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PROCESSO DE INCUBAÇÃO: UMA INICIATIVA MULTIDISCIPLINAR NA REDE UNITRABALHO

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Academic year: 2021

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29o Seminário de Extensão Universitária da Região Sul

PROCESSO DE INCUBAÇÃO: UMA INICIATIVA MULTIDISCIPLINAR NA REDE UNITRABALHO

Área temática: Trabalho

Prof.ª Dr.ª Maria Nezilda Culti (coordenadora da Ação de Extensão) Prof.ª Dr.ª Maria Nezilda Culti1, Leandro Torino da Silva2, Ana Paula Amorim de Oliveira3, Camila das Neves Balan4, Diego Rafel Betiato5, Fernando Favaro Francisconi6, Guilherme Leonel Singh7, Ivan Melo Cavani Calleff7, Julia Donini Aredes Pereira7, Juliana Jacobowiski Martins7, Lucas Vinicius Amorim7, Maíra Tolotto Moreira4, Pedro Henrique Bruno Martins8, Tatiane de Almeida Freitas9, Vitor Mendonça Rando6. Palavras-chave:Economia solidária, cooperativismo, incubadoras,transdisciplinaridade.

Resumo

Ante ao contexto de exclusão no mundo do trabalho, fez-se mister a reestruturação da Economia Solidária visando o resgate da cidadania e da dignidade dos trabalhadores excluídos. Diante de suas dificuldades de efetivação é que surgiram as Incubadoras de Empreendimentos Econômicos Solidários e é justamente nesse interim que se encontram os esforços do Núcleo Incubadora/Unitrabalho – UEM, que por meio de seus projetos de incubação, visam a sustentabilidade das cooperativas, pautando-se na transdisciplinaridade e nos ideais de equidade.

Introdução

Ante ao contexto de exclusão no mundo do trabalho, surge dentro das camadas populares um movimento de resistência que busca resgatar a cidadania e a dignidade

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Doutora em Educação pela FEUSP, docente do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá. Email: nezilda@terra.com.br

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Tecnólogo do Meio Ambiente, Técnico da Unitrabalho/UEM.

3

Graduando em Ciências Contábeis, Universidade Estadual de Maringá.

4

Graduando em Psicologia, Universidade Estadual de Maringá.

5

Graduando em Letras, Universidade Estadual de Maringá.

6

Graduando em Direito, Universidade Estadual de Maringá.

7

Graduando em Ciências Econômicas, Universidade Estadual de Maringá.

8

Graduando em Geografia, Universidade Estadual de Maringá.

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dos trabalhadores excluídos, com possibilidade de geração de renda por meio dos empreendimentos solidários.

Paul Singer (2004) assevera pontualmente sobre o assunto ao aferir que a “resposta mais freqüente à crise do trabalho, por parte das pessoas atingidas, tem sido a formação de cooperativas de trabalho, para, mediante ajuda mútua, gerar trabalho e renda para cada membro”.

Essa nova forma de organização popular baseada na autogestão e na solidariedade defende um modelo de economia contrário ao modelo capitalista, caracterizado pela concentração ou apropriação da renda, exploração dos trabalhadores, onde predominam as relações de emprego.

Trata-se da Economia Solidária, um modelo alternativo, uma rede de iniciativas no campo popular que emerge como resposta à grave crise social e que se propõe a adotar a equidade e a solidariedade como princípios norteadores das relações econômicas; sendo, nesse diapasão, que em junho de 2003 o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei que criou no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes).

Para Schmidt (2009), a economia solidária resgata as lutas históricas dos trabalhadores que tiveram origem no início do século XIX, sob a forma de cooperativismo, como uma das formas de resistência contra o avanço avassalador do capitalismo industrial. No Brasil, ela ressurge no final do século XX como resposta dos trabalhadores às novas formas de exclusão e exploração no mundo do trabalho.

