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ASPECTOS DO CICLO BIOLÓGICO (FASE PARASITÁRIA), VARIAÇÃO ES- TACIONAL E EFEITO DE DIFERENTES GRAUS DE SANGUE SOBRE O PA-

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

ASPECTOS DO CICLO BIOLÓGICO (FASE PARASITÁRIA), VARIAÇÃO ES-TACIONAL E EFEITO DE DIFERENTES GRAUS DE SANGUE SOBRE O PA-RASITISMO POR Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787) EM BOVI-NOS LEITEIROS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

DAISY WILWERTH DA CUNHA

SOB A ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR

DR. NICOLAU MAUÉS DA SERRA FREIRE

Tese submetida como requisito par-cial para a obtenção do grau de Dou-tor em Ciências, Medicina Veteriná-ria, Área de Concentração em Para-sitologia Veterinária.

Itaguaí, Rio de Janeiro Novembro, 1986.

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Ao Professor Dr. Nicolau Maués da Serra Freire, pe-la orientação, estímulo e incansável apoio durante a realiza-ção deste trabalho;

Ao Dr. Rogério Taveira Barboza do Centro Nacional de Pesquisa - Gado de Leite (CNPGL)/EMBRAPA, lotado na Fazen-da Santa Mônica pelo auxílio nas contagens dos carrapatos, formação do grupo de animais e manejo dos mesmos;

Ao Professor Dr. Lamartine Antonio da Cunha Filho, pelas críticas, sugestões e pelo processamento estatístico dos dados;

Ao CNPGL/EMBRAPA pela cessão dos animais e base física;

A todos os amigos, que com seu incentivo, contribu-í r a m p a r a o t é r m i n o d e s t e trabalho, e

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro.

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DAISY WILWERTH DA CUNHA filha de Léon Monteiro Wil-werth e Marília Martins Dourado WilWil-werth nasceu a 12 de ju-lho de 1935 em Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Realizou sua educação primária no Colégio Nossa Senhora das Mercês, em Niterói e secundária no Colégio Brasil em Niterói e Colé-gio Marconi, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Em 1968 ingres-sou na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, onde di-plomou-se como Médica Veterinária em 1971. Em 1978 obteve o título de Mestre em Ciências defendendo a tese: "Estudos da toxidez de alguns carrapatos comumente encontrados no Bra-sil (Acarina: Ixodidae)". Nos anos acadêmicos de 1976 a 1978 realizou cursos no Departamento de Microbiologia da Universi-dade da Califórnia - Davis - E.U.A..

Em abril de 1974 após concurso foi contratada como Auxiliar de Ensino pelo Departamento de Biologia Animal da UFRRJ. Em 1978 exerceu o cargo de Professor Assistente,

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obti-do por concurso público. Atualmente exerce o cargo de Profes-s o r A d j u n t o I.

De 1972 a 1982 recebeu auxílio do CNPq sob a forma de bolsas em diferentes categorias.

Em 1979 matriculou-se no curso de Doutorado em Pa-rasitologia da UFRRJ, com apoio do CNPq.

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1 4 4 5 7 1 4 1 6 1 7 2 7 2 7 2 9 3 3 I. II. III. IV. I N T R O D U Ç Ã O R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 1. S i s t e m á t i c a e o c o r r ê n c i a n o B r a s i l 2. I m p o r t â n c i a m é d i c a , v e t e r i n á r i a e e c o n ô m i c a 3. B i o l o g i a e c o m p o r t a m e n t o M A T E R I A L E M É T O D O S 1. A v a l i a ç ã o d o t e m p o p a r a i n g u r g i t a m e n t o 2. Á r e a s d e p r e f e r ê n c i a p a r a f i x a ç ã o , r e l a ç ã o en- t r e s e x o s , v a r i a ç ã o e s t a c i o n a l e e f e i t o d e di- ferentes graus de sangue sobre o parasitismo p o r A. c a j e n n e n s e

R E S U L T A D O S

1. T e m p o p a r a i n g u r g i t a m e n t o

2. Á r e a s d e p r e f e r ê n c i a p a r a f i x a ç ã o 3. R e l a ç ã o e n t r e s e x o s

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38 53 53 56 61 65 70 73 77 4. V a r i a ç ã o e s t a c i o n a l , e f e i t o d o s g r a u s d e s a n -

gue e efeito da aplicação de carrapaticida pi-r e t pi-r o i d e DISCUSSÃO 1. T e m p o p a r a i n g u r g i t a m e n t o 2. Á r e a s de p r e f e r ê n c i a p a r a f i x a ç ã o 3. R e l a ç ã o e n t r e s e x o s 4. V a r i a ç ã o e s t a c i o n a l 5. E f e i t o do g r a u de s a n g u e C O N C L U S Õ E S R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S V. VI. V I I .

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20 28 T A B E L A 1. T A B E L A 2. T A B E L A 3. Q u a n t i d a d e de a n i m a i s p u r o s H V B e h í b r i - d o s H V B x G u z e r á c o m d i f e r e n t e s g r a u s de sangue, p e r t e n c e n t e s a o g r u p o 1 (com a- plicação de carrapaticida piretroide) e ao g r u p o 2 (sem a p l i c a ç ã o de c a r r a p a t i c i - da)

Idade em dias e número de espécimes in-f e s t a n t e s e l i m i t e s m í n i m o e m á x i m o , m é - dias e desvios padrão dos períodos de pré-f i x a ç ã o e de i n g u r g i t a m e n t o d o s e s t á d i o s de A. cajennense em infestações experi-m e n t a i s de b o v i n o s

N ú m e r o de n i n f a s (N) e de a d u l t o s (A) de

Amblyomma cajennense

o b s e r v a d o s m e n s a l - mente nas diferentes regiões do corpo, dos 92 bovinos banhados periodicamente com

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31 32 34 35 T A B E L A 4. T A B E L A 5. T A B E L A 6. T A B E L A 7. N ú m e r o de n i n f a s (N) e de a d u l t o s (A) de Amblyomma cajennense observados

mensal-mente nas diferentes regiões do corpo dos 88 bovinos não banhados com carrapaticida

R e s u l t a d o s d a a n á l i s e de v a r i â n c i a p a r a o c a r a t e r n ú m e r o m é d i o de n i n f a s , p a r a e s t u d o da d i s t r i b u i ç ã o d o s e s p é c i m e s de Amblyomma cajennense pelas regiões do

c o r p o dos b o v i n o s

R e s u l t a d o s d a a n á l i s e d a v a r i â n c i a p a r a o c a r á t e r n ú m e r o m é d i o de a d u l t o s p a r a e s t u d o da d i s t r i b u i ç ã o d o s e s p é c i m e s de Amblyomma cajennense pelas regiões do

c o r p o dos b o v i n o s

M é d i a s de n i n f a s (N) e de a d u l t o s (A) de Amblyomma cajennense encontrados

fixa-dos em cada região do corpo fixa-dos bovinos, p o r m ê s e p o r a n i m a l n o g r u p o 1 (com a - plicação de banho carrapaticida), no gru-po 2 (sem aplicação de banho carrapatici-da) e no c o n j u n t o d o s d o i s g r u p o s

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T A B E L A 8. T A B E L A 9. T A B E L A 10. T A B E L A 11. T A B E L A 12. R e l a ç ã o e n t r e m a c h o s e f ê m e a s , p r o p o r ç ã o de fêmeas de Amblyomma cajennense valor do x2 sobre a hipótese genética 1/2:1/2, p a r a c a d a g r a u de s a n g u e , e m c a d a u m d o s g r u p o s , 1 (com a p l i c a ç ã o de c a r r a p a t i c i - da) e 2 (sem a p l i c a ç ã o de c a r r a p a t i c i d a )

Relação mensal entre machos e fêmeas de Amblyomma cajennense e proporção de

fê-m e a s nos g r u p o s 1 (cofê-m a p l i c a ç ã o de c a r - r a p a t i c i d a ) e 2 (sem a p l i c a ç ã o de c a r r a - p a t i c i d a ) , e n o c o n j u n t o d o s d o i s g r u p o s

N ú m e r o de n i n f a s (N) e de a d u l t o s (A) de Amblyomma cajennense observados

mensal-m e n t e n o s b o v i n o s de d i f e r e n t e s g r a u s de s a n g u e e b a n h a d o s p e r i o d i c a m e n t e c o m car- r a p a t i c i d a p i r e t r o i d e

N ú m e r o de n i n f a s (N) e de a d u l t o s (A) de Amblyomma cajennense observados

mensal-m e n t e nos b o v i n o s de d i f e r e n t e s g r a u s de s a n g u e e n ã o b a n h a d o s c o m c a r r a p a t i c i d a

R e s u l t a d o s d a a n á l i s e da v a r i â n c i a , s o - b r e o e f e i t o d o s g r a u s de s a n g u e e m 1 8 0 bovinos nas infestações por Amblyomma

P á g s .

