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RESUMO. de outras enterobacteriáceas com.o S. mang6 i 1,27. Em face à resistência ao tratamento da SSP com o cloranfenicol e com outros añtibióticos

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Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 2?(1) :33-39, janeiro-fevereiro, J985

EFICÁCIA TERAPÊUT¡CA DA OXAMNIQUINE ORAL NO TRATAMENTO DA SALMONELOSE SEPTICÊMICA PROTONGADA (r)

José Roberto LAIIIBERTUQCT, Roberto Pedercini MÁRrNHo, Maria das Dores FERREIRA (z), Jayme NEVES e Ênio Roberto pietra PEDROSO

RESUMO

Trinta

e

cinco pacientes com salmonelose septicêmica prolongada (SSp)

fo-ram selecionados para

o

estudo. Vinte (Grupo 1), foram tratados com

a

oxam-niquine oral (15-20mg/kg de peso, dose única) e 15 (Grupo 2) com o cloranfenicol (50mg/kg de peso/15-20 dias). Realizaram-se exames clínico, laboratorial

e

radio-Iógico antes e após o tratamento. Oito pacientes do Gr,upo

I

(40%) exibiram uma

ou mais queixas após o tratamento. Exceção feita a um paciente que apresentou

crise convulsiva, uma hora após

a

ingestão do medicamento, os demais efeitos colaterais foram de pouca importância. Náo se observou efeito tóxico da oxam-niquine

à

luz

dos exames complementares realizados após

o

tratamento.' Os pacientes do Grupo 2, nã"o apresentararn qualquer manifestaçáo que pudesse ser imputada ao cloranfenicol. No Grupo L, 90Vo dos pacientes foram considerad.os curados

e

no Grupo 2, 93% também

o

foram. Os .Autores concluem pela boa eficácia e baixa toxicidade da oxamniouine no tratamento da SSP.

cDU 616.981.49

A

Salmonelose Septicêmica prolongada (SSP) caracteriza-se por quadro de septicemia salmonelósica de longa duraçáo,

à

qual se

as-socia, invariavelmerlte,:

a

infecçáo esquistosso-mótica le. Esta curiosa patologia, que se carac-teriza pela associaçáo Salmonella

-

S.

manso-ni,

vem sendo descrita no Brasil

a partir

de 1958 2s,26. Descrições semelhantes foram feitas

no Egito, implicando

o

S. haematoþi¡62'ø, u na China, o S. japonicum:+.

Sabe-se hoje, que pelo menos 23 espécies distintas de salmonelas foram

responsabiliza-das pelo quadro septicémico i0, havendo

justi-ficadas razões quanto à possibilidade de qual-quer espécie de Salmonella poder produzir con-figuração clínica semelhante. Relatos esporá-dicos também foram feitos sobre a associação

INTRODUÇÃO

de

outras enterobacteriáceas

com.o

S. man-g6¡i 1,27.

Em

face

à

resistência

ao

tratamento da SSP com o cloranfenicol e com outros añtibió-ticos

e

quimioterápicos 20, justifica-se

a

tenta-tiva de buscar novas opções terapêuticas: A

possibilidade

de

colonização dos esquistosso. mos por salmonelas

foi

confirmada em

experi-mentação animal

por

OTTENS

&

DICKER-SON22,

o

que reforça

a

expectativa de que o tratámento

da

esquistossomose seja

suficien-te parà propiciar a cura da septicemia. O

niri-dàzol já'

foi

demonstrado, em trabalho do nos-so grupo 2r, ser droga eficaz no tratamento da SSP. Este medicamento mostrou atividade an-ti-Salrnonella

in

vitro t+, sendo também ativo contra

o

S. mansoni, mas em virtude de sua

Núcleo de Estudos sobre a Esquistossomose (Contribuição n." 28). Fâ.culdade de Medicina da UFMG

Este trabalho foi parciålmente financiado pela Pró-Reitotia de Pesquisa da I'FMG. Endereço para correspondéncia: De. partamento de Clínica Médica, Avenida Alfredo BâIena, 190

- 30.000 Belo Horizonte - MG, Brasil Instituto de Ciências Biológicas (UFMG)

- Prof. Adjunto do Departamento de Microbiologia

33 (2',

(2)

LAMBERTUCCI, J. R.; MAI,INHO, R. P.; FERREIR^.{, M. das D.; NEVES, J. & PEDROSO, E. R. P.