Deve-se compreender por economia solidária, nesse sentido, o conjunto de atividades econômicas de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito, organizadas sob a forma de autogestão. De tal norte, ressalta-seque a Economia Solidária possui características fundamentais como:

a) Cooperação: existência de interesses e objetivos comuns, a união dos esforços e capacidades, a propriedade coletiva de bens, a partilha dos resultados e a responsabilidade solidária.

b) Autogestão: os participantes das organizações exercitam as práticas participativas de autogestão dos processos de trabalho, das definições estratégicas e cotidianas dos empreendimentos, da direção e coordenação das ações nos seus diversos graus e interesses, etc. Os apoios externos, de assistência técnica e gerencial, de capacitação e assessoria, não devem substituir nem impedir o protagonismo dos verdadeiros sujeitos da ação.

c) Dimensão Econômica: é uma das bases de motivação da agregação de esforços e recursos pessoais e de outras organizações para produção, beneficiamento, crédito, comercialização e consumo. Envolve o conjunto de elementos de viabilidade econômica, permeados por critérios de eficácia e efetividade, ao lado dos aspectos culturais, ambientais e sociais.

d) Solidariedade: O caráter de solidariedade nos empreendimentos é expresso em diferentes dimensões: na justa distribuição dos resultados alcançados; nas oportunidades que levam ao desenvolvimento de capacidades e da melhoria das condições de vida dos participantes; no compromisso com um meio ambiente saudável; nas relações que se estabelecem com a comunidade local; na participação ativa nos processos de desenvolvimento sustentável de base territorial, regional e nacional; nas relações com os outros movimentos sociais e populares de caráter emancipatório; na

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preocupação com o bem estar dos trabalhadores e consumidores; e no respeito aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

Considerando essas características, a Economia Solidária aponta para uma nova lógica de desenvolvimento sustentável com geração de trabalho e distribuição de renda, mediante um crescimento econômico com proteção dos ecossistemas. Seus resultados econômicos, políticos e culturais são compartilhados pelos participantes, sem distinção de gênero, idade e raça. Implica na reversão da lógica capitalista ao se opor à exploração do trabalho e dos recursos naturais, considerando o ser humano na sua integralidade como sujeito e finalidade da atividade econômica.

Segundo dados do sítio do Ministério do Trabalho e Emprego, as Incubadoras de Empreendimentos Econômicos Solidários destinam-se a apoiar e assessorar novos empreendimentos ou fortalecer empreendimentos já criados, oferecendo qualificação e assistência técnica durante o período de incubação.

As incubadoras perfazem notória relevância na incubação de empreendimentos, redes e outras modalidades de articulação, na formação de futuros profissionais do campo da economia solidária e no desenvolvimento do conhecimento e no apoio às ações governamentais e movimentos sociais.

Ainda segundo informações do sítio do Ministério do Trabalho e Emprego, a contribuição das incubadoras combina apoio direto, produção de conhecimentos, formação de quadros e construção de projetos e políticas, sendo notória a ação das incubadoras universitária no fomento e viabilização de iniciativas econômicas associativas, que possibilitam a reinserção social de populações de baixa renda e aos trabalhadores, tanto jovens quanto adultos, submetidos ao desemprego e à informalidade.

É nessa linha de raciocínio em que se encontram concentrados os esforços dos programas de incubação, pois os membros engajados em tal movimento passam a participar ativamente da realidade cotidiana de empreendimentos econômicos solidários, dispondo, para tanto, de seus conhecimentos teóricos oferecidos curricularmente, bem como exercitando a práxis das ciências vinculadas ao projeto. Nesse ínterim, tal projeto baseia-se no seu caráter transdisciplinar; englobando a Formação de recursos Humanos, Cooperativismo, Associativismo e Autogestão, desenvolvidos pelos acadêmicos dos cursos de Ciências Contábeis, Direito, Economia, Engenharia de Produção, Geografia, Letras, Psicologia, Agronomia, Zootecnia, Enfermagem, entre outros; bem como dos professores e técnicos que fazem parte do Núcleo Incubadora/Unitrabalho – UEM.

