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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DOMESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DOMESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

EDUCAÇÃO EMOCIONAL: UM VIÉS NEUROCIENTÍFICO

Profa. Marta Relvas Pires

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DOMESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

EDUCAÇÃO EMOCIONAL: UM VIÉS NEUROCIENTÍFICO

OBJETIVOS:

Esta publicação atende a complementação didático-pedagógica de metodologia da pesquisa e a produção de desenvolvimento de monografia, para o curso de pós-graduação de Neurociência Pedagógica.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço à Deus por todos os acontecimentos ao longo deste árduo percurso. Aos meus pais, Ricardo e Mirta, por estarem sempre me apoiando e estimulando. À minha irmã, Beatrice, por ser o meu exemplo e fonte de inspiração e dedicação. Ao meu marido, Joel Alonso, por seu amor, dedicação e atenção, acreditando no meu potencial encorajando-me, sempre, a nunca desistir por mais que os obstáculos sejam intransponíveis.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a minha primeira Mestra, Fátima Alves, que acreditou em meus conhecimentos e proporcionou-me experiências inesquecíveis.

À Marta Pires Relvas, pelas palavras de carinho, pelos momentos de atenção e aos incentivos, em busca do conhecimento pessoal e profissional, pelas oportunidades que vem oferecendo. Os meus sinceros agradecimentos, respeito e amizade.

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RESUMO

Partindo de artigos selecionados de alguns autores envolvidos nos estudos que envolvem as emoções e o sistema límbico, assim como pesquisadores e neurocientistas voltados à esta perspectiva serão apresentados nessa monografia.

A monografia é dividida em três capítulos, e faz uma breve introdução à trajetória histórica das teorias emocionais, dos conceitos que cercam as emoções e, finalizando este trabalho, temos as estruturas neurais que são estabelecidas no circuito emocional.

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METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa realizada por um levantamento bibliográfico, onde foi utilizada como ferramentas para coletas de informações, artigos científicos, livros, revistas e dissertações que abordaram emoções e o sistema límbico.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO1 TRAJETÓRIA HISTÓRICA DAS TEORIAS EMOCIONAIS 10

CAPÍTULO2 CAMPO CONCEITUAL DAS EMOÇÕES 16

CAPÍTULO3 ESTRUTURAS NEURAIS 21 3.1 GIRO DO CÍNGULO 21 3.2 GIRO PARA-HIPOCAMPAL 22 3.3 HIPOCAMPO 22 3.4 AMÍGDALA 24 3.5 TÁLAMO 27 3.6 TRONCO ENCEFÁLICO 28 3.7 ÁREA SEPTAL 31 3.8 HIPOTÁLAMO 32 3.9 CÓRTEX PRÉ-FRONTAL 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 41

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INTRODUÇÃO

A neurociência com ênfase na pedagogia vem possibilitando a todos os profissionais da área da educação a compreensão, de forma científica, sobre o funcionamento emocional no cérebro e a relação que é estabelecida com todo o corpo. Compreender a interação da emoção com o aprendizado como forma de estratégia e de avanços no processo de ensino-aprendizagem são os objetivos atuais da educação, assim como, da saúde.

No primeiro capítulo é descrita a trajetória histórica das pesquisas acerca das emoções, onde verifica-se, primeiramente, conforme as leituras, a sua contextualização no mundo ocidental, e a sua complexa relação com a razão, que teve inicio com René Descartes, onde acreditava que existiam dois tipos de substâncias distintas. Até que as pesquisas mais contundentes, como o caso de Phineas Gage, que teve interferência nos crescentes números em investigações científicas, além da sua contribuição sólida de novas e especializadas técnicas em neuroimagem. Juntamente com a participação de outros pesquisadores reconhecidos, tais como: James, Lange, Cannon, Goltz, Bard, Wilder Penfield, Sherrington, Papez, Kluver, Bucy, Brown, Broca entre outros mais citados nesta.

A seguir, no capítulo dois, a abordagem feita é conceitual, onde inicia-se a pesquisa pela epistemologia da palavra emoção e caminha para as classificações das emoções.

Outras questões que são levantadas neste capítulo são quanto aos tipos de reações do organismo e as estratégias de “prevenção” e autocontrole das emoções com efeitos agradáveis e desagradáveis conforme os autores pesquisados.

Perceber o que se sente durante a emoção favorece o autoconhecimento, o respeito próprio proporcionando um olhar holístico e diferenciado que é preciso ter sobre cada indivíduo participante da sociedade. Primeiramente, é preciso que se tenha conhecimento próprio, para que posteriormente seja possível conhecer e respeitar o outro.

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Finalizando este estudo, é feito uma viagem com algumas descobertas pelas estruturas corticais e subcorticais do sistema límbico, que apesar de não haver concordância entre os autores pesquisados, o consenso das estruturas especificadas nesta monografia é da maioria, onde os participantes são: o giro do cíngulo, giro para-hipocampal ativado quando cenas e lugares são observados, o hipocampo importante estrutura na formação da memória e na recordação, a amígdala que estabelece elo entre os processos cognitivos e os emocionais, a área septal como um dos centros de prazer do cérebro, o tálamo sendo a principal estação de retransmissão para os estímulos sensoriais, exceto o olfato, o hipotálamo de suma importância no controle da homeostasia e o córtex pré-frontal com importância na tomada de decisões.

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CAPÍTULO 1

TRAJETÓRIA HISTÓRICA DAS TEORIAS EMOCIONAIS

O tema é considerado antigo no mundo ocidental, e segundo Esperidião-Antonio, na antiga cultura da Grécia era possível descobrir o conceito de pathós onde havia o entendimento de paixão, que significava a causa dos males e da infelicidade do homem, a qual, então, deveria ser moderada e até controlada.

A complexa relação entre emoção-razão que neste momento tornou-se recorrente sua explicação e o seu papel na condição humana.

