o mundo em que vive para construir, assim, os seus conhecimentos com autonomia e protagonismo. A infância traz consigo o brincar, pois não se pode pensar em uma separação do brincar e da criança, sendo importante lembrar que além da brincadeira ela possui outras atividades que refletem no lúdico. Diante disso, realizar uma pesquisa para buscar a melhor compreensão das brincadeiras na infância e o que elas produzem na criança se faz indispensável na formação docente, visto que a escola é local de encontro das infâncias, das culturas e é palco das representações e do brincar.

Quando pensamos na infância e na criança que naturalmente brinca, surgem muitas questões relevantes, especialmente, sobre as crianças que frequentam as escolas infantis numa época em que as mães precisam trabalhar. Também trazemos a questão fundamental dos direitos da criança como cidadã. São questões que nos interessam, como, por exemplo, o brincar ajuda na construção da subjetividade da criança? Quais as implicações da brincadeira na sua identidade? De que forma a criança, através do lúdico, aprende a conviver em grupo? O que o ato de brincar produz na criança? Sendo que as crianças de hoje estão presentes nas escolas infantis, qual seria o papel da escola e da professora neste processo?

Partindo destas indagações é que me proponho a entender um pouco mais sobre este universo gigantesco que envolve o lúdico e as brincadeiras como formadores da subjetividade e identidade da criança. Pretendo investigar e entender os efeitos que o brincar produz na criança que vão constituindo sua subjetividade e identidade, na relação que estabelece com seus pares, ao mesmo tempo em que vive em sociedade. Esta pesquisa possui como objetivo geral entender a maneira com que o lúdico desenvolve a subjetividade e a identidade da criança, da sua visão de si mesma e nas relações estabelece com os outros, na visão da escola e por consequência em sua vida, já que passa maior parte do tempo na instituição infantil. Além disso, gostaria de identificar a maneira na qual o brincar contribui para a convivência das crianças

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com seus pares, ainda procurei saber de que forma os profissionais docentes e a escola podem fomentar este processo na infância.

Para obter êxito em minha pesquisa foi necessário realizar leituras sobre o lúdico, a infância e a construção da subjetividade e identidade da criança, além de realizar entrevistas com docentes sobre as brincadeiras da infância e utilizar cenas que vi no estágio na Educação Infantil.Foi uma pesquisa de caráter qualitativo que buscou em leituras, entrevistas e análises de cenas, alcançar os objetivos neste estudo definidos. As cenas coletadas em estágios na Educação Infantil são analisadas e comparadas ao que dizem os autores, bem como é feita uma reflexão sobre o lúdico como processo educativo.

Através deste estudo penso que ser possível compreender melhor o modo como a o lúdico contribui para que a criança possa constituir a sua subjetividade e identidade, na convivência em sociedade, nos valores que ela levará consigo para sua compreensão de mundo. Este tema se tornou relevante à medida que brincando a criança vai se constituir como sujeito e é essa construção vai formando indivíduos capazes de conviver em sociedade, pois isso é o processo de aprendizagem de uma criança. Como futura pedagoga, acredito que este estudo me ajudou a realizar um trabalho competente dentro da escola, além de que o lúdico é o desenvolvimento de indivíduos ativos e protagonistas na construção de sua autonomia.

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CAPÍTULO I – CRIANÇA, INFÂNCIA E BRINCADEIRA

A infância é parte importante da vida de qualquer pessoa e as brincadeiras/lúdico, certamente, é parte de cada criança, de modo a constituir a subjetividade e a identidade dela, a sua visão de grupo e o respeito com o outro. Nesta fase da vida, que é uma construção social e histórica, a criança passa por muitas mudanças físicas, psicológicas, sociais e culturais que vão moldando seu modo de ser, de agir, de pensar e de fazer as coisas.

Noutros tempos, a sociedade via a criança como um “adulto em miniatura”, mas essa visão mudou muito quando se percebeu que ela era um ser único, com particularidades e muitas possibilidades a serem descobertas. É na infância que a criança precisa explorar ambientes diversos, além de materiais diferentes e outras culturas, para que signifique o mundo e desenvolva sua autonomia.

A criança é um ser pensante e está inserida em um determinado contexto familiar em um tempo e em uma sociedade que são distintos, o que a torna singular e com uma forma muito própria de ver o mundo, precisa, por isso, ser respeitada e compreendida a partir de suas singularidades. Ela possui capacidades de construir seus conhecimentos, assim como os adultos, é capaz de perceber, indagar e refletir sobre objetos e saberes, porém faz isso a seu modo. Faz parte de seu universo a vida em grupo, por isso ela, necessariamente, precisa de interação com um outro mais experiente que lhe apresente os conhecimentos. Só nos tornamos humanos a partir das relações que estabelecemos com outros humanos, e é desta forma que a criança vai se inserindo cada vez mais na sociedade e entendendo melhor o mundo conforme vai se relacionando com os adultos e com outras crianças. Além disso, a identidade da criança vai se construindo através da sua significação de mundo e do entendimento de si mesma, o que é fortalecido por atividades que envolvam o lúdico e que oportunizem que a criança explore, protagonize e revele todas as capacidades que traz consigo.

Ao pensar sobre o brincar é preciso pensar a criança que brinca, pois não há como pensar em um sem pensar no outro já que o brinquedo e as brincadeiras são parte do universo infantil, fazem parte da natureza da criança, pertencem a ela e são levados a sério tanto quanto suas roupas, seus

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compromissos, sua casa, etc. É através do brincar que a criança testa situações da vida real, experimenta os papeis que estão presentes na sociedade e os incorpora. Um brinquedo não se torna importante por seu valor ou pelo material com que é feito, mas pelo que ele poderá possibilitar para a criança, e sendo assim, é fundamental que o educador também saiba brincar, tenha prazer no jogo e que junto com as crianças possa recuperar sua própria infância. Pois é o adulto quem vai inserir o lúdico nas instituições educacionais e promover experiências lúdicas que colaborem para a construção da identidade e de outro modo de ser criança.

Para entender como o lúdico faz parte do desenvolvimento das crianças, produzindo subjetividades e identidades é necessário considerar que o desenvolvimento humano é um processo de ampliação das escolhas e da liberdade dos sujeitos, visto que o ser humano é capaz e deveria ter a oportunidade de escolher o que deseja ser e como pretende levar sua vida. Assim, não se pode deixar de considerar que essa liberdade está de acordo com a cultura e o meio social em que o indivíduo está inserido, pois as escolhas trazem consigo consequências que podem atingir outras pessoas, além de que existe todo um contexto econômico, político e ambiental a ser considerado. Isso quer dizer que o desenvolvimento humano envolve escolhas que afetam o bem estar das pessoas e, desta forma, é necessário que a criança aprenda desde cedo que deve fazer escolhas pensando em si, mas também no outro.