A transdisciplinaridade é traço determinante para o sucesso de tal grupo, pois as atividades desenvolvidas por seus membros se fundem em uma síntese dialética que leva a um fim uno, tornando-se impossível a aferição dos limites dos trabalhos realizados nas particularidades de campo de atuação de seus membros. Este é um dos resultados importantes do processo, pois o conhecimento acadêmico é por natureza fracionado e neste processo é possível um exercício prático de integração, ao mesmo tempo que permite uma visão de totalidade. Por outro lado, a prática dos trabalhadores também é um conhecimento em grande medida desconhecido dos meios acadêmicos, que no processo de incubação passa a ser integrado, ao mesmo tempo que recebem outro que pouco ou nada conheciam.

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Metodologia

Dentro do contexto supracitado em que se insere e atua o Núcleo/Incubadora Unitrabalho – UEM, irá se destacar aqui as principais vias de extensão e seus respectivos métodos, no que tange o processo de incubação. O grupo que atua na incubadora composto por professores, pesquisadores, técnicos e acadêmicos o faz de maneira sinérgica, alternando a participação individual nos diversos meios de atuação realizados pela incubadora.

É importante salientar que todo o processo de incubação realizado pela equipe da Unitrabalho/UEM não se desvia nunca do foco principal, implícito no conceito de incubação, que é a autogestão, e no fomento de autonomia das comunidades atendidas e não tutela, onde é estimulada a formação de identidade de grupo e democracia interna. Trata-se de um processo dialógico que requer paciência e criatividade em abundância, de ambas as partes (orientador e orientado), e extremo zelo por parte dos orientadores para não se perderem no espontaneísmo desobjetivado. Qualquer abordagem que trilhe o caminho da imposição não terá êxito e isso se aplica em especial ao processo de incubação, pois é em sua natureza eminentemente coletiva. Dentre os principais meios de trabalho utilizados pela equipe que compõe o Núcleo/Incubadora Unitrabalho - UEM incubadora podemos citar: a) iniciação cientifica e pesquisa: produção e pesquisa científica realizada por parte dos acadêmicos que conta com suporte dos professores e técnicos envolvidos, voltados principalmente para formalização e formatação científica dos resultados obtidos mediante o processo de incubação; b) projetos de extensão: voltados a atender as demandas das comunidades assistidas pela incubadora; c) grupos de estudo: realizados pelos acadêmicos com suporte do restante da equipe e com foco principal de aprofundar conhecimentos no território da economia solidária voltando à luz dos trabalhos principalmente em ações capazes de solucionar problemas práticos com o qual a equipe se depara; e por fim d) planejamento estratégico: planejamento prático de ações realizado em conjunto por toda equipe envolvida no processo.

A metodologia pedagógica praticada é realizada dialogicamente, entre todos os membros envolvidos no processo de incubação, visando a troca de saberes técnicos e populares na prática, que nada é senão o cerne do conceito universitário de extensão; visa ainda compreender a totalidade do processo numa visão integrada. Segundo CULTI(2002) podemos ordenar metodologicamente o processo de incubação nas seguintes fases: sensibilização/conscientização, diagnóstico, parcerias, processo preparatório (cursos s/ associativismo/cooperativismo, gestão, liderança, técnicos de qualificação profissional), fundação e registro do empreendimento, assessoria/consultoria e finalmente, a autonomia do grupo com afastamento dos incubadores ou orientadores.

Destaca-se então o papel fundamental da equipe constituinte do Núcleo/Incubadora Unitrabalho - UEM. É na gama de áreas do saber que relacionam direta e continuamente com os grupos e comunidades assessoradas que se forma o amálgama capaz de objetivar as propostas à que se propõe a instituição. É no ambiente coletivo e transdisciplinar que se cria condições adequadas para a inovação e a viabilidade que a função da incubadora exige. Nessa relação de sinapse das várias áreas do conhecimento o potencial criativo é potencializado e tem condições de tomar corpo.