37

39

41

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cajennense

p a r a o c a r á t e r n ú m e r o m é d i o d e n i n f a s

R e s u l t a d o s d a a n á l i s e da v a r i â n c i a , s o b r e o e f e i t o d o s g r a u s de s a n g u e e m 180 b o v i - nos, nas infestações por

Amblyomma

ca-jennense

p a r a o c a r á t e r n ú m e r o m é d i o d e a d u l t o s

T A B E L A 14. V a l o r e s c a l c u l a d o s p a r a a p l i c a ç ã o d o t e s - te de T u k e y p a r a c o n t r a s t e s e n t r e m é d i a s dos graus de sangue para os caracteres nú-m e r o nú-m é d i o de n i n f a s e n ú nú-m e r o nú-m é d i o de a - dultos de

Amblyomma cajennense

encontra-dos parasitando 180 bovinos holândes x zebú

T A B E L A 1 5. M é d i a s d o n ú m e r o m é d i o de n i n f a s (N) e d o n ú m e r o m é d i o de a d u l t o s (A) de

Amblyomma

cajennense

p a r a d i f e r e n t e s g r a u s de s a n - gue, n o g r u p o 1 (com b a n h o c a r r a p a t i c i - da), no g r u p o 2 (sem b a n h o c a r r a p a t i c i - da) e n o c o n j u n t o d o s d o i s g r u p o s t o t a l i - z a n d o 180 b o v i n o s P á g s . 43 44 45 46 T A B E L A 13.

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F I G U R A 1. F I G U R A 2. F I G U R A 3. F I G U R A 4. D i a g r a m a do c o r p o de u m b o v i n o a p r e s e n t a n- d o as s e i s d i f e r e n t e s á r e a s R e p r e s e n t a ç ã o g r á f i c a d a v a r i a ç ã o d o núme- r o m é d i o de n i n f a s (A) e d O n ú m e r o m é d i o de adultos (B) de Amblyomma cajennense d o g r u p o II p a r a o g r u p o I n a s r e g i õ e s do c o r p o 1, 2, 3, 4, 5 e 6 D i s t r i b u i ç ã o m e n s a l d o n ú m e r o médio de nin- fas e n ú m e r o m é d i o de a d u l t o s o b s e r v a d o s n o s g r u p o s I (com a p l i c a ç ã o de c a r r a p a t i - cida) e II (sem a p l i c a ç ã o de c a r r a p a t i - cida) e m b o v i n o s H V B p u r o s e 5/8 H V B D i s t r i b u i ç ã o m e n s a l do n ú m e r o m é d i o de nin- fas e n ú m e r o m é d i o de a d u l t o s o b s e r v a d o s n o s g r u p o s I (com a p l i c a ç ã o de c a r r a p a t i - 21 36 48

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F I G U R A 5. F I G U R A 6. F I G U R A 7. cida) e II (sem a p l i c a ç ã o de c a r r a p a t i - cida) e m b o v i n o s 1/2 e 1/4 H V B Págs. 49

Distribuição mensal do número médio de nin-fas e número médio de adultos observados n o s g r u p o s I (com a p l i c a ç ã o de c a r r a p a t i - cida) e II (sem a p l i c a ç ã o de c a r r a p a t i -

cida) e m b o v i n o s 3/4 H V B 50

D i s t r i b u i ç ã o m e n s a l do número m é d i o de nin- fas e número médio de adultos observados n o s g r u p o s I (com a p l i c a ç ã o de c a r r a p a t i - cida) e II (sem a p l i c a ç ã o de c a r r a p a t i -

cida) e m b o v i n o s 7/8 H V B 51

D i s t r i b u i ç ã o m e n s a l do número m é d i o de nin- fas e número médio de adultos observados nos grupos I (com aplicação de cida) e II (sem aplicação de carrapati-cida) e m b o v i n o s p a r a o c o n j u n t o de t o d o s

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De fevereiro de 1980 a janeiro de 1982 foram estuda-das infestações naturais por Amblyomma cajennense em 180 bo-vinos pertencentes a seis diferentes graus de sangue, desde o Holandês Vermelho e Branco puro até o 1/4 Holandês Vermelho e Branco x Guzerá, divididos em dois grupos: um banhado men-salmente com carrapaticida piretróide e outro não banhado. Fo-ram também processadas infestações experimentais no pavilhão auricular de bezerros para investigação experimental dos tem-pos para ingurgitamento. As infestações naturais foram utili-zadas para análise da existência de preferências para fixação e ingurgitamento dos carrapatos nas diferentes áreas do corpo do bovino, da flutuação estacional dos estádios parasitários de ninfa e adulto e sua relação, da existência de diferenças entre resistências ao parasitismo apresentadas pelos seis di-ferentes graus de sangue HVB x Guzerá e de possível efeito da presença do Boophilus microplus sobre o parasitismo por A. cajennense

.

Os principais resultados foram: os períodos de

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pré-fixação e para ingurgitamento de larvas, ninfas e adultos tornaram-se mais longos à medida que aumentava a idade do car-rapato; embora as diferenças entre as intensidades de fixação de ninfas ou de adultos nas diferentes áreas do corpo do bo-vino tenham sido pequenas é possível que essa intensidade se-ja maior na região do períneo, face interna das coxas e úbere ou escroto do que na região da cabeça; banhos mensais com car-rapaticida piretróide em casos de infestações simultâneas por B. microplus e A. cajennense, modifica a intensidade do para-sitismo por A. cajennense fazendo-a aumentar em certas áreas e diminuir em outras, mas não altera a intensidade do parasi-tismo no animal como um todo; o parasiparasi-tismo por fêmeas de A. cajennense é sensivelmente maior do que o por machos e essa diferença se acentua durante a primavera, quando se intensifi-ca o parasitismo por adultos; a intensidade de parasitismo por ninfas se acentua durante o inverno e é maior do que por adultos durante o ano todo com exceção de um curto perío-do durante a primavera; o mestiço HVB x Guzerá com 7/8 de san-gue HVB é de todos o mais sensível ao parasitismo por A. ca-jennense, sendo bem menos resistente do que o próprio HVB pu-ro.

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Natural infestation of Amblyomma cajennense was studied during the period of February of 1980 thru January of 1982 in holstein-friesian red and white cattle and in five different crosses of this breed with guzera, a indian breed of cattle. A total of 180 animals were examined and they were divided in two groups, one treated monthly using a pyrethroid tickicide and a non-treated control. Artificial infestation were conducted to determine the lenght of time necessary for A. cajennense to engorge in cattle. Natural distribution of the stages of A. cajennense in the body of cattle were studied as well as the susceptibility of the different crosses of holstein and guzera and it's inte-raction with Boophilus microplus. There is a direct relation of age of larvae, nymphs and adults to lenght of time for engorgment. Intensity of infestation in different areas of the body were small but with predominance to pe-rineum, internal face of coxae, udder and scrotum. The use of monthly treatments with pyrethroids in some cases

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affected the intensity of parasitism but did not influence the

average number of ticks in cattle. The number of females of

A. cajennense was found to be higher than the number of males

and this difference increased during spring. Presence of

nymphal stages were higher during winter and in general they

were predominant to other stages except for a short period of

time during spring. The crossbred holstein and 7/8 guzera was

most susceptible than the other crosses including pure holstein

breed.

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Depois dos trabalhos de SERRA FREIRE (1982 a) carac-terizando Amblyomma cajennense como um parasito comum de bo-vinos leiteiros no Rio de Janeiro com 35,02% de animais in-festados e UILENBERG e cols. (1984) enfatizando ser a espé-cie A. cajennense um vetor potencial de Cowdria ruminantium (Cowdry, 1925), tornou-se evidente a importância desse ixo-dídeo como parasito de bovinos. Essa importância mais se e-videncia pelo fato de que, do gênero Amblyomma, a espécie A.

cajennense

("carrapato estrela"), descrita com material ob-servado pela primeira vez em Cayena (Guiana Francesa), é a que se encontra melhor distribuída em todo território ameri-cano, dela se conhecendo hoje, uma ampla distribuição geográ-fica. De acôrdo com ROBINSON (1926), A. cajennense se dis-persa ao sul dos Estados Unidos, atravessa o México espalhan-do-se ainda na América do Sul, especialmente ao longo da costa atlântica. A facilidade de disseminação desta espécie vem em parte de sua forma característica de desenvolvimento

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triheteroxeno, associado ao seu poder de polixevia. Ainda que seja conhecido como carrapato do cavalo, essa espécie já foi assinalada parasitando outros mamíferos, aves, répteis e anfíbios o que demonstra alto poder de adaptação à hospedei-ros diferentes e baixa especificidade parasitária.