Sobre essa questão a autora Júlia Formosinho (2007, p. 52) afirma que “o brincar envolve a criança inteira, seus sentimentos, seus movimentos, sua percepção e seu pensamento, as mães e os pais”, nos levando a refletir que a brincadeira reflete muito da criança, pois é parte de sua vida. Argumenta a autora que através do brincar é que ela deixará a mostra sua visão de mundo, sua cultura e o modo como sua família se relaciona. Muitos autores brasileiros defendem que a criança leva a brincadeira muito a sério, encara problemas e encontra soluções para eles, faz e desfaz, mostra a realidade e ao mesmo tempo cria um mundo inventado, e é isso que faz com que ela vá se construindo como sujeito de possibilidades e que dê sentido para o que acontece ao seu redor.

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A construção da identidade da criança se dá, entre outras coisas, quando ela se ‘encontra’ também no ambiente escolar, sentindo-se parte dele e percebe que ali pode se expressar e aprender através de atividades que considerem o lúdico como algo constituidor da infância e que façam com que o brincar seja o fermento necessário para que a criança cresça saudavelmente em todos os seus aspectos. Brincar é uma competência da infância que leva em conta o movimento, a fala, a exploração, as relações, a observação e muitas outras coisas que, quando bem aproveitadas, contribuem para que a criança aprenda, represente, seja protagonista, atribua significados e construa seu modo de ser e sua identidade. Ao propor uma atividade lúdica instigadora o professor está dando para a criança a oportunidade de questionar, de descobrir as respostas e de ter experiências significativas, promovendo na escola um ambiente de autonomia, de diálogo e possibilitador de aprendizagens.

De acordo com Jobim e Souza (2000, p.37), a identidade “frequentemente está ligada a algum tipo de reconhecimento, seja ele individual e coletivo” e, certamente, quando a criança brinca está se reconhecendo como sujeito e como pertencente a um grupo social, o que faz com que esta criança esteja construindo sua identidade e significando o mundo. Por este motivo, quando brinca a criança percebe que faz parte de um contexto social e cultural, e vai, assim, entendendo melhor a sociedade, sendo que isso é fundamental para que ela se desenvolva como sujeito.

É possível afirmar que a brincadeira surge como um dos principais elementos para o desenvolvimento da criança, pois é através dela que a criança vai reproduzir aquilo que está vivenciando na sociedade, aprendendo o que é aceito como certo e errado, sendo capaz de refletir e buscar soluções para estas questões. Ao brincar, as crianças produzem culturas, dando significado ao mundo através de experiências e de relações com seus pares, elas pensam, criam e constroem, possuem direitos de aprendizagem e necessitam estar em contato com o lúdico, a fantasia e o faz de conta para que se desenvolvam plenamente.

Em 2009, após estudos e pesquisas de proporção nacional, temos as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil/DCNEI, que destacam as crianças como seres históricos e possuidores de direitos fundamentais, isso representa um ganho para a infância brasileira e para as

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crianças até seis anos de idade. Ressaltam as DCNEIs que é através das interações, das relações e das práticas cotidianas culturais que elas constroem sua identidade, tanto coletiva quanto pessoal, visto que elas brincam, fantasiam, imaginam, observam, aprendem, desejam, questionam, experimentam e constroem sentidos sobre a sociedade e a natureza, produzindo então culturas. Para que isso aconteça é imprescindível que haja uma formação das professoras e adultos que estão com as crianças nas Escolas Infantis.

Conforme Brougère, a criança “se situa na sua prática lúdica diante de imagens constituídas, daquelas que emanam dos brinquedos e daquelas que provêm de seu círculo” (2001, p. 73), sendo assim, a criança já chega à escola com brincadeiras e costumes advindos de sua cultura, podendo conhecer novos e socializa suas experiências com as demais crianças. Por isso, no Brasil temos a Educação Infantil como promotora destas relações, essa é uma das funções da escola infantil, e é isso que se espera das crianças e das professoras, ambos os sujeitos de uma cultura que poderá mudar conforme a região, o município e as famílias.

Considerando que também vivemos em um mundo tecnológico e muitos dos brinquedos que as crianças utilizam em suas brincadeiras são produtos da tecnologia que nos cerca, vemos impactos sobre a infância à medida que muitas vezes elas ficam tão presas a brinquedos prontos e feitos com certos materiais que “esquecem” de ser criança, de brincar com objetos advindos da natureza, de explorar o mundo e de inventar brincadeiras novas. A escola, então, necessita promover a infância através de brincadeiras diversas, utilizando-se das tecnologias para promover a educação sim, mas principalmente, buscando a aprendizagem fruto de experiências, de imaginação, da relação com outras crianças e de construção de sentidos sobre o mundo.

O brincar é um direito da criança, se faz como uma ação livre que traz prazer utiliza-se de regras, parcerias, sensibilidade, linguagens, imaginação e conhecimento. Neste brincar espontâneo, a professora se insere como uma observadora e, ao mesmo tempo, mediadora, visto que observando as brincadeiras das crianças ela possa ter condições para propor atividades outras. Assim, dará possibilidades para que elas tenham suas habilidades

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potencializadas e, desta forma, aconteça uma aprendizagem significativa e uma melhor compreensão do mundo.

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CAPÍTULO II – RELEMBRANDO DOS CAMINHOS QUE ME TROUXERAM ATÉ AQUI

Há sempre uma pitada de nostalgia ao relembrar minha época escolar, por volta do ano de 2000, e ao recordar quem foram meus professores. Mistura a saudade de um tempo em que tudo era puro e inocente com um olhar de quem, agora, está estudando para ocupar um papel marcante na vida das crianças das quais serei professora. Afirmo que o lugar de professora é marcante na vida da criança porque todos os professores que tive me marcaram de alguma maneira e contribuíram para que eu chegasse até aqui.