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O leque de habilidades que cada disciplina envolvida no trabalho por meio dos acadêmicos pode oferecer ao propósito de incubação solidária é vasto, soma-se à isso a vivencia pessoal de cada um dos envolvidos, dentro ou fora do processo de incubação.

Conclusões

O processo de incubação de Empreendimentos Econômicos Solidários visa se contrapor às mazelas do sistema capitalista por meio da formação de cooperativas, associações e empresas autogeridas, com vistas à geração de trabalho, renda e desenvolvimento sustentável.

Nessa perspectiva, o Núcleo/Incubadora Unitrabalho da Universidade Estadual de Maringá (UEM), desenvolve desde 1998 projetos de Economia Solidária, mediante incubação de cooperativas/associações de trabalhadores. Com a finalidade de beneficiar agentes econômicos, uma vez empobrecidos e excluídos do mercado de trabalho por conta do sistema econômico naturalmente excludente, busca valorizar sua capacidade de trabalho e de empreender com auxílio de docentes, técnicos e discentes para desenvolvimento de suporte técnico e social desses empreendimentos por meio de um processo educativo e dialógico que envolve várias áreas de conhecimento disponível na universidade, como Ciências Contábeis, Direito, Economia, Engenharia de Produção, Geografia, Letras, Psicologia, entre outras já citadas. Nesse processo há uma aprendizagem coletiva, tanto de quem orienta, como de quem é orientado, em função da interação do saber popular e prático, com os conhecimentos das diversas áreas interagindo entre elas e com os que estão sendo orientados na formação e gestão de seus empreendimentos associativos.

Baseado nesse trabalho coletivo e transdisciplinar de equipe foi possível concretizar com a incubação, várias cooperativas, tanto na área urbana como rural. Entre elas podemos citar algumas. No setor rural, a Cooperativa dos Agricultores Familiares do Vale do Ivaí e a Cooperativa dos Agricultores das Comunidades 300 Alqueires, Vila Rural, Água dos Martas, 1000 Alqueires e Alvorada. No setor urbano, a Cooperativa de Maringá de Seleção de Materiais Recicláveis e Prestação de Serviços, a Cooperativa do Norte de Maringá de Separadores e Separadoras de Materiais Recicláveis e Prestação de Serviços, a Cooperativa Central do Complexo de Transformação e Comercialização de Materiais Recicláveis, a Cooperativa de Processamento e Comercialização de Plásticos e Materiais Recicláveis de Sarandi e a Cooperativa de Processamento e Comercialização de Vidros e Materiais Recicláveis.

Para a comunidade acadêmica, além da experiência vivenciada de outra realidade social, os resultados são visíveis por meio das pesquisas e dos trabalhos de conclusões de cursos, seja de graduação, como de pós-graduação, como as monografias, dissertações e teses, bem como dos projetos de iniciação científica e dos trabalhos publicados e/ou apresentados em congressos, seminários, entre outros.

Referências

SCHMIDT, Carlos. Economia solidária: um caminho para o socialismo ou uma panacéia do capitalismo post-moderno in Schmidt C., Novaes Henrique. Economia Solidária e mudança social: rumo a uma sociedade para além do capital? No prelo,

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2009. In apostila do curso Economia Solidária e sua Contribuição para o Desenvolvimento Social.

SINGER, Paul. A Economia Solidária no Governo Federal (24 de agosto de 2004). Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/4927342/Economia-Solidaria-por-Paul-Singer> Acesso em 06 de junho de 2011.

Ministério do Trabalho e do Emprego. Disponível em: <http://mte.gov.br/ecosolidaria/prog_default.asp> Acesso em 06 de junho de 2011.

Referências

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