René Descartes foi um dos primeiros, porém, o mais enfático que chegou a uma explicação partindo das meditações metafísicas que fazia. Ele acreditava que haviam dois tipos de substâncias. Uma pensante e denominada como res cogitans pertencendo à razão e ao pensamento, e a segunda como substância do mundo e denominada como res extensa, que pertence às emoções.

Contrapondo-se às descobertas de Descartes, o filósofo Baruch de Spinoza, acreditava que “substância pensante e a substância extensa era uma mesma substância, ora compreendida como um atributo, ora como outro” (apud, Esperidião-Antonio, pág 56).

As descobertas, até então, estavam no campo da filosofia, mas foi a partir da segunda metade do século XVIII, XIX, que outros campos colaboraram cientificamente, como foi o exemplo da biologia, psicologia e psicanálise. Segundo Esperidião-Antonio, denominou-se de “revolução cognitiva”, pois investigações puderam ser feitas à medida que técnicas novas e especializadas em neuroimagem foram se ampliando.

Muito do que se sabe, até hoje, das inúmeras teorias sobre emoções, iniciou-se 1848, com o caso do trabalhador ferroviário Phineas Gage, que obteve uma barra de ferro atravessada em seu crânio. O que mais surpreendeu, foi saber que Gage não morreu, apesar de, ter sido causada uma enorme lesão na porção frontal do cérebro e a perda do olho esquerdo.

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Mas, foi após alguns meses, que foi verificado que o ferroviário passou a ser considerado “obsceno, incapaz de cumprir suas atribuições e responsabilidades, além de se mostrar socialmente inadequado” (Lent, 263).

Até hoje, inúmeros pesquisadores vêm demonstrando, através de pesquisas, a importância do córtex pré-frontal,em particular, no hemisfério esquerdo no processamento emocional e na tomada de decisões.

O psicólogo e filósofo americano William James juntamente com o psicólogo dinamarquês Carl Lange, em 1884, onde propuseram uma das mais interessantes, e a que, na época, causou muitas polêmicas, visto que, suas conclusões tinham apontamentos que iam em direção que as emoções são experimentadas a partir da percepção das alterações fisiológicas em nosso organismo.

Em 1888, Sanger Brown, psiquiatra americano, e Edward Schafer, fisiologista inglês, através de pesquisas com macacos reso que após terem sofrido destruição do lobo temporal puderam fazer associações nas mudanças drásticas sofridas no comportamento emocional, tornando-se mais mansos.

A teoria de James e Lange foi muito utilizada no início do século XX, porque “sugeriu”, que as ativações corporais (marcadores somáticos), como por exemplo, taquicardia, contração muscular, sudorese, dilatação da pupila e outras, eram a origem das sensações emocionais.

Entretanto, a teoria de James-Lange, na época, foi contestada, em 1927, por Walter Cannon, fisiologista americano.

Cannon (apud Lent, pág 255), se opôs, pois afirmava que emoções podem ser vivenciadas sem que mudanças fisiológicas ocorram, e acrescentava que emoções distintas poderiam ocasionar as mesmas mudanças, o que dificultaria, contudo, distinguir qual era a real emoção.

A informação emocional que é processada pelo encéfalo e concomitantemente com a ativação corporal e a experiência consciente da emoção poderiam ser geradas.

Este foi o início de muitas e importantes pesquisas no século XIX e durante o século XX. A sistematização das regiões cerebrais envolvidas nas emoções começaram a surgir e a serem investigadas.

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Goltz, no final do século XIX, demonstrava que após a ablação cirúrgica do córtex cerebral em animais, o estado de ira era plenamente expressado com comportamentos de ataques. Cannon e seus colaboradores denominaram este quadro como sendo de “ira fictícia”.

Bard, através do localizicionismo, conseguiu determinar as regiões subcorticais que eram necessárias para a expressão de “ira fictícia”, embasado em estados prévios de Wilder Penfield e colaboradores, assim como, nos estudos de Carles Sherrington, que no momento eram famosos.

Dentre as estruturas corticais descobertas, a região que estava mais envolvida neste quadro era a metade caudal do hipotálamo, pois causava excitação simpática, o que propuseram, então, que a expressão emocional seria mediada por descargas do hipotálamo.

Em 1937, James Papez, anatomista norte-americano, fez relação da emoção a um circuito, pois havia sido inspirado no trabalho de Walter Cannon e Phillip Bard, e onde um circuito que interligava o hipocampo, os corpos mamilares, os núcleos talâmicos anteriores e o giro do cíngulo, assim sendo, o hipotálamo era o elemento fundamental para a expressão emocional, enquanto o giro do cíngulo serviria como a área cortical receptiva para as experiências emocionais.

Neste mesmo ano, Henrich Kluver e Paul Bucy, após a ablação do lobo temporal macacos, estes apresentavam um quadro comportamental espantoso e que seria a causa da síndrome cegueira psíquica ou, também, conhecida como síndrome de Kluver-Bucy. Os sintomas descritos desta síndrome eram: agnosia visual, oralidade, perda de reatividade emocional e hipermetamorfose. Confirmando as evidências levantadas, em 1888, por Brown e Schafer (Lent, 257).

Pierre Paul Broca, neurologista francês, primeiro a propor o mapeamento das funções cerebrais a partir de observação de pacientes com danos cerebrais. Denominou esta área (região medial) também de lobo límbico, que em francês lobe limbique, remete a sua forma de borda (limbus em latim), anel composto por um contínuo de estruturas corticais.

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Posteriormente, foi proposto o seu envolvimento na percepção de odores, que então o denominaram de rinencéfalo ou cérebro olfatório.

As publicações de Henrick sobre emoções, reuniuram as diferenças evolutivas entre os córtices lateral e medial nos humanos, assim como outras publicações acerca da participação do hipotálamo no controle das reações emocionais em animais, como Cannon apontou.