Tive uma infância simples e ingressei na pré-escola com cinco anos de idade já sabendo ler porque minha avó materna havia me ensinado. Também lembro-me de adorar estar naquele ambiente da escola com meus colegas e minha professora, pois me sentia importante e gostava do que fazíamos lá. A professora da pré-escola era idolatrada por mim e eu sempre dizia que quando crescesse queria ser como ela, sendo que o motivo para isso ficava claro quando olhávamos para seu rosto e percebíamos o amor pela profissão docente, o carinho por nós e a dedicação que tinha com seu trabalho. Trazia atividades para a sala de aula que faziam com que nós nos envolvêssemos, visto que era preciso recortar, colar e pintar, com tinta de verdade e não apenas lápis de colorir! Utilizávamos materiais para colagens como cascas de ovos, feijões, tampinhas e folhas. Líamos sentados em almofadas aconchegantes, deitados em colchonetes para ouvir uma música de olhos fechados imaginando as cenas, enfim, a professora nos oferecia coisas simples de uma maneira instigante, de forma que nos sentíamos parte daquela realidade porque podíamos tocar, fazer, errar, acertar e desta forma aprender sem medo.

Como toda criança em seu primeiro dia na escola, eu também tive medo de não conseguir fazer amigos ou de que a professora não gostasse de mim, mas isso não aconteceu e, felizmente, tive uma relação recíproca de cumplicidade com a professora, além de fazer amigos que até hoje são meus amigos. Acredito que através dessas relações positivas estabelecidas na escola com a professora e as outras crianças que me senti acolhida e não tive grandes dificuldades em minha vida escolar. A pré-escola da instituição na qual

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frequentei possuía um ambiente separado do resto da escola, talvez não fosse o correto, por não permitir que convivêssemos com crianças mais velhas, mas naquela época nos sentíamos importantes por ter um “pedaço da escola” só nosso e, por sentir realmente que aquele ambiente tinha sido feito para nós.

Lembro-me que era um prédio com duas salas de aula espaçosas ocupadas pelas duas turmas de pré, com um banheiro feminino e um banheiro masculino, uma praça grande que tinha areia, grama, balanços, duas casinhas, uma árvore, além de que cada uma das salas de aula possuía uma salinha menor cheia de materiais como tintas, pincéis, lápis de cor, giz de cera, tampinhas, feijões, papelão e tudo o que pudesse ser utilizado nas atividades, e lembro que era possível alcançar esses objetos. Na sala havia duas pequenas mesinhas redondas com cadeiras, o que facilitava a convivência em grupos, um tanque daqueles de lavar roupa com torneira para que fosse possível lavar os materiais após o uso ou nos limparmos, a salinha de materiais, um tapete grande com almofadas para os momentos de leitura ou música e, além de tudo, isso ainda havia espaço para circularmos, não sendo uma sala pequena e apertada.

As brincadeiras que surgiam naquele contexto eram variadas, recordo de que fazíamos a casinha que tinha sido construída no alto de uma estrutura de madeira de sorveteria e com areia molhada fazíamos os sorvetes dentro de baldinhos. Não havia repreensões da professora por brincarmos com areia molhada ou por nos sujarmos, o que facilitava a criação de brincadeiras riquíssimas, das quais muitas vezes a professora também participava. Como já foi exposto acima, as turmas de pré-escola possuíam um prédio cercado que era separado do resto da escola e que não possibilitava a convivência com as crianças maiores, sendo que elas tinham uma praça também separada da nossa e naquela praça só podíamos ir uma vez na semana com a professora, quando as demais turmas não estavam lá. Ir naquela praça “dos grandes” era excitante, ficávamos animados porque os brinquedos eram mais altos e diferentes dos nossos, o que fazia com que brincássemos bastante e aproveitássemos muito aquele tempo na outra praça. Se tivéssemos tido a oportunidade de frequentar aquela praça quando as crianças maiores estivessem lá acredito que teríamos criado brincadeiras e situações maravilhosas, pois a convivência de crianças de todas as idades deve ser

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possibilitada para que desta forma haja troca de saberes, produção de significados e relações recíprocas de respeito.

Durante a pré-escola brinquei com diversas crianças, lembro-me que tive amigos de cor diferente da minha, de religião também diferente e tive um amigo que não ouvia. Este merece uma lembrança especial de minha parte, porque recordo que todas as crianças tinham receio de brincar com ele pelo simples fato de que ele não podia ouvir e eu, na minha inocência ou talvez na época até por compaixão, chamava-o para brincar comigo ou lhe ajudava a fazer as atividades propostas pela professora. Nunca o enxerguei de maneira diferente por ser uma criança especial e fiquei muito alegre em certa vez que estava doente não podendo ir para a escola naquele dia, pois quando cheguei à sala de aula no outro dia ele havia feito um cartão com um desenho de um coelho pintado de verde e colado algumas flores de seu jardim desejando que eu melhorasse. A professora incentivava meus colegas a brincarem com ele dizendo que ele não podia escutar, mas era exatamente como nós, eles até brincavam um pouco, mas logo se afastavam, e eu era quem o chamava para o grupo. Talvez já fosse entender o que era acolher a diferença!

O lúdico se fazia presente em minha sala de aula na pré-escola e a professora sempre procurava instigar nossa criatividade, nossa fala, as relações, bem como as brincadeiras livres ou dirigidas. Analisando essa época, acredito que foi um período desafiador e, ao mesmo tempo, colaborador para a construção de minha identidade, pois tudo o que vivenciei e as experiências que me foram proporcionadas lá atrás se fazem presentes hoje nos traços de minha subjetividade, no modo como eu sou hoje, nas coisas que acredito em como me constitui uma professora reflexiva.

Atualmente se considera a Educação Infantil como um momento de potencializar as crianças, de proporcionar experiências significativas, de dar vez e voz, de problematizar e buscar respostas, de relações com os outros e de desenvolvimento da autonomia. Quando eu estava lá, na pré-escola, também tive tudo isso (de maneira diferente talvez), mas acredito que agora temos muito mais conhecimentos e uma variedade imensa de meios para utilizar o lúdico como uma peça chave na construção da identidade da criança e no seu desenvolvimento integral.

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Diante disso, recordando o caminho que percorri para chegar a quem sou hoje, estudante de Pedagogia e fascinada pela educação, que me propus a pesquisar este tema, sendo que assim, posso entender os rumos que tomei e auxiliar a escola de forma positiva na promoção de uma educação voltada para a criança e suas necessidades. Olhar para meu passado e refletir sobre a pedagoga que quero ser é uma ação significativa, visto que é possível tomar como exemplo aquilo que me trouxe resultados positivos e buscar solucionar as situações que me marcaram de uma forma não tão boa para não repeti-las com as crianças, além de procurar entender aquilo que me provoca e procurar me formar como uma profissional docente que vê a infância como possibilidade.