Desde o início do século conhece-se o papel desem-penhado por A. cajennense como vetor de riquetsias, daí ad-vindo a idéia para os trabalhos de MONTEIRO & FONSECA (1933-34), MONTEIRO (1937), TRAVASSOS (1938) e TRAVASSOS & VALEJO FREIRE (1944) que procuraram inclusive produzir vacinas con-tra as doenças causadas por agentes veiculados por A. cajennen-se. Contudo até hoje não se conhece no Rio de Janeiro nenhum resultado de investigações mais detalhadas acerca do compor-tamento dessa espécie sobre bovinos de raças leiteiras assim como a flutuação estacional do carrapato sobre os hospedei-ros. Já tendo sido descrito o comportamento dos estádios não parasitários (SERRA FREIRE, 1982b) e havendo possibilidades de desenvolvimento de novas pesquisas relacionadas ao proble-ma, na mesma área trabalhada por SERRA FREIRE (1982 a) foram elas reunidas num projeto com os seguintes objetivos:

1) identificar os tempos de ingurgitamento dos está-dios parasitários;

2) conhecer a flutuação estacional de cada estádio pa-rasitário;

3) identificar as áreas do corpo do bovino de preferên-cia para fixação dos estádios parasitários;

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4) observar a relação macho/fêmea sobre os hospedeiros; 5) avaliar o parasitismo dessa espécie de ixodídeo em vacas de seis diferentes graus de sangne Holandês (Bos taurus - Holandês Vermelho e Branco) e Zebú (Bos in-dicus - Guzerá).

Esse trabalho faz parte do Projeto "Parasitismo em Bo-vinos Leiteiros no Rio de Janeiro: Biologia, Importância Econô-mica e Controle" da Área de Parasitologia da UFRRJ, contando bom suporte financeiro do Programa Nacional de Pesquisa em Saú-de Animal, PRONAPESA.

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1. SISTEMÁTICA E OCORRÊNCIA NO BRASIL

De acôrdo com HOOKER e cols. (1912) o nome específi-co de Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787) koch, 1844 deve-se à localidade de Cayenne, Guiana Francesa, local em que foi originalmente encontrado. ROBINSON (1926) em monografia acêrca do gênero Amblyomma Koch, 1844 relatou dez sinônimos de A. ca-jennense dos quais seis eram do mesmo gênero, três no gênero Ixodes Fabricius, 1805 e um no gênero Acarus Linnaeus, 1758, que correspondiam à proposição original de Fabricius. COOLEY & KOHLS (1944) quando descreveram uma nova espécie do gênero Amblyomma

,

por eles designada A. avecolens

,

utilizaram uma ninfa como holótipo; para estabelecerem o diagnóstico diferen-cial os autores descreveram detalhadamente a morfologia de a-dulto e ninfas de seis espécies no gênero, entre as quais es-tava A. cajennense.

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ixodídeo no Brasil foram confirmadas a de BERLESE (1888) no Es-tado de Mato Grosso quando foi identificado como Amblyomma sculptum Berlese, 1888; posteriormente RIBAGA (1902) regis-trou a ocorrência em Cuiabá, MT.; mas ARAGÃO (1911) relacionou detalhadamente a distribuição no Brasil, onde figuravam as se-guintes unidades da Federação: Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Maranhão, Piauí, Pará e Mato Grosso. Por outro lado ARAGÃO & FONSECA (1953) identifi-caram Amblyomma tapiri Tonelli Rondelli, 1937 e Amblyomma fi-nitum Tonelli Rondelli, 1937 como outros dois sinônimos de Amblyomma cajennense.

Mais recentemente, SERRA FREIRE (comunicação pessoal) assinalou a ocorrência de A. cajennense em Resende no Estado do Rio de Janeiro, porém enfatizando a espécie como parasito natu-ral de bovinos, com incidência de 30,61% a 43,08% de bovinos lei-teiros naturalmente infestados; MORENO (1984) reportou a ocor-rência de A. cajennense em bovinos da região da grande Belo Ho-rizonte, Estado de Minas Gerais.

2. IMPORTÂNCIA MÉDICA, VETERINÁRIA E ECONÔMICA

Coube a MONTEIRO e cols. (1931) as primeiras investi-gações sobre a importância médica de A. cajennense; esses au-tores realizaram estudos epidemiológicos sobre o tifo exantemá-tico de São Paulo e verificaram a sensibilidade de ixodídeos à riquetsia que estava ocorrendo no Brasil e que eles

(23)

acredita-vam diferir em muitos aspectos do agente que ocorria na Euro-pa e América do Norte. Os autores demonstraram a existência da riquetsia nos carrapatos, utilizando A. cajennense pela téc-nica de trituração dos espécimes, filtragem e inoculação na cavidade abdominal de cobaias. Assim foi possível demonstrar que os carrapatos alimentados nessas cobaias infectadas eram susceptíveis de adquirir a infecção e transmitir à outras co-baias pelo mesmo processo de inoculação, após trituração e filtragem. Nessa mesma linha de pesquisa MONTEIRO & FONSECA (1932) demonstraram que A. cajennense transmitia o agente do tifo exantemático de São Paulo pela picada com passagem trans-estadial e transovariana da riquetsia. MONTEIRO & FONSECA (1933-34) demonstraram a localização da riquetsia causadora do tifo exantemático de São Paulo nas células epiteliais dos divertículos intestinais e nos tubos de Malpighi de A. ca-jennense. TRAVASSOS (1938) estudando casos em que A. cajennen-se, infectados experimentalmente com tifo exantemático de São Paulo não foram capazes de transmitir a riquetsia aos animais de prova, constatou que bastava uma reativação pelo aquecimen-to a 37ºC ou por uma alimentação prévia de poucas horas para que o ixodídeo reapresentasse seu poder infectante. TRAVASSOS & VALEJO-FREIRE (1944) adotaram como rotina no Instituto Bu-tantan a cultura do agente etiológico do tifo exantemático de São Paulo em A. cajennense, e destacaram a importância des-se vetor por des-ser mais abundante na natureza, por des-ser de mais fácil criação em laboratório, por ter sido evidenciado em seus

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órgãos abundante reprodução das riquetsias e por haver sido en-contrado vários exemplares adultos, ninfas e larvas naturalmen-te infectados.

ARAGÃO & FONSECA (1953) deram grande relevância a A.

cajennense

tanto do ponto de vista médico como veterinário, por ser comprovado veiculador de riquetsias e provavelmente de

Nuttalia equi

Laverans, 1901. Já na década de 80, MASSARD (1984) comprovou que

A. cajennense

em condições experimentais transmite

Ehrlichia bovis

(Donatien & Lestoquard, 1936) à bovi-nos. Bem significativo também foi o registro de que todos os estádios de

A. cajennense

são capazes de induzir paralisia em ruminantes (SERRA FREIRE, 1983); esse mesmo autor relatou al-terações hematológicas em bovinos parasitados por

A. cajennense

(SERRA FREIRE, 1984). Problemas de toxicidade dessa espécie de ixodídeo já foram registrados por CUNHA (1978) que demons-trou a evolução de lesões graves no pavilhão auricular de coe-lhos experimentalmente infestados com qualquer dos três

está-dios de

A. cajennense.

3. B I O L O G I A E C O M P O R T A M E N T O

O conhecimento atual do ciclo vital de

A. cajennense

deve-se em grande parte aos esforços pioneiros de ROHR (1909), HOOKER e cols. (1912). Posteriormente seguidos pelos de TRAVAS-SOS & VALEJO FREIRE (1944), SMITH (1974a) e DRUMMOND & WHETSTONE (1975), Na década atual pelos trabalhos de OLIVIERI

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& SERRA FREIRE (1984 a,b). De acôrdo com os estudos de ROHR (1909), no Brasil, o período de alimentação das larvas varia entre três e seis dias, o de ninfa entre cinco e sete dias e o das fêmeas de aproximadamente sete dias. Para TRAVASSOS & VALEJO-FREIRE (1944) também no Brasil, é de apenas três a qua-tro dias o período de ingurgitamento das larvas, as ninfas gas-tam oito a dez dias para se alimentar e os adultos ficam qua-tro a seis dias fixados no hospedeiro. Porém como nesse tra-balho os autores criavam A. cajennense com vistas ao preparo de vacina contra o tifo exantemático de São Paulo, o ingurgi-tamento dos espécimes adultos era interrompido. Ainda no Bra-sil, OLIVIERI & SERRA FREIRE (1984 a,b) referiram ser de três a oito dias o período de alimentação de larvas e quatro a oi-to dias o de ninfas de A. cajennense alimentados em coelhos. Já DAEMON e cols. (1985) trabalhando com linhagem bovina e OLI-VIERI e cols. (1985) com linhagem equina de A. cajennense de-monstraram que os carrapatos de linhagem equina diferiam dos da linhagem bovina em muitos índices biológicos sugerindo ha-ver influência do hospedeiro sobre o ciclo vital do carrapa-to sobretudo nos estádios não parasitários.