Surgia, então, a teoria que explica a experiência subjetiva da emoção como sendo “um fluxo de informações que obedecem a conexões anatômicas entre hipotálamo e o córtex medial, e deste de volta ao hipotálamo”. (Lent, 2008, pág 256).

Denominaram esse circuito de circuito de Papez e sendo as estruturas que o compõe: Giro do cíngulo, Giro para-hipocampal, Hipotálamo, Tálamo e Hipocampo.

Figura 1. Fonte: www.scielo.br em 21/01/2011às 19:59

Após um período, esta teoria foi retomada, pois antes a maioria das conexões apresentadas por ele não haviam sido identificadas, apesar de quase todas de fato existirem, além de outras conexões não terem sido envolvidas no

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circuito das emoções. Mas, é impossível deixar de lado os primórdios das descobertas iniciais sobre a base neural envolvida nas emoções.

Paul MacLean, em 1952, retomova e aprimorava a teoria de Papez, acrescentando novas estruturas cerebrais, ”construindo“ assim uma proposta renovada, o que teve destaque foi a importância do hipotálamo na expressão emocional, assim como, a importância do córtex cerebral para a questão da experiência emocional.

Neste mesmo período, dois neurologistas americanos, Heinrich Kluver e Paul Bucy, publicaram um trabalho que foi e que teve sua importância e influência nas pesquisas posteriores, a qual dava direcionamento na participação das estruturas do lobo temporal para as emoções.

Neste mesmo ano, Lean incluia na literatura a expressão de sistema límbico, referindo-se ao conjunto de estruturas do sistema nervoso central que participavam da coordenação subjetiva e comportamental das emoções. Acrescentando, então outras regiões, tais como amígdala, septo e o hipotálamo.

Em 1954, o neurocientista, canadense, Haldor Rosvold e seus colaboradores, descobriram que a remoção das amígdalas resultava em uma redução no comportamento social (dominância social), através de experiências com macacos reso.

Em 1960, Stanley Schachter, propos que o córtex cerebral criava a resposta cognitiva mais adequada às informações do meio interno do indivíduo, levando em conta sua expectativa e o contexto social que se encontrava.

Esta proposta tinha sua base na teoria do psicólogo americano William James,que no final do século XIX indicava ma direção que “a experiência consciente daquilo que chamamos emoção ocorre depois que o córtex recebe sinais sobre mudanças de estado fisiológico do indivíduo”. (Lent, pág 229)

Atualmente, vem sido comprovado que este sistema interage com todos os sistemas funcionais do cérebro, havendo integração entre os processos emocionais, os cognitivos e os homeostáticos, o que vem tornando praticamente impossível definir, com exatidão, quais seriam os limites.

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No capítulo a seguir, será feita a abordagem das questões conceituais do tema proposto, após séculos de pesquisas e descobertas, apresentando o entendimento com base de pesquisadores científicos.

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CAPÍTULO 2

CAMPO CONCEITUAL DAS EMOÇÕES

Emoção é uma palavra que vem do latim, movere (que significa mover), precedida do sufixo es (para fora), significando afastar-se. Segundo Santos, “em toda emoção há uma tendência à ação”.

Segundo o dicionário Oxford English Dictionary define como “Qualquer agitação ou pertubação da mente, sentimento ou paixão; qualquer estado mental veemente ou excitado”.

Para Lent, do ponto de vista biológico, “a emoção pode ser definida como um conjunto de reações químicas e neurais subjacentes à organização de certas respostas comportamentais básicas e necessárias à sobrevivência dos animais”.

Moraes (pág,130), afirma que “emoções podem ser pensadas como mudanças corporais que nos levam a agir”.

Há, portanto, diversos e distintos conceitos, pois dependerá do enfoque dos autores ou da base de suas escolas de pensamento.

Lent, de maneira geral, classifica as emoções nos humanos classificadas em três tipos:

1-Emoções primárias: são consideradas padrões de expressões faciais entre as diferentes culturas e civilizações, ou seja, são expressões inatas e comuns a todos os indivíduos de nossa espécie, independente de fatores socioculturais, e de fatores educacionais. Inatas são as que os sujeitos nascem com elas.

Pouco tempo atrás, Paul Ekman, fez importantes descobertas, que vieram a confirmar, que estes tipos de emoções tenham componentes inatos ou não-aprendidos e hereditários.

O relato mais significativo deste tipo de emoção foi realizado por Charles Darwin, em 1872, onde descreveu em seu livro “A expressão das emoções no

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homem e nos animais”, após observações feitas em seus filhos e em culturas diversas.

Contudo, ainda não há o concenso entre os estudiosos do tema no que diz respeito quais emoções são classificadas como primárias, entretanto, pelo menos, seis emoções são pertecentes nesta classificação, são elas: alegria, tristeza, medo nojo, raiva e surpresa. Conforme as imagens abaixo, faremos a “confirmação” destas emoções.

FONTE: www.escolalauroribeiro.blogspot.com em 21/01/2011às 19:59.

Para Santos (pág37), “no medo a expressão facial são olhos esbugalhados, sombrancelhas franzidas devido contrações dos músculos da face com rugas

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no meio da testa, e na alegria além do brilho e da vivacidade do olhar, os lábios são repuxados para cima com abertura de um sorriso espontâneo”.

Este autor, ainda afirma que estas emoções podem apresentar-se de forma branda ou de forma mais intensa. A raiva, por exemplo, possui duas formas de se apresentar: a irritação e a ironia (forma branda) à fúria (forma extrema).

No medo, sua forma branda é a preocupação, e o terror é a sua forma extrema. Na tristeza, as formas brandas são desânimo, desalento e tédio. Já a sua forma extrema é a depressão severa.

Santos, cita ainda, que há formas da alegria manifestar-se na espécie humana. Exemplo disto é a felicidade, o contentamento, a diversão, a satisfação e o bom humor. E no medo são: a ansiedade, angústia, timidez, inquietação, cautela, nervosismo e etc.