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CAPÍTULO III - AQUILO QUE OS OLHOS VEEM TOCA O CORAÇÃO E FAZ PENSAR...

A curiosidade de entender como o lúdico constitui a subjetividade e identidade da criança não vem de hoje, sendo que faz bastante tempo que este tema me provoca e me causa desassossego interior. Ela se tornou maior ainda após a realização dos estágios na Educação Infantil porque neles pude perceber a maneira como o lúdico estava sendo visto e utilizado na instituição em que os realizei. Como já diz o título desde capítulo, aquilo que os olhos veem toca o coração e faz pensar, visto que as cenas que presenciei em meus estágios me tocaram e me levaram a pensar sobre elas, dando ainda mais subsídios para que o tema do lúdico na constituição de um modo de ser criança e pessoa nos dias atuais, isto é, a identidade da criança fosse adotado por mim como centro desta pesquisa.

A instituição em que realizei meus estágios de Educação Infantil situa-se no município em que moro, Catuípe, e é formada por sujeitos de diferentes bairros e de diversos contextos familiares. As crianças ali presentes eram de várias cores, tipos de organização familiar, situações econômicas e sociais, além de possuírem variadas formas de aprender, de ver o mundo e ser criança. Deparei-me com crianças que tinham tudo e faziam viagens com a família, e com crianças que possuíam algumas necessidades em casa e não viajavam a não ser pela literatura ou pela televisão, sendo notável a variedade de vidas presentes nas salas de aula que passei.

A escola possui um Projeto Político Pedagógico, datado do ano de 2015, e o novo ainda está sendo reformulado. Este documento traz como filosofia da escola “Construímos brincando”, nos remetendo exatamente às construções de conhecimento que o ato de brincar proporciona para as crianças. No PPP da escola a Educação Infantil é colocada como uma fase na qual a criança se desenvolve brincando, pois diz que a brincadeira é um instrumento facilitador da aprendizagem, mais uma vez colocando o lúdico como fomentador de aprendizagens. O documento também traz que a escola prima por oferecer condições para que as crianças possam desenvolver suas potencialidades num ambiente prazeroso, acolhedor e que ela possa interagir o tempo todo,

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descobrindo, perguntando, inventando e brincando. Afirma, também, que é pela brincadeira que a criança desenvolve habilidades e autonomia, considerando que esta é o principal conteúdo da Educação Infantil e apresentando a ideia de que o educar, o cuidar e o brincar são indissociáveis. Segundo o PPP, o objetivo daquela instituição de ensino é propiciar uma educação que seja de qualidade social, que integre família e escola, que trabalhe com a investigação e a criatividade como ferramentas que dão a direção para a prática de aprendizagem, o que a torna significativa e integradora, fazendo com que a criança se sinta parte integrante do grupo através da observação e da exploração do ambiente com curiosidade.

No papel isto tudo está muito bem explicitado, porém o que observei não mostra que tudo isso ocorre, visto que a escola frisa construir conhecimentos brincando e observei muitas vezes atividades prontas em que as crianças deveriam fazer todas ao mesmo tempo e a mesmo processo de pintura ou de colagem, resultando em trabalhos iguais e monótonos que não exercitavam a criatividade e não tinham nada a ver com o brincar. Não vi o lúdico ser utilizado como agente de aprendizagem, pois nos momentos da praça as professoras se reuniam para conversar na sombra, sem incentivar as brincadeiras infantis ou participar delas de forma a proporcionar novos conhecimentos. Ainda as salas de aula da escola são muito pequenas, o que impedia a realização de experiências significativas e o pátio não era visto como local de aprendizagens, apenas utilizado para a pracinha, sendo que a escola cumpre uma rotina bem rígida com horários de rotina como, comer, dormir, ir à praça, “fazer trabalhinhos”, etc.

No PPP é destacado o desenvolvimento de habilidades e da autonomia da criança através de observação e exploração dos ambientes para que ela se sinta parte integrante da escola, porém, o que constatei nos estágios é que a percepção que as pessoas que ali trabalham têm de desenvolvimento de habilidades ou da autonomia se restringe apenas aos trabalhinhos prontos e a exploração do ambiente se limita ao tempo da pracinha. Além de uma concepção de criança e de infância que, de certo modo, está a contrariar as DCNEIs.

Percebo que seguir uma rotina e “mostrar serviço” parece ser o mais importante, deixando de lado o trabalho que realmente leve a criança em

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consideração e que a faça ser participativa em seu processo de aprendizagem. Reconheço também que muitas coisas atualmente na sociedade em que vivemos ficam apenas no papel e na prática há uma grande diferença nas ações, mas acredito que a escola deveria ser a primeira a buscar mudar esta realidade através de uma pedagogia que veja a criança como o personagem principal do processo educativo, reconhecendo-a como ser capaz e promovendo experiências significativas. As brincadeiras que observei em meus estágios mostraram crianças criativas e que trocam saberes, que sabem muito da vida e que querem mostrar o que sabem para nós, porém as possibilidades de articular o trabalho docente com o lúdico tornariam ainda mais ricas estas cenas, trazendo a brincadeira como promotora de aprendizagens e favorecendo o desenvolvimento da criança e a construção de sua identidade.

Observei muitas vezes cenas das crianças brincando e professoras conversando assuntos diversos, não percebendo a riqueza do que estava sendo vivido ali. Uma dessas cenas foi um bolo de aniversário feito com pedrinhas que as crianças estavam elaborando em conjunto, iam colocando os “ingredientes” que eram folhas, galhos e grama, além de colocarem o bolo no forno que nesse caso foi o banco existente na pracinha e controlarem o tempo de assar. Foi uma cena riquíssima em que as crianças encaravam um papel de cozinheiros, representando algo do cotidiano que é o feitio de um bolo e seus passos para fazê-lo, mas que as professoras não enxergaram, perdendo a oportunidade de enriquecer este momento com dicas e ensinamentos que certamente fariam com que as crianças se desenvolvessem mais ainda.