HOOKER e cols. (1912) nos Estados unidos da América encontraram como sendo de três a sete dias o período de ali-mentação das larvas, quatro a sete o de ninfas e sete a doze o dos adultos de A. cajennense. SMITH (1974 b) em Trinidad referiu ser de três a seis dias o tempo de alimentação das lar-vas, quatro a sete o de ninfas e doze a dezessete o de

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adul-tos de A. cajennense

.

DRUMMOND e cols. (1971) avaliaram o efeito do manuseio das posturas de Amblyomma americanum (L.) sobre a taxa de eclodibilidade. Esses autores compararam o comportamento de posturas manuseadas com as não manuseadas e concluíram que o manuseio não modificava estatisticamente o índice de eclodibilidade. Estudo semelhante realizado com A. cajennense por DRUMMOND & WHETSTONE (1975) levou à mesma c o n c l u s ã o .

Uma análise dos problemas de controle de doenças cau-sadas por carrapatos ou cujos agentes etiológicos são trans-mitidos por essas espécies, na opinião de SMITH (1974 a), ne-cessita de informações precisas sobre a distribuição dos car-rapatos. O autor chegou a essa conclusão estudando A. cajennen-se em Trinidad na península de Cedros onde encontrou baixa incidência da espécie. Contribuindo com este pensamento MAC-LEOD e cols. (1977) estudaram várias espécies de ixodídeos que parasitavam bovinos na Província Central de Zambia; entre as espécies estudadas estava o Amblyomma variegatum (Fabricius) cujas ninfas e adultos se distribuíam sobre o corpo dos bovi-nos obedecendo ao mesmo padrão e se mantinham presentes pra-ticamente o ano todo. A presença de A. americanum durante o ano todo mas com pique de atividade entre março e julho, de-crescendo rapidamente em agosto e com poucos carrapatos de se-tembro a janeiro, na região sudoeste do Texas, EUA, foi infor-mada por DRUMMOND (1967); esse autor procedeu a esse estudo num pequeno rebanho Hereford, com contagem mensal dos

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carra-patos adultos sobre os animais associada à passagem de flane-la na pastagem para captura dos estádios não parasitários. Es-tudos ecológicos com A. americanum também foram desenvolvidos por BARNARD e cols. (1982) no Sudoeste do Oklahoma, EUA, que observaram que mais de 50% das larvas dessa espécie de carra-pato se fixavam na cabeça e orelhas dos bovinos; o estádio de ninfa era o menos discriminativo na escolha da área de fixa-ção, tendo sido mais comum nos pavilhões auriculares, flan-cos, patas, úbere e pescoço; cerca de 90% dos machos e 91% das fêmeas se fixavam na parte anterior do corpo mas quando na posterior, nas áreas de úbere, coxas, períneo e cauda e que havia significativa correlação na distribuição de machos e fêmeas sobre as diversas áreas do corpo do hospedeiro.

Sobre as preferências por áreas do corpo do hospedei-ro para fixação do carrapato GALUZO (1943) fez referência a influência dos fatores físicos presentes no corpo do hospedei-ro sobre fases essenciais do ciclo de vida dos carrapatos tais como a fixação propriamente dita, a alimentação, a muda e a fertilização; nesse trabalho o autor demonstrou que os pon-tos de fixação dos carrapapon-tos nos hospedeiros dependiam tanto das condições intrínsecas da espécie do carrapato como do mi-cro-clima em cada área da pele do hospedeiro. Considerando a espécie A. cajennense parasitando equinos no Estado do Para-ná, Brasil, FALCE (1982) referiu que os espécimes de A. ca-jennense se fixavam preferencialmente nas axilas, região

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sem contudo aventar hipóteses explicativas. Também SERRA FREI-RE (1982 a) em estudo sobre ixodídeos parasitos de bovinos lei-teiros em Resende, Estado do Rio de Janeiro (Brasil), apresentou dia-grama do corpo de um bovino ilustrando os índices de incidên-cia em seis áreas do corpo, mas não apresentou explicações so-bre o fenômeno. SERRA FREIRE (1982 b) relatou ainda resulta-dos do estudo da variação sazonal e do comportamento resulta-dos está-dios não parasitários de A. cajennense em quatro áreas do cam-pus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Ja-neiro, Brasil; nesse trabalho esclareceu que ocorriam picos dis-tintos de incidência de larvas (janeiro a maio), de ninfas (junho a setembro) e de adultos (outubro a dezembro) independentes da natureza da exploração da área agropastoril. Estudos ecoló-gicos com Amblyomma sp foram publicados por GUGLIELMONE & HADANI (1982) para o noroeste da Argentina e entre as espécies encontradas os autores se referiram

à

A. cajennense assinalan-do a sua ocorrência em biótopos diferentes, indicanassinalan-do a versa-tilidade da espécie. Estes mesmos autores encontraram carra-patos adultos durante o ano todo, embora em maior número no verão, mas larvas e ninfas foram encontradas somente nas esta-ções secas. Esses resultados foram idênticos aos apresentados por ARAGÃO (1936) e FAIRCHILD (1966) em regiões diferentes.

Em Natal, na República da África do Sul, BAKER. & DUCASSE (1967) estudaram as infestações naturais de carrapatos sobre bovinos, identificando áreas de preferência para fixação de cada estádio e as curvas de incidência de sete espécies de

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ixodídeos envolvendo os gêneros Boophilus Curtice, 1891, Rhipicephalus Koch, 1844, Hyalomma Koch, 1844 e Am-blyomma. Nesse último os autores só encontraram a espécie A. hebraeum Koch, 1844 e constataram que 45% dos adultos se fixavam na área pós umbilical e inguinal incluindo úbere ou escroto, 24% na área perianal, perivulvar e base da cauda, 15% na área de períneo entre o ânus ou vulva até o escroto ou úbere e 15% nas axilas. Esses adultos começavam a apa-recer em setembro e desapareciam em janeiro. As ninfas fo-ram observadas em 63% fixadas nas áreas das quartelas e co-roas dos cascos, 10% nas axilas, 9% na área esternal, 7% na área pós-umbilical e inguinal incluindo úbere ou escroto e 5% nas áreas dos boletos, canelas e joelhos, O período de a-tividade ninfal foi constatado ser de maio a setembro. As larvas não evidenciaram uma área do corpo com expressiva mai-or predileção pois 19% se fixavam nas áreas das quartelas e coroas dos cascos, 18% no focinho, 17% nas áreas dos bole-tos, canelas e joelhos e 12% na cabeça, não considerando o focinho, pavilhões auriculares e marrafa, O período de ati-vidade larvar foi identificado como de fevereiro a maio. Os autores ainda destacaram que a proporção entre estádios ima-turos e adultos era de 4,15/1, e que as fêmeas gastavam qua-tro a seis dias de fixação para completar o ingurgitamento.

Em 1978, SUTHERST e cols. divulgaram um guia para estudos ecológicos com carrapatos onde são abordados aspec-tos deste planejamento da pesquisa, o desenvolvimento

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deta-lhado da mesma, incluindo o cultivo de carrapato em laborató-rio e técnicas de amostragem das populações de ixodídeos.

Valendo-se de amostragem do tecido cutâneo de bovi-nos para caracterizar populações de ixodídeos no Estado do Rio de Janeiro, município de Marquês de Valença, COSTA (1982) es-tudou a ecologia de

Boophilus microplus

(Canestrini, 1888) pa-rasitando bovinos leiteiros; nesse estudo o autor mencionou a ocorrência de

A. cajennense

que se apresentava em baixa in-cidência mas nos seus três estádios parasitários. Contribui-ção especial foi dada pela análise das infestações pelos ixo-dídeos em bovinos puros Holandês Vermelho e Branco e mais cin-co diferentes graus de mestiçagem holandês (HVB) x Zebú (Guze-rá), quando sugeriu que o 7/8 HVB era o grau de sangue mais sensível ao parasitismo por carrapatos.

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Em relação ao procedimento adotado para a colheita dos dados experimentais, a pesquisa pode ser considerada co-mo constituída de duas partes bem distintas: 1 - observações em condições de laboratório sobre o parasitismo por Amblyomma cajennense, provocado experimentalmente em bezerros e 2 - ob-servações em condições de campo sobre o parasitismo natural por esse ixodídeo em bovinos adultos.

As infestações experimentais para observações foram levadas a efeito no Setor Estábulo da Estação para Pesquisas Parasitológicas W.O. Neitz - UFRRJ, localizada no município de Itaguaí, R.J., 22º45' de latitude sul, 43º41' de longitu-de oeste e com altitulongitu-de longitu-de 33 m. De acordo com a classifição de Köeppen, o clima da região é do tipo sub-tropical, ca-racterizando-se pela ocorrência de chuvas periódicas e com inverno seco.