2- Emoções secundárias: são mais complexas e têm dependência de fatores socioculturais, pois estes variam amplamente entre as culturas, com o momento em que o sujeito encontra-se e com a experiência prévia do mesmo. A intensidade destas emoções, contudo, poderão variar bastante.

Alguns exemplos desta emoção são: culpa e vergonha

3 - Emoção de fundo: foi proposta recentemente pelo neurologista António Damasio e têm relação com o bem-estar ou mal-estar, com a calma ou com a tensão, pois os causadores destes estímulos são, geralmente, internos (físicos ou mentais) contínuos, que nos induzem a estar em um estado de tensão ou de relaxamento, fadiga ou energia, ansiedade ou apreensão e bem-estar ou mal-estar.

Apesar de expressarem em “forma” alterações musculoesqueléticas, o principal causador é realizado pelo meio interno e pelas vísceras.

Para Santos, “em toda e qualquer emoção, há três tipos de reações do organismo”:

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O primeiro é a nível mental, onde há a experiência emocional psicológica. È quando tornamos “percebida” e consciente o sentimento, seja ele qual for.

O segundo é a nível corporal, onde no organismo ocorrem mudanças internas. Aumento da frequência cardíaca, aumento da freqüência respiratória e sudorese são alguns exemplos das mudanças.

O terceiro tipo é a nível do comportamento da pessoa, que é o “resultado” que o estímulo (visual,auditivo,olfatório, tátil e paladar) produz: de afastamento ou de aproximação.

Quando não há a percepção, seja ela imediata ou não, da experiência emocional pelo sujeito, é caracterizada como nível inconsciente. Mas, quando o sujeito, possui a percepção da experiência emocional, é porque esta emoção desenvolveu-se a nível consciente.

Santos, ainda, sugere que o conhecimento da situação em que ela ocorre, a experiência mental, a reação corporal e a reação da pessoa em relação à causa da emoção.

Saber as circunstâncias que a emoção ocorre favorecerá a prevenção do ressurgimento da mesma emoção, porém em outro momento, proporcionando o seu autocontrole.

Perceber o que é sentido durante a emoção, também, torna-se importante, visto que, saber se a emoção é agradável ou desagradável proporcionará autoconhecimento.

Para Damasio (apud Lent, pàg15), emoção “não é uma abstração mental, mas um processo que nasce da interação entre corpo e o cérebro, ou na verdade uma sequência de dois processos: ter uma emoção e depois senti-la”.

No primeiro, ocorre quando o cérebro é induzido por uma lembrança que desencadeia alterações corporais. No segundo, sentir a emoção, seria o momento após o registro dessas alterações corporais.

Tornar uma emoção como conhecida favorece a relação entre consciência e emoção.

“O sentimento de ter um sentimento, então, ou a consciência de uma emoção, surgirá quando a representação das mudanças no corpo são

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representadas nos mapas de segunda ordem no cérebro como causa e conseqüência”. (Lent, pág 16).

Emoção e consciência não são termos separados, visto que, quando há, por exemplo, uma lesão cerebral ocorre e uma é abalada, a outra por conseguinte é afetada também. A “linha” tênue entre ambos se faz verdadeira, e é o que o pesquisador tem acreditado como ser um dos valores adaptativos da consciência.

As expressões corporais, durante a emoção, seja ela em você ou no outro, durante a relação estabelecida, proporciona o aprendizado, fortalece a relação, estabelece o respeito e o acolhimento.

Desta forma, as emoções que produzem efeitos agradáveis e que têm a tendência de aproximação são classificadas como emoções positivas. Já, as emoções que produzem efeitos desagradáveis são classificadas como emoções negativas, e têm a tendência de afastamento.

Moraes, em seu livro, aponta que “emoções podem parecer sentimentos conscientes, mas são “movimentos internos” – respostas psicológicas aos estímulos, destinadas a nos afastar do perigo e nos aproximar da recompensa. São geradas constantemente, mas em geral não temos consciência disso”.

No capítulo adiante serão apresentadas as principais estruturas neurais que estabelecem relação com as emoções, suas vias e os circuitos que são mais aceitos no campo das neurociências.

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CAPÍTULO 3

ESTRUTURAS NEURAIS

A importância das estruturas neurais do lobo límbico e de suas conexões nas manifestações já está amplamente confirmada, pois têm relação com a regulação dos processos emocionais e do sistema nervoso autônomo constituído pelo lobo límbico e pelas estruturas subcorticais a ele relacionadas.

Abaixo será tratado as principais estruturas do sistema límbico e outras que também participam do circuito das emoções.

3.1 GIRO DO CÍNGULO

Parte do córtex límbico que se situa logo acima do corpo caloso e que o contorna. Liga-se ao giro para-hipocampal pelo istmo do giro do cíngulo. É constituído por um tipo de córtex intermediário denominado mesocórtex, e que, está situado entre o isocórtex e o alocórtex.

É percorrido por um feixe de fibras chamado fascículo do cíngulo.

Através de pesquisas realizadas verificou-se que a cingulectomia (ablação do giro do cíngulo) em carnívoros selvagens, estes tornaram-se animais completamente domesticados. Nos humanos, com quadro grave de depressão e ansiedade, a cingulotomia (fascículo do cíngulo) com interrupção do circuito de Papez, proporcionou melhora.

Figura 6. Fonte: www.cerebromente.org.br em 17/01/2011 às 01:35.

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3.2 GIRO PARA-HIPOCAMPAL

Situa-se na face inferior do lobo temporal ladeando o hipocampo. Na maior parte, é constituído de um córtex muito antigo: o paleocórtex.

Liga-se posteriormente ao giro cíngulo através de um giro estreito; o istmo do giro do cíngulo.

Esta área é ativada quando cenas e lugares são observados.

Portanto, o úncus, o giro para-hipocampal, o istmo do giro do cíngulo e o giro do cíngulo constituem uma formação contínua que circunda as estruturas inter-hemisféricas, o lobo límbico, parte importante do sistema límbico.