- Eficácla tera.

pêutica da oxamniquine oÌal no tratarnento da salmonelose septicêmica prolonga.da. Rev, Inst. Med. úrop. São Paulo 2?: 33-39. 1985.

potencialidade tóxica, trata-se

de

droga não mais disponível no

Brasil

O número de pa-cientes tratados com

o

hycanthone

é

relativa-mente pequeno 12'13, mas estes ensaios se

re-vestiram de importância na medida em que de-monstraram ser

o

tratamento da esquistosso-mose suficiente para curar

a

septicemia sal-monelósica. Os estudos que utilizavam

o

hy-canthone no tratamento da SSP, entretanto,

fo-ram interrompidos em virtude de seu

poten-cial hépato-tóxico ls.

A oxamniquine, novo esquistossomicida que vem demonstrando

no

Brasil, boa eficácia e

baixa toxicidade no tratamento da esquistosso-mose mansoni 10, mesmo nas formas graves 3,u,

tornou-se, assim, uma promessa para

o

trata-mento da SSP.

Neste trabalho avaliamos, em estudo

pros-pectivo,

a

eficácia

e a

toxicidade da

oxamni-quine (15-20m9/kC

de

peso, dose rÍnica), no

tratamento de 20 pacientes com SSP, utilizan-do como grupo controle 15 pacientes tratados

com

o

cloranfenicol (50mg7kg

de

peso/15-20 dias).

MATERIAL

E

MÉT1ODOS Seleçâo e Identificação dos pacientes

Selecionaram-se para

o

estudo os pacien-tes internados com SSP, a partir de 1975, nos

Hospitais Carlos Chagas, Servidores do

Esta-do de Minas Gerais e Hospital das Clínicas da UFMG. Conceituava-se

o

diagnóstico

de

SSP quando

se

preenchiam

os

seguintes requisi-tos 18:

1.

Febre por perÍodo de três ou mais

se-manas de duraçáo;

2.

Isolamento de Salmonella sp em pelo

menos duas hemoculturas realizadas

em momentos diferentes;

3.

Identificação

de

ovos viáveis

de

S. m¿nsoni em exarnes parasitológicos de fezes 8.

No perÍodo de 1975 a L982,35 pacientes en-quadráveis nestas caracterÍsticas foram distri-buídos em dois grupos: Grupo L

-

20 pacien-tes, na faixa etária de 8-26 anos (média: 15,2), foram tratados com

a

oxamniquine (15-20mg/ kg de peso, dose única, via oral); Grupo 2

-J.5 pacÍentes, na faixa etária de 5-28 anos

(mé-dia: 17,5), foram tratados com

o

cloranfenicol (5Omg/kg de peso,/15-20 d.ias) (Tabela

I).

Os pacientes que integraram o Grupo 2, assim fo-ra.m catalogados em virtude das seguintes si. tuações:

a)

por

se recusarem, após

o

diagnóstico,

submeter ao tratamento com

a

droga

experimental (oxamniquine), às vezes, a conselho do médico assistente (11 ca-sos);

b)

em casos de maior gravidade, em que

o

uso

da

droga experimental poderia representar grande risco;

c)

em casos de resistência ao tratamento com a oxamniquine (2 casos).

A maioria dos pacientes do Grupo 2, após

o

término do tratamento com

o

cloranfenicol recebeu tratamento da esquistossomose manso-TABELå, I

Calacterfstica.s gerais (número de pacientes, sexo, idade, dose da oxamniquine e do clotanfenicol, dura{ão d9, febre à internação e agente etiológico) dos pacientes dos Grupos L e z

Grupos N.o de rdade sexo(*) Dura4ão da febre Agente etiológico

pacientes (anos) à internação (n.o de casos)

(meses) (oxariniquine) (15-20 mg/ks) (cloranfenicol) (50 mg/kg/15-20 dias) (.) M - masculino - F = feminino 34 8-26 (média: 15,2) 5-28 (media 17,5) 15M 6F 11M 4F l-D (médiâ: 2,9) t-o (média: 3,8) Satnonella sp (19) S. fyphi (1) Salmonella sp (9) S. typhi (2) S. dublin (2) S. tyl,himudum (2)