As observações sobre infestações naturais foram rea-lizadas na Estação Experimental "Fazenda Santa Mônica" do

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Cen-tro Nacional de Pesquisas - Gado de Leite (CNPGL) EMBRAPA lo-calizada no município de Marquês de Valença, RJ, com 22º24' de latitude sul, 43º40' de longitude oeste e com altitude de 416m. De acordo com a classificação de Köeppen, o clima da região caracteriza-se por apresentar estação seca e estação chuvosa bem delimitadas, indo a primeira, de abril a setembro e a se-gunda, de outubro à março. A região tem relêvo acidentado ca-racterizado pela existência de montanhas cercando pequenos va-les (CARMO & NASCIMENTO, 1961).

O principal objetivo das infestações experimentais foi a avaliação do tempo para ingurgitamento pois somente des-sa forma seria possível a realização de um perfeito controle sobre o momento da fixação dos carrapatos sobre os bovinos, o qual seria o ponto de partida para aquela avaliação. Essas mes-mas infestações experimentais também serviram para uma obser-vagão adicional das áreas do corpo dos bovinos que eram prefe-ridas pelos carrapatos para fixação.

As infestações naturais foram observadas com quatro diferentes objetivos: conhecimento da variação estacional de cada estádio parasitário, determinação das áreas do corpo dos bovinos a que os carrapatos em seus estádios parasitários de-ram preferência para fixação, determinação da relação numérica entre os dois sexos do carrapato sobre os bovinos parasitados e conhecimento do efeito que diferentes graus de sangue do cru-zamento HVB x Guzerá poderiam exercer sobre a intensidade

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1. AVALIAÇÃO DO TEMPO PARA INGURGITAMENTO

As infestações experimentais utilizadas para avalia-ção do tempo para ingurgitamento de cada estádio de A.cajennen-se foram feitas nos pavilhões auriculares de bezerros, usan-do-se sacos de pano para proteção do local e subsequente apli-cação dos carrapatos, de acordo com a técnica descrita por NEITZ e cols. (1971). Foram infestados 15 bezerros mestiços de idade variável entre seis e oito meses no início dos tra-balhos e mantidos em regime de estabulação durante todo o tem-po e m que se p r o l o n g o u o e x p e r i m e n t o .

Os carrapatos utilizados nessas infestações tiveram origem de fêmeas colhidas manualmente sobre equinos e bovinos no Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Itaguaí, R.J. e em animais da Estação Experimental "Fazenda Santa Mônica" do CNPGL-EMBRAPA, Marques de Valença, R.J. As teleóginas foram incubadas em estufas para BOD à temperatura constante de 27°C e umidade relativa superior a 70%. Após a eclosão as larvas foram levadas para se alimen-tarem sobre os bezerros. Atingida a fase de ingurgitamento, estas larvas foram colhidas e levadas à incubação naquelas mes-mas condições. As ninfas assim obtidas foram também levadas a se alimentar nos bezerros. Após ingurgitamento foram tam-bém colhidas e levadas à estufa tal como foi feito com as te-leóginas e as larvas para o processamento de muda. Os adul-tos obtidos foram também levados à alimentação sobre os

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bezer-ros até o ingurgitamento e repetição de todo o processo inicia-do com as teleóginas até o final inicia-do trabalho. Os espécimes le-vados à incubação, larvas, ninfas ou adultos, eram sempre reu-nidos em grupos e acondicionados em vidros tampados com gaze. Ao todo foram efetuadas dez infestações experimentais para cada estádio parasitário de

A. cajennense,

totalizando a aplicação de 3.000 larvas, 1.000 ninfas e 500 adultos. As in-festações foram sempre realizadas pela manhã.

As observações para apreciação da evolução dos carra-patos nos bezerros, foram feitas diariamente pela manhã. Os sacos protetores das orelhas dos animais eram convenientemente identificados com a data da infestação e o estádio evolutivo a-plicado no bezerro. Os espécimes ingurgitados eram colhidos de dentro desses sacos, após terem se desprendido da orelha.

2. ÁREAS DE PREFERÊNCIA PARA FIXAÇÃO, RELAÇÃO ENTRE SEXOS, VA-RIAÇÃO ESTACIONAL E EFEITO DE DIFERENTES GRAUS DE SANGUE SOBRE O PARASITISMO POR

A. cajennense.

Tanto as observações para estudo da proporção entre machos e fêmeas encontrados sobre o corpo de bovinos, assim co-mo a determinação das áreas de preferência para fixação dos car-rapatos, ainda mais, a caracterização da variação estacional e finalmente a pesquisa sobre os efeitos exercidos na intensida-de do parasitismo pela natureza genética dos animais parasita-dos, expressa pelos seus respectivos graus de sangue, foram

(35)

realizados com a mesma contagem de carrapatos observados no mesmo material experimental, qual seja, o plantel de gado lei-teiro da Estação Experimental "Fazenda Santa Mônica", subme-tido apenas às infestações naturais. Assim, qualquer carra-pato observado servia para o fornecimento de quatro informa-ções diferentes. Em primeiro lugar o sexo do exemplar encon-trado iria contribuir para o estudo da proporção entre machos e fêmeas. Em segundo lugar, a área do corpo do bovino onde tal exemplar foi encontrado seria considerada como infor-mação para a determinação das áreas de preferência para fixa-tão. Em terceiro lugar, o mês do ano em que tal observação fô-ra feita estaria ligada a essa ocorrência pafô-ra a cafô-racteriza- caracteriza-ção de variacaracteriza-ção estacional. Em último lugar o grau de sangue do bovino onde o exemplar fôra observado teria também, nessa ocorrência um registro unitário de parasitismo para o estudo do efeito sobre ele exercido pela contribuição genética dos b o v i n o s .

Os trabalhos de contagem de carrapatos foram inicia-dos em fevereiro de 1980 e foram conduziinicia-dos até janeiro de 1982. Os exames foram quinzenais mas os dados obtidos nas duas quinzenas foram reunidos em um total para cada mês. Nes-sas observações foram considerados apenas os estádios de nin-fas e adultos cujo reconhecimento foi feito com auxílio de lupa manual ou quando necessário, após remoção do ixodídeo do corpo do hospedeiro e processamento da técnica preconizada por FLECHTMANN (1973) para montagem entre lâmina e lamínula.

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O plantel de bovinos utilizado no trabalho era cons-tituído por 180 animais, todos adultos, com idades variando en-tre quatro e en-treze anos, sendo quatro machos e 176 fêmeas. Es-ses 180 animais pertenciam a dois grupos, sendo 92 no grupo 1, onde era feita uma aplicação mensal com carrapaticida pi-retróide, e 88 no grupo 2, onde nenhuma aplicação de qual-quer carrapaticida foi feita. Cada grupo possuía animais pu-ros da raça Holandês Vermelho e Branca além de híbridos HVB x Guzerá, com os graus de sangue 7/8, 3/4, 5/8, 4/2 e 1/4. O número de animais de cada uma dessas origens genéticas e em cada um desses grupos, consta da Tabela 1.

Esses animais foram mantidos em regime semi-extensi-vo, sendo submetidos a duas ordenhas por dia e recebendo uma mistura de capim napier (

Panicum maximum)

com farelo de ceva-da e ração comercial e, no campo, pastagem de capim braquia-ria

(Brachiaria decumbens)

e grama batatais

(Paspalum

nota-tum) e

sal grosso adicionado a sais Minerais "ad libidum". Todas as contagens de carrapatos foram efetuadas pe-lo exame dos animais apenas pepe-lo lado direito do corpo. Para facilitar a operação, os animais eram contidos em tronco gi-r a - m u n d o e n q u a n t o d u gi-r a s s e a o b s e gi-r v a ç ã o .

Com relação a determinação das áreas de preferência para fixação do

A. cajennense,

foi adotada a divisão do corpo do bovino proposta por SERRA FREIRE (1982 a), conforme mos-tra a Figura 1. Essa determinação foi feita tanto no plantel de 180 bovinos da Estação Experimental "Santa Mônica", como

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T A B E L A 1.

QUANTIDADE DE ANIMAIS PUROS HVB E HÍBRI-

DOS HVB x GUZERÁ COM DIFERENTES GRAUS DE SANGUE,

PERTENCENTES AO GRUPO 1 (COM APLICAÇÃO DE CARRAPATI-

CIDA PIRETROIDE) E AO GRUPO 2 (SEM APLICAÇÃO DE CARRAPATICIDA)

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F i g u r a 1. D i a g r a m a do c o r p o d e u m b o v i n o a p r e s e n t a n d o as s e i s d i f e r e n - t e s á r e a s . Áreas: 1- c a b e ç a 2- p e s c o ç o e p a t a s d i a n t e i r a s 3- v e n t r e e p a t a s t r a z e i r a s 4- p e i t o , a x i l a s e e s t e r n o 5- f l a n c o e c o s t a d o 6- p e r í n e o , f a c e i n t e r n a d a s c o x a e ú b e r e o u e s - c r o t o .