Figura7. Fonte: www.javeriana.edu.com em 17/01/2011 às 01:47

3.3 HIPOCAMPO

Localiza-se na margem superior do giro para-hipocampal e encontra-se entrelaçado com outra elevação curva conhecido como giro denteado hipocampal.

Faz parte do córtex cerebral, apesar de possuir entre uma e três camadas de células, visto que, as áreas mais avançadas do córtex são encontradas seis camadas de células.

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Figura8. Fonte: www.blocly.com em 17/01/2011 às 01:55

As principais funções do hipocampo são: consciência espacial, formação da memória e recordações. Ajuda a selecionar informações provisórias para a memorização para após passar para as áreas de maior duração.

Lembranças pessoais ou episódicas incluem um componente emocional, e ao evocá-las, repete sentimentos pessoais, podendo se misturar a emoções atuais ou sobrepôr-se à elas.

È sabido que uma lesão nesta estrutura pode impedir que novas memórias sejam formadas sem que as memórias anteriores à lesão continuem preservadas.

Para Damasio (pág 284), a memória recente é armazenada temporariamente no hipocampo e na amígdala, sendo depois transferida para o neocórtex para, então, ser armazenada permanentemente.

Outra hipótese que é aceita por Machado, sendo a memória recente de início já estaria no neocórtex, e onde seria gradualmente consolidada e transformada em memória remota por ação do hipocampo e da amígdala agindo através de suas conexões com o neocórtex.

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3.4 AMÌGDALA

Também conhecida como corpo amigdalóide ou núcleo amigdalóide. É um conglomerado de neurônios em forma de amêndoa e situa-se no lobo temporal próximo ao úncus, e sendo um dos núcleos da base.

Em geral, os núcleos são divididos em três grupos: os núcleos basolaterais, os núcleos corticomediais e o núcleo central.

Suas eferências possuem diversas origens, dentre elas: o neocórtex, o giro para-hipocampal e o córtex cingulado.

As informações de todos os estímulos sensoriais são enviadas através do complexo basolateral. O estímulo olfatório, contudo é enviado para os núcleos corticomediais.

Sua conexão com o hipotálamo é feita através de dois grandes feixes: a estria terminal e a via amigdalofugal ventral.

Esta relacionada de forma exclusiva e central à emoção, pois detecta informações externas e internas quanto ao nível de ameaça e significado emocional.

Experimenta todos os estímulos e sinaliza outras áreas para que produzam a reação emocional apropriada.

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A maioria de suas fibras eferentes, agrupam-se em um feixe compacto denominada estria terminal, que vai acompanhando a curvatura do núcleo caudado e termina principalmente no hipotálamo

Em seres humanos, foi comprovado que quando é realizada a estimulação desse complexo de núcleos do lobo temporal, a ansiedade e um sentimento de medo são produzidos.

Em animais que sofreram lesão amigdaliana, estes tornaram-se dóceis ao extremo, além da hipersexualidade.

A amígdala recebe informações olfatórias do bulbo olfatório, além de outros estímulos sensoriais, através de áreas neocorticais associativas polimodais. Recebe, também, informações diretamente extero e interoceptivas, respectivamente do tálamo e das vias aferentes viscerais.

Estas informações são integradas e recebem um cunho afetivo na amígdala. As aferências auditivas provêm do tálamo auditivo e do córtex auditivo e chegam ao núcleo lateral da amígdala. Os núcleos basolaterais são as principais portas de entrada da amígdala, recebendo informações sensoriais e auditivas.

O núcleo central da amígdala é responsável pela interface com o sistema motor.

Em seu “outro” lado, eferente, a amígdala projeta-se diretamente para o hipocampo e para as inúmeras áreas neocorticais associativas polimodais, influenciando, assim, os processos mnemônicos e os cognitivos.

Portanto, a amígdala estabelece um elo entre os processos cognitivos e os emocionais que, provavelmente, estão ligados à experiência emocional. Além de modular áreas hipotalâmicas e mesencefálicos, que têm a função da expressividade emocional.

As comprovações vão em direção de que a amígdala é uma estrutura chave para integrar as informações sensoriais às respostas comportamentais e fisiológicas. Em especial, os estímulos que sinalizam perigo.

Segundo Roberto Lent (pág 258), “um grupo de pesquisadores americanos, aos objetos que normalmente causavam respostas de medo em animais normais: por exemplo, uma cobra artificial. Essa avaliação foi realizada

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monitorando o tempo que os animais levavam para pegar uma recompensa (uva) quando esta era apresentada na presença do estímulo aversivo (a cobra sintética). Para os animais normais, a latência em apanhar a recompensa era maior quando o estímulo aversivo estava presente do que quando a recompensa era apresentada sozinha. Por outro lado, o grupo de animais portadores de lesão da amígdala não apresentou esse aumento da latência.”

Outras observações que puderam ser feitas foi de que eles exploravam com as mãos os objetos aversivos, comportamento que não foi observado nos animais normais.

Outra comprovação é a necessidade da amígdala para o desenvolvimento da resposta condicionada, onde apenas, duas áreas são necessárias. O primeiro é o núcleo lateral, pois através do córtex e do tálamo, possibilita a amígdala monitorar sinais de perigo do mundo externo. O segundo é o núcleo lateral detectando o perigo e promovendo a ativação do núcleo central, que então, é responsável por “iniciar” a expressão das respostas comportamentais e mudanças na fisiologia do organismo que caracteriza o estado de medo.

Entretanto, a amígdala não é ativada apenas nos processos onde as sensações de medo estão envolvidas, mas durante o reconhecimento de expressões faciais de alegria. Com base em diferentes resultados, que está envolvida na resposta à estímulos de importância emocional, independentemente de seu contexto agradável ou não agradável.