Outra cena que me chamou muito a atenção foi quando levei a caixa temática “Beleza” na qual continha embalagens e objetos como frascos de creme para cabelo, pente, espelho, bonés, prendedores de cabelo, pulseiras, óculos escuros, plumas, etc., que as crianças exploraram e em certo momento alguns meninos começaram a brincar que estavam em um laboratório produzindo shampoo para as meninas testarem no salão de beleza delas, tendo a completa noção de que era necessário uma fórmula com vários ingredientes que se colocados na medida errada não formariam o shampoo que queriam, sendo necessário testar antes de levar para as meninas usarem e então mais uma vez a professora não notou a riqueza que ali havia, pois as crianças mostraram muitos conhecimentos que poderiam ser temas para novos

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projetos ou brincadeiras que lhes ajudaria a desenvolver sua identidade e sua subjetividade.

Foi por tudo o aqui exposto que a minha curiosidade em entender como o lúdico constitui as subjetividades e as identidades da criança na Educação Infantil ficou mais aguçada, o interesse que já se fazia presente antes cresceu ainda mais, depois dos estágios, fazendo com que escolhesse este tema para minha pesquisa. Todas as minhas vivências proporcionaram uma reflexão sobre o papel social e cultural da escola e do profissional docente na promoção de uma educação participativa, feita para e com as crianças, pois a realidade mostra contradições que poderiam ser mudadas com um trabalho envolvendo o lúdico e resultando em aprendizagens significativas.

Por isso, a escola possui um papel fundamental para o crescimento da criança como um sujeito social, sendo que é no ambiente educacional que a criança irá aprender a conviver com os outros e ao mesmo tempo desenvolver sua individualidade. O docente precisa estar bem preparado para oferecer espaços e materiais que potencializem este desenvolvimento, além de fomentar a curiosidade, oportunizar a exploração do mundo e a convivência respeitosa com seus pares. Considerando uma Pedagogia em Participação na qual o planejamento é pensado de modo a respeitar cada criança em seu tempo, com suas vozes e suas singularidades, seria correto afirmar que as brincadeiras, tanto livres quanto dirigidas, precisam levar em conta a criança que é capaz, que cria e que significa o mundo e está tendo em si efeitos produzidos por este brincar. O professor pode colocar isso em prática instigando a criança, partindo de seu interesse e criando possibilidades de ambientes, brincadeiras e experiências que irão enriquecer essa bagagem infantil.

Ser um docente que considere a infância e os saberes que ela traz consigo é ser capaz de entender que cada criança está imersa em um universo cultural distinto e que isso implica em seus atos, suas falas e sua aprendizagem. Para ter essa capacidade o docente necessita estudar a infância e, estar sempre em formação e buscar se inserir no contexto das crianças. A professora possui um papel muito importante na sociedade porque é ela quem colabora para que os sujeitos tenham uma visão crítica do mundo, para que saibam enxergar o que está bom na sociedade na qual se inserem e

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o que ainda pode ser mudado, abrindo possibilidade para debate e busca de soluções e mudanças.

Saber conciliar a docência com o ato de ser pesquisador implica na observação, ou seja, ao mesmo tempo em que realiza suas práticas docentes o professor pode pesquisar, ver possibilidades e pensar em ações que melhorem o ensino, já que o professor está em lugar privilegiado para isso por ter contato mais direto com as crianças. Fazer do momento de sentar em rodinha uma oportunidade de participação das crianças, de diálogo entre elas e a professora, de conhecimento e de efetivação dos laços de confiança, para que desta forma, se possa ouvir o que as crianças têm a dizer e que isso possibilite pensar em atividade lúdicas que caminhem rumo ao desenvolvimento das mesmas.

A instituição de Educação Infantil, segundo Barbosa e Richter (2015, p.187)

[...] seja ela uma escola ou uma creche ou uma pré-escola, ela terá características distintas de uma escola convencional. Será um espaço que abriga ações educativas abrangentes, não apenas de conhecimentos sistematizados e organizados por áreas, mas também de saberes oriundos das práticas sociais, das culturas populares, das relações e interações, dos encontros que exigem a constituição de um tempo e um espaço de vida em comum no qual se possa compartilhar vivências sociais e pessoais.

Percebe-se, então, que quando falamos em Educação Infantil devemos levar em conta as experiências pelas quais as crianças irão passar e que lhes farão sentido, sendo que o ambiente da escola é privilegiado em proporcionar estas porque há uma grande diversidade cultural ali presente e neste local se dão as relações sociais entre as crianças. Ao acolher as crianças e lhe dar a oportunidade de ter vivências em espaços e tempos diversificados, a escola estará contribuindo significativamente para a construção da identidade da criança e, também, para o desenvolvimento de sua autonomia. Estará à escola infantil produzindo subjetividades nas crianças de hoje.

A escola não trata de uma infância específica e, sim de várias infâncias, por isso o ambiente escolar poderá estar sendo constantemente modificado, sendo construído por estes sujeitos distintos e desta forma conseguindo

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produzir significados neles. Para isso, entretanto, se torna indispensável ouvir estes sujeitos, perceber seus desejos e suas necessidades. Ver o mundo com o olhar das crianças, pois elas possuem um ponto de vista diferente do nosso, em que tudo se torna possibilidade de criar, imaginar e aprender, ou seja, um simples graveto vira uma espada, uma árvore vira um palácio e uma folha vira uma nota de dez reais... Tudo é brinquedo, tudo é uma possibilidade de criar e de entrar na brincadeira. Isso nos leva a dizer que o docente poderá proporcionar experiências que envolvam materiais diversos, os já conhecidos e aqueles com os quais as crianças não estão acostumadas, além de estar observar atentamente as brincadeiras infantis para abstrair ideias que possam surgir delas.

Não basta compreender que o ambiente escolar possui diferentes infâncias e culturas ao mesmo tempo em que se realiza um trabalho homogeneizado, acarretando no corte das possibilidades que as crianças nos dão e na compactação das capacidades delas, pois o docente tem que pensar na educação como uma maneira de potencializar essas infâncias. Essa incoerência se mostra quando o professor diz saber das diferentes culturas presentes em sua sala, mas quer que todas as crianças aprendam no mesmo tempo, com as mesmas atividades e os mesmos materiais, desrespeitando a singularidade das mesmas. Essa realidade nos parece bastante comum, não é? Docentes afirmam que cada criança é diferente e possui um potencial distinto, mas na prática dão as mesmas atividades a todas e estas precisam ser terminadas ao mesmo tempo. É possível mudar esta realidade saindo do lugar de professor que sabe tudo e que tem o controle, para assumir um lugar lado a lado com as crianças, valorizando o que a infância possui de possibilidades e enriquecendo a bagagem docente.