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em um grupo de bezerros mantidos a campo na Estação para Pes-quisas Parasitológicas W.O. Neitz. Estes bezerros foram in-festados experimentalmente pela aplicação de larvas, ninfas e adultos de A. cajennense criados em laboratório, ao longo da linha do dorso dos animais para livre escolha da área de fi-xação. Desse modo, os resultados aqui obtidos sobre a prefe-rência das áreas de fixação, mesmo sem a contagem dos espéci-mes em cada região do corpo do bovino já poderia fornecer uma idéia geral sobre o que ocorreria no exame dos 180 bovinos a-dultos com infestações naturais.

O método utilizado para análise dos dados obtidos ex-perimentalmente variou de acordo com a sua natureza, sendo sempre que possível, utilizadas análises estatísticas conve-nientes para evitar ao máximo qualquer tendenciosidade na in-terpretação dos resultados.

Para as avaliações do tempo de ingurgitamento foram consideradas três diferentes idades, tanto para larvas, como para ninfas, como para adultos colocados a se alimentar nos bezerros, e para cada caso foi obtida a média aritmética e o d e s v i o p a d r ã o .

Com respeito às determinações das áreas de preferên-cia para fixação dos carrapatos nos bovinos, foram contados em cada área, o total de ninfas e o total de adultos, sem se-paração dos animais quanto ao grau de sangue Holandês Verme-lho-Branco. As contagens foram efetuadas mensalmente, tanto no grupo 1 (com aplicação de banho carrapaticida) como no

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gru-po 2 (sem a p l i c a ç ã o de b a n h o c a r r a p a t i c i d a ) . C o m o s d a d o s as- s i m o b t i d o s f o i a p l i c a d a a n á l i s e da v a r i â n c i a s o b o s e g u i n t e e s q u e m a e x p e r i m e n t a l :

Cabeça

Pescoço e pata dianteira Ventre e pata trazeira Peito, axila, e esterno Flanco e costado

Períneo, face interna da coxa e úbere ou escroto

E s s e e s q u e m a e x p e r i m e n t a l , u m f a t o r i a l 24 x 2 x 6, foi a n a l i s a d o d e n t r o d o m o d e l o b l o c o s a o a c a s o , c o m o s e g u i n - te m o d e l o m a t e m á t i c o :

s e n d o

= Parcela experimental obtida no mês de ordem do grupo de ordem j e na região de ordem

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= m é d i a p a r a m é t r i c a = e f e i t o d a r e g i ã o do c o r p o d e o r d e m = e f e i t o do g r u p o (com o u s e m b a n h o c a r r a p a t i c i - da) de o r d e m = e f e i t o d o p e r í o d o (mês) d e o r d e m = e f e i t o da i n t e r a ç ã o e n t r e a r e g i ã o do c o r p o de o r d e m e o g r u p o de o r d e m = e f e i t o da i n t e r a ç ã o e n t r e a r e g i ã o d o c o r p o de o r d e m e o p e r í o d o de o r d e m = e f e i t o d a i n t e r a ç ã o e n t r e o g r u p o de ordem j e o p e r í o d o de o r d e m = e f e i t o d a i n t e r a ç ã o e n t r e a r e g i ã o d o c o r p o de o r d e m o g r u p o d e o r d e m j e o p e r í o d o de o r d e m k. A s i g n i f i c â n c i a d o s e f e i t o s foi t e s t a d a p e l o teste F. P a r a c a d a p a r c e l a e x p e r i m e n t a l o v a l o r registrado tan- to p a r a n i n f a s c o m o p a r a a d u l t o s f o i a m é d i a o b s e r v a d a e m r e - l a ç ã o a o t o t a l de a n i m a i s o b s e r v a d o s , c o n f o r m e m o s t r a m os t o - t a i s d a T a b e l a 1 (92 p a r a o g r u p o 1 e 88 p a r a o g r u p o 2). A d i s t r i b u i ç ã o d o s c a r r a p a t o s , t a n t o n i n f a s c o m o a- d u l t o s , p e l a s r e g i õ e s d o c o r p o d o s b o v i n o s f o i t a m b é m a n a l i - z a d a e m c a d a u m d o s g r u p o s de a n i m a i s (com b a n h o c a r r a p a t i c i - d a e s e m b a n h o c a r r a p a t i c i d a ) , p o r m e i o de g r á f i c o s .

Para o estudo da relação entre machos e fêmeas, os d a d o s o b t i d o s e m c a d a c o n j u n t o de a n i m a i s c o m o m e s m o g r a u de

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m o do g r u p o 2 (sem a p l i c a ç ã o de c a r r a p a t i c i d a ) f o r a m a n a l i s a - d o s p e l o t e s t e d o X 2 (qui q u a d r a d o ) e m r e l a ç ã o à h i p ó t e s e g e - nética 1/2 : 1/2. Foi também calculada a proporção de fê-meas em cada mês para conhecimento da variação do caráter ao

l o n g o d o s 2 a n o s e m q u e o t r a b a l h o foi d e s e n v o l v i d o .

Finalmente, para o estudo da variação estacional, do efeito do grau de sangue HVB e da aplicação de carrapaticida, os d a d o s e x p e r i m e n t a i s t a n t o p a r a n i n f a s c o m o p a r a adultos f o - r a m m a n i p u l a d o s p a r a a n á l i s e s da v a r i â n c i a , t e n d o s i d o a d o t a - do o s e g u i n t e e s q u e m a e x p e r i m e n t a l : E s s e e s q u e m a e x p e r i m e n t a l , u m f a t o r i a l 24 x 2 x 6, foi a n a l i s a d o d e n t r o d o m o d e l o b l o c o s ao a c a s o , sob o m e s m o m o d e l o m a t e m á t i c o d e s c r i t o p a r a o e s t u d o da p r e f e r ê n c i a d o s c a r r a p a t o s p a r a as r e g i õ e s do c o r p o do b o v i n o , c o m a s u b s t i -

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tuição do efeito ri simples e de suas interações, pelo efeito gi relativo aos graus de sangue dos animais.

A significância dos efeitos foi testada também pelo teste F e a significância dos contrastes entre médias, pelo teste de Tukey.

Para cada parcela experimental o valor registrado tan-to para ninfas como para adultan-tos foi a média observada em re-lação ao total de animais observados a ela pertencentes, con-forme relação mostrada na Tabela 1.

A variação estacional foi também analisada, tanto pra ninfas como papra adultos, em cada um dos dois grupos de a-nimais (com e sem banho carrapaticida) e para cada grau de san-gue, por meio de gráficos.

(44)

1. TEMPO PARA INGURGITAMENTO

Os resultados obtidos nas avaliações do tempo para ingurgitamento constam da Tabela 2. Como essa característi-ca do A. característi-cajennense em bovinos foi estudada nos três está-dios evolutivos da espécie, os dados são ali apresentados em três partes independentes, uma relativa às larvas, outra, às ninfas e a última aos adultos. Além disso para testar a pos-sibilidade da idade do carrapato em cada um desses três es-tádios afetar o tempo para ingurgitamento, os resultados ob-tidos para cada um deles é apresentado em relação a três di-ferentes idades. Finalmente, como a marcação do tempo para ingurgitamento somente deveria ser iniciada a partir da fi-xação do parasito ao corpo do bovino, a Tabela 2 também apre-senta para cada idade e em cada estádio, o tempo decorrido desde a infestação até a fixação, constituindo o chamado pe-ríodo de pré-fixação. Tanto este pepe-ríodo de pré-fixação

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mo o período para ingurgitamento são apresentados pelas médias do número de dias e respectivos desvios padrão e também em seus limites mínimo e máximos observados.

2. ÁREAS DE PREFERÊNCIA PARA FIXAÇÃO

Nos 92 bovinos regularmente banhados com carrapati-cida piretróide foram encontrados 3.327 carrapatos e nos 88 não banhados com carrapaticida 3.451, distribuídos por to-da a superfície do lado direito do corpo dos animais.

Para essas contagens, realizadas duas vezes cada mês, os bovinos foram separados apenas nos dois grupos 1 e 2, relativos a terem ou não sido submetidos aos banhos perió-dicos com carrapaticida, não tendo sido eles separados por graus de sangue. As duas contagens mensais foram reunidas em apenas uma, tanto para ninfas como para adultos, correspon-dentes a cada um dos vinte e quatro meses em que a pesquisa foi conduzida. Os resultados obtidos estão expostos na Tabe-la 3 para o grupo 1 (com aplicação de carrapaticida) e na Ta-bela 4 para o grupo 2 (sem aplicação de carrapaticida).

Os resultados obtidos na análise da variância utili-zada para estudo do efeito das regiões do corpo dos bovinos, da presença ou ausência de carrapaticida, dos períodos em que foram feitas as contagens, das três interações simples en-tre esses efeitos e da interação tríplice, estão relaciona-dos na Tabela 5 para o caráter número médio de ninfas e na

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(50)

uma das seis diferentes regiões do corpo dos bovinos, calcu-ladas por mês e por animal, tanto no grupo 1 (com aplicação de carrapaticida) como no grupo 2 (sem aplicação de carrapatici-da) e como no conjunto dos dois grupos, constam da Tabela 7.