O que se considera é a existência de duas rotas de ativação da amígadala:

3.4.1- Via rápida: de projeção direta do tálamo (via subcortical), que propicia a amígadala detectar estímulos ameaçadores do ambiente rapidamente sem que uma análise completa e que necessite de mais tempo, que então seria realizada pelo córtex

3.4.2 - Via lenta: composta pela projeção do tálamo para o córtex e deste para a amígdala.

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3.5 TÁLAMO

Situado no centro anatômico do encéfalo na porção latero-dorsal do diencéfalo, coloca-o no ponto estratégico perfeito para agir como estação de retransmissão entre os órgãos dos sentidos e o encéfalo. Sendo uma estação intermediária entre as regiões subdiencefálicas e o córtex cerebral.

São corpos pareados em forma ovóides e situados lado a lado, porém não há nenhuma conexão nervosa direta de um tálamo a outro. O que se encontra entre eles é a câmara cheia de líquor do terceiro ventrículo.

Todo o tálamo está envolvido em um invólucro similar de substância branca e cada lado contém mais de vinte núcleos formados por substâncias cinzentas. Esses núcleos são conhecidos como corpos talâmicos e que estão em grupos separados por lâminas de substância branca (fibras nervosas mielinizadas).

Muitos desses núcleos são sensoriais e estão envolvidos na sensibilidade corporal, outros são motores, participantes do circuito de comunicação co córtex cerebral, dos núcleos da base e do cerebelo.

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È a principal estação de retransmissão para os sinais nervosos provenientes de todos os sentidos, exceto os provenientes do olfato.

O núcleo dorsomedial liga-se ao córtex da área pré-frontal ao hipotálamo e ao sistema límbico.

Os núcleos anteriores ligam-se ao corpo mamilar e ao córtex do giro do cíngulo, fazendo parte de circuito do sistema límbico.

Lesões ou estimulações do núcleo dorsomedial e dos núcleos anteriores do tálamo têm relação com alterações da reatividade emocional no homem e em animais, pois a regulação do comportamento emocional decorre de suas conexões.

3.6 TRONCO ENCEFÁLICO

È um pequeno talo que une a medula espinhal com a parte mais rostral do sistema nervoso central. Sua forma é meramente similar a de um tronco de cone invertido e mais fino inferiormente. Acima estão o tálamo e o domo dos hemisférios cerebrais. E enrolado ao redor da parte inferior do tronco encefálico, na parte posterior do encéfalo, está o cerebelo.

Nele estão localizados vários núcleos de nervos cranianos, viscerais ou somáticos, e ainda centros viscerais (respiratório e vasomotor).

Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexões no tronco encefálico. Dentro do tronco encefálico há agrupamentos de corpos celulares conhecidos como núcleos e numerosos feixes de fibras nervosas ou axônios, chamados de tratos nervosos.

Esta estrutura é ativada por impulsos nervosos de origem telencefálica ou diencefálica, que ocorre nos estados emocionais e o resultado nas diversas manifestações que a emoção é acompanhada (choro, alterações fisionômicas, a sudorese, a salivação, o aumento do ritmo cardíaco e etc.).

As diversas vias descendentes que passam ou se originam ativam os neurônios medulares, permitindo que as manifestações periféricas dos fenômenos emocionais que se fazem por nervos espinhais ou pelos sistemas

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simpáticos e parassimpático sacral. Portanto, o principal papel do tronco encefálico é agir na expressão das emoções.

A grande maioria das fibras nervosas monoaminérgicas do sistema nervoso central que se originam no tronco encefálico, em especial as vias serotomonérgicas, noradrenérgicas e dopaminérgicas.

Estas, projetam-se para o diencéfalo e telencéfalo, que então exercem ação moduladora sobre os neurônios e circuitos nervosos que existem nas principais áreas encefálicas que têm relação com o comportamento emocional.

O tronco encefálico está bastante envolvido em atividades mentais de ordens inferiores e médias. Um exemplo é: “O movimento quase automático de varredura dos olhos enquanto observamos alguma coisa passar”. Moraes (pág, 62).

É também, onde os mecanismos de controle autônomo ou subconsciente, dos quais em sua grande maioria, não temos consciência.

O tronco encefálico divide-se em: bulbo, ponte e cerebelo.

Figura11. Fonte: www.lookfordiagnosis.com em 17/01/2011 às 02:29

O bulbo, também conhecido como medula oblonga, abriga os grupos de núcleos que são centros para o monitoramento e controle respiratório,

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cardíaco e vasomotor. Assim como, também, para o vômito, o espirro, a deglutição e a tosse.

Já o cerebelo está envolvido nas funções de coordenação dos movimentos corporais, por meio do controle integrado dos músculos, acrescentando o equilíbrio e a postura.

Ele é conhecido como o pequeno cérebro e tem a aparência enrugada. Especificamente, na cognição e na emoção, as regiões cerebelares mais antigas (lóbulo flóculo-nodular, o verme, o núcleo fastigial e o núcleo globoso) podem ser considerados “equivalente” a um cerebelo límbico, sendo responsáveis pelos mecanismos primitivos de preservação, como manifestação de luta, emoção, sexualidade e, possivelmente, de memória emocional.

Os hemisférios laterais cerebelares e os núcleos denteados e emboliformes, ao que parece, são responsáveis pela modulação do pensamento, planificação, formulação de estratégias, aprendizagem, memória e linguagem.

O que considera-o como um coordenador, que é capaz de contribuir para as habilidades motoras, sensoriais e cognitivas, devida às conexões que estabelece com as regiões encefálicas que são responsáveis pela execução dessas funções.

A ponte é uma estrutura que se segue ao bulbo em sentido rostral. Sua superfície ventral apresenta a forma de uma ponte medieval curvada, daí a sua denominação.

Ela apresenta um núcleo denominado como oliva superior e que está envolvido na audição.

As funções da ponte são similares às do bulbo, e está envolvida no controle do ciclo vigília-sono, a coordenação motora em conjunto com o cerebelo e o controle de funções viscerais.