A professora ao criar vínculos com a criança estará dialogando com ela, fazendo com ela e buscando sempre promovê-la como sujeito capaz, não reprimindo seus desejos e suas necessidades em detrimento de um trabalho regrado e rotineiro. Obviamente existem dificuldades por parte dos docentes e da escola em ver essas singularidades infantis, em abrir mão dos velhos hábitos, em reconhecer a criança e o tempo atual como diferente daquele que

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já conhecem, sendo que falta informação, formação e o abandono da zona de conforto.

Nesse sentido seria interessante que a escola investisse em seus docentes, proporcionando formação continuada promovendo conhecimentos e trazendo informações, assim fazendo com que houvesse novas ideias, novos olhares e uma melhor qualidade naquilo que é feito. Ao privilegiar estas práticas e escola infantil poderia ser um local de encontro de culturas, de relações e de trocas entre as crianças, local este que serviria para conhecer o outro, respeitar o diferente e aprender com eles. Isso significa que a escola deixaria de ser espaço de atividades, rotinas e tarefas, passando a ser local de convivência, experiência, conhecimento do outro e de aprendizagem.

Quando se trabalha ludicamente na escola não há de maneira alguma o abandono da seriedade dos conteúdos que necessitam ser apresentados para a criança, visto que o lúdico é parte inseparável do processo educativo e traz consigo o desenvolvimento saudável da criança, já que auxilia no desenvolvimento da percepção, dos sentimentos, da fantasia e da própria criança. Ela terá um desenvolvimento pleno através da ludicidade, aprendendo a comunicar-se com os outros e com o mundo, a ver-se como ser capaz e único, além de construir conhecimentos.

Aparentemente, a escola se prendeu ao cumprimento de regras e tarefas, esquecendo que o tempo de brincar também é tempo de aprender, vendo este tempo como ocioso ou em que as crianças “não fazem nada”, deixando de lado as significativas experiências que as crianças vivem neste tempo da brincadeira, as ricas relações que se dão entre os sujeitos, as diferentes culturas que se mostram no brincar, bem como desconsiderando as possibilidades de construir conhecimentos que este tempo proporciona. As prioridades da escola deveriam ser pensadas para atender os sujeitos que dela fazem parte, que vivem em um tempo distinto e que possuem culturas diversas, sendo assim, a criança seria o centro das ações da escola. Isso porque não basta somente fazer uma escola “para” as crianças e sim “com” as crianças, construindo um ambiente escolar com traços e contribuições infantis.

A escola ao perceber que a criança traz consigo uma história, ao viver experiências em um tempo presente e que isso tudo contribuiria na construção

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de um sujeito com identidade outras, que será capaz de conviver e de agir em sociedade no futuro. Assim, fazer um ambiente escolar para as crianças é promover uma escola viva, que receba positivamente as diferenças e que atenda as necessidades infantis através de atividades que promovam seu desenvolvimento.

Neste sentido, a escola e as professoras necessitam ainda pensar sua ação considerando a criança como um ser singular, cultural, com opinião e necessidades distintas, organizando espaços pedagógicos, materiais e ações educativas que desafiem e contribuam para o desenvolvimento da criança. Para isto precisam de formação continuada em contexto, segundo Formosinho (2007) e Weschenfelder et al. (2016), a ser desenvolvida no contexto da escola infantil de Catuípe a qual desenvolverei no decorrer do curso de Mestrado em 2017.

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CAPÍTULO IV – EU NÃO SOU O BALÃO QUE FLUTUA, EU TENHO RAÍZES!

A criança, sendo um ser com características singulares, faz parte de uma cultura na qual é inserida ainda no seio familiar. Essa família é distinta, com crenças, valores e costumes próprios que são revelados em muitas falas e ações da criança, trazendo à tona sua cultura. A maneira como cada criança vive com sua família é algo muito próprio que deve ser respeitado, pois a escola se faz em ambiente de relações dessas culturas e o local no qual se refletem essas diferentes realidades.

O reconhecimento das competências das crianças dá desde seu nascimento, já que quando nascem se apropriam de conhecimentos nas interações sociais e, desta forma, não se pode ignorar a capacidade de elaboração subjetiva que cada uma tem ou deixar de colocar conhecimentos à disposição da criança. A criança nasce imersa em um ambiente social e físico e, quando entra na escola tem contato com objetos, relações e ações até ali desconhecidas, além de conviver com ritmos que não são iguais ao seu, tendo seu desenvolvimento em meio a outros seres humanos.

Cancian e Goelzer (2016, p. 164) advogam que:

Quando Paulo Freire defende que é preciso ‘não deixar morrer a voz dos meninos e das meninas que estão crescendo’, ele nos fala da importância de escutar a criança; escutar a criança é dar a ela a oportunidade de expressar-se em suas diferentes formas e construir relações com seus pares na perspectiva da criação de uma cultura da infância.

Esta ideia nos remete ao fato de que a criança é produtora de cultura e que nas relações com outras crianças compartilha saberes, além de que a escuta da criança colabora para que ela expresse sua visão de mundo e seus conhecimentos, fazendo com que o professor descubra aquilo que a criança já sabe e possa, desta forma, proporcionar experiências que levem à aprendizagem.

A aprendizagem se dá pelo fato de que os conhecimentos passam por um mediador até chegar à criança, e este necessita propiciar experiências

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significativas para que ela crie desejos, interesses e ânsia na busca de respostas. Então, pode-se dizer que a educação ocorre por um processo de interação entre a criança e o educador. A criança cresce e se desenvolve por meio de processos de ensino e aprendizagem que resultam na apropriação de conhecimentos que são de sua cultura, ou seja, através da escola ela irá compreender a sua cultura e conhecer outras, além de fazer relações e produzir sentidos sobre o mundo.

A Educação Infantil, neste contexto não se faz sem as famílias, essa participação esclarecendo dúvidas, ouvindo anseios e acolhendo-as para que se sintam à vontade, tendo segurança para deixar a criança naquele ambiente com a certeza de que estarão se desenvolvendo com respeito. Pode-se afirmar que a escola é construída por sua comunidade e, desta forma, não acolhe sujeitos com apenas um modo de ser, porque é caracterizada por uma variedade cultural enorme, tendo em seu interior pessoas das mais diferentes crenças, com opiniões distintas e que trazem consigo uma cultura própria de sua família.