(3)

LAMBER'TUCCI, J, R.; MAR,INHO, R,. P.; FER,REIRA, M. das D.; NEVES, J. & PEDR,oso, E. R,. P. - Eficácia tera¡ pêutica da oxa.rnniquine olal no trata.mento da salmonelose septicêmic€, prolongada. Rev, Insú. Med. úrop. São paulo Z?:

33.39, 1985.

ni

com a oxamniquine, na mesrna dosagem

es-tabelecida para o Grupo

l.

Exame clÍnico e subsídios complementares Os pacientes dos Grupos 1 e 2

submeteram-se

a

exame clÍnico cornpleto antes

do

trata-mento.

Após a ingestão do medicamento,

fo-ram acompanhados sob regime de internaçáo

hospitalar por período de pelo menos 15 dias, e re-examinados no anoloulatório 30 dias depois.

Os efeitos colaterais

à

droga foram investiga.

dos através

do

registro espontâneo das

quei-xas.

Procederam-se aos seguintes exames la-boratoriais na maioria dos pacientes dos

Gru-pos1e2:

a)

hemograma, hemossedimentaçáo,

roti-na de

urina,

transaminases (TC.O, TGP), bilirrubinas, uréia, creatinina, te-Ieradiografia de

tórax.

Estes exames eram realizados antes e 30 dias após o tratamento, ou em qualquer outro

mo-mento, dependendo da indicaçáo clíni-ca;

b)

urocultura

e

coprocultura eram reali-zadas, antes do tratamento, 30 dias de-pois e, se positivas, eram rqtetidas seis meses após o tratamento.

Controle de cura

Foram considerados curados da SSP os pa-cientes que náo apresentaram febre após o tra-tamento e que registraram pelo menos duas he-moculturas negativas, realizadas de

um

a

15

dias após o término do tratamento. Outro

cri-tério considerado

foi a

presença ou ausência de melhora subjetiva (aumento do apetite,

me-thor

disposição física, melhora da astenia) e objetiva (aumento de peso, regressáo

da

he-patesplenomegalia e normalaaçáo ou tendência

a

normalização dos exames cornplementares). Foram considerados curados da esquistossomo-se mansoni os pacientes que tiveram pelo

me-nos três exames de fezes negativos após B0

dias do tratamento. Em 12 pacientes também

foi

efetuada

a

biópsia retal pelo método de TUNHA

&

CARVALHOa,

no

80." dia

do

pós-tratamento.

Recidiva

Define-se recidiva quando após

o

trata-mento benr sucedido

o

paciente volte

a

a/pre-sentar febre, isolando-se novamente

Salmonel-la sp na hemocultura, num período de até três meses após

o

tratamento.

Isolamento e identificação rdas salmonelas Após

o

crescimento das colônias em ágar-sangue

e

Teague fazia-se esfregaço em

lâmi-na

e

na presença de bastonetes Gram-negati-vos cinco colônias eram removidas para o ágar

TSI2.

Em caso de colônias sugestivas de Sal-monella os testes bioquímicos usuais eram rea-lizados e os organismos que a4tresentavam re-sultados característicos eram submetidos aos testes de aglutinaçáo com soros polivalentes anti-Salmonella (somático e ftagelar). As

cul-tuias eram entáo enviadas ao Instituto

Oswal-do Cruz (Rio de Janeiro) para tipagem soro-Iógica s.

Análise estatística

Utilizou-se

o

teste

Student, aceitan-do-se o nÍve1 de significância de ïVo.

RESULTADOS

Efeitos colaúerais

Dos 20 pacientes do Grupo 1, tratados com

a

oxamniquine,

oito

(40Vo) aptesentaram uma

ou mais queixas após

o

tratamento. Um pa-ciente (íVo) apresentou crise convulsiva uma

hora após a ingestáo do medicamento; em seu histórico não havia registro anterior de

corr-vulsão. As outras queixas incluiram: tontura

e sonolência em três casos (L\Va), no primeiro

dia

pós-tratamento; mal-estar indefinido em dois outros (L\Vo), poucas horas apóq

o

tra-tamento;

e

dor torácica

tipo

pleurítica

um

a quatro dias após

o

tratamento, em quatro ca-sos Q0%). Estas queixas foram transitórias e nã,o reclamaram medicaçáo sintomática.