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3.7 ÁREA SEPTAL

Situada abaixo do rostro do corpo caloso, compreende grupos de neurônios de disposição subcortical conhecidos como núcleos septais.

As conexões são extremamente amplas e complexas, dando destaque as projeções para o hipotálamo e para a formação reticular, através do feixe prosencefálico medial. É a principal via de ligação do sistema límbico com a formação reticular.

Em vista, ao enorme número de conexões bidirecionais partilhadas entre a região septal e a formação hipocampal, as duas são vistas como parte de um sistema funcional conhecido como septo-hipocampal.

Figura12. Fonte: www.cerebromente.org.br em 17/01/2011 às 02:37.

Estudos realizados em animais com lesões bilaterais causavam raiva septal (septal rage), que é caracterizada por hiperatividade emocional, ferocidade, raiva, além do aumento da sede. Servindo, entretanto, como “comprovação” da participação do sistema septo-hipocampal no controle de defesa.

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Quando estimulada, a área septal lateral (SL) causa alterações da pressão arterial e do ritmo respiratório, comprovando o seu papel na regulação de atividades viscerais, além de reduzir o medo. Além de inibir a formação de úlceras gástricas induzidas por estresse em ratos, sugerindo que a SL pode coibir a intensidade psicológica do estresse.

O que está comprovado é que esta área é um dos centros de prazer do cérebro.

“Estas experiências foram realizadas pela primeira vez por Oldz e Milcner em ratos nos quais foram implantados cronicamente eletródos em várias áreas do cérebro. Pressionando uma alavanca, os animais podiam estimular eletricamente uma determinada área do próprio cérebro, havendo ainda um dispositivo capaz de registrar automaticamente o número de estimulações por minuto”. (Machado, pág 284)

Neste estudo foi possível verificar que existiam regiões do cérebro que os animais evitam estimular e outras regiões que os mesmos estimulavam com uma freqüência muito maior.

A primeira foi denominada com área de punição. A segunda como área de recompensa, pois acredita-se, que a estimulação desta área proporciona prazer para o animal.

As áreas de recompensa do cérebro correspondem às áreas relacionadas com os processos motivacionais primários, como por exemplo: a fome, a sede e o sexo.

3.8 HIPOTÁLAMO

Situado abaixo do tálamo e acima da hipófise. È uma área relativamente pequena do diencéfalo ao redor do terceiro ventrículo

È constituído fundamentalmente de substância cinzenta que se agrupa em núcleos. Ainda, há também, sistemas variados de fibras com o fórnix, que permite dividir o hipotálamo em uma área medial e a outra lateral.

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A área medial é rica em substância cinzenta e aí estão localizados os principais núcleos do hipotálamo.

Na área lateral há a predominância de fibras de direção longitudinal. É percorrida pelo feixe prosencefálico medial (complexo sistema de fibras) que estabelecem conexões nos dois sentidos entre área septal, que pertence ao sistema límbico e a formação reticular do mesencéfalo.

O hipotálamo, ainda, pode ser dividido por três zonas longitudinais: periventricular, medial e lateral. E quatro regiões distintas no sentido rostracaudal (pré-óptica, anterior, tuberal e mamilar).

Figura13. Fonte: www.psiqueweb.med.br em 17/01/2011 às 02:39.

A zona periventricular exerce o papel fundamental no controle do sistema endócrino, por intermédio da secreção de hormônios pela neurohipófise, liberados diretamente para a circulação sistêmica quanto pela secreção de hormônios reguladores liberados pela eminência mediana, os quais controlam a síntese e a liberação hormonal na adenohipófise

Na zona mediana encontra-se um sistema especial, constituídos de vasos sanguíneos que faz conexões diretas com a hipófise anterior (adenohipófise) Os hormônios que são liberados nesta zona fazem o controle da adenohipófise.

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Na zona periventricular são encontrados grupos celulares que estão envolvidos no controle de neurônios pré-ganglionares das divisões simpática e parassimpática do sistema nervoso regulatório visceral e autônomo.

A zona medial do hipotálamo está envolvida na organização de respostas comportamentais para a sobrevivência do indivíduo, pois recebe um grande número de aferências oriundas das regiões límbicas do telencéfalo.

A zona lateral integra respostas de alerta generalizado.

Figura14. Fonte: www.med.ufro.cl em 17/01/2011 às 02:42.

Desta forma, o hipotálamo é uma peça fundamental no controle da homeostasia do meio interno, pois garante a preservação do indivíduo ou da espécie.

O que tem sido amplamente pesquisado e demonstrado é que lesões bilaterais do núcleo paraventricular levam o animal a se tornar hiperfágico, porém, lesões na área hipotalâmica lateral provoca a hipofagia, ou até mesmo afagia.

As evidências apontam na direção que o núcleo paraventricular é uma peça fundamental no sistema neural que controla a ingestão alimentar, entretanto, ainda não está claro qual a maneira que ele medeia tais efeitos.

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O hipotálamo está, portanto, relacionado ao sistema nervoso autônomo, que é o sistema de controle de todas as vísceras (músculo cardíaco, sistema digestivo, glândulas endócrinas, etc.), que regulam as funções vitais que variam com os estados emocionais. Por exemplo: a temperatura, os batimentos cardíacos, a pressão sanguínea, a sensação de sede e de fome e etc.

3.9 CÓRTEX PRÉ-FRONTAL

Esta região localiza-se a frente do córtex motor e pré-motor no lobo frontal. È uma região bastante heterogênea e composta por diversas sub-regiões, apresentando diferenças anatômicas e funcionais.

Figura15. Fonte: http:www.mymindsite.com em 17/01/2011 às 02:50.

Há concordância que as regiões pré-frontais que estabelecem mais relação com a emoção são as regiões orbitofrontal (figura 16) e ventromedial(figura 17).

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A importância do córtex pré-frontal ventromedial, em especial, do hemisfério esquerdo, têm demonstrado importância para o processamento emocional e a tomada de decisões.