A instituição infantil exerce uma função educativa junto da família, visto que discute, dá informações, aconselha e ajuda no encaminhamento de diversos assuntos, tentando promover a educação de forma conjunta. De sua parte em relação às famílias deveria existir um maior acolhimento, apresentação do espaço físico e dos funcionários, entrevistas para melhor conhecê-las, além do incentivo para a participação no Projeto Político Pedagógico.

O sucesso ou o fracasso escolar da criança depende também do ambiente familiar, então buscar a harmonia entre a escola e a família se faz necessário à medida que ao ir para a escola infantil a criança leva consigo parte de sua cultura e naquele ambiente irá ter contato com outras culturas trazidas por outras crianças, ocasionando trocas de saberes, interações e aprendizagens. As famílias podem e devem estar presentes na escola, verificando o que está sendo feito, acompanhando o desenvolvimento da criança, tendo contato com a professora e frequentando as reuniões, para que, desta forma, estejam a par do que acontece lá e possam dar opiniões que

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ajudem a melhorar ainda mais este ambiente, visando um maior acolhimento da criança e pensando em uma educação de qualidade.

Em meus estágios de Educação Infantil notei a dificuldade dos docentes em perceber as diferenças existentes entre as crianças, em ver as diferentes culturas inseridas em um mesmo ambiente e em trabalhar com isso de forma a desenvolver interações e novos conhecimentos. Já que observei professoras “perdidas” entre essa diversidade e, assim estando, tratando todas as crianças como se fossem iguais, vindas de um mesmo contexto familiar e de uma mesma situação econômica. Também não vi muitas famílias dentro da escola e, nenhuma vez vi as professoras tentando trazer os pais para este ambiente para participar e, de forma conjunta, promover a aprendizagem com alegria das crianças. Acredito que a escola e, mais ainda na educação infantil, a família são as bases do ser humano, indispensáveis para sua formação como sujeito.

Ter um olhar atento, enquanto docente, é compreender através do comportamento da criança o que está acontecendo em sua família ou a maneira como se dá a vida no seio familiar, pois a criança demonstra com atitudes que está passando por dificuldades e demonstra também por meio de brincadeiras o contexto em que vive com seus familiares. Sabe-se que atualmente não existe um modelo tradicional de família, então a escola infantil deveria estar consciente para com elas, sempre lidando com a diversidade.

A criança, ao chegar à escola, tem oportunidade de conhecer uma vivência social diferente daquela em que vive, relacionando-se com crianças que também trazem experiências diferentes das suas e isso seria uma possibilidade de lidar com as diferenças. Desta forma, é fundamental que os professores priorizem experiências e trocas culturais baseadas no respeito e no conhecimento de novas realidades, para que a criança entenda a diversidade existente na sociedade e aprenda a respeitar o outro.

A importância, entre outras coisas, de a escola estar aberta para as famílias se revela quando pensamos nas crianças como pertencentes a um ambiente familiar único, nascidas em uma cultura distinta e com a qual convivem diariamente, sendo que não se pode ignorar este fato pelo simples

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motivo de que a criança, ao entrar na escola, trará consigo traços dessa família e dessa cultura que fazem parte de sua identidade. Não basta conviver com os outros na escola, é preciso construir conjuntamente um ambiente de convivência no qual as culturas, os traços herdados da família, os modos de ser e de aprender, as falas e as capacidades sejam respeitados. Faz-se necessário sermos mais multiculturais, não apenas respeitando as culturas, mas dialogando com as culturas escolares, midiáticas, religiosas e de municípios pequenos como Catuípe, então, seremos interculturais.

Portanto, trago neste capítulo a ideia de que a criança não é um balão que vem solto flutuando pelo ar, pelo contrário, ela possui raízes e traz para a escola sua cultura e comportamentos que refletem seu âmbito familiar, e faço isso com a certeza de que não se pode desconsiderar o que a criança traz consigo e tentar realizar um trabalho homogêneo, mas buscar nestas diferenças e nesta diversidade cultural a promoção de experiências que conduzam a criança ao desenvolvimento, ao respeito, ao amor ao próximo e à aprendizagem.

Resgatar a família e trazê-la para a escola é uma maneira eficaz de conhecer a criança, de se ter a ajuda necessária para compreender suas atitudes e de fazer com que esta se sinta acolhida ao perceber que sua família também o é, dando à professora a capacidade de trabalhar com a diferença como algo construtivo e que está presente na sociedade, buscando o desenvolvimento da criança e colocando-a como foco da educação infantil.

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CAPÍTULO V – OS ESPAÇOS, AS BRINCADEIRAS, OS TEMPOS E OS MATERIAIS

Os espaços são constituidores das identidades infantis e pedagógicas e podem oportunizar explorações, criações e significações, visto que são ocupados no coletivo e também no individual. Os espaços e tempos são necessários e precisam ser pensados para proporcionar conhecimentos e aprendizagem, sem deixar de respeitar as crianças em suas opiniões e formas de se expressar. Torna-se também importante salientar que os materiais oferecidos para as crianças oportunizam da mesma forma e dizem de uma identidade pedagógica.

O tempo da escola ao ser pensado de acordo com os tempos infantis, ai sim estaríamos respeitando as crianças e fazendo delas o ponto de partida de uma pedagogia, muitos exemplos em que isso não é seguido porque os tempos são pensados de modo a cumprir regras e rotinas. Isto eu observei nas minhas práticas pedagógicas, os tempos das crianças vividos de forma rotineira e as crianças desrespeitadas. Levando isso em conta foi possível perceber que os efeitos produzidos nas crianças implicam em seu modo de ser e também no seu desenvolvimento.

Para contribuir na construção de um modo de ser e na das identidades da criança é fundamental que a escola proporcione experiências em que ela possa conhecer-se plenamente e reconhecer-se como sujeito único. Além de possibilitar que ela experimente papéis diversos que não apenas o de criança, podendo ser mãe, pai, empregado ou patrão, atuando e por meio dessa atuação de forma lúdica.

A educação poderia instigar à busca, os questionamentos, as trocas e as relações e a escola infantil pode perfeitamente trabalhar com projetos educativos que se utilizem do lúdico como forma de pensar, reconstruir e descobrir o mundo. Concordo com Rosamilha (1979, p.77):

A criança é, antes de tudo, um ser feito para brincar. O jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental. Usemos um pouco mais esse artifício, coloquemos o

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ensino mais ao nível da criança, fazendo de seus instintos naturais, aliados e não inimigos.