Os pacientes do Grupo 2, não apresentaram

qualquer queixa que pudesse ser imputada ao cloranfenicol.

Os pacientes dos Grupos 1 e 2 que se

cura-ram, âpresentaram melhora subjetiva 24

a

48

(4)

LAMBERTUCCI, J. R.; M.{RINHO, R. P.; FERREIRA, M. das D.; NEVES, J. & PEDROSO; E' R. P. - EfiÒá.cie':teru-pêutica da oxamniquine oral no tratamento da salmonelose septicêmica prolongada. Rev. Inst. Med, trop, São Paulo 2T:

33-39, 1985.

horas após

o

tratamento, mesmo quando se mantinham febris por alguns

dias.

A duraçáo da febre, após o tratamento no Grupo 1, variou de 2

a

15 dias (média: 6 5) e no Grupo 2, de 1 a 6 dias (média: 3,0). Esta diferença de du-ração da febre nos dois Grupos

foi

estatistioa-mente significativa ao nível de íVo.

Exames complementares

Urocultura

e

coprocultura:

a

urocultura, realizada em 20 pacientes do Grupo 1, foi posi-tiva em quatro (20%) para Salmonella sp e se

negativou em todos os casos no controle de 30 clias. A coprocultura foi posifiva para

Salmonel-la sp em L0 casos G0%), antes do tratamento e no 30." dia persistiu positiva em três casos. Destes, dois fizeram controle seis meses após

o

tratamento, resultando negativa

a

coprocul-tura.

Três pacientes Q0%

)

do Grupo 2,

live-ram urocultura positiva antes do tratamento, que se negativou no 30." dia do pós-tratamento. Cinco (33%) tiveram coprocultura positiva an-tes do tratamento e dois mantiveram

coprocul-tura

positiva 30 dias depois. Estes pacientes não cornpareceràm a novo controle.

Um paciente do Grupo 1 e dois do, Grupo 2 tiveram urocultura positiva para E. coli (mais

de

100.000 colônias"/ml)

,

40

a

60 dias após o tratamento.

Radiografia

de

tórax:

dois pacientes do Grupo

I

(L0%) apresentaram, entre

o

3.' e 8." dias pós-tratamento, imagem

de

condensaçáo þulmonar na base do pulmáo

E,

gue desapa-receu no controle radiológico de 30

dias.

Ne-nhurr¡a alteração radiológica

foi

anotada no Grupo 2, após o tratamento.

Outros exames: os valores para

hemoglo-bina, hemossedimentaçáo, leucócitos, eosinófi. los, TGO, TGP, bilirrubinas, uréia e creatinina, antes e 30 dias após o tratamento para os Gru-pos 1 e 2, encontram-se resumidos na Tabela

IL

Foi possível observar aumento no número de

eosinófilos, 30 dias após o tratamento nos

Gru-pos1e2.

Eficácia terapêutica

.

Dos vinte pacientes do Grupo 1, apenas dois (L0%) nâo se curaram após o tratatnento com a oxamniquine, mantendo-se com febre e hemo-culturas positivas. Estes dois pacientes

tam-bém náo se curaram da esquistossornose. Náo

houve recidiva nos pacientes tratados corn a

oxamniquine.

T.A,BEL¡, II

Algr¡ns exames complementares realizados antes e no 30.o dia p,ós-trata.mento nos pa.cientes dos Grupos 1 e 2. Valotes mínimos, máximos, média aritmética e significância estatÍstica