Incapacidade de sentir as emoções e de usá-las para guiar suas decisões futuras é descrito como um estado de “saber, mas não sentir”. (Lent, pág 264) Acontece quando reações corporais somáticas que sinalizariam para o encéfalo nosso estado corporal diante da situação não acontecem.

Figura16. Figura17.

Fonte16: www.cerebro-online.blogspot.com.br Fonte 17: www.cienciadiaria.com.br em 17/01/2011 às 02:55.

Como exemplo deste estado corporal, podemos citar: a sudorese, a contração da musculatura da face e alteração da freqüência cardíaca.

“Os estados emocionais influenciariam nossas decisões futuras e poderia ser construído como base nas nossas experiência anteriores em situações análogas àquelas que simulamos mentalmente a cada momento.” (Lent, pág 265)

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Outros estudos vêm relacionando o córtex pré-frontal ao estilo afetivo, ou seja, a maneira como cada indivíduo percebe os estímulos emocionais e reage à eles, além do papel do córtex pré-frontal ser lateralizado.

Lesões no hemisfério esquerdo do córtex pré-frontal tem maior probabilidade em produzir sintomas depressivos quando comparados em pacientes com lesões semelhantes, porém, no hemisfério direito.

A interpretação sugerida destes resultados vão na direção que o córtex pré-frontal esquerdo normalmente estaria relacionado com o afeto positivo. Lesões nesta região, portanto, dificultaria a vivência de emoções positivas, provocando, assim, o aparecimento de sintomas depressivos.

Uma maior atividade no córtex pré-frontal direito vem sendo sugerido que são pessoas que tem uma maior predisposição a sentir o afeto negativo. Contudo, a recíproca é verdadeira.

O que vem indicando que há uma variação individual na maneira como as pessoas percebem e reagem aos estímulos emocionais, que pode ter relação com a ativação lateralizada.

Sugere que todas as pessoas podem sentir as emoções, sejam elas, positivas ou negativas com uma intensidade maior ou menor, que vai de acordo com uma predisposição individual que reflete na ativação lateralizada do córtex pré-frontal.

O que Lent acredita é que esta predisposição emocional pode ser iniciada cedo ou até mesmo ser inata.

Outra participação que o córtex tem é na regulação da emoção, como forma de estratégias conscientes e inconscientes para aumentar, manter ou diminuir um ou alguns componentes da resposta emocional (sentimentos, comportamentos, respostas fisiológicas).

Há pelo menos duas estratégias diferentes: a regulação antecipatória da emoção e a regulação da emoção focada na resposta.

Na regulação antecipatória da emoção são possíveis para evitar que determinadas emoções de fato ocorram. Na regulação da emoção focada na resposta, a emoção já foi instalada e a estratégia utilizada é de inibição das

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respostas emocionais ao ponto que outras pessoas não possam perceber o que estamos sentindo.

O que se propõe é que esta estrutura é chave para a regulação da emoção, pois inibe a atividade da amígdala, a estrutura-chave para desencadear as respostas emocionais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido às enormes transformações sociais, políticas, educacionais e tecnológicas, o mundo inteiro vem sofrendo mudanças e pressões para acompanhar essas mudanças.

Frente ao exposto, percebe-se que a emoção esteve sempre presente na história da humanidade, transformou-se e evoluiu. Embora haja, ainda, muitas dúvidas e discordâncias, de fato ela é uma questão que vem sendo incessantemente pesquisada em todo o mundo.

Ao praticar a educação emocional como ferramenta pedagógica, em conjunto com as neurociências, é capaz de contribuir para a transformação de cada indivíduo como sendo um ser em desenvolvimento.

“A criança precisa se sentir segura para que possa ter a possibilidade de se arriscar. Isto, certamente, lhe trará conhecimento acerca de si mesma, dos outros e do meio em que vive.”

( Fátima Alves, pág 131)

O que espera-se é um espaço no ambiente escolar para que esta prática seja difundida, pois o que se vê é cada vez mais é o acúmulos de saberes, de informações, onde o espaço da emoção não é proporcionado à criança.

A educação emocional favorece para amenizar a agressividade e a intolerância e contribuindo para a auto-estima, a motivação, a confiança, o respeito e o reconhecimento de seu potencial, bem como na capacidade de administrar suas emoções frente aos obstáculos.

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“A emoção está para o aprendizado assim como o prazer está para o aprendizado, e a auto-estima é a ferramenta que movimenta ao estímulos para gerar bons resultados.” ( Marta Pires Relvas, pág 52)

Um caminho longo ainda precisa ser trilhado, com o objetivo de melhorar a compreensão dos mecanismos relacionados ao tema e que seja capaz de unir o indivíduo da sua própria compreensão e de condição de homem.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Alves, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 4ª edição.Rio de Janeiro: Wak; 2008.

Dantas, Estélio. Psicofisiologia. Rio de Janeiro: Shape; 2001.

Esperidião-Antônio, Neurobiologia das emoções. Ver. Psiq. Clín 35 (2). 2008

Lent, Roberto. Neurociência da mente e do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008.

Machado, Angelo. Neuroanatomia Funcional. 2ª edição. São Paulo: Atheneu; 2006.

Relvas, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação: despertando inteligências e afetividade no processo de aprendizagem. 3ª edição. Rio de Janeiro: Wak, 2008.

Moraes, Alberto Parahyba Quartim de. O livro do cérebro, 1: funções e anatomia. São Paulo: Duetto; 2009.

Moraes, Alberto Parahyba Quartim de. O livro do cérebro, 2: sentidos e emoções. São Paulo: Duetto; 2009.

Moraes, Alberto Parahyba Quartim de. O livro do cérebro, 3: memória, pensamento e consciência. São Paulo: Duetto; 2009.

Santos, Jair. A emoção na sala de aula.Salvador: Faculdade Castro Alves; 2000.

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