Para cada uma das seis regiões consideradas no corpo dos bovinos, a variação observada em relação ao número médio tanto de ninfas como de adultos como uma consequência da pas-sagem do grupo 1 (com aplicação de banho carrapaticida) para o grupo 2 (sem aplicação de banho carrapaticida) a qual repsenta a interação Região x Banho carrapaticida, foi também re-presentada graficamente. Para o número médio de ninfas e nú-mero médio de adultos essa representação consta da Figura 2.

3. R E L A Ç Ã O E N T R E S E X O S

Os dados obtidos no que diz respeito à relação numé-rica entre machos e fêmeas observadas ao longo de todo o tem-po em que o trabalho se desenvolveu, constam da Tabela 8 e da Tabela 9.

Na Tabela 8 os dados foram tabulados separadamente pa-ra cada um dos seis gpa-raus de sangue dos bovinos usados na pes-quisa e apresentados dispostos em três partes, a primeira re-lativa aos animais do grupo 1, os que receberam a aplicação do carrapaticida, a segunda, relativa aos animais do grupo 2,

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(52)

POR MÊS E POR ANIMAL NO GRUPO 1 (COM APLICAÇÃO DE BANHO CARRAPATICIDA), NO GRUPO 2 (SEM APLICAÇÃO DE BANHO CARRAPATICIDA) E NO CONJUNTO DOS DOIS GRUPOS

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F i g u r a 2. R e p r e s e n t a ç ã o g r á f i c a da varia- ção do n ú m e r o m é d i o de n i n f a s (A) e do número médio de

adul-tos (B) de

A m b l y o m m a cajennen-

se

do grupo II para o grupo I nas regiões do corpo 1, 2, 3, 4, 5 e 6.

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(55)

os que não receberam aplicação de qualquer carrapaticida, e a terceira, relativa ao conjunto desses dois grupos, 1 e 2. Nes-sa Tabela, os vinte e quatro meses foram reunidos de forma a constituir três conjuntos diferentes, o primeiro reunindo ape-nas os dados obtidos nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, o segundo reunindo apenas os dados colhidos nos meses restantes e, o terceiro, abrangendo os dados do período completo dos vinte e quatro meses. Para cada grau de sangue nessas nove situações, a Tabela 8 relaciona a relação macho/ fêmea e a proporção de fêmeas. Para cada grau de sangue, a Tabela 8 também relaciona para o período completo dos vin-te e quatro meses, os valores de X2 (qui quadrado) calculados em relação à hipótese genética da distribuição dos sexos, 1/2: 1/2.

Na Tabela 9 estão tabuladas as relações macho/fêmea e as proporções de fêmeas, mas agora tomadas apenas para cada um dos vinte e quatro meses que durou a pesquisa, tanto para o grupo 1, dos animais que receberam aplicação de carrapatici-da, como para o grupo 2, dos que não receberam aplicação de qualquer carrapaticida, e como para o conjunto dos grupos 1 e

2.

4. VARIAÇÃO ESTACIONAL, EFEITO DOS GRAUS DE SANGUE E EFEITO DA APLICAÇÃO DE CARRAPATICIDA PIRETROIDE

(56)
(57)

observados a cada mês com carrapaticida piretróide e para ca-da um dos seis diferentes graus de sangue, constam ca-da Tabela 10.

Os dados colhidos mensalmente nessas contagens de ninfas e adultos para cada um desses seis diferentes graus de sangue nos 88 bovinos não banhados com qualquer carrapatici-da, estão expostos no Tabela 11.

Os resultados obtidos na análise da variância utili-zada para estudo do efeito dos graus de sangue, da presença ou ausência de carrapaticida, dos períodos em que foram rea-lizadas as observações (meses), das três interações simples entre esses efeitos e da interação tríplice, estão relaciona-dos na Tabela 12, para o caráter número médio de ninfas e, na T a b e l a 13, p a r a n ú m e r o m é d i o de a d u l t o s .

Os resultados obtidos para aplicação do teste de Tu-key para contrastes de médias entre graus de sangue, tanto pa-ra ninfas como papa-ra adultos estão relacionados na Tabela 14.

As médias calculadas para os diferentes graus de san-gue HVB, em relação ao número médio de ninfas e número médio de adultos, tanto no grupo 1 (animais banhados com carrapati-cida) como no grupo 2 (animais não banhados com carrapatici-da) e como no conjunto de ambos, estão relacionados na Tabe-la 15.

As representações gráficas para os caracteres número médio de ninfas e número médio de adultos, avaliados ao longo dos vinte e quatro meses em que foram feitas as observações,

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(59)
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(62)

DE T U K E Y P A R A C O N T R A S T E S E N T R E M É D I A S DOS G R A U S DE

S A N G U E P A R A OS C A R A C T E R E S N Ú M E R O M É D I O DE NINFAS E NÚMERO M É D I O DE ADUL-

(63)

cajennense

P A R A D I F E R E N T E S GRAUS DE SANGUE, NO GRUPO

1 (COM BANHO C A R R A P A T I C I D A ) , NO G R U P O 2 (SEM B A N H O CARRAPA-

TICIDA) E NO C O N J U N T O DOS DOIS

GRUPOS

T O T A L I Z A N D O

180

B O V I N O S

(64)

tanto para os bovinos que receberam aplicação de carrapatici-da piretroide, como para os que não receberam aplicação de q u a l q u e r c a r r a p a t i c i d a , se e n c o n t r a m na Figura 3 para os g r a u s de sangue HVB p u r o e 5/8 HVB; na F i g u r a 4 para os g r a u s de

1/2 1 3/4

sangue e /4 HVB; na F i g u r a 5 para o g r a u de sangue HVB; na Figura 6 para o g r a u de sangue 7/8 HVB; e na F i g u r a 7 p a r a o c o n j u n t o de todos esses graus de sangue.

(65)

Figura 3. Distribuição mensal do número médio de ninfas e número médio de adultos obser- vados nos grupos I (com aplicação de carrapaticida) e II (sem aplicação de carrapaticida) em bovinos HVB puros e

5/8 HVB.

(66)

Figura 4. Distribuição mensal do número médio de

ninfas e número médio de adultos obser-

vados nos grupos I (com aplicação

de

carrapaticida) e II (sem aplicação de

carrapaticida) em bovinos 1/2 e 1/4

HVB.

(67)

Figura 5. Distribuição mensal do número médio de ninfas e número médio de adultos obser- vados nos grupos I (com aplicação de carrapaticida) e II (sem aplicação de carrapaticida) em bovinos 3/4 HVB.

(68)

Figura 6. Distribuição mensal do número médio de

ninfas e número médio de adultos obser-

vados nos grupos I (com aplicação de

carrapaticida) e II (sem aplicação de

carrapaticida) em bovinos 7/8 HVB.

(69)

Figura 7. Distribuição mensal do número médio de ninfas e número médio de adultos obser- vados nos grupos I (com aplicação de carrapaticida) e II (sem aplicação de carrapaticida) em bovinos para o conjun- to de todos os graus de sangue estuda- dos.

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1. TEMPO PARA INGURGITAMENTO

Com respeito ao comportamento das larvas, ninfas e adultos utilizados nas infestações experimentais foi consta-tado que, embora os carrapatos estivessem com mais de 15 dias de jejum após a eclosão dos ovos ou das ecdises, em to-dos os estádios, passaram-se mais de 24 horas para que se fi-xassem no hospedeiro, conforme é demonstrado na Tabela 2, nas colunas relativas ao período de pré-fixação. Somente algu-mas larvas, entre as mais jovens (18 dias de idade) levaram m e n o s d e 24 h o r a s p a r a a f i x a ç ã o .

Considerando-se individualmente cada estádio parasi-tário, notou-se que o das larvas foi o que menos tempo levou para a fixação no hospedeiro e que, para as ninfas, o perío-do de pré-fixação foi inferior ao perío-dos adultos. Foi também notado que a idade dos estádios e consequentemente o período de jejum, mostrava uma certa correspondência tanto com a

(71)

du-ração do período de pré-fixação, como com a dudu-ração do perío-do para ingurgitamento, de forma que, nos três estádios, o au-mento da idade correspondia a um auau-mento em ambos os períodos.