Exarires complementares Hemoglobina (g/di) ÉIemossedimentaçáo mm. (60 minutos) Leucócitos totais (n.o/mms) EosinófiIos (¡."/mm3) scor (urll) AGPT (UI/I) Bilirrubina direta (mg/dl) Uréia (mg/dl) Creatinina (mg/dl) Antes do tratamento 5,8-12,0 (8,1 ) 65-135 (112) 3000-13100 (?684) 0-1800 (303) 6-120 (54,8) 6-L',t5 (37,5) 0,10-2,6 (0,62) 15-149 (33,8) 0,6-3,8 (1,11) Grupo 1 30.o dia pós-tratamento 1,6-t2,9 ( 10,8) 2o-120 (109) 4200-12100 (7880) ?5-1890 (69,S) 10-?8 (34,9 ) 6-?0 (26,6) 0,28-0,96 (0,20) 16-3? (23,5) 0,6-1,2 (0,94) ( ):l média aritmética J() Significância estatística p < o,ol p > o,o5 p

)

o,o5 p < o,o5 p

(

0,05 p > 0,05 p

(

0,05 p > o,o5 p > 0,05 Antes do tratamento 4 t-1î ¿ (?,'5) óÐ-r+Ð ( 103) 3700-11000 tc4cc, 0-800 (93) 5-2't5 (48,6) 6-140 (25,2' 0,r0-4,2 (0,97) L8-',l4 (35) 0,5-1,4 (0,92) Grupo 2 30.. dia pós- significancia tratamento estatísiica 7,4-12,5 (s,8) 66-119 (80) 5900-10000 (5530) 66.1200 (355) ?.136 (24,t) 5.30 ( 13,6) 0,12-0,89 (0,29) 16-31 (2ô,3) 0,8-1,3 (0,69) p < 0,01 p > o,o5 p > o,o5 p < o,ol p > o,o5 p > o,o5 p > 0,05 p > 0,05 p > 0,05

(5)

LAMBER'TUoCI, J. R,.; MAr,rNHo, R. p.; FERRETRA, M. das D.; NEVES, J. & pEDRoso, E. R. p. _ Eficácia te¡a. pêutica da oxamniquine oral no tratamento da salmonelose septicêmica prolongada. Rev. Inst. M€d. trop. São paulo z?: 33-39, 1985.

Dos 15 pacientes tratados com

o

clora,nfe-nicol, apenas um não se curou, vindo a falecer

quatro dias após

o

início da terapêutica

anti-biótica.

Este

paciente, desde

a

internaçáo, apresentava quadro de insuficiência cardíaca e

síndrome de baixo débito, tendo mostrado dis-creta melhora após

o

início do cloranfenico ,

mas morreu subitamente no

4:

dia de

trata-mento.

A autópsia revelou presença de

gran-de

êmbolo pulmonar recente, provavelmente sendo esta

a

causa do

óbito.

Assim, dos 15

pacientes üratados, L4 (93%) foram conside-rados cuconside-rados. Cinco pacientes não foram tra-tados da esquistossomose concorÍente após a cura da SSP. Destes, dois (40Vo) recidivaram em um prazo de três meses após a alta, Foram retratados com

o

cloranfenicol com boa res-posta e,

a

seguir, receberam

o

esquistossomi-cida.

DISCUSSÃO

Os efeitos colaterais, anotados neste

traba-lho após o tratamento com a oxamniquine,

fo-ram semelhantes aos relatados, com a mesma droga, no tratamento da esquistossomose man-soni 10. O relato de crise convulsiva, pouco tem-po após o tratamento, tem sido anotado espo-radicamente com

o

uso deste medicamentoe.

Seria desejável, o estudo de maior número de pacientes com SSP, tratados com

a

oxamni-quine para que se possa estabelecer a real fre-qüência deste efeito colateral. Quatro pacien-tes queixaram-se de dor torácica, tipo pleuúti-ca, pouco tempo após

o

tratamento, observan-do-se em dois deles alterações radiológicas. Es-tas alterações foram interpretadas como devi-das à pneumonia por verme morto, fenômeno

descrito com o uso de vários esquistossomi-cidas 10.

Não se observou, neste ensaio, efeito tóxi-coì de importância da oxamniquine quando se

analisaram os exames cornp ementares

realiza-dos após o tratamento. Nossos dados também demonstram negativaçáo d,a coprocultura e

uro-cultura para SalmoneUa, em decorrência, uni-camente, do tratamento específico da esquistos-somose mansoni.