Deve-se considerar, na Educação Infantil, que cada criança é particular, possui um modo de ser distinto e está no mundo de uma maneira específica, tendo o brincar como um método para a resolução dos problemas que estão ao seu redor. De acordo com Dallabona e Mendes (2004, p. 5):

O brincar é o fazer em si, um fazer que requer tempo e espaços próprios; um fazer que se constitui de experiências culturais, que são universais, e próprio da saúde porque facilita o crescimento, conduz aos relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de comunicação consigo mesmo e com os outros.

Desta forma, o brincar não é um tempo ocioso ou um tempo em que a criança não está fazendo nada de importante, muito pelo contrário, o tempo de brincar é indispensável para uma infância saudável, que instigue a convivência em grupo e o desenvolvimento integral da criança.

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CAPÍTULO VI – UMA VISÃO DIFERENTE É POSSÍVEL

Diante do exposto, no decorrer deste trabalho percebe-se o quanto o lúdico está relacionado com a construção da identidade e da subjetividade da criança, com seu desenvolvimento enquanto sujeito. Visto que é através do lúdico que a criança se expressa, mostra traços de sua cultura e sua família, além de demonstrar suas compreensões e produzir sentidos sobre o mundo que a cerca. Tanto a escola quanto o professor possuem fundamental papel no desenvolvimento infantil, sendo que o lúdico pode ser utilizado como uma ferramenta para promover aprendizagens e autonomia.

A brincadeira não é um tempo ocioso em que a criança “não está fazendo nada”, muito pelo contrário, no tempo em que brinca ela está se formando como sujeito, interpretando a realidade que a cerca, mostrando seus pensamentos, interagindo com seus pares e compreendendo melhor a sociedade. Quando brinca, a criança incorpora um papel e, com isso, podemos ver seu entendimento sobre o mesmo, por exemplo, quando vemos uma criança que brinca de policial e na brincadeira se mostra violenta talvez ela entenda que o policial é uma pessoa violenta com as pessoas, demonstrando isso pelo brincar. Por esses papéis que a criança interpreta em suas brincadeiras podemos perceber como ela pensa e como vê o mundo, por isso, afirmo que o tempo da brincadeira não é ocioso, mas sim um tempo de possibilidades.

Brincando a criança representa papéis que fazem parte da sociedade em que vivem e sabemos que algumas brincadeiras são passadas de geração em geração por meio da cultura, sendo que dentre essas destacamos o faz-de-conta, na qual as crianças brincam de casinha, imitam pessoas, representam, fazem comida, consertam carros, dentre outras coisas. Essa possibilidade de experimentar, através do lúdico, várias situações do dia a dia ajuda as crianças a compreenderem melhor suas próprias vivências, bem como a elaborar e reelaborar dificuldades e conflitos.

A criança começa o desenvolvimento da sua identidade através da interação com o meio em que vive, sendo que esse processo poderá

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apresentar características diferentes de uma para outra, causadas pelas diferenças culturais. Dessa forma, cabe ao professor estar atento para proporcionar à criança a oportunidade para que exponha as suas ideias, fale e se manifeste, como incentivo da autonomia e da independência, pois esses são elementos indispensáveis para a construção da identidade da criança, definindo seu modo de ser. É por meio do diálogo com outras crianças e com os docentes durante o ato de brincar que a criança vai exercitar o respeito com a diversidade e a sua autonomia.

Refletindo sobre quais são essas possibilidades que a brincadeira traz, mais uma vez voltamos nosso olhar para a escola e a professora, porque é o profissional docente que está todos os dias com a criança em momentos de brincadeira, tendo a oportunidade de observá-las com um olhar atento e interpretá-las, podendo utilizar-se do lúdico como metodologia para a aprendizagem. A escola, vista como ambiente que promove a aprendizagem e o desenvolvimento dos sujeitos, poderá ter seu trabalho e suas práticas voltadas para a criança, considerando sua realidade e suas individualidades, bem como oportunizando que o lúdico esteja presente sempre para que, desta forma, a criança possa se expressar e através da brincadeira estar aprendendo e produzindo sentidos.

Podemos, como professoras, construir um ambiente escolar que tenha como foco a participação das crianças, visando sua identidade, é favorecendo possibilidades para que o diálogo aconteça, para a escuta e a observação, para um planejamento que possa ser compartilhado e pensado com as crianças, isso se faz possível quando o professor encoraja a criança, incentivando-a como sujeito de direitos que ela é. A escola infantil ao considerar que o brinquedo é parte da vida das crianças e que não importa a sua posição social ou a que cultura elas pertencem, o brinquedo e a criança são inseparáveis.

Conforme argumenta Horn (2004, p.70): “[...] o brinquedo sempre fez parte da vida das crianças, independentemente de classe social ou cultural em que está inserida”. Então, ao propiciar espaços diversificados para que a

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criança brinque e aja, surgirão novos desafios que muito vão contribuir para que ela se torne agente da sua própria aprendizagem de uma maneira lúdica.

Portanto, diante da ideia de que a brincadeira está intimamente ligada com a construção da subjetividade e identidade da criança e, para que possa promover mudanças na sociedade, afirmo que se faz necessário uma formação de professores que contemple a riqueza de possibilidades oferecidas para as crianças, colaborando para que o professor entenda que brincar não é tempo ocioso e, sim, um tempo que dá a criança à oportunidade de se conhecer melhor e de compreender o mundo que a cerca. Assim, a escola infantil também poderá planejar espaços para e com as crianças, a fim de promover interações e atividades para que elas criem, explorem, troquem saberes, imaginem e, principalmente, se desenvolvam e construam sua identidade. Desta forma, sabendo que o brincar é parte da criança e que ela necessita fazê-lo para crescer e se desenvolver com autonomia, é indispensável que a escola, os professores, as famílias e a sociedade como um todo enxerguem o papel tão importante que o brincar possui na formação dos sujeitos e promovam, cada vez mais, fazeres que tenham o lúdico como agente colaborativo.

Desejo que em minha profissão docente eu consiga fazer um trabalho que envolva experiências, brincadeiras, diálogos e que leve em conta esse tempo da infância como um tempo de aprendizagens e de muitas possibilidades, que irá colaborar para a formação de sujeitos conscientes e capazes de conviver em sociedade. Concluo afirmando que é possível sim, fazer uma educação que contemple a infância e suas peculiaridades, utilizando o lúdico como possibilidade de crescimento das crianças e de enriquecimento do ambiente escolar.

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Referências

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