Embora todos os exemplares utilizados nas infesta-ções experimentais estivessem com mais de 15 dias de jejum, a observação de que os carrapatos gastaram mais de 24 horas pa-ra se fixarem, é compatível com dados bibliográficos. Segun-do GALUZO (1943) há influência de fatores físicos Segun-do corpo Segun-do hospedeiro sobre os carrapatos, afetando aspectos essenciais do ciclo biológico do parasito. Por tudo isso pode-se supor que o fator necessidade de alimento não seja o mais forte pa-ra determinar a pronta fixação do carpa-rapato, embopa-ra deva ter alguma importância no processo. É pertinente lembrar, contu-do, que as infestações experimentais realizadas obedecendo a técnica de NEITZ e cols. (1971) foram sempre realizadas no pavilhão auricular dos hospedeiros, e que segundo MAC LEOD (1977), FALCE (1982) e SERRA FREIRE (1982 a) as orelhas não são áreas de maior predileção para o ingurgitamento dos carra-patos. A única referência sobre predileção para localização dos carrapatos na cabeça e orelhas do hospedeiro foi feita por BARNARD e cols. (1982), segundo os quais mais de 50% das lar-vas de A. americanum se fixam na cabeça e orelhas de bovinos do sudoeste de Oklahoma, EUA. Apesar do conhecimento dessas informações, a técnica de NEITZ e cols. (1971) foi escolhida devido a facilidade para se acompanhar individualmente a fixa-ção e ingurgitamento de cada exemplar do parasito, oferecendo

(72)

melhores condições para a medida dos tempos de ingurgitamen-to.

A observação de que a idade dos espécimes influen-cia em ordem direta os tempos de pré-fixação e de ingurgita-mento (Tabela 2), mostra ser ela um dos fatores intrínsecos do parasito atuante no complexo fenômeno de exanguinação do hospedeiro. Esse resultado também pode ser considerado co-mo uma explicação para as discordâncias parciais encontradas por ocasião da comparação entre os resultados de diversos au-tores entre os quais ROHR (1909), HOOKER e cols. (1912),

TRA-VASSOS & VALEJO-FREIRE (1944), SMITH (1974 b) e OLIVIERI & S E R R A - F R E I R E (1984 a,b).

A conveniência de se pesquisar em torno do controle de

A. cajennense

pode ser deduzida da análise das informa-ções já oferecidas na literatura, dentre as quais deve-se destacar: as de SMITH (1974 b) salientando a necessidade de se obter informações precisas sobre a distribuição dos car-rapatos quando se analisa o controle de doenças causadas por eles diretamente ou cujos agentes etiológicos são por eles veiculados; as de MONTEIRO e cols. (1931), MONTEIRO & FONSE-CA (1932, 1933-34), TRAVASSOS (1938), ARAGÃO & FONSEFONSE-CA (1953) e MASSARD (1984) de que agentes etiológicos de importantes doenças do homem e de animais encontram em

A. cajennense

um bom veiculador; as de CUNHA (1978) e SERRA FREIRE (1983) de que sérias toxicoses são induzidas por essa espécie de carra-pato; e as de ROBINSON (1926) referentes à ampla

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distribui-ção geográfica de A. cajennense. Assim sendo, a influência da idade dos carrapatos sobre o período de pré-fixação e de ingur-gitamento, pode ser levada em conta como um auxílio na estra-tégia para o controle desse parasito.

2. ÁREAS DE PREFERÊNCIA

A não significância constatada pelo teste F relativo ao efeito entre regiões do corpo dos bovinos tanto para ninfas (Tabela 5) como para adultos (Tabela 6), mostra que as diferen-ças constatadas entre as médias de carrapatos nesses dois está-dios, encontrados fixados nas diferentes áreas do corpo dos ani-mais, podem ser justificadas pelo simples efeito do acaso. Is-so significa que, com base no nível de probabilidade de 5% pa-ra o erro da decisão, não foi detectado qualquer efeito espe-cial nessas áreas fazendo aumentar ou diminuir a infestação tan-to por ninfas como por adultan-tos.

Entretanto, analisando-se a variação das médias tanto de ninfas como de adultos por essas seis regiões (Tabela 7) cons-tata-se que a ordem das regiões quanto à intensidade de infesta-ção por ninfas é exatamente a mesma constatada para adultos. As-sim, a área mais infestada foi a do peito, axila e esterno; em seguida, a área do pescoço e pata dianteira; em terceiro lugar, a área do períneo, face interna da coxa e úbere ou escroto; em quarto lugar, a área do flanco e costado; em quinto lugar a á-rea do ventre e pata trazeira e em último lugar, a áá-rea da

(74)

ca-beça, tanto para ninfas como para adultos. Essa perfeita re-petição da ordem das regiões em termos de intensidade de in-festação mostra que algum fenômeno além do próprio acaso, deve estar influindo sobre a distribuição dos carrapatos nas diferen-tes áreas do corpo dos animais para fixação. Assim sendo, a despeito da não significância do teste F relativo ao efeito entre regiões tanto para ninfas (Tabela 5) como para adultos (Tabe-la 6), pode-se admitir a possibilidade de existir alguma pferência dos carrapatos para se fixarem em determinadas re-giões. Os dados da Tabela 7 mostram pelo menos, que tanto nin-fas como adultos se fixaram bem mais frequentemente na região do peito, axila e esterno do que na cabeça. Essa possível de-monstração de preferência dos carrapatos para se fixarem mais frequentemente em certas regiões do que em outras, é uma con-clusão que concorda com GALUZO (1943) sobre a existência de fatores físicos no corpo do hospedeiro influenciando a fixa-ção, alimentação e até reprodução dos carrapatos.

Estudos cuidadosos a respeito da distribuição de car-rapatos nos estádios de larvas, ninfas e adultos em ambos os sexos em cada área do corpo do hospedeiro foram realizados por BARNARD e cols. (1982) com a preocupação de encontrar justifi-cativas para explicar as mais altas infestações em certas áreas do que em outras. Nesse sentido foi lembrado que as partes do corpo do animal mais infestadas por larvas eram exatamente aque-las com mais intimo contacto com a pastagem, quais sejam, ca-beça e regiões inferiores do corpo. Porém para ninfas e

(75)

adul-tos não foi notada nítida preferência para fixação em quais-quer áreas do corpo dos bovinos. Para a espécie A. america-num a área mais infestada por ninfas mostrou ser a cabeça e a

menos infestada, a região do peito, axilas e esterno, resul-tados estes exatamente contrários àqueles aqui obtidos para A. cajennense, mas para as demais áreas, a ordem de frequên-cias de carrapatos fixados foi a mesma aqui assinalada na Ta-bela 7. Para os adultos a ordem das áreas não correspondeu àquela observada para as ninfas e também divergiu bastante da-quela aqui mostrada na Tabela 7. A mesma divergência ocorreu na comparação dos resultados aqui obtidos para A. cajennense e os publicados por MAC LEOC e cols. (1977) estudando a dis-tribuição de A. variegatum sobre áreas do corpo de Bovinos. BAKER & DUCASSE (1967) estudando coletas semanais de A. he-braeum em bovinos verificaram que a área de preferência para fixação era constituída pela região da base da cauda, úbere, axilas e regiões pós umbilical e inguinal, o que mostra nova-mente divergência com os resultados aqui expostos para A. ca-jennense. Em equinos, muares e asininos, FALCE (1982) obser-vou que A. cajennense tende a se fixar mais frequentemente nas axilas, região inguinal, peito, pescoço e em menor número, na garganta e face interna das orelhas. Essa variação constata-da por esses autores quanto a preferência constata-das áreas para fi-xação dos carrapatos de diversas espécies e em diferentes hos-pedeiros, mostra que o fenômeno é provavelmente dependente tanto das características específicas do carrapato, como do

(76)

a-nimal parasitado, como das pastagens e possivelmente das in-terações entre tais efeitos. O fenômeno é portanto bastan-te complexo e, por esse motivo, novos trabalhos de pesquisa devem ser desenvolvidos para se encontrar a causa dessa pos-sível preferência para fixação dos carrapatos em certas áreas, já que, localizada a causa, a aplicação dos carrapaticidas poderá ser melhor orientada em cada situação, para se tornar mais eficiente.

A não significância constatada pelo teste F relati-vo ao efeito da aplicação de banho carrapaticida, tanto para ninfas (Tabela 5) como para adultos (Tabela 6) mostra que a diferença constatada entre as médias de carrapatos nesses dois estádios do grupo 1 de animais (com aplicação de carrapatici-da) e do grupo 2 (sem aplicação de carrapaticicarrapatici-da) pode ser justificada pelo simples efeito do acaso. Isso mostra que, considerando-se a superfície do corpo de bovinos como um to-do, a estratégia de banho carrapaticida usado no combate ao

Boophilus microplus não afetou a infestação pelo A.

cajenne-se, tanto para ninfas como para adultos. Entretanto,

con-siderando-se a significância para a interação Região x Banho carrapaticida, constatada tanto para ninfas (Tabela 5) como para adultos (Tabela 6), já se deverá admitir a existência de importante efeito do banho carrapaticida na modificação da intensidade de infestação tanto por ninfas como por adultos, em cada uma das diferentes regiões do corpo dos bovinos. Es-sa conclusão se tornou evidente ao exame da Figura 2 (A e B).

Referências

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