E

interessante observar que

em

três

pacientes, ocorreu infecçáo urinária por outra enterobactéria (E. coli), 40 a 60 dias após o tratamento bern sucedido. Não sabemos se o fato se deveu ao acaso, ou se estes

pacien-tes tratados e curados podem ainda, durante ai-gum tempo, permanecer suscetíveis a infecções

por bactérias Gram-negativas.

A

oxamniquine, em estudos

in

vitro, não apresentou efeito direto sobre

a

Salmonella e sua eficácia no tratamento da SSp, parece ser secundária a sua ação sobre o S. mansoni 1. A

maior duraçáo da febre após o tratamento nos pacientes tratados com a oxamniquine também sugere predominância de efeito indireto da dro. ga sobre a Salmonella.

Os achados iniciais de OTTENS & DICKER-SON 22,2j, confirrnados

por

outros Autores,

d.e-monstraram a infecçáo do Schistosoma por Sal-monella, justificando,

asim,

a

cura indireta

d.a SSP, pela destruiçáo do

helminto.

Outra observação interessante

de

OTTENS

,&

DI-CKERSON23 foi a morte de alguns vermes pro-vocada pela infecção por Salmonela, sendo es-te efeito maior com outras bactérias Gram-ne-gativas. Este fato ievaria a pensar numa maior eficácia dos esquistossomicidas em pacientes

com

a

associaçã,o Salmonella

-

S. mansoni"

Nossos dados parecem confirmar esta suposi-çáo, já" que

a

eficácia da oxamniquine obser-vada

no

trabamento

da

SSP, neste trabalho Q0%), é superior à obtida com a mesma

dro-ga no tratamento da esquistossomose isolada-mente considerada lo.

A recidiva observada em dois pacientes do

Grupo 2, que não fizeram o tratarnento da

es-quistossomose, reforça a necess;idade de se pro-ceder

ao

tratamento precoce

da

helmintÍase, quando os pacientes são tratados com antibióti-cos. Observações semelhantes foram feitas no Egito 0, pla,rà a associação Salmonella.S. haema-tobium, em que

o

traúamento da infecçáo uri-nária só se tornava eficaø após

a

cura da

es-quistossomose hematóbica.

Ern resumo, nossos dados confirmam a boa eficácia aliada aos poucos efeitos colaterais da oxamniquine no trata,mento da

SSF.

Nos pa-cientes com a associação Salmonella-S.

manso-ui,

o

cllnico pode ter neste medicamento uma boa opçáo terapêutica.

SUMMARY

Therapeuúic efficacy of oral oxamniquine in the treatmenú

of

prolonged septicemic

salmonellosis

(6)

LAMBERTUCCI, J. R.; MARINHO, R. P.; FERREIR^A, M. das D.; NEVES, J. & PEDROSO, E. R. P. - Eficácia tera-pêutica da oxarnniquine oral no tratamento da salmonelose septicêmica prolongada. Rev. Insú, Meil. trop. São Paulo 2?: 33-39. 1985.

Thirty-five patients \¡/ith Prolonged Septi-cemic Salmonellosis were selected for this trial. Twenty patients (Group 1) were treated with a single oral dose of oxarnniquine (15 2Ûmglhg

bo{y

weight) and 15 (Group

2)

were treated with cloramphenicol (50mg/kg bo{y'weight, for 15-20 days). Clinical, laboratory and

radiologi-cal examinations were performed before and

after treatment. Eight Group 1 patients (40% )

presented one

or

more complaints after

treat-ment.

With the exception

of

one patient with seizures, one hour

after

taking oxamniquine,

the others symptoms were unimportant. No

toxic effects of oxamniquine were observed on

Iaboratorial tests done after treatment. Group 2 patients

did

not present complaints related

to

cloramphenicol.

In

Group L, 90Vo

of

the patients were cured, and

in

Group 2,93Vo also

were considered as

cured.

The Authors con-clude that oral oxa.mniquine

in

the prescribed dosage has low toxicíty and good therapeutic efficacy,

in

patients with Pro onged Septicemic SalmoneÍlosis.

AGRADECIMENT1OS

Agradecemos

ao

Prof. Ernesto Hofer, do

Instituto Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro), pela realizaçáo da tipagem sorológica das

salmone-la,s.

BEFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Recebido para publicação em 2l/4/t